A Filha de Zeus em Forks escrita por James Fernando


Capítulo 5
Capítulo 4: Isabella Swan


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas voltei. Capítulo enorme, espero que gostem.
Agradeço sinceramente pelas recomendações de: "valeria sulato", "Dudinha Salvatore Cullen Briel" e "lislie12". Obrigado (sou péssimo em agradecer)
Desculpe aos reviews que não respondi, mas eu os leio e agradeço sinceramente.



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POV: Edward

Eu inclinei as costas contra o banco fofo com neve, deixando o pó seco se refazer em volta de meu peso. Minha pele esfriou para se igualar ao ar envolta de mim, e os pequenos pedaços de gelo pareciam como veludo embaixo da minha pele.

O céu acima de mim estava limpo, brilhante com estrelas, ficando azul em algumas partes, e amarelo em outras. As estrelas apareceram majestosamente, em formas redondas contra o universo negro -uma maravilhosa vista. Requintadamente bonita. Ou melhor, deveria ter sido requintadamente. Teria sido, se eu pudesse vê-las.

Eu não estava ficando nada melhor, já haviam se passado seis dias, seis dias que eu estava escondido no vazio deserto Denali, mas eu não estava nem perto da liberdade desde o primeiro momento em que fui preso pelo seu perfume.

Quando eu olhei para o céu estrelado, era como se tivesse uma obstrução entre meus olhos e a beleza dele. A obstrução era um rosto, um rosto humano angelical e ao mesmo tempo infernal, mas eu não parecia poder bani-lo da minha mente.

Eu ouvi os pensamentos aproximando-se antes de ouvir os passos que os acompanhavam. O som do movimento era apenas um desfalecido suspiro contra o pó.

Eu não estava surpreso que Tanya havia me seguido até aqui. Eu sabia que ela estava refletindo sobre esta conversa pelos últimos dias, adiando até que ela estivesse exatamente certa do que ela queria dizer.

Ela apareceu há uns 54 metros, pulando até a ponta de uma rocha escura à vista, balançando-se nas solas dos pés. A pele de Tanya estava cinza na luz das estrelas, os seus cabelos louros brilhavam palidamente, quase rosa com mechas avermelhadas. Seus olhos amarelados brilharam rapidamente quando ela olhou para mim, meio enterrada na neve, e seus lábios se esticaram lentamente formando um sorriso.

Delicadamente. Se eu pudesse vê-la. Eu suspirei.

Ela agachou até a ponta da rocha, as pontas de seus dedos tocando a rocha, o corpo dela girou.

Bola de neve, ela pensou.

Ela se lançou no ar, sua forma tornou-se escura, uma sombra giratória na medida que ela girava entre mim e as estrelas. Ela se curvou até uma bola, assim que ela tocou a pilha do banco de neve junto à mim.

Um nevoal caiu em cima de mim. A estrelas ficaram pretas, e eu estava enterrado, coberto de cristais de gelo.

Eu suspirei de novo, mas não me movi para me desenterrar. A escuridão abaixo da neve não podia piorar e nem melhorar a visão. Eu ainda via o mesmo rosto.

– Edward? – ela chamou.

E depois a neve voava de novo, assim que Tanya me desenterrou rapidamente. Ela limpou o pó do meu rosto imóvel, não totalmente olhando em meus olhos.

– Desculpa. – ela murmurou. – Foi uma piada.

– Eu sei. Foi engraçado.

Sua boca deformou para baixo.

– Irina e Kate falaram que eu deveria te deixar em paz. Elas acham que eu te incomodo.

– Não mesmo. – eu assegurei à ela. – Pelo contrário, sou eu quem está sendo rude, abominavelmente rude. Eu sinto muito.

Você está indo para casa, não está? Ela pensou.

– Eu ainda... não me decidi… totalmente.

Mas você não vai ficar aqui. Seu pensamento era melancólico agora, triste.

– Não. Isso não parece estar… ajudando.

Ela fez uma careta.

– É minha culpa, não é? – ela disse.

– Claro que não. – eu menti rapidamente. Bom, eu não sou um dos melhores mentirosos do planeta.

Não seja cavalheiro.

Eu sorri.

Eu faço você se sentir desconfortável, ela acusou.

– Não. – eu disse.

Ela levantou uma sobrancelha, sua expressão estava tão descrente que eu tive que rir. Um curto riso, seguido por outro suspiro.

– Está bem. – eu admiti. – Um pouco.

Ela suspirou também e colocou o seu queixo sob suas mãos. Seus pensamentos estavam mortificados.

– Você é mil vezes mais amável do que as estrelas, Tanya. É claro que você é bem consciente disso. Não deixe a minha teimosia minar a sua confiança. – eu ri com a impossibilidade disso.

– Eu não estou acostumada com a rejeição. – ela grunhiu, seu lábio inferior se pôs para fora em um atraente beicinho.

– Certamente não. – eu concordei, tentando sem muito sucesso bloquear os seus pensamentos enquanto ela se aprofundava por dentre suas milhares de conquistas. Sério, depois as mulheres vem dizer que são somente os homens que são safados, que só pensam em sexo. Em sua maioria, Tanya preferia os homens humanos - eles eram muito mais populares para uma única coisa, com a vantagem de serem suaves e quentes. E sempre sedentos, definitivamente.

– Succubus. – eu soltei, na esperança de interromper as imagens que surgiam em sua mente.

Ela sorriu, mostrando seus dentes.

– A original. – ela disse.

Diferente de Carlisle, Tanya e suas irmãs descobriram suas consciências lentamente. No final, foi o afeto pelos homens humanos que colocaram as irmãs contra o massacre. Agora os homens que elas amaram… viveram.

– Quando você apareceu aqui... – Tanya disse lentamente. – Eu pensei que…

Eu sabia o que ela tinha pensado. E eu devia saber que ela ia se sentir assim. Mas eu não estava no meu melhor momento racional naquela hora.

– Você pensou que eu havia mudado de ideia.

– Sim. – ela me olhou com cara feia.

– Eu me sinto horrível por brincar com as suas expectativas, Tanya. Eu não queria... Eu não estava pensando. É que eu saí… com um pouco de pressa.

– Eu imagino que você não vai me contar o porque…?

Eu me sentei e enrolei meus braços ao redor das minhas pernas, me curvando defensivamente.

– Eu não quero falar sobre isso. – ok, eu estou parecendo uma adolescente dramática.

Tanya, Irina e Kate se adaptaram muito bem à vida que elas se comprometeram. Melhor, em algumas maneiras, até do que Carlisle. Apesar da proximidade insana que elas se permitiram a aqueles que deviam ser - e uma vez foram - suas presas, eles não cometeram erros. Eu estava muito envergonhado em admitir minha fraqueza para Tanya.

– Problemas com mulheres? – ela perguntou ignorando minha relutância.

Eu dei um sorriso obscuro.

– Não do jeito que você quer dizer...

Então ela ficou quieta. Eu escutei seus pensamentos enquanto ela os mudava, tentando decifrar o significado de minhas palavras.

– Você não está nem perto. – eu a avisei.

– Uma dica? – ela me perguntou.

– Por favor, esqueça isso, Tanya.

Ela estava quieta de novo, especulando. Eu a ignorei tentando, em vão, admirar as estrelas.

Ela desistiu depois de um momento de silêncio e seus pensamentos tomaram outra direção.

Se você nos deixar, pra onde você vai, Edward? De volta pro Carlisle?

– Eu não acho que seja possível. – eu suspirei.

Pra onde eu iria? Eu não podia imaginar um lugar em todo o planeta que fosse me interessar. Porque não importa para onde eu fosse, eu estaria indo para lugar algum - eu estaria apenas fugindo.

Eu odiava isso. Quando eu me tornei tão covarde? Ah sim, quando eu conheci a Isabella Maldita Swan.

Tanya colocou seus braços sobre os meus ombros. Eu enrijeci mas eu não tirei seu braço dali. Ela queria dizer que não havia nada como o apoio de um amigo.

– Eu acho que você vai voltar. – ela disse com sua voz pegando um pouco do seu sotaque russo. – Não importa o que seja ou quem seja que está machucando você. Você vai enfrentar isso. Você é esse tipo.

