Kumiko andava pela vila com um olhar perdido. Os poucos que estavam acostumados com a menina lhe olharam confusos, Kumiko estava sempre calma e mostrando sorrisos gentis a todos que lhe passassem pelo caminho. Aquele dia ela estava pra baixo. Era obvio que algo acontecera.

Itachi, Satsuki e Masaaki tinham saído juntos do campo de treino e viram a menina saindo do prédio do Hokage, Satsuki arregalou os olhos e ia correr até ela, mas Itachi lhe segurou o pelo ombro. O olhar do Uchiha mais velho era solene, ele simplesmente balançou a cabeça negativamente ao menino e eles prosseguiram seu caminho. Cada um pra um lugar.

  Kumiko foi pra sua casa. Fazia uma semana que ela pedira a mulher designada pelo hokage pra ajuda – la pra não voltar ao local, ela já sabia se virar sozinha. Não queria ajuda. Amane alegou que a casa era grande pra uma menininha cuidar sozinha, mais ela disse que saberia se virar. Agora agradecia por isso. Ela entrou na casa seguindo para o corredor dos quartos. Viu o que ela procurava.

  Uzumaki Kushina estava entalhado perto da porta. Era assim que ela sempre soubera quem era sua mãe. Logo abaixo Kumiko tinha entalhado Uzumaki Kumiko como um símbolo de hereditariedade quando chegara ali. Quando Itachi começou a contar a história a menina poderia ter ligado a sua vida, mas reconhecer que ela realmente era sozinha no mundo era pior do que especular em pensamento que os pais haviam mesmo morrido. Passou os dedos pela madeira no nome da mãe. Quando Itachi dissera Kushina, ela não teve como negar nem pra si própria. Era história dela.

 Suspirou, queria saber mais da mãe.

                [...]

 Era final de tarde quando Itachi viu o que esperava. Ele estava sentado numa arvore perto dos muros do limite do clã Uchiha, ele esperou que uma hora Kumiko aparecesse por ali. E ali estava ela. Seus cabelos caindo pelos ombros delicados de maneira displicente, os olhos baixos. Ela não estava recebendo aquilo bem e o Uchiha se sentiu mal por isso, mas não havia nada que pudesse fazer.

 – Kumiko. – Ele saltou da arvore. Ela ergueu os olhos pra ele – O que veio fazer aqui?

— Disse que nossas mães eram amigas. – Ela comentou baixinho, seus olhos desviando. Itachi quase revirou os próprios, Kumiko era exageradamente tímida. – Eu quero saber mais.

 – Quer conhecer o Clã Uchiha? Posso ver se minha mãe está em casa. – Itachi chamou. Ele realmente não sabia o que sua mãe sabia da mãe de Kumiko, mas explicava o que ela dissera sobre a menina. “Você nem imagina, não é?” Sua mãe fora ninja, mas quando ele nascera abandonara aquela vida. Ele e Kumiko entraram no clã Uchiha, a menina ergueu os olhos encarando com surpresa a cena.

 Era possivelmente mais animado que qualquer outra parte da vila. Tinha crianças correndo por toda parte, comércios com pessoas simpáticas e sorridentes. Todos acenavam pra Itachi quando este passava, o rapaz apenas assentia calmamente em um comprimento educado. Ninguém estranhou a menininha ruiva, apenas sorriam pra ela. Era tão contagioso que ela não tinha como não corresponder.

 – É contagioso. – Kumiko tinha um brilho no olhar. Itachi deu um meio sorriso e assentiu – É com todo mundo ou você é uma estrela por aqui?

  – Eu sou primogênito do líder do Clã. –  Itachi explicou a menina que o olhou impressionada – Não me olhe assim, não é grande coisa. Os Uchiha são um clã mal compreendido pela vila, mas tentamos sobreviver em harmonia uns com os outros.

 – Deve ser bom crescer com uma família tão grande. – Ela sussurrou distraída olhando os desenhos nas paredes do clã. Estavam entrando na área das casas, não muito longe da dele.

 – Hey. – Itachi se compadeceu da menina e a parou. Ele se abaixou um pouco pra ficar na altura dela. – Agora eu, Satsuki, Masaaki... Até Shisui ou qualquer outro que venha a entrar na sua vida também será sua família. Os amigos são uma família que nós escolhemos, não há motivo pra ficar assim.

 Kumiko tinha os olhos arregalados pra ele. Não esperara aquilo. Seus olhinhos se encheram de lagrimas e Itachi se perguntou o que dissera que causou aquela reação. Se surpreendeu ao sentir ela pulando no seu pescoço o abraçando. Ele sorriu suavemente e acariciou os cabelos dela até que o soltasse.

 – Obrigada, Itachi – sensei. – Ela sorriu pra ele.

