Quem Somos escrita por Daniella Rocha


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Capítulo em especial para Abigail Wayne Graham! BOA LEITURA xD



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Eu já não corria mais, apenas caminhava pela calçada de Annapolis — capital de Maryland — pensando nos possíveis motivos que teriam levado Christine a me desgostar tanto. De repente olhei para o alto e o Sol forte de uma hora da tarde fez com que eu fechasse os olhos, então parei de andar e encostei-me a uma parede de vidro, na verdade ali era uma lanchonete, mas assim que recuperei a visão preparei-me para sair dali e prosseguir com minha caminhada, mas algumas batidas na parede de vidro do lado de dentro da lanchonete chamaram minha atenção e eu me virei para trás.

A garota sorria enquanto acenava, ela estava sozinha. Eu acenei de volta, mas então ela me chamou com os dedos para que eu adentrasse ao estabelecimento.

— Oi! — Pepper me cumprimentou com um abraço assim que me aproximei da cadeira dela. Eu sorri e ela gesticulou a cadeira do lado oposta da dela para que eu me sentasse.

Não entendi muito bem o convite dela, afinal ela sabia que ia conversar sozinha, certo? E o que ela estava fazendo ali quando deveria estar no colégio?

— Sabe, eu sinto muito pelo o que aconteceu hoje. — Ela disse surpreendendo-me mais uma vez. Como ela sabia o que havia acontecido no colégio se ela nem mesmo se encontrava lá? — Me contaram. — Respondeu provavelmente a perguntava que estava nítida em minha face e eu não pude deixar de pensar em como o meio de comunicação estava a cada segundo mais avançado.

Peguei meu celular e coloquei no bloco de notas, por fim entreguei a ela.

— Por que eu te convidei para sentar-se comigo? — Perguntou entregando meu celular. — Eu não sei ao certo. Queria me aproximar, conversar um pouco e... — Ela me olhou com os olhos arregalados. — Oh, Terry! Me perdoa, eu não quis... — Eu levantei a mão, impedindo que ela terminasse de se desculpar e sorri de canto, querendo lhe dizer que estava tudo bem.

Uma moça se aproximou de nós.

— Gostariam de fazer seus pedidos agora?

— Sim. Eu gostaria de um milkshake de morango. — Pepper olhou para mim e eu assenti. — Dois milkshakes de morangos. — A moça sorriu.

— Só aguardarem. — Pepper e eu assentimos e a moça se retirou.

— Você pode achar estranho eu querer me aproximar de você assim tão do nada. — Ela sorriu sem graça e eu balancei a cabeça negativamente, sorrindo novamente. Entreguei meu celular novamente a ela e a ruiva sorriu.

Eu havia escrito que gostava muito de fazer novas amizades e que nenhuma forma de querer se aproximar de alguém poderia ser estranho.

— Eu sei que essa não é a melhor forma de querer conhecer alguém e nem mesmo de puxar assunto. — Ela me devolveu o celular. — Mas eu não sei bem como vamos conversar já que você não fala. Me perdoe. — Ela riu e eu sorri mais ainda, não achando graça do que ela havia dito, mas da forma como ela havia colocado.

Esse era o temor de todas as pessoas que se direcionavam a mim.

— Me perdoe mesmo, é a primeira vez que converso com uma pessoa muda.

De repente ela se calou, provavelmente por ter achado que disse algo que me chateou por ter visto meu sorriso morrer nos lábios.

— Desculpe, disse algo de errado?

— Para falar a verdade disse sim. — Eu olhei para trás e vi Tony com o semblante sério. — Terry não é muda. — Ele se aproximou e sentou-se na cadeira que estava ao meu lado. — Ontem eu realmente não quis dizer aquilo, me perdoa. — Ele passou o braço por cima dos meus ombros e me puxou para que eu encostasse a cabeça no vão do seu pescoço. — Assim que você saiu do colégio eu fui atrás de você, mas então te perdi de vista. Fiquei feliz em ter te visto aqui. — Por fim ele beijou o alto da minha cabeça e eu o olhei. — Você me perdoa? — Eu assenti.

Eu não era de guardar rancor e afinal de contas de todos que poderiam saber que eu gostava do Steve eu ficava feliz em esse alguém ser o Tony.

— Hã, me desculpe, mas como assim a Terry não é muda? — Pepper perguntou e antes que Tony pudesse respondê-la a garçonete apareceu com nossos milkshakes.

— Com licença, pode trazer mais um, por favor?

— Claro. Qual sabor?

— Chocolate. Obrigado. — A moça se retirou. — Oi, Pepper. — Tony sorriu para a ruiva. — Nem apareceu na minha festa, fiquei triste.