Seus pensamentos estavam de acordo com as suas palavras. Eu tentei abraçar a visão de mim que ela carregava em sua cabeça. Aquele que enfrenta as coisas de cabeça levantada. Eu nunca duvidei de minha coragem, minha habilidade de enfrentar situações adversas. Até aquela aula terrível de biologia há pouco tempo atrás.

Eu beijei sua bochecha, voltando rapidamente quando ela torceu seu rosto em direção ao meu. Seus lábios já enrugados. Ela sorriu da minha rapidez.

– Obrigado, Tanya. Eu precisava ouvir isso.

Seus pensamentos tornaram-se petulantes.

– De nada, eu acho. Eu gostaria que você fosse mais racional sobre as coisas, Edward.

– Me desculpe, Tanya. Você sabe que é boa demais para mim. Eu apenas… não achei o que eu estou procurando ainda.

– Bom, se você for embora antes de eu te ver de novo. Tchau, Edward.

– Tchau, Tanya. – enquanto eu falava as palavras, eu pude ver isso. Eu podia me ver saindo de lá, de volta para o lugar onde eu gostaria de estar. – Obrigado... de novo.

Ela estava em pé num movimento. E depois ela tinha saído, desaparecendo entre a neve. Ela não olhou para trás. Minha rejeição a deixou mais incomodada do que ela já tinha ficado antes, até em seus pensamentos. Ela não queria me ver antes de partir.

Meus lábios se contorceram com desapontamento. Eu não gostava de machucar a Tanya, apesar de seus sentimentos não serem tão profundos e dificilmente puros. De todos os modos não era algo que eu poderia corresponder. E eu continuava me sentido menos gentil.

Eu coloquei meu queixo no meu joelho e olhei para as estrelas novamente mesmo estando de repente ansioso para voltar ao meu caminho. Eu sabia que Alice me veria voltando para casa e contaria aos outros. Isso os faria feliz, principalmente Carlisle e Esme. Mas eu admirei as estrelas mais uma vez e tentando ver passado na minha cabeça. Entre eu e o as luzes brilhantes no céu um par de olhos castanhos confusos voltando para mim, me fazendo perguntar o que essa decisão significaria para ela.

É claro, eu não poderia ter certeza que era isso que seus olhos curiosos procuravam. Eu podia ler seus pensamentos, mas não consegui ler seus olhos. Ela escondia algo, um segredo, e isso me deixava frustrado. Os olhos de Bella Swan continuavam questionando e uma não obstruída visão das estrelas continuou a me invadir. Com um leve suspiro, eu desisti. Se eu corresse, eu estaria de volta ao carro do Carlisle em menos de uma hora.

Numa pressa para ver minha família, e para voltar a ser aquele Edward que enfrenta as coisas, eu destruí o iluminado de neves não deixando marcas de pés.

Era por volta das nove da manhã quando eu estacionei de frente a minha casa. Eu podia ler seus pensamentos, estavam todos reunidos na sala a minha espera, pois é, Alice contou sobre a minha volta. Nem pra deixar eu fazer uma surpresa.

Respirei fundo.

– Lar doce lar... – eu disse e desci do carro.

Ao entra na casa, fui abordado por um para de braços pequenos. Alice foi a primeira a me abraçar.

Apesar de não podermos derramar lagrimas, Esme parecia que estava transbordando em lagrimas enquanto me abraçava.

Emmett quase me quebrou com seu abraço de urso. Carlisle me abraçou, também notei que se ele pudesse, estaria chorando lagrimas agora. Me senti mal por ter causado essa aflição na minha família.

Jasper apenas acenou com a cabeça, e assim eu também fiz. Rosalie me abraçou.

Idiota. Ela pensou.

No dia em que eu estava indo embora, eu contei para Carlisle o motivo, e todos já sabiam, ele havia informado o por que de minha ida.

– Ótimo... – disse Emmett. – Agora que já estamos todos felizes pela volta do cabeção aí, agora conta o que a novata pensou naquele dia... ai...

– Emmett... – disse Rosalie depois que deu um tapa na cabeça dele.

– Que foi? – respondeu ele. – Vai me dizer que vocês também não estão curiosos para saberem o motivo das mudanças de humor dele?

Não acredito que ele ficou a semana toda esperando minha volta só para saber o que Bella pensava.

Edward, conta, eu também quero saber. Pensou Alice me olhando com aqueles olhos do Shrek. Maldita.

– Ok... – eu disse.

E assim, eu passei o resto da manhã contando detalhe por detalhe (ok, talvez eu tenha deixado alguns detalhes de fora, mas aquela gnomo de jardim teve a uma visão de talvez eu contando tudo, ou não, e ela contou para os outros). Quando contei dos apelidos, Alice teve que ser segurada para não ir matar a humana, ela odeia que falem de sua altura. Rosalie nem se fale, quando contei sobre o que Bella pensou dela, precisou de Emmett, Jasper e Carlisle para conseguir segurar a fera.

Tirando as ofensas sobre nós, o resto foi tudo gargalhada com os pensamentos sobre os outros. Rimos ate a hora em que eu cheguei na parte da aula de biologia. Expliquei melhor como eu me senti, e eles entenderam a gravidade do assunto. Principalmente Emmett que já passou por algo semelhante no passado e não conseguiu se controlar.

Eu sai para caçar por volta do meio dia, pois precisava estar bem alimentado para conseguir passar pela aula no ia seguinte.

Cacei leões da montanha ate me saciar por completo. Só espero não ter causado uma extinção.

Por volta das quatro e meia da tarde corri para voltar pra casa. Estava próximo ao local onde minha família usa para jogar beisebol. Foi quando eu senti o fraco cheiro dela trazido pelo vento misturado com outros cheiros.

Eu reconhecia os outros dois cheiros, eram dos irmãos dela. E tinha um outro cheiro que eu não reconhecia, parecia uma mistura de carne podre com enxofre. Esse cheiro parecia ser ameaçador.

Corri em direção aos cheiros para ver o que estava acontecendo.

Quando já estava próximo ao local, pronto para começar a ler os pensamentos dela, ouvi um grito:

– ISABELLA! – reconheci a voz como sendo de sua irmã, Samira. Parecia estar com raiva e ao mesmo tempo medo.

Uns segundos depois, o céu, que já estava coberto por nuvens, ficou fechado com nuvens de tempestades.

– CUIDADO! – dessa vez era a voz de Bella.

Ao que parece, ela e os irmãos estavam em perigo, não sei por que, mas eu quis ajuda-los.

Ouvi um rosnado, um rugido de fera diferente de tudo o que eu já tinha ouvido, logo em seguida, enquanto corria em direção ao campo, testemunhei dois raios cair simultaneamente e praticamente no mesmo lugar.

Acelerei preocupado, quando cheguei no local, não tinha ninguém, e o cheiro dela com os dos irmãos havia sumido. No solo vi que estava queimado no local onde o raio caiu.

Votei para casa confuso com o que tinha acontecido, afina, quem é Isabella Swan? Decidi manter isso por enquanto só comigo. Alice viu que eu estava escondendo algo e me infernizou o resto do dia, noite e madrugada inteira, mas eu não contei. Quando fui ver, já estava na hora de ir para a escola.

– Tudo ficará bem. – Alice encorajou. Seus olhos estavam sem foco e o Jasper tinha uma mão sob seu cotovelo, a guiando enquanto entrávamos na cafeteria num grupo fechado. Rosalie e Emmett tamparam o caminho, Emmett ridículo como um guarda costas no meio do território inimigo. Rose parecia preocupada também, porém bem mais irritada do que protetora.

Alice, apesar de estar irritada com o que eu estava escondendo, decidiu descobrir de novo só em casa, agora na escola ela iria se preocupar com o meu possível ataque psicótico.

– Claro que ficará. – eu grunhi. O comportamento deles era burlesco. Se eu não tivesse certeza de que aguentaria esse momento, eu teria ficado em casa.

A repentina mudança para o nosso normal mesmo na lúdica manhã - havia nevado ontem à noite e Emmett e Jasper tirando vantagem da minha distração para me bombardear com bolas de neve; quando eles se cansaram da minha falta de resposta eles se viraram um para o outro - esse excesso de vigilância teria sido cômica se não fosse tão irritante.

– Ela não está aqui ainda, mas ela virá. Ela não desconfiará se nós sentarmos no lugar de sempre.

