França! França! França! Suspirei levemente enquanto meus olhos assistiam meus dedos brincarem sobre meu colo. França! Não! Não! Argh! França! Suspirei de novo.

— Que bicho te mordeu coisa? Fica ai suspirando e ‘ta com essa cara de velório, eu sei que deve ser um saco saber que vai ter que ir ao baile com o Tony, mas melhora essa carinha. — Clint disse cutucando meu ombro e sorrindo de leve. Estávamos no intervalo do colégio.

— É, até parece que foi você quem trancaram no armário. Eu ainda não acredito que você teve participação nisso Terry, logo você. — Bruce cruzou os braços contra o peito.

— ‘ta reclamando do que? Você ficou bastante tempo a sós com Betty, tu deveria estar nos agradecendo. — Natasha interveio.

— Beleza, mas quem sabe da próxima vez eu não queria passar algum tempo com ela da minha maneira? — Levantou-se irritado e saiu em passos pesados.

— Eu hein! Que bicho mordeu o Bruce também? Alguém deveria ficar de olho nesses bichos a solta por ai. — Clint comentou. — É um perigo! — Ele jogou uma balinha no ar e a pegou com a boca e em seguida bocejou. — Ah! Enfim, que saudade da minha cama. Segundas são deprimentes.

— Ainda mais com o esquentadinho do Banner. — Thor comentou. Havia restado apenas nós quatro na mesa, pois Tony e Steve ainda não haviam chegado e eu não tinha certeza se queria vê-los, Tony por total constrangimento e Steve, bem...

— Hei Terry? Clint está certo, o que há com você? — Nat perguntou e eu a olhei. Parecia uma lembrança do passado se repetindo quando na segunda passada ela me perguntou a mesma coisa e eu informei a todos que teria uma consulta na quinta e para falar a verdade quase nada mudava naquela cena, apenas o fato de que minha consulta seria dali alguns meses, em breve, e na França.

— O que há com quem? — Perguntou Steve do lado de Tony, ambos haviam chegado juntos e já se sentavam.

— Terry ‘ta mal. — Thor respondeu e eu vi pelo canto do olho que Tony olhou apreensivo para mim. Ah! Se ele soubesse que meu atual estado não tinha nada haver com ele.

— O que você tem? — Steve perguntou se debruçando sobre a mesa e me olhando. Aqueles olhos azuis me hipnotizavam.

Infelizmente eu não queria dizer nada a eles ainda, pois ainda estava com esperança de fazer com que meus pais mudassem de ideia. Eu amava a França, mas não queria ter que ir lá por tais circunstancias.

Joguei de ombros e sorri de leve, então antes que eles insistissem naquele assunto resolvi ir atrás do Bruce para checar como ele estava. Não fora difícil encontrá-lo, afinal eu sabia exatamente onde ele poderia estar: na escadaria do colégio, do lado de fora, mas antes que ele pudesse-me ver eu me escondi.

Ele não estava sozinho, pois Betty estava logo ao lado dele.

— Não precisava ficar assim pelo o que aconteceu no sábado. — Ela disse alisando o ombro dele.

— Então você ouviu? — Ele a olhou com uma sobrancelha arqueada.

— Sabe como é, eu estava passando bem na hora que você estava discutindo com seus amigos.

— Eu não estava discutindo. — Ah! Estava sim.

— Não foi o que pareceu. Então como poderíamos passar um tempo juntos a sua maneira? — Ela realmente sorriu charmosamente para o Bruce ou foi apenas uma alucinação minha?

— Hã — Bruce pigarreou — bem, eu... — Ele sorriu sem graça e suspirou. Vamos lá Bruce! Se duvidasse eu estava mais nervosa do que ele.

— O que está acontecendo Bruce?

— Como assim?

— Há algum tempo tenho notado algo, algo meio. — Eu a vi baixar os olhos e um leve constrangimento lhe aparecer no semblante — Ah! Qual é? — Ela se levantou e Bruce acabou fazendo o mesmo. — Vai me dizer que você não está sentindo algo de dife...

— De diferente e muito forte por você? Sim! Estou! Eu te amo Betty Ross! — Isso! Eu estava fazendo a dancinha da vitoria, mas o esboço de Betty fez com que eu ficasse paralisada no meu esconderijo novamente. Por que ela ainda não havia dito que também o amava e por fim Bruce a beijaria e eles viveria feliz para sempre com um monte de crianças super dotadas os cercando?

