Beleza Perpétua escrita por Ruby Raiff


Capítulo 16
O Anjo de cabelos sangrentos


Notas iniciais do capítulo

- Eu acho esse capitulo muito bom. Durante A Anbu muitos julgaram a Keiko por ela ter passado a vida distante de Naruto, observando de longe e tudo isso, aqui explica um pouco o por que ela fez isso.

— Eis o que aconteceu.

— Enjoy



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Itachi ficou em silencio olhando a menina. Kumiko parecia divagar por algo, as lagrimas ainda corriam por seu rosto. Ela não o olhava, seus olhos azuis perolados estavam fixos no chão. O pequeno anjo com cabelos vermelhos como sangue estava começando a descobrir a verdadeira dor e agora teria que aprender a lidar com a realidade. Masaaki já aprendera aquilo e até mesmo Satsuki. Agora era vez de Kumiko.

Kumiko ergueu os olhos pra Itachi. O rapaz pode ver que ela tinha tomado uma decisão. Os delicados olhos azuis perolados estavam duros, mas não de um modo ruim e sim numa determinação que perpetuaria em seu olhar a partir daquele momento.

– Seja lá o que for fazer... Lembre – se. Ele tem grande importância pra vila... E já odeia o povo o suficiente. Pense, Kumiko. É uma grande kunoich já. – Ela tinha a mesma seriedade que ele sabia que existia em seus próprios olhos na idade dela. A menina assentiu e então saltou numa arvore em silencio.

Do outro lado da clareira pouco depois surgiram dois rapazes discutindo. Itachi cerrou os olhos, o que aqueles dois faziam ali? Ele os avisara que não teria treino. Prestando atenção Itachi notou que Satsuki estava atrás de Kumiko.

– Não vão atrás dela. – A voz de Itachi assustou os dois que não o notaram ali. Masaaki estreitou os olhos. Itachi entreviu antes que Masaaki tivesse alguma motivação de procura – la, ele sabia que o Hyuuga tinha alguma chance de encontra – la se quisesse mesmo.

– Sabe onde a Kumiko se enfiou? – Satsuki perguntou confuso. Itachi assentiu.

– Sei.

– E por que não disse ainda? – Masaaki perguntou friamente. O Uchiha mais velho se ergueu num suspiro e encarou os dois com solenidade. Os dois garotos eram imaturos comparados a Kumiko, mesmo que a menina fosse muito mais ingênua, e eram obviamente inferiores em talento. Kumiko era o gênio da turma e Itachi via isso claramente.

– Cada um de vocês tem um trauma que esconde dos outros... Kumiko também tem o dela. Deixe que ela cuide disso sozinha. – Itachi disse aos dois que se entreolharam.

–Kumiko não é como eu e Satsuki. – Masaaki gritou com raiva – Ela é uma menininha. A Kumiko mal saiu de um bebe!

– E mesmo assim é mais poderosa que você. – Itachi sorriu. Masaaki cerrou os punhos, Por que Itachi fazia aquilo com Kumiko? – Pare de subestima – la. Ela é mais forte do que imagina.

[...]

Kumiko tinha as lagrimas correndo pelo rosto com a cena que presenciava. Ela estava no topo de uma arvore alta. Um garotinho loiro andava pela rua de Konoha, os olhos dele eram azuis cristalinos e seu rosto com um formato idêntico ao de Kumiko. Ele era fofo, mais todas as pessoas na rua lhe olhavam feio. Ele tentava parecer indiferente, mais a menina podia ver que não estava.

Ele no fundo no fundo devia odiar a vila. E odiava a si mesmo por isso.

Aquilo não devia ser assim. Por que não contaram a ele? Por que não foram criados juntos? Ela não seria tão solitária, talvez. Não sentiria tanta falta de uma família. Ele não seria apenas um órfão odiado. Ele teria a irmã pra poder dividir tudo aquilo, pra brincar... Serem felizes. Ela viu Naruto olhando para os lados, as pessoas o encarando. Viu ele se encolhendo, os olhos confusos.

Ela limpou o rosto e saltou da arvore na frente dele. O garotinho levou um susto.

– Oi, Naruto – Kun. – Ela sussurrou com um sorrisinho simpático, sua voz soou baixa e o rosto ficou corado. Sabia que seus olhos continham tristeza, mais se Naruto não fosse como ela não notaria. Era seu irmão e mesmo assim ela tinha vergonha. A menina seria extremamente tímida por um longo tempo ainda.

–Ahn... Oi? Quem é você? – O garoto perguntou confuso. Kumiko olhou pro chão e deu um passo pra trás. O que ela estava fazendo talvez fosse errado. Naruto não sabia por um motivo, no olhar de Naruto tinha uma ingenuidade idiota. Ele era uma criança normal. Não era como ela. Kumiko ainda estava sozinha. Seus olho queimaram na vontade de chorar – Hey, Hey! Você tava chorando? Quem é você? O que houve?