– Claro que nós vamos sentar no lugar de sempre! Pare com isso Alice. Você está me dando nos nervos. Eu ficarei absolutamente bem.

Ela piscou seus olhos uma vez enquanto o Jasper a ajudava a se sentar e seus olhos finalmente se focaram em minha face.

– Hmm... – ela disse, parecia surpresa. – Acho que você está certo...

– Claro que eu estou! – eu murmurei.

Eu odiava estar no foco da preocupação deles. Eu senti uma certa solidariedade por Jasper lembrando-me das inúmeras vezes que nós o superprotegemos. Ele percebeu de relance meus sentimentos e sorriu.

Irritante, não é?

Eu consenti para ele.

Foi apenas semana passada que esse grande e pardo aposento parecia mortalmente depressivo para mim?

Pareceria quase como um sonho, um coma estar aqui?

Hoje meus nervos estavam firmes - conexões de pianos, intensamente tocados a leves pressões. Meus sentidos estavam hiper alertas, eu vistoriei cada som, cada suspiro, cada movimento do ar que tocaram minha pele, cada pensamento. Especialmente os pensamentos. Só havia um sentindo que eu me recusei a usar. Olfato, é claro.

Eu não respirei.

Eu estava esperando escutar mais sobre os Cullen nos pensamentos do que realmente aconteceu. Todo o dia eu estive esperando, procurando por cada novo pensamento sobre Bella Swan ter confessado, tentando ver que direção a nova fofoca que seguiria. Mas não tinha nada. Ninguém notou que havia 5 vampiros no refeitório, exatamente como antes dos alunos novos entrar. Muitos humanos aqui ainda estavam pensando sobre os irmãos Swan, os mesmos pensamentos da semana passada. Em vez de estar inalteravelmente entediado, eu estava fascinado.

Ela não tinha falado nada para ninguém sobre mim?

Não tinha nenhuma chance de que ela não tivesse percebido meu obscuro, assassino brilho. Eu a vi reagir a isso. Mas não era medo que ela sentia, e sim raiva. Inacreditável. Eu estava convencido de que ela havia mencionado isso para alguém, talvez até tivesse exagerado na história um pouco para fazê-la melhor. Atribuindo-me alguns traços ameaçadores.

E então, ela também me ouvindo tentando cancelar nossas aulas compartilhadas de biologia. Ela deve ter imaginado, depois de ver a minha expressão, se ela tinha sido a causa. Uma garota normal teria perguntado por aí, comparado a sua experiência com os outros, procurado por algum terreno em comum que pudesse explicar o meu comportamento e então ela não se sentiria sozinha. Humanos estão constantemente desesperados por se sentirem normal, por se encaixarem. Para se misturar com os outros ao seu redor, como mais uma ovelha sem graça no rebanho. Essa necessidade era particularmente forte durante os inseguros anos da adolescência. Essa garota não devia ser uma exceção à regra, mas era.

Mas ninguém tinha dado atenção a nós sentados aqui, em nossa mesa normal. Bella devia estar excepcionalmente tímida, se ela tinha confidenciado com alguém. Talvez ela tenha falado com o seu pai ou seus irmãos, talvez esse fosse seu melhor relacionamento. Mesmo assim, eu devia passar pelo Chefe Swan alguma hora e ouvir o que ele estava pensando.

Tudo o que eu vi foi muitos pensando no que Bella iria aprontar nessa semana. Vendo eles pensarem nas confusões que ela armou durante a semana passada, eu me segurei ao máximo para não cair na gargalhada, só mesmo ela para me fazer quase uma chacina e momentos depois, me fazer me segurar para não cair na risada. Como é que ela não foi suspensa por ter jogado a comida cara da moça da cantina? Ou por ter mandado a Lauren para o hospital? Apesar de tudo, eu tenho que confessar que Isabella Swan é uma garota interessante.

– Algo novo? – Jasper perguntou.

– Nada. Ela… - eu respondi tentando segurar o riso. – Não deve ter dito nada. Eu sei que vocês já tinham me dito o que ela fez semana passada, mas vocês não testemunharam, assim eu não pude ver, mas muitos aqui viram o que ela fez durante os dias... ela é insana... – eu ri. Notei que apesar de tudo, eles também se permitira dar risada.

Procurei ela pelos pensamentos, a encontrei no lado de fora do prédio. Ela havia acabado de sair da aula. A vigiei pelos pensamentos dela.

– Uau. – Mike disse. – Está nevando.

Não, esta chovendo. Ela pensou e eu ri com isso.

Meus irmãos notaram que eu estava lendo os pensamentos dela de novo.

Quando ela chamou Mike de chiclete cuspido, eu comentei isso para os meus irmãos e eles riram, ate mesmo Rosalie que concordava com ela.

– Eca. – neve. Lá se vai meu bom dia. Parece que ela não gosta de neve. Me senti estranho com isso.

– Você não gosta de neve? – perguntou Mike.

– Não. – respondeu ela. Neve me fazia lembrar quando eu era mais jovem e acabei me perdendo no Alasca. Uma semana inteira naquele maldito frio. Foi uó. Suspirei, mais um segredo de Isabella Swan.

Ela desviou de uma bola de neve que acerto a cara de Mike.

– Scott, seu filho de uma mãe. – horrorosa, ela completou em pensamento. O jeito que ela disse, foi como se eles não fossem filhos da mesma mulher. Aí esta mais um segredo de Bella . – Você me paga!

Bella se vingou de Scott e Samira - que estava rindo junto do irmão/namorado - ela lançou duas bolas de neve que acerto em cheio a cara dos irmão. Me surpreendi com sua boa pontaria e sua força. Contei para os meus irmãos, e eles também se surpreenderam. Alice não conseguia ver muito bem o futuro de Bella, ela só conseguia ver coisas simples.

– ISABELLA SWAN, EU VOU TE MATAR SUA INFELIZ! –Samira gritou enquanto Bella corria para dentro do prédio. Meus irmãos e eu ouvimos o grito do refeitório.

Ela caminhou junto de Jéssica para o refeitório com uma pasta na mão para se proteger das bolas de neve.

– Ela está vindo. - Alice murmurou. Me lembrei do grande perigo, senti meu corpo ficar rígido. - Tente parece humano.

– Humano, você diz? – Emmett perguntou com um sorriso malicioso.

Ele levantou seu punho direito, girando os dedos para revelar a bola de neve que tinha guardado em sua palma. É claro que ela não havia derretido ali. Ele a apertou em um grumoso bloco de gelo. Ele tinha os olhos em Jasper, mas eu vi a direção de seus pensamento. Alice também, claro. Quando ele abruptamente lançou o pedaço de gelo nela, ela o jogou longe com um leve balançar de seus dedos. O gelo ricocheteou através do corredor da cafeteria; muito rápido para os olhos humanos, e se fragmentou com um agudo barulho na parede de tijolo. O tijolo quebrou também.

As cabeças na esquina da cafeteria todas se viraram para olhar para a pilha de gelo no chão, e se viraram para procurar sua origem. Não olharam para muitas mesas ao longe. Ninguém olhou para nós.

– Muito humano, Emmett. – Rosalie disse de maneira fulminante. – Por que você não soca a parede enquanto estiver perto?

– Seria mais impressionante se você fizesse isso, baby.

Eu tentei prestar atenção neles, mantendo um sorriso fixo no meu rosto como se eu estivesse fazendo parte da brincadeira. Eu não me permiti olhar em direção aonde ela estava em pé. Mas isso foi tudo que eu escutei também. Bom, eu tentei. Quando ela não me reconheceu, eu tive que a olhar incrédulo com a afirmação, quer dizer que ela havia se esquecido de mim? Que tipo de pessoa esquece alguém que te olhou com ódio e ate mesmo repulsa?

– Bella se esqueceu de mim, ela acha que eu sou um aluno novo, mas com um topete horrível... – eu comentei sério, mas os infelizes dos meus irmãos riram.

– Então quer dize que o Edward Arranca Suspiros Cullen não é nada para a aluna nova? – riu Rosalie.

Eu fechei a cara. Qual é, me senti abandonado agora.

Ela se juntou a mesa com os irmãos e os amigos de Jéssica. Ela disse que Samira só tem cara de ser doce, mas é o cão.

Enquanto o resto da mesa conversava, Bella se perdeu nos pensamentos sobre a nova coleção de inverno de Paris.

