‘’ Querida Hermione,

Como vão as coisas por ai? As provas já começaram? Espero que Minerva não pegue muito pesado com vocês. Mas conhecendo ela da maneira que conheço, tenho sérias dúvidas.

Deve estar surpresa com esta carta, mas eu tinha de escrevê-la.

Por favor, não pule em Gina quando terminar de lê-la. Ela só fez o que eu pedi.

Sim, eu já sei das novidades. E devo dizer que estou extremamente feliz por vocês dois. Quer dizer, finalmente!!! Não é?! Fico feliz por terem assumido isso, quer dizer, apesar de ser um grande passo, talvez não para vocês, acho que estão prontos para isso.

Eu lhe peço desculpas caso me ache intrometida demais, mas só quero ajudar. São como meus filhos, e me sinto no direito de falar alguma coisa, principalmente agora, mas não vem ao caso. Quero que saiba que pode contar comigo para o que precisar, minha querida, sempre que quiser.

Rony e Suzana estão mandando abraços à vocês.

Mande lembranças à Harry.

Com carinho,

Molly Weasley.’’

–Gina, você prefere morrer agora ou depois?

–Ai. Mérlin. Carta da mamãe?

–Sim.- disse pegando uma torrada. – Não acredito que fez isso.

–Desculpe, Mi. Ela precisava saber, e...-ela me olhou com cara de culpada, enquanto um moreno se aproximava.

–Bom dia, Herms.- ele beijou minha bochecha e pegou a torrada da minha mão.- Bom dia, Gina.

–Bom dia.- respondemos em uníssono.

–Hey, Mi, o que temos de aula agora?- perguntou Gina.

– Hum, dois tempos de Poções com a Sonserina. – disse eu, pegando outra torrada, enquanto Harry gemeu baixinho.- Nossa, tudo isso é animação para a aula, Harry?!

–Ah, sim, Hermione. Uma animação chamada Draco Malfoy.- disse Gina com um sorriso maroto nos lábios.- Ou, se você preferir, chamado ciúmes.

–Como é? Harry Potter com ciúmes?- me virei para ele, que fuzilava Gina com o olhar.

–Claro que não...

–Sei. Precisa ver o olhar dele quando você fala com a Doninha, Hermione.

–Isso é verdade? –perguntei, me segurando para não gargalhar.

Ele apenas revirou os olhos, fazendo com que eu e Gina ríssemos mais ainda.

***** ***** ****

O lago estava vazio.

Provavelmente, os alunos que tinham este tempo vago estavam na biblioteca, ou em suas casas, estudando para as provas finais.

Sentei-me, escorando as costas em uma árvore, e resolvi responder a carta da Sra. Weasley.

‘’ Querida Molly,

Estamos todos ótimos aqui. E vocês? Muito trabalho com os preparativos para a formatura de Gina?

Diga a Rony e Suzana para eles deixarem de ser bobos e escreverem para nós; estamos com saudades.

Preciso dizer que não se preocupe. Gina está totalmente viva. ( Isso mesmo, eu não pulei em seu pescoço.) ( Foi uma tarefa difícil, tenho que admitir.)

Creio que a Senhora não é a única a pensar dessa maneira. Digo, já recebemos muitos comentários parecidos aqui em Hogwarts, tanto de alunos, quanto de professores. Acho que nós demoramos mesmo para admitir, não é?! Mas, apesar de tudo, esse tempo foi bom. Agora sabemos que não é apenas uma coisa passageira. E não se preocupe, sabemos até onde podemos ir.

Quero que saiba que eu sou, nós somos, extremamente gratos por tudo o que já fez, e está fazendo, por nós. Não é sempre que encontramos alguém como a senhora e sua família, e tenho absoluta certeza de que somos muito sortudos. A senhora é como uma mãe para nós também, então não vejo motivo para se preocupar em pedir desculpas.

Mande lembranças à todos. Nos vemos em duas semanas.

Com carinho,

Hermione Granger.’’

Enrolei o pergaminho e deixei-o ao lado da mochila, teria tempo depois para manda-la. Virei-me para o lago e fiquei admirando o contraste das cores até me lembrar de algo.

Peguei o último bilhete que recebi e analisei suas linhas. Todas as letras eram perfeitamente iguais. O contorno, o formato, tudo. Estranhei aquilo e lembrei-me de algo.

Recolhi minhas coisas e corri até o Salão Comunal da Grifinória, gritando a senha quase sem fôlego para a Mulher Gorda. Joguei minhas coisas no sofá em frente a lareira, e subi até meu quarto. Vasculhei na cabeceira até encontrar o bilhete que achei no baile, e percebi que as letras também eram idênticas nesse.

Comparei os dois e eram exatamente iguais. Quem é que consegue fazer letras iguaizinhas em semanas diferentes e com um contexto diferente????? Isso é possível? Analisei mais uma vez cada um deles e percebi algo em comum. Os dois tinham um S de verde escuro no final, quase que imperceptíveis. Eram em um verde brilhante, mas que ainda assim, não chamavam a atenção.

Enfiei os papéis de volta na gaveta, deixando apenas os bilhetes no meu bolso e saí, em direção ao corujal. Passaria na biblioteca logo em seguida.

Encontrei Edwiges empoleirada logo no primeiro andar. Fui até ela e fiz carinho em seu bico, prendendo a carta no mesmo.

– Leve para Molly Weasley.- ela piou como resposta e abriu as asas em direção ao céu.

Fiquei observando até a coruja desaparecer dentre as nuvens, no mesmo momento em que Harry entrava no lugar.

–Finalmente te achei. –ele me abraçou.

–Oi. –respondi.- Se importa se eu pegar sua coruja emprestada?

–Aquela que você acabou de despachar? É claro que não.- riu ele, se aproximando e me beijando.- O que aconteceu? Você está distante.

– Eu.. –respirei fundo e contei sobre os bilhetes para Harry. Ele teria que saber, em um momento ou outro. – E não sei o que isso significa.- completei. – Quer dizer, até onde eu sei, é meio que impossível fazer isso.

–Já tem algum suspeito?

–Na verdade, não. Temos a assinatura, mas não quer dizer muita coisa. É apenas um ‘’s’’ .

– Ou não. É um ‘’s’’ verde, Herms. Não te diz alguma coisa?

–Se esta falando do Draco....- comecei.

– É, acho que estou. Pense comigo, poderia muito bem ser ele.

– Harry, eu não quero começar uma discussão, mas ele mudou . De verdade.- me desvencilhei dos braços dele.

– Herms, como pode ter tanta certeza disso?

– Eu sei que ele mudou Harry. Isso é o que importa.

–Certo. Não vamos mais falar nisso. Não agora.

– Certo. Me desculpe.

– Tudo bem. Vamos voltar para a escola?- perguntou ele.

–Claro. –sorri.

– Mas antes...- ele me puxou para ele e me beijou. Um beijo calmo e profundo.- Agora já podemos ir.

Revirei os olhos e saímos de mãos dadas em direção ao castelo.