– Sinto muito, Naruto – Kun. – Ela sorriu tristemente. Kumiko olhou bem nos olhos do irmão, não sabia quando faria aquilo novamente. Azul como o céu, brilhante... Cristalino. Bem mais claros que o dela própria. O garotinho deu um passo pra frente confuso, mais ela sumiu numa explosão de fumaça.

O menino loiro olhou confuso ao redor. Queria que ela voltasse. Ela fora a única que falara com ele em um bom tempo, ele nem imaginava que havia uma menina de cabelos negros azulados observando sua confusão. Numa ultima pergunta Naruto se questionou como aquela menina de belos cabelos vermelhos sabia seu nome.

[...]

Hiruzen suspirou. Estava em sua sala, se sentira indisposto enquanto dava missões aos times e resolvera ficar sozinho um pouco. Ele mal fechara os olhos quando ouviu uma batida na porta. Suspirou, ser Hokage era absurdamente cansativo. Ele mandou que entrasse e se surpreendeu ao ver a figura ruivinha entrando.

Ele se aprumou na cadeira. Kumiko não estava normal. Seus olhos vermelhos e inchados, ainda havia um rastro de lagrimas em seu rosto. Sua expressão era serena e tímida como sempre, mais em seus orbes azuis havia uma tristeza que era quase depressiva.

– O que houve, criança? – Perguntou o Hokage preocupado.

– Eu só quero saber algo, Hokage – Sama. – Ela falou na mesma voz baixinha que usava sempre que não estava furiosa com Satsuki. O homem assentiu e Kumiko se postou no meio da sala enquanto voltava a falar – Por que eu e Naruto fomos criados separados?

O homem arregalou os olhos surpreso, mas então sua expressão se suavizou entendendo o que acontecera. Itachi contara. O menino era uma pessoa justa, ele não esconderia aquilo dela. Suspirou pesadamente e se ergueu da cadeira, então se abaixou na frente dela ficando mais ou menos da altura da menina.

– Me escute bem... Eu fui professor do teu pai. Eu o coloquei como Hokage. Eu os mandei pra fora da vila naquele dia. Em grande fui responsável pelo que aconteceu, mas... Naruto estava condenado, minha criança. Ele seria visto como um monstro pela vila. Você não precisava passar por isso. – Ele suspirou vendo a incredulidade nos olhos da menina – A mandei pra longe, talvez um erro, não teria sido o que teu pai iria querer, mas foi o melhor na época. Não seria quem é hoje se não fosse isso.

Kumiko tremia. Ela negou com a cabeça. Ela não queria ser quem ela era. Poderes estranhos, traumas, uma vida onde ela não encontrava lugar em área alguma, ela não sabia nem quem ela era. Por que não era como Naruto? Por que não era uma criança normal?

– Não. Nenhum de nós merecia isso. – Ela murmurou baixinho, quase inaudivelmente. Hiruzen tocou a cabeça da menina, os cabelos idênticos aos da mãe dela o fizeram sentir uma onda de tristeza. Kumiko o lembrava Minato, mas parecia tanto com Kushina. Era o total oposto do irmão.

– Não mereciam, mas eu fiz isso do mesmo modo. Sinto muito, minha cara. Hoje a vejo e não sei se devo teme – la ou respeita – la. – O homem suspirou e se ergueu.

– Hokage – sama... Por que sou assim? – Perguntou ingenuamente. O homem sentiu um peso, Kumiko sofria, mas continuava o anjo dos cabelos de sangue. Ela não perderia o lado inocente, ingênuo. Isso era claro no olhar dela.

Uzumakis não desistiam. Kumiko se auto ensinou aquela lição.

– Não sei, mais não é a única. Não está sozinha. Seu sensei... Uchiha Itachi. Ele também foi assim. Aquele rapaz é mais sábio que eu, então aproveite pra aprender muitas coisas com ele. – Hiruzen disse a garotinha, que assentiu.

– Eu posso contar ao Naruto?

– Eu penso que não. – O homem respondeu com tristeza e viu uma lagrima correr o rosto dela. – Ele tem muitos inimigos, Kumiko – chan, mesmo sem saber. É melhor que evolua e cresça sozinho. Ele será forte, não se preocupe. Quando as coisas se acalmarem eu mesmo chamarei os dois e contarei a verdade.

Ela assentiu e se curvou suavemente. Em seu corpo pesada a decepção por não poder ter o irmão com ela, mas desde jovem já pesava em suas costas o compromisso com a vila.

– Arigatou, Hokage – Sama.

Hiruzen observou ela sair dali, não queria ter que fazer aquilo, mas começara então teria que terminar.

Naruto e Kumiko não poderiam crescer juntos. O destino já os separara por muitos anos e não havia o que fazer contra aquilo. O destino na vida da menininha que andava pelas ruas de cabeça baixa fora traçado com a cor de seus cabelos. A cor do sangue. O caminho seria manchado por sangue em cada pagina da longa história, mas eles eram Uzumakis. Não havia o que não resistissem.

Contudo até mesmo pra resistir se tem um limite. A questão era... Qual era o limite dos irmãos?


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