O almoço passou rápido, ainda bem. Não aguentava mais ela ficar pensando em saltos altos, calças, camisas, vestidos. Nunca pensei que isso seria possível, mas ela é pior que Alice.

Nesse meio tempo, algo me incomodava. Por que eu me importava? Por que eu senti uma preocupação protetora que repentinamente surgiu dos pensamentos do Newton? O que me importava que houvesse um timbre possessivo neles? Não era exatamente da minha conta se Mike Newton se sentia desnecessariamente ansioso por ela. Talvez esse fosse o modo que todos correspondiam à ela. Eu não queria, instintivamente, protegê-la, também?

O sinal tocou anunciando o final do almoço. Era aula de biologia agora. Eu trinquei meus dentes.

– Se acalme, Edward. – Emmett disse. – Honestamente. Então, e se você matar um humano? Isso é dificilmente o fim do mundo.

Por que eu tenho uma leve impressão que isto poderia realmente acontecer? Digo, o fim do mundo.

– Você deve saber. – eu murmurei.

Emmett riu.

– Você tem que aprender a fazer outras coisas. Como eu faço. Eternidade é muito tempo para ficar rolando na culpa.

E então, Alice lançou uma pequena mão cheia de gelo que ela havia ocultado na confiante cara de Emmett.

Ele piscou, surpreso, e então sorriu em antecipação.

– Você pediu por isso. – ele disse, enquanto ele se inclinava sobre a mesa e sacudia seu cabelo coberto de gelo em sua direção. A neve, derretendo no cômodo quente, lançou-se de seu cabelo em um denso banho metade líquido, metade gelo.

– Eca! – Rose reclamou, enquanto ela e Alice recuavam da inundação.

Alice riu e todos nós a acompanhamos. Eu podia ver na mente de Alice que isso era uma vingança por Emmett ter tentado jogar neve na cara dela. Ela já tinha visto tudo antes. Alice é uma demônio de pessoa.

Eu ignorei a maior parte dos outros pensamentos ao redor da garota. Mike Newton estava planejando uma guerra de neve no estacionamento depois da escola, sem parecer perceber que a neve já tinha mudado para chuva. A agitação dos leves flocos contra o teto já tinha se tornado o padrão comum de gotas de água. Ele realmente não conseguia ouvir a mudança? Parecia alta para mim.

Quando a hora do almoço terminou, eu continuei no meu lugar. Os humanos iam saindo, e eu continuei seguindo ela pelo seus pensamentos.

Quando ela chegou na porta acompanhada de Mike - o que ela não gostou - todos gemeram, exceto ela que tinha um sorriso estampado no rosto.

– VIVA! – ela gritou comemorando e eu e meus irmãos ouvimos. Todos que estavam próximos a ela, a fuzilaram com o olhar, mas ela não deu a mínima e apenas deu de ombros.

Eu ri junto de minha família. Apesar de tudo, Isabella Swan acabou com o tédio que eu e meus irmãos sentíamos antes dela vir morar em Forks. Mas logo eu me lembrei do problema.

Minha família também não se mexeu para ir embora. Eles esperaram para ver o que eu iria fazer.

Eu iria para a classe, sentar ao lado da garota onde eu podia sentir a fragrância absurdamente potente de seu sangue e sentir o calor de sua pulsação do ar na minha pele? Eu era forte o suficiente para isso? Ou já tinha tido o suficiente para um dia?

– Eu… acho que está tudo bem. – Alice disse, hesitante. – Sua mente está segura. Eu acho que você conseguira aguentar por uma hora.

Mas Alice sabia muito bem a rapidez que uma mente podia mudar.

– Por que arriscar, Edward? – Jasper perguntou. Embora ele não quisesse se sentir presunçoso que eu fosse o fraco agora, eu podia escutar que ele se sentia, só um pouco. – Vá para casa. Vá com calma.

– Qual é o problema? – Emmett discordou. – Ou ele vai ou não vai matá-la. Melhor acabar com isso de uma vez, de um jeito ou do outro.

– Eu não quero me mudar ainda. – Rosalie reclamou. – Eu não quero recomeçar. Estamos quase fora do colegial, Emmett. Finalmente.

Eu estava igualmente despedaçado com esta decisão. Eu queria, queria muito, encarar isso de cabeça do que fugir para longe outra vez. Mas eu também não queria me arriscar muito, também. Havia sido um erro semana passada para Jasper ficar tanto tempo sem caçar; isso era um erro sem propósito também?

Não queria desarraigar minha família. Nenhum deles me agradeceria por isso.

Mas eu queria ir para a minha aula de biologia. Percebi que queria ver o rosto dela novamente.

Foi isso o que decidiu por mim. Essa curiosidade. Estava irritado comigo mesmo por sentir isso. Não tinha prometido que não iria deixar os segredos que ela esconde me deixar desnecessariamente interessado nela? E mesmo assim, aqui estava eu, ainda mais desnecessariamente interessado.

Eu queria saber o que ela estava escondendo. A mente dela era aberta, mas seus olhos eram muito fechados. Talvez eu pudesse descobrir se ela cometesse um deslize e acabasse pensando neles.

– Não, Rose, eu acho que vai ficar tudo bem. – Alice disse. – Está… se firmando. Eu tenho noventa e três por cento de certeza de que nada de ruim vai acontecer se ele for para a classe. – ela me olhou curiosamente, se perguntando o que havia mudado em meus pensamentos que fez sua visão do futuro mais segura.

Curiosidade seria o suficiente para manter Bella Swan viva?

Emmett tinha razão - por que não acabar com isso, de um jeito ou de outro? Eu iria enfrentar a tentação de cabeça.

– Vão para suas classes. - eu ordenei, me afastando da mesa. Rosalie precisou ser segurada para não voar no meu pescoço e arrancar ele.

– Quem esse idiota pensa que é para me dar alguma ordem? – eu ouvi ela praguejar.

Decidi não cutucar a onça com vara curta. Eu me virei e andei para longe deles sem olhar para trás. Eu podia ouvir a preocupação de Alice, a censura de Jasper, a aprovação de Emmett e a irritação de Rosalie se arrastando às minhas costas.

Eu respirei fundo mais uma vez na porta da sala de aula, e segurei o ar em meus pulmões enquanto entrava no espaço pequeno e quente.

Não estava atrasado. O Sr. Banner ainda estava se arrumando para a experiência de laboratório de hoje. A garota sentou na minha - na nossa mesa, seu rosto para baixo de novo, encarando o caderno em que desenhava.

Eu puxei minha cadeira com um barulho desnecessário, deixando raspar no chão de linóleo; humanos sempre se sentiam mais confortáveis quando algum barulho anunciava a aproximação de alguma outra pessoa.

– Olá. – eu disse na voz calma que usava quando queria deixar humanos mais confortáveis, formando um sorriso educado com meus lábios que não mostraria nenhum dente.

Ela olhou para cima e acabou me descrevendo, e ainda por cima disse que parecia que eu tinha acabado de sair de um comercial de TV e tinha interpretado o Pica-Pau. Afinal, qual é o problema dela com o meu cabelo? Mas enquanto eu encarava aqueles olhos castanhos estranhamente intensos, eu percebi que o ódio - o ódio que eu tinha imaginado que esta menina merecia por simplesmente existir - havia evaporado. Sem respirar agora, sem sentir seu cheiro, era difícil de acreditar que alguém tão vulnerável pudesse justificar o ódio que senti por ela.

Bom, mas aí ela disse que eu ate era bonitinho, um sorriso ameaçou a se formar em meu lábios. Mas é claro que felicidade de vampiro dura pouco, ela disse que meu cabelo a irrita. E eu quero saber o por que disso. E não posso esquecer que ela se esqueceu completamente de mim, só me acha familiar.

Decidi fazer ela se lembrar de mim.

– Meu nome é Edward Cullen. – eu disse. Era o jeito educado de começar. – Não tive a oportunidade de me apresentar na semana passada. Você deve ser Bella Swan.

Ela ficou pensativa por um momento, e logo a ficha caiu, é claro, mesmo eu tendo me apresentado, ela ainda me chamou de Edvaldo Cullen.

– Você quer dizer, Ediota Cullen, certo? – ela disse impetuosamente e com um olhar mortal em direção a mim. Devo confessar que por dentro, eu senti uma pontada de medo.