— Eu... Oh, meu Deus! — Betty colocou a mão na boca. Não era essa a reação que eu esperava e muito menos Bruce.

— O que? Eu, eu... eu disse algo de errado? Não era isso que você estava querendo dizer? Eu, eu... eu pensei que...

— Eu ia dizer algo diferente em nossa amizade, mas não pensei que fosse, que fosse — ah! Até gaguejar eles gaguejavam iguais, o que eles estavam fazendo ainda tão longe um do outro? Cadê o beijo? Qual é Betty? Vai perder um partido como o Bruce?

— Ah, meu Deus! — Ele arregalou os olhos. — Eu não, ah! Caramba! Eu sou um idiota, me desculpa, eu não devia...

— Não! — Ela segurou as mãos dele. — Fica quietinho. Você não fez nada de errado, pelo contrário, eu só não achei que você fosse ser tão direto, sabe, logo você. Bruce, o tímido. — Ela sorriu o fazendo rir levemente.

— Estou tentando apagar esse titulo, na verdade.

— Mesmo? Pelo o que? Bruce, o estressado?

— Essa foi boa. Engraçadinha. — Eles riram e eu estava vomitando arco-íris, quando ia rolar o beijo, hm?

— Escuta, eu acho que também estou começando a gostar de você mais do que apenas amigo e ainda está meio confuso, mas depois dessa revelação que você acabou de me fazer sinto-me mais confiante para te dizer uma coisa.

— O que?

— Eu te amo! — Eles sorriram e se abraçaram, pelo o que me pareceu longos segundos, mas então se separaram e Bruce passou a mão pelo rosto dela, beijando a primeiro com o tato e por fim se aproximou dela e selou seus lábios.

Ótimo! Já havia visto o que eu queria, agora eles mereciam privacidade. Eu estava tão feliz por finalmente Bruce e Betty estarem juntos e... Ao me virar para trás me deparo com nada mais nada menos do que com o diretor do colégio, em outras palavras o pai da Betty!

— Senhorita Flaubert. — Ele me cumprimentou e passou por mim, prestes a abrir a porta e dar de cara com a cena que provocaria a incapacidade de Bruce de procriar, então bruscamente puxei a manga do terno preto do senhor Ross e sem ter uma ideia melhor, assim que ele se virou, fingi um falso desmaio que provavelmente deve ter me causado lesões sérias no ombro e nos músculos da minha bunda. Ah! Bruce estaria me devendo uma, na verdade uma bunda nova!

Com meu falso desmaio o senhor Ross me levou até a enfermaria e assim que eu consegui convencer a enfermeira que não precisava ligar para meus pais e que havia sido apenas uma vertigem ela insistiu em me mandar para casa, pois ela não iria correr o risco de que a “vertigem” se tornasse algo mais sério, então assim que eu coloquei o pé para fora da enfermaria o sinal tocou, anunciando o fim do intervalo, logo os corredores lotaram, principalmente em certa parte, próximo aos toaletes, havia pessoas rindo e gritando, sem mais delongas eu me aproximei para ver o que estava acontecendo, mas muitas pessoas estavam bloqueando minha passagem, mas assim que elas viam que era eu que estava querendo passar elas permitiam que eu chegasse até a parede entre os toaletes e os armários.

De inicio eu não havia entendido o porquê de eles terem permitido minha passagem, mas então eu olhei para a parede e meu sangue congelou em minhas veias. Eu travei o maxilar e me esforcei para segurar as lágrimas, mas não foi possível, pois a minha reação seria aquela ao ler o que escreveram na parede e a pessoa que fez aquilo sabia exatamente disso, Christine sabia exatamente disso.

— O que está acontecendo aqui? — Natasha chegou empurrando as pessoas e junto com ela estavam Clint, Thor, Steve, Tony e Bruce, que se colocaram ao meu lado.

— Ai, caramba! — Thor soltou.

— Quem foi o idiota que escreveu isso? — Berrou Natasha se virando para os alunos. — Quem foi o poço de mau caráter?

Não importava o quanto ela gritasse, ninguém iria dizer nada.

— Terry. — Steve colocou a mão no meu ombro, mas eu o empurrei e sai correndo dali, eu tinha permissão para ir embora, então eu não teria problemas.

Mas não importava o quanto eu corresse, a frase piscava em minha mente como uma sirene: “Terry, o gato comeu sua língua?”.