— Eu disse que não ia e eu tenho certeza que triste foi à última coisa que você ficou. — Acho que eu já havia comentado que tinha orgulho de Pepper, certo? Certo! — Mas sério, o que você quis dizer com “Terry não é muda”?

— Não é algo que eu possa te dizer, é coisa pessoal da Terry. — Justificou. — Mas eu ficarei muito feliz em poder saber tudo sobre você. — Tony não desistia fácil. — Então, qual creme de pele você usa? Suas pernas brilham, primeiramente eu pensei que fosse pela beleza delas, mas de repente notei que hoje elas estavam mais brilhantes, então supôs que você deve ter passado algum creme nelas.

— Ah! Andou notando, foi?

— Uhum. — Semicerrou os olhos e sorriu galanteador. Eu não queria estar na pele da Pepper, mas eu apostava minhas fichas nela, se Tony quisesse alguma coisa com ela ele teria que ir muito além do que apenas um elogio sem vergonha daqueles.

— Terry — ela o ignorou e se virou para mim —, você se importaria se o Anthony me contasse o que ele quis dizer quando falou que você não é muda? — Poucas pessoas sabiam daquilo, mas apesar de pouco tempo que eu conhecia a Pepper ela emanava confiança e aquela era uma sensação maravilhosa.

— É claro que ela se importa, não é cherry? — Ele olhou para mim e eu neguei com a cabeça. — O que? Sério? — Eu sorri e assenti.

— Ela não se importa, agora conta. — Pepper chamou a atenção de Tony e eu percebi que ele travou o maxilar. Era reconfortante, de certa maneira, saber que eu não era a única que me sentia mal por me lembrar do que acontecera. Apesar de Tony não me conhecer na época que tudo aconteceu eu sabia que era possível para ele sentir a dor que eu havia sentido e que eu ainda sentia.

— Os Flaubert vieram da França, só que todos pensam que vieram apenas Terry e os pais dela, mas isso não é verdade, Terry tinha uma irmã gêmea. — Eu senti meu coração se rasgar por dentro, o fato de eu confiar em Pepper não queria dizer que eu me sentia a vontade sendo ouvinte de minha própria história.

— Irmã gêmea? — Surpreendeu-se a ruiva.

— A Tessy. Elas tinham nove anos quando tudo aconteceu, elas estavam saindo do colégio, o pai delas sempre a buscavam, mas antes que ele pudesse vê-las no meio de tantas crianças, as duas sumiram e o senhor Flaubert ficou desesperado, então ele foi até a policia depois de tantas horas, mas ele continuou procurando por elas também, até que... — Tony me sentiu apertar seu braço levemente. Eu sentia todos os pelos de meu corpo se eriçar.

Tony olhou para mim como se me perguntasse se ele devia ou não continuar e eu assenti.

— Até que ele ouviu gritos. Era a Tessy. Ele foi em direção dos gritos e acabou entrando em uma casa abandonada, não muito longe do colégio, mas um pouco difícil de ser encontrada. Quando ele abriu a porta ele ouviu um disparo de tiro e então ele caiu no chão.

— Foi por causa disso que hoje ele está na cadeira de rodas? — Perguntou, mas antes que Tony respondesse a moça trouxe o milkshake dele e em seguida ela se retirou novamente.

— Sim.

— E depois?

— Depois que a policia, que estava por perto também, ouviu o disparo correram até o local, mas antes que eles pudessem chegar, outro disparo fora feito. — Eu passei as mãos pelo rosto e olhei para cima.

— Eu sinto muito Terry. — Pepper disse e eu engoli em seco. — Então foi a partir daí que você parou de falar?

— Trauma psicológico. — Respondeu Tony. — Tudo o que ela viu foi forte demais.

— Eu imagino. Uma criança ver a irmã morrendo. — Pepper suspirou em um lamento.

— Não foi isso Pepper. — Tony disse segurando o pulso dela que estava sobre a mesa. — Eu disse que elas ficaram horas desaparecidas. — Ele olhava dentro dos olhos dela como se pudesse lhe dizer através de contato visual o que eu tentava esquecer.

Pepper ficou em silencio por alguns segundos.

— Com as du-duas? — Perguntou por fim.

— Não. — Tony a soltou. — Só Tessy, ele a violentou de todas as maneiras que você possa imaginar, Terry viu tudo enquanto estava amarrada, ela disse que tentava gritar mais o pânico era tanto que ela não conseguia encontrar a voz — Tony olhou para mim e depois sorriu sem humor — e até hoje ela ainda não encontrou.


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Notas finais do capítulo

Não deixem de comentar! Beijoos e fiquem com Deus ;**



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