– Desculpe por aquele dia... – eu tive que me desculpar, afinal, de certa forma, ela ate que estava certa em ficar braba comigo.

Ela entrou em um conflito interno. Acabou decidindo que todos merecem uma segunda chance. Mas qual é? Quem é esse tal de Klaus afinal? E sério, eu sou alguém de fácil esquecimento assim?

– Esta desculpado... – ela sorriu pra mim, um sorriso verdadeiro. Me senti bem com isso. Mas como eu disse, alegria de vampiro dura pouco, ela me olhou friamente. – Mas na próxima vez eu te deixo aleijado.

É a segunda vez que ela me faz ter uma pontada de medo, e dessa vez ela percebeu. Além do mais, estou começando a concordar com ela, acho que ela pode ser bem perigosa.

– Como você sabe o meu nome? – ela perguntou, e eu sorri, baby, eu posso ler pensamentos. Er... acho que eu estou vigiando ela demais.

– Oh, eu acho que todo mundo sabe seu nome. – certamente ela devia ter percebido que ela tinha se tornado o centro das atenções nesse lugar monótono. – A cidade toda estava esperando você chegar.

Ela fez uma careta. Eu odeio esse fim de mundo. Pois é, parece que ela não gosta de Forks.

– Não. – ela insistiu. – Eu quis dizer, porque você me chamou de Bella?

Ele pareceu confuso.

– Você prefere Isabella? – eu perguntei, perplexo pelo fato de que não podia ver para onde a sua pergunta estava levando. Eu não entendi. Com certeza, ela deixou sua preferência clara muitas vezes naquele primeiro dia. Todos os humanos eram incompreensíveis assim sem um contexto mental como guia?

Ele é idiota ou o quê? Droga, pior que eu nem posso me defender sem revelar que eu leio pensamentos.

– Não, eu gosto de Bella. – ela disse. – Mas Charlie, quer dizer, meu pai, deve me chamar de Isabella pelas costas, é assim que todos parecem me conhecer, exceto os meus irmãos, é claro, também tem o encos... a Jéssica e o sebo... Mike. – ela explicou.

– Oh. – eu disse indevidamente, e rapidamente desviei meus olhos de seu rosto.

Ok, acho que eu sou um idiota. Eu tinha acabado de entender o que as perguntas dela queria dizer: eu tinha escorregado - cometido um erro. Se eu não tivesse escutando as conversas dos outros naquele primeiro dia, então eu teria chamado inicialmente pelo nome inteiro, como todos os outros. Ela tinha notado a diferença. Eu senti uma dor de desconforto, foi muito rápido para ela perceber meu erro. Bem astuta, especialmente para alguém que deveria estar aterrorizada pela minha proximidade.

Um pensamento dela me chamou a atenção. Ela e os irmãos tinham uma teoria sobre mim. Droga, eles estão suspeitando de nós. Ela decidiu deixar quieto, pois já estava cheia de segredos para guardar, e ao que parece, não precisava de mais um.

Eu estava sem ar. Se eu fosse falar com ela de novo, eu teria que respirar.

Seria difícil evitar falar. Infelizmente para ela, compartilhar esta mesa a tornava minha parceira de laboratório, e nós teríamos que trabalhar juntos hoje. Seria estranho - e incompreensivelmente rude - eu ignorá-la enquanto nós fazíamos a experiência. Iria deixá-la mais suspeita.

Eu me inclinei para o mais longe que eu podia dela sem mexer minha cadeira, virando minha cabeça para o corredor. Firmei-me, travando meus músculos no lugar, e então suguei um pulmão inteiro de ar rapidamente, respirando por minha boca.

Era genuinamente doloroso. Mesmo sem sentir o cheiro dela, ou podia sentir o gosto dela em minha língua. Minha garganta de repente estava em chamas outra vez, a necessidade tão forte como a daquele primeiro momento em que eu senti o cheiro dela.

Juntei meus dentes e tentei me recompor.

– Podem começar. – o Sr. Banner comandou.

Pareceu que tomou cada pequena partícula do auto-controle que eu tinha acumulado em setenta anos de trabalho árduo para virar minha cabeça para a garota, que estava olhando para a mesa, e sorrir.

– Primeiro as damas, parceira? – eu ofereci.

Ela me encarou e logo começou a se distrair em seus próprios pensamentos. Em outras palavras, ela se esqueceu completamente de mim e isso me fez sentir uma inquietação estranha.

Decidi fazer a minha presença notável novamente.

– Ou eu posso começar, se você quiser... – eu disse calmamente.

– Não. – ela disse no maior desanimo. – Eu vou na frente.

Eu encarei o equipamento na mesa, o microscópio arranhado, a caixa de slides, ao invés de ver o sangue correr por baixo da pele clara. Respirei de novo depressa, por meus dentes, e recuei quando o gosto fez minha garganta arder.

– Prófase. – ela disse entediada depois de um rápido exame. Ela começou a remover o slide, embora ela mal o tinha visto.

– Você se importa se eu der uma olhada? – instintivamente - estupidamente, como se eu fosse da espécie dela - eu estendi para parar a mão que removia o slide. Por um segundo, o calor de sua pele queimou a minha. Foi como uma corrente elétrica - certamente muito mais quente do que meros 37 graus. O tiro de calor passou pela minha mão e correu pelo meu braço. Ela puxou rapidamente a sua mão debaixo da minha.

Por um momento achei que ela puxou a mão por causa do frio, mas aí li seu pensamento dizendo ser por causa da corrente elétrica que ela também sentiu.

Espera um pouco, ele acabou de me chamar de burra?

– Me desculpe. – me apressei em dizer sobre ela achar que eu a chamei de burra, mas aí lembrei que ela não sabe que eu posso ler pensamentos, então deixe parecer como se o pedido de desculpas fosse pelo fato de nossas mãos terem se tocado.

Precisando de algum lugar para olhar, eu segurei o microscópio e olhei. Ela estava certa.

– Prófase. – concordei.

Eu ainda estava demasiadamente perturbado para olhá-la. Respirando tão calmamente quanto eu podia por dentre meus dentes cerrados e tentando ignorar a sede furiosa, eu tentava me concentrar naquela simples tarefa, escrevendo a palavra no espaço adequado na lâmina do laboratório, e então trocando o primeiro slide pelo próximo.

– Anáfase. – murmurei escrevendo no papel enquanto falava.

Ela me olhou com indiferença.

– Posso? – ela perguntou.

Eu olhei para ela surpreso. Ela não parecia estar com medo. Ela realmente pensava que eu tinha errado na resposta?

É claro que eu estou torcendo para ele estar errado, assim eu o chamo de burro na cara dele.

Não me segurei e acabei sorrindo com isso. Ela encarou no microscópio com uma vontade que logo desapareceu. Os cantos de sua boca rapidamente desceram.

– Slide três ? – ela perguntou, sem olhar pra cima do microscópio, mas com sua mão estendida. Eu coloquei o próximo slide na mão dela, sem deixar minha pele chegar perto da dela dessa vez. Sentar do lado dela era como sentar do lado de uma lâmpada. Eu podia sentir conforme eu esquentava aos poucos com a temperatura mais alta.

Surpreendentemente, ela aumentou a velocidade em que analisou o slide e praticamente me desafiou.

– Interface. – ela disse e me passou o microscópio antes que eu pudesse pedir. É claro que ela estava certa, pois eu decidi ver seus pensamentos na hora em que ela analisava, mas decidi entrar na brincadeira.

Sorri para ela.

Olhei rapidamente me igualando a velocidade dela.

Ela admitiu, por pensamento, mas admitiu que eu era... interessante.

Nós terminamos dessa forma, falando uma palavra por vez nunca nos olhando nos olhos. Nós éramos os únicos que haviam acabado - os outros na aula estavam tendo mais dificuldade com o laboratório. Mike Newton parecia estar tendo problemas se concentrando - ele estava tentando observar Bella e eu.

Queria que ele tivesse ficado onde ele foi... Mike pensou, me olhando com raiva. Hmm, interessante. Eu não tinha notado que o garoto tinha mantido algum sentimento negativo sobre mim. Isso era um novo acontecimento, tão recente quanto à chegada dos novos irmãos. Ainda mais interessante, eu pensei - para minha própria surpresa - que o sentimento era mútuo.