                [...]

 – Itachi? – Encontraram Sasuke e Fugakasu em frente a casa do líder do Clã. O homem olhou a menininha ruiva ao lado dele, o homem não era tolo. Ele só conhecera uma ruiva em Konoha toda sua vida. E aquela era Uzumaki Kushina e sabia que a filha dela era parte do time de Itachi.

— Otou – sama. – Itachi o cumprimentou. – Essa é a Kumiko, ela é do meu time. Kumiko, esse é meu pai, Uchiha Fugakasu, e meu irmão Sasuke.

 – Yo, Kimiko – chan! – Sasuke cumprimentou a menina animadamente, mas Kumiko ficou completamente ruborizada. Itachi não sabia se era simples timidez ou irritação mesmo, ele sabia que ela detestava quando erravam seu nome.

 – Yo, Sasuke – Kun, mas meu nome é Kumiko. – Ela corrigiu o mais delicadamente possível por ser irmão do seu sensei.

 –Kimiko é mais bonito! – Ele exclamou e saiu correndo pra dentro da casa. Kumiko tinha os olhos estreitos, Fugakasu suspirou. Aquela expressão dela lembrou a ele Kushina.

 – É um prazer, Kumiko. – O Homem disse a menina, que ergueu os olhos pra ele. –Você parece muito com sua mãe.

Os olhos da menina brilharam com aquilo, mas ela não respondeu, apenas deu um sorriso encabulado pro homem. Itachi trocou um olhar significativo com o pai, provavelmente Fugakasu já sabia da fama de Kumiko entre os chuunins que davam aula na academia e entre alguns ninjas de maior escalão. Ela vinha sendo chamada de Gênio entre os gênios.

 – Minha mãe está? Kumiko queria conversar com ela. – Um olhar de compreensão iluminou os olhos de Fugakasu, mas ele negou.

— Ela está numa daquelas reuniões com as mulheres da vila. – Ele suspirou – Deve voltar tarde. Traga ela aqui amanha, duvido que Mikoto não iria adorar uma companhia feminina um pouco.

 Itachi sabia que o pai não gostava daquelas reuniões. Teve vontade de rir, mas ele assentiu serio.

 – Hai, venha, Kumiko, quero te mostrar algo. Já ne, Otou – sama.

O homem assentiu tanto pra Itachi quanto pra menininha que acenava timidamente. O olhar dela era sereno. Calmo e gentil. Ela pode parecer a Kushina em aparência, mas ela me lembra você... Ele moveu os olhos pra montanha que podia ser vista de toda vila, onde tinha o rosto de cada Hokage. Ele focou o rosto mais recente, do Yondaime... Minato.

                [...]

  – O – O que...? – Kumiko gaguejou de olhos arregalados. Itachi lhe levara ali propositalmente. Havia um rapaz mais velho que Itachi, provavelmente mais até que Shisui, brigando com Satsuki. Eles discutiam feio e antes de sair o rapaz deu um cascudo – que estava mais pra um soco – na cabeça de Satsuki e foi embora.

  –É o irmão de Satsuki. O Nome dele é Daisuke, mas é o tipo de Uchiha que dá má fama ao nosso Clã. Ele maltrata muito o Satsuki, então tudo que o Satsuki quer é chamar atenção e ser o melhor. Ele tende a se perder no caminho, mas é um bom garoto. – Itachi deu de ombros, sua voz era calma. Kumiko parecia surpresa – Eu quis te mostrar isso por que sei que ele a irrita, mas é o único jeito que ele conhece de tentar se aproximar das pessoas.

 – Itachi – sensei... – Ela disse depois de alguns momentos em silencio, tempo suficiente pra Satsuki se levantar e sair da área chutando qualquer pedrinha no caminho – Por que me trata diferente?

— Eu apenas sei que você não pensa como as outras crianças. – Itachi respondeu calmamente. – E por isso deve ser tratada de acordo.

  Ela sorriu e assentiu. Era a primeira vez que alguém não lhe subestimava pela sua aparência ou idade. A menina gostava daquilo.

                [...]

   Naquela noite Kumiko foi ver Naruto antes de dormir. Ela tinha decidido que o observaria, de longe. Aguardando a hora certa em que sua vida pudesse ser revolvida. Ele era totalmente diferente dela: mimado, irritante, atrapalhado e barulhento. Mais barulhento que qualquer coisa. Ele lhe lembrava de Satsuki.

Ela voltou pra casa, mas quando chegou perto da casa sentiu um chakra estranho por perto. Ela se virou olhando em volta, já havia sumido. Fora tão súbito... Balançou a cabeça pra afastar os pensamentos e entrou na casa. Passara coisa demais por um dia e precisava descansar.