Eu olhei pra baixo para a garota de novo, perplexo pelo tamanho da devastação e violência que, apesar de comum; sem ameaças aparente, ela estava causando em minha vida.

Decidi ler seus pensamentos. Ela estava pensando que sente falta de um acampamento, que sente falta de um tal “D”. Ela se sentiu culpada por algum motivo em relação aos seus irmãos sentirem saudades de algo, provavelmente do tal acampamento. A olhei frustrado; por que ela não é uma pessoa normal? Normalmente, as pessoas pensam nos seus segredos, mas já ela...? Ela pode pensar em tudo, menos no que é realmente importante. Ate mesmo seus irmão são assim, os três estão escondendo algo, mas nenhum realmente pensa no assunto em si.

– Você usa lentes de contato? – ela perguntou do nada.

Fiquei confuso com isso.

– Não. – respondi.

– Hum... – ela murmurou. – Eu achei que havia algo diferente nos seus olhos.

Eu me senti gelado de novo conforme eu notei que aparentemente eu não era o único tentando descobrir segredos hoje.

É claro que tinha algo diferente nos meus olhos desde a última vez que ela tinha olhado neles. Para me preparar para hoje, a tentação de hoje, eu passei boa parte da tarde de ontem caçando, matando minha sede o máximo possível, mais do que o necessário. Eu me afoguei no sangue de animais, não que fizesse muita diferença na frente do absurdo sabor flutuando ao redor do ar perto dela. Quando eu olhei para ela por fim, meus olhos tinham estado pretos pela sede. Agora, meu corpo nadando em sangue, meu olhos estavam com uma cor dourada. Castanho-claro, âmbar pelo meu excesso de alimento.

Outro lapso. Se eu tivesse notado o que ela quis dizer com a pergunta, poderia somente ter dito que eram lentes. As vezes ela me surpreende com a facilidade que ela tem de falar sem pensar antes.

Eu sentei ao lado de humanos por quase dois anos nessa escola, ela foi a primeira a tentar me examinar perto o suficiente para notar a diferença de cor nos meus olhos. Os outros, enquanto admiravam a beleza da minha família, tinham a tendência de olhar para baixo rapidamente quando nós olhávamos de volta. Eles sempre se protegiam, bloqueando detalhes das nossas aparências como uma tentativa forte e instintiva de nos entender. Ignorância era uma dádiva para a mente humana.

Por que tinha que ser essa garota que via tanto? Decidi ler seus pensamentos.

Droga. Ela tinha certeza absoluta que meus olhos estavam diferentes.

Eu nunca vou confessar isso em voz alta, mas o infeliz ate que ficou bonito com esses olhos.

Depois de todos os insultos que levei dela, apenas esse pequeno elogio dela me fez se sentir feliz, aquecido por dentro. Meus lábios se curvaram em um sorriso discreto.

Sr. Banner se aproximou da nossa mesa. Eu agradecido inalei o ar puro que ele trouxe consigo antes que pudesse misturar com o cheiro dela.

– Então, Edward, você não achou que Isabella podia ter uma chance com o microscópio? – ele disse olhando nossas respostas.

Eu abri a boca para responder, iria corrigir ele sobre ela preferir ser chamada de Bella e que ela respondeu três das cinco, mas ela foi mais rápida.

– Como é que é? – ela disse. – Você esta me chamando de burra? É isso mesmo o que eu ouvi? – ela se levantou e encarou o Sr. Banner. – Para o seu governo, eu identifiquei três dos cinco. – ele olhou ceticamente para ela. Vi pelos pensamentos dele o olhar que ela lhe deu. – E não me olhe assim, pois se não, eu esqueço que você é meu professor e lhe meto a mão na cara.

Ele engoliu seco. Ele quase deu um passo para trás. Devo confessar, Bella estava assustadora.

– Você já fez essa experiência antes? – ele perguntou depois de se recompor.

– Claro. Com várias outras coisas também... – Bella respondeu.

– Blástula de peixe branco?

– Sim.

– Bem. – ele disse depois de um momento. – Eu acho que é bom que vocês dois serem parceiros de laboratório. – ele murmurou algo mais enquanto ia embora. – Para que os outros possam ter uma chance te aprender algo por eles mesmos... – eu duvido que a garota possa ouvir isso. Ela voltou a batucar no seu caderno de novo.

Eu estava intrigado. Bella era diferente de qualquer humana que eu já conheci. Estou realmente começando a pensar que ela esconde algo importante. Seja o que for, eu irei descobri. Quis rir com a minha cara de pau. Eu sou um vampiro que pode ler pensamentos e escondo isso dos outros, e aqui estou eu tentando descobrir os segredos da humana.

Decidi recomeçar a conversa.

– É uma pena sobre a neve, não é? – eu disse repetindo o assunto que vários outros alunos já haviam discutido. Um tópico habitual e entediante. O tempo - sempre seguro.

Ela me olhou. Ele quer puxar assunto conversando sobre o clima? Ok, eu confesso que sou péssimo em puxar assunto.

– Não muito. Eu odeio neve. – ela respondeu honestamente, ao invés de tentar ser normal como todo mundo.

– Você não gosta do frio. – eu adivinhei.

– Errado, eu não me importo com o frio. – afinal, eu não sinto frio, ela completou em pensamento.

Espere, volte a fita... como é que é? Como assim ela não sente frio? Todos os humanos sentem frio, a não ser que... não, ela não é vampiro e nem um lobisomem, ao que tudo indica, ela é completamente humana. Franzi o cenho. Agora mais do que nunca eu vou descobrir o segredo que Bella e os irmãos escondem.

– Forks deve ser difícil de viver pra você. – Talvez você não devesse ter vindo para cá, eu quis acrescentar. Talvez você devesse voltar ao lugar de onde veio.

Porém, eu não tinha certeza se era isso que eu queria. Eu sempre me lembraria do cheiro de seu sangue - existia ao menos alguma garantia de que eu não a seguiria? Além disso, se ela fosse embora, eu iria enlouquecer por não saber o que ela esconde. Um constante e insistente quebra-cabeças.

– Você não faz ideia. – ela murmurou sombriamente. E mais uma vez ela me deu um motivo para insistir em descobrir o segredo dela. O que ela quis dizer com: “mexer com alguém como eu”?

– Então, porque você veio pra cá?

Ok, qual é a história oficial mesmo? Me lembrei, hora de atuar. Espera um pouco, quer dizer que... assim como minha família, ela e os irmãos inventaram uma história?

– É...complicado.

Ela piscou seus grandes olhos, não dando maiores informações, e eu quase explodi de curiosidade - a curiosidade queimou tão forte quanto à sede em minha garganta. Na realidade, estava ficando um pouco mais fácil respirar; a agonia estava ficando mais tolerável enquanto eu me familiarizava.

– Eu acho que consigo acompanhar. – eu pressionei.

Ela pausou por um longo momento.

– Vou para a faculdade em dois anos. – é claro que isso é mentira, tá bom que eu vou para a faculdade.

Devo confessar, ela é boa, muito boa para mentir e atuar. Decidi entrar na atuação e fingir que acredito.

Franzi o cenho.

– Isso não parece tão complicado. – eu discordei. Deixei transparecer que eu sabia que ela estava mentindo, e ela teve a cara de pau de dizer (ou melhor, pensar) que não dava a mínima e que eu teria que me contentar com a falsa história igual aos outros. – Por que é complicado ir para a faculdade? E o que isso tem haver com vir morar em Forks? – eu disse com um certo tom de ironia quase desapercebido.

– Com a morte de minha mãe, meu pai ficou solitário. – ela disse. – Eu e meus irmãos vivíamos em um internato em New York, e como em dois anos iriamos para faculdade começar nossas vidas e talvez família. – então foi a irmã dela que inventou a história? – Nós três decidimos. – fui obrigada, ela pensou. Então ela veio par Forks contra a vontade? – Passar os dois últimos anos com nosso pai antes de ingressarmos em uma faculdade.

É nessas horas que eu agradeço por poder ler pensamentos, imagina se eu não lesse? Eu estaria sendo feito de idiota.

Em todo caso, seja qual for o motivo, ela parece realmente triste por ter sido mandada para essa cidade.

– Mas agora você está infeliz. – eu apontei.

– E? – ela disse.

– Isso não me parece justo. – eu encolhi os ombros.

Ela sorriu sem humor.

– Nunca te contaram? A vida não é justa.

Eu queria rir com suas palavras embora eu, também, não tivesse me divertido. Eu sabia um pouco sobre a injustiça da vida.

– Eu acredito que eu já tinha ouvido isso antes. – concordei.

– Então isso é tudo. – ela insistiu.

Avaliei sua história. Se por acaso eu não pudesse ler mentes, eu pensaria da seguinte forma:

Eu estaria sentindo que finalmente eu havia conseguido uma olhadela dentro de sua alma. Que eu vi naquela única palavra onde ela havia posicionado ela mesma em sua lista de prioridades. Diferente dos outros humanos, suas próprias necessidades estavam bem abaixo na lista. Ela era altruísta.

Ao que parece, isso esta bem longe de ser ela. Ela é uma boa atriz.

– Você faz um belo show. – eu disse vagarosamente. – Mas eu seria capaz de apostar que você está sofrendo mais do que deixa os outros verem. – tenho que continuar no personagem que acredita nessa mentira deslavada.

E o que ele queria? Que eu ficasse feliz ao ser sentenciada a viver nesse muquifo de cidade nos próximos dois anos só por que eu estava em Las Vegas quando alguns problemas familiares surgiram?

Para tudo! Como é que é? Ela foi mandada pra Forks por que estava em Las Vegas quando problemas familiares surgiram?

Desse jeito ela me deixa confuso. Nunca vi alguém tão... sem noção quanto ela. Os pensamentos dela são realmente confusos.

Mas aí vem ela com um pensamento totalmente infantil. Ela se segurou para não mostrar a língua para mim. Acabei sorrindo com isso.

– Estou errado?

Ela tentou me ignorar.

– Eu acho que não. – eu disse.

– Porque isso importa pra você? – ela perguntou irritada.

– Essa é uma pergunta muito boa. – murmurei.

Os detalhes de sua vida muito humana não deviam interessar a mim. Era errado para mim me interessar pelo que ela pensava e escondia. Para proteger minha família das suspeitas, pensamentos humanos não eram significantes. Não ate eu conhecer ela.

Eu não costumava ser o menos intuitivo em um par. Eu confiei no meu extra “ouvir demais” - eu obviamente não era tão perceptivo quanto eu achei que fosse. Mesmo podendo ler os pensamentos dela, eu não consigo descobrir o que ela esconde.

A garota suspirou e ficou carrancuda encarando a frente da sala. Algo em sua expressão frustrada era engraçado. A situação em si, toda a conversa era engraçada. Ninguém nunca esteve tão em perigo por mim quanto esta pequena garota - a qualquer momento eu poderia, distraído pela minha ridícula absorção em nossa conversa me descontrolar e atacá-la antes que eu pudesse me segurar - e ela estava irritada porque eu não havia respondido sua pergunta.

– Eu estou te aborrecendo? – acabei perguntando com um tom divertido.

E mais uma vez a língua dela foi mais rápida que os pensamentos.

– Não exatamente. – eu sorri com isso. Grande erro. – Eu só estou inclinada a te meter a mão na fuça... – e assim, Isabella Swan é a única pessoa capaz de me fazer sorrir e logo em seguida acabar com o meu ego.

Seu corpo estava perto de mim como antes, inconscientemente deslocado no decorrer da nossa conversa. Todos os pequenos marcadores e cantos eram suficientemente assustadores para o resto da humanidade que não viam como trabalhar nela. Por que ela não se encolheu longe de mim com terror? Com certeza ela deve ter visto bastante do meu lado sombrio para perceber o perigo, ela parecia ser intuitiva.

Eu não vi se minha advertência teve o efeito desejado, Sr. Banner disse para a classe ter atenção apenas por aquele momento, e ela recuou para longe de mim ao mesmo tempo.

Eu reconheci o fascínio cada vez maior dentro de mim, mesmo estando cansado para cortá-lo para fora. Eu não podia me dar ao luxo de achar Bella Swan interessante. Ou melhor, ela não poderia se dar ao luxo. Eu já estava ansioso por alguma outra chance de falar com ela. Eu queria saber sobre sua mãe, sua vida antes de chegar aqui, seu relacionamento com seu pai. Todos as coisas sem sentido que poderia acrescentar detalhes ao seu caráter. Mas a cada segundo que eu gastei com ela foi um erro, um risco que ela não sabe que estava correndo.

Distraidamente, ela jogou seu cabelo. Por um momento eu me permiti outra respiração. Uma onda particularmente concentrada de seu cheiro bateu em minha garganta.

Era como o primeiro dia - como a destruição inicial. A dor que queimava e a sede me fez ficar tonto. Eu poderia agarrar a mesa de novo para manter meu corpo na cadeira. Agora eu tinha um pouco mais de controle. Eu não quebraria nada, no mínimo. O monstro rosnou dentro de mim, mas nada comparado com o prazer da minha dor. Ele estava também firmemente amarrado por aquele momento.

Eu parei de respirar completamente, e me inclinei o mais longe possível da garota o quanto eu pude.

Não, eu não podia me dar ao luxo de achá-la fascinante… A mais interessante coisa que encontrei nela, provavelmente a maior, era aquela que eu poderia matá-la. Eu já tinha cometido dois pequenos erros hoje. Eu poderia cometer um terceiro, que não seria nada pequeno?

Um pouco antes do sinal tocar, eu abandonei a sala de aula - provavelmente destruindo qualquer impressão de educação que eu havia construído no decorrer da hora. De novo, eu ofeguei por limpeza, o ar de fora estava úmido, como se fosse um perfume de cura. Eu me coloquei apressadamente ao máximo de distancia possível entre a garota e eu.

Enquanto me afastava, decidi ler seus pensamentos.

De acordo com ela, eu preciso urgentemente ir ao médico para tratar a minha bipolaridade.

Mike logo pelou na frente dela e eu ri com ela imaginando ele com um rabo balançando. Ela cantarolou uma musica em pensamento que eu nunca tinha ouvido:

Vem aqui que agora eu tô mandando

Vem meu cachorrinho, a sua dona tá chamando

Sit, junto, sentado calado...

Emmett estava me esperando na porta da sala de espanhol. Ele leu minha expressão louca por um momento.

Como foi? Ele perguntou cautelosamente.

– Ninguém morreu... – eu resmunguei.

Eu achei isso. Quando eu vi a Alice andando por aqui quando acabou, eu pensei

Nós andamos para a sala, eu vi sua memória por apenas alguns momentos antes, vendo pela porta aberta de sua última aula: Alice de rosto desligado andando em direção ao prédio de biologia. Eu senti que na sua lembrança ele sentia vontade de ir lá e se juntar a ela, e quando ele decidiu ficar. Se Alice precisasse de sua ajuda, ela poderia pedir.

Eu fechei meus olhos com horror e desgosto quando eu despenquei na minha cadeira.

– Eu não pensei em realizar aquilo quando estava perto. Eu não pensei o que eu estaria fazendo… Eu não vi que aquilo poderia ser tão ruim... – eu sussurrei.

Não foi, ele me reassegurou. Ninguém morreu, certo?

– Certo... – eu disse entre os dentes. – Não dessa vez.

Talvez fique mais fácil.

– Claro.

Ou, talvez você a mate. Ele deu de ombros. Você não seria o primeiro a fazer besteira. Ninguém te julgaria duramente. Às vezes uma pessoa apenas cheira muito bem. Estou impressionado que você tenha resistido tanto tempo.

– Não está ajudando, Emmett.

Eu estava revoltado com a sua aceitação da ideia de que eu mataria a garota, de que isso era de algum modo, inevitável. Era culpa dela que ela cheirasse tão bem?

Eu sei quando aconteceu pra mim… Ele lembrou, trazendo à tona metadede um século, para uma rua suja, onde uma mulher de meia idade estava tirando seus lençóis secos de um varal amarrado entre duas macieiras. O cheiro de maçãs era forte no ar - a colheita tinha acabado e as frutas rejeitadas estavam espalhadas pelo chão, os machucados nas suas cascas deixavam escapar as suas fragrâncias como grossas nuvens. Um campo recém cortado de feno era um fundo de paisagem para o cheiro, a harmonia. Ele andou pela rua, tudo menos distraído para a mulher, para entregar um pagamento por Rosalie. O céu lá encima estava púrpura, laranja acima das árvores. Ele teria continuado vagando pelo caminho das carroças e lá não teria nenhuma razão para lembrar daquela tarde, se não fosse por uma repentina brisa que soprou os lençóis brancos como velas e levou o cheiro da mulher até o rosto de Emmett.

– Ah... – eu suspirei calmamente. Como se a minha própria sede não fosse o suficiente.

Eu sei. Eu não durei nem metade de um segundo. Eu nem pensei em resistir.

Sua memória se tornou muito explícita pra eu aguentar.

Eu fiquei em pé, meus dentes se trincaram forte o suficiente para cortar aço.

– Esta bien, Edward? – Sra. Goff perguntou, assustada pelo meu brusco movimento. Eu podia ver o meu rosto na sua mente, e eu sabia que eu parecia longe de estar bem.

– Me perdona... – eu murmurei, enquanto eu me lançava para a porta.

– Emmett, por favor, puedas tu ayuda a tu hermano? – ela perguntou, gesticulando sem solução para mim enquanto eu me apressava pra sair da sala.

– Claro... – eu escutei ele falar. E logo ele já estava bem atrás de mim.

Ele me seguiu até o lado mais longe do prédio, onde ele me alcançou e pôs a sua mão no meu ombro.

Eu empurrei a mão dele pra longe com uma força desnecessária. Teria quebrado os ossos de uma mão humana, e os ossos do braço ligados a ela.

– Me desculpe, Edward.

– Eu sei. – eu extraí profundas arfadas de ar, tentando clarear a minha cabeça e os meus pulmões.

– É tão ruim quanto aquilo? – ele perguntou, tentando não pensar no cheiro e no sabor de sua memória enquanto ele perguntou, não tendo muito sucesso.

– Pior, Emmett, pior.

Ele ficou quieto por um instante.

Talvez…

– Não, não seria melhor se eu acabasse logo com isso. Volte para a sala, Emmett. Eu quero ficar sozinho.

Ele se virou sem falar nenhuma palavra ou pensamento e caminhou rapidamente. Ele diria para a professora de espanhol que eu estava doente, ou matando aula, ou um vampiro perigosamente fora de controle. A desculpa dele realmente importava? Talvez eu não voltasse. Talvez eu tenha que partir.

Eu voltei pro meu carro novamente, para esperar o final da aula. Para me esconder, novamente.

Eu poderia ter usado o tempo para fazer decisões ou tentar reforçar minha explicação, mas, como um vício, eu me vi buscando através dos murmúrios de pensamentos que emanavam do prédio da escola. As vozes familiares se destacaram, mas eu não estava interessado em dar ouvidos as visões de Alice ou as reclamações de Rosalie agora. Eu achei Jessica facilmente, mas a garota não estava com ela, então continuei procurando. Os pensamentos de Mike Newton tomaram a minha atenção, e eu acabei achando-a, em um ginásio com ele. Ele estava triste, porque eu conversei com ela na aula de Biologia. Ele estava pensando sobre sua responsabilidade quando algo surgiu do nada.

Eu nunca o vi conversando com ninguém nada mais que uma palavra aqui ou ali. Claro que ele acabou achando Bella interessante, afinal, ela é mais linda do que Rosalie. Eu não gosto do jeito que ele olha pra ela. Mas ela não parece estar muito interessada nele.

Ele falou consigo mesmo sobre seu pessimismo daquele jeito, confortado pela ideia de que Bella não estava interessada em sua troca de palavras comigo. Isso me incomodou um pouco mais do que o aceitável, então eu parei de escutá-lo.

Eu coloquei um CD com músicas pesadas no meu som, e então aumentei o som até que não dava pra ouvir mais vozes. Eu realmente tentei me concentrar na música para me manter longe dos pensamentos de Isabella Swan, para espiar a garota inocente.

Eu trapaceei algumas vezes, enquanto chegava a hora. Não espiando, eu tentava me convencer. Eu estava apenas me preparando. Eu queria saber quando exatamente iria sair do ginásio, quando ela estaria no estacionamento. Eu não queria pegá-la de surpresa.

Enquanto os estudantes começaram a sair das portas do ginásio, eu saia do meu carro, não sabendo por que eu fiz isso. A chuva estava fraca, eu ignorei isso enquanto ela ia lentamente saturando o meu cabelo.

Eu queria que ela me visse aqui? Eu esperava que ela viesse e falasse comigo? O que eu estava fazendo?

Eu não me mexi, apesar de eu estar tentando me convencer a voltar para o carro, sabendo que o meu comportamento era repreensível. Eu mantive meus braços sobre o meu peito e respirei bem devagar enquanto eu observava ela passar devagar por mim, seus lábios caídos nas extremidades. Ela não olhou para mim. Algumas vezes ela lançou os olhos em direção às nuvens com uma careta, como se eles a ofendessem.

Eu estava desapontado quando ela chegou no seu carro antes de passar por mim. Ela devia ter falado comigo? Eu devia ter falado com ela?

Ela acabou pensando no que fez com os irmãos. Scott e Samira iriam ter que ficar ate mais tarde por que Bella escreveu os nomes deles para ajudarem na biblioteca. Acabei rindo com isso. Era como se eu tivesse ajudado ela a cometer essa travessura.

Ela entrou na Ferrari que eu devo confessar ser muito bonita. Eu observei ela dar a partida na Ferrari. Ela olhou em volta e me viu encostado no meu Volvo com um sorriso nos lábios por causa de sua travessura. Ela olhou para mim por apenas meio segundo antes dela virar os seus olhos pro outro lado e passar a marcha ré. E então freou repentinamente, e a traseira da Ferrari ficou a alguns centímetros de bater no carro de Sr, Banner. Nem eu estava preparado para o que veio.

– VOLTA PARA A AUTO ESCOLA, BARBEIRO! – ela gritou para o professor de biologia.

Ela respirou fundo, olhando pra fora pelo outro lado da Ferrari, e rapidamente tirou o carro, com mais sucesso, sem dar tempo para o Sr. Banner se pronunciar.

Não aguentei e comecei a gargalhar. Ela me viu rindo nem me importei quando ela me chamou de topetudo. Isabella Swan definitivamente não bate muito bem da cabeça.

Meus irmãos chegaram e testemunharam eu rindo, assim como Alice. Ela tinha visto o que aconteceu em uma visão.

– Sinceramente...? – disse Alice rindo. Ela estava no banco do passageiro. Eu dirigia a toda velocidade rumo a nossa casa. – Eu estou começando a gostar dela...

Rosalie rosnou com isso.

Eu fiquei quieto, mas por dentro, eu estava começando a sentir o mesmo. Olhei pelo retrovisor e vi que Jasper percebeu o que e estava sentindo, pois ele levantou uma sobrancelha em questionamento.

Espero que você saiba o que esta fazendo... ele pensou.

– Eu também... – murmurei. Só quero ver quando eu contar sobre tudo o que aconteceu hoje a eles...


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Notas finais do capítulo

A fic esta começando a mudar de rumo. Bella começou a pensar no que não devia e Edward vai acabar descobrindo o segredo dela.

Prá quem não sabe, a maior parte (pelo menos agora no começo), eu estou retirando de: "Crepúsculo" e "Sol da Meia Noite".

Será que atingimos os 80 reviews?

Gente, passem nas minhas outras fics: "Arte e Desejo", "A Mutante em Forks" e "Uma Super Garota Nada Normal (antiga: A Mulher de Aço em Forks)".

Leu? Comente. Gostou? Divulgue. Amou? Recomende.

Pagina oficial da fic no facebook: James Fernando - Fanfics
https://www.facebook.com/jamesfernandofanfics

Meu exemplar do livro que publiquei acabou de chegar, e modestia parte, ficou incrivel. E se não gostarem da capa, existe mais três disponiveis no site. O livro contém magia, aventura, ação, mistério, suspense, mutantes (não os x-mens), dragões, vampiros, uma guerra a caminho. Eu arrisco afirma que pode ser uma mistura de Harry Potter, Percy Jackson, Dragon Ball (no sentido das lutas), e é claro, o nascimento de um romance.
https://clubedeautores.com.br/book/146998--O_Ladrao_de_Vidas#.UpFurMRwrKp

Proximo capitulo ate domingo, mas pode acabar sendo postado antes.

Ate o proximo capitulo...