Learning on vampire academy escrita por Mystic


Capítulo 6
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

Segue mais um capitulo ! Espero que gostem :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/451473/chapter/6

–Brant!- Chamei. Ele se virou e sorriu. Andou em minha direção e me encarou.

–Você está à maior gata!

–Ah sim, disso eu sei, o que eu não sei é onde está Anthony, você o viu?

–Não, acho que ele nem apareceu por aqui.

Assenti com a cabeça e mordi o lábio. Adrian me ofereceu champanhe e eu aceitei.

–Ele não deve estar longe- Adrian disse.

–Ele não deve ter fugido!

Adrian riu.

–Seu temperamento é totalmente agradável!

Revirei os olhos e tomei um grande gole de champanhe.

–Vou ver se ele está na biblioteca- Eu disse deixando a taça em cima da mesa e logo depois saindo do salão.

–Cuidado com os strigois!- Adrian exclamou levantando a taça.

Fiz uma pequena reverencia e sai do salão. Andei até a biblioteca, não havia ninguém lá. Voltei ao corredor e me apoiei contra o parapeito. O inverno já estava quase no fim, e uma leve brisa fria de primavera já podia ser sentida, a biblioteca ficava no segundo andar, eu tinha uma vista perfeita de todo o pátio central, e acima dele das fronteiras da escola, o céu escuro e misterioso, os pinheiros e montanhas ao longe, o cheiro da floresta, a brisa mexia com os poucos fios soltos do meu cabelo e cortava de leve minha face... Resolvi parar de apreciar a paisagem e procurar o meu Moroi! Por que ele tinha de ter sumido bem hoje?! Ergui um pouco a saia do vestido e resolvi procurar por ele no dormitório, já que eu não podia pedir ajuda para nenhum guardião. Toquei as grandes pedras que faziam a parede do lado de fora do dormitório, as pedras estavam ásperas e úmidas, alguns musgos cresciam entre elas, mesmo estando frio, o tecido grosso da saia e do top eram bem quentes, entrei no dormitório e subi as escadas, quatro andares de escadas com uma saia comprida, a única coisa que me salvou foi os cortes da saia ajudaram um pouco. Abri a porta do quarto, ele não estava lá. Pronto, eu havia perdido meu Moroi! Como perder alguém daquele tamanho? Perder um Moroi não é fácil! Imaginei todos me perguntando “Anna onde está Anthony?” eu disfarçaria um sorriso e responderia “Eu meio que não sei onde ele está...” todos ficariam chocados e eu seria reprovada... Droga! Fechei a porta do quarto, soltei os grampos do meu cabelo, ele instantaneamente caiu em movimento nas minhas costas. Andei até o fim do corredor, e abri a porta que levava a sacada.

–Graças a Deus te achei!- Eu disse.

Anthony estava apoiado no parapeito e não olhou para mim.

–Você está bem?- Perguntei tocando seu ombro.

–Yeah- Ele tentou dizer.

–Não, não está.

Ele segurava alguma coisa branca nas mãos, era uma carta.

–É por causa dessa carta?- Perguntei.

Ele assentiu com a cabeça e me entregou o papel branco totalmente amassado. Tentei alisar um pouco a superfície e o coloquei a minha frente. A carta estava impressa com uma pequena assinatura no final. Ela avisava que a mãe dele... A mãe dele estava morta, a casa dela havia sofrido um ataque de strigois, e a total guarda dele estava nas mãos da corte até a sua maior idade.

–Eu...eu sinto muito- Murmurei.

–Tudo bem, eu quase nunca via ela mesmo!- Ele exclamou.

–Vai ficar tudo bem, ok?!

–Você não sabe como é, você nem se lembra da sua mãe.

Ok, assunto perigoso, desvie dele o mais rápido possível! Minha mente alertou.

–Talvez, mas eu sei como é sentir falta dela. Vamos entrar, está frio.

Ele assentiu com a cabeça e se virou. Escoltei-o até o quarto e nos sentamos na cama.

–Vai ficar tudo bem- Eu murmurei envolvendo meus braços sobre o seu pescoço e fazendo com que ele escorasse sua cabeça em meu peito.

Ficamos daquele jeito por uns cinco minutos até que eu deixei que ele voltasse a uma postura normal.

–Me desculpe- Ele disse.

–Não tem pelo que se desculpar- Eu disse.

Beijei a sua testa e limpei suas lagrimas com minha echarpe. Apertei de leve o seu ombro e tentei dizer alguma coisa reconfortante.

–Eu só quero ficar sozinho um pouco- Ele disse.

–Mas...-Eu disse estralando a língua- Ok...

Levantei e sai pela porta. Bom, agora eu era uma adolescente sozinha, com um vestido de festa indiano em pleno inverno em Montana. Eu tinha duas opções: (A) Correr de volta para o baile (O que não era uma boa opção, uma vez que me vissem sem estar guardando meu Moroi eu provavelmente perderia nota) e (B) Ficar vagando feito uma noiva cadáver congelada indiana pela escola (o que também não era uma boa idéia). Acabei optando pela opção “B”. Vaguei pelos corredores até chegar à Igreja. Empurrei a pesada porta e logo a fechei. O interior da Igreja estava escuro, porém quente. Esbarrei em alguns bancos até que consegui achar o interruptor para o lustre. A Igreja toda logo se acendeu e minha visão se cegou por alguns instantes, aquilo ia chamar muita atenção, então andei até o corredor atrás do altar e apaguei as luzes novamente, logo depois acendendo as do corredor, lá em cima ficava o sótão, cheio de livros, eu poderia passar um tempo lá. Subi a escada em silencio, algumas luzes estavam quebradas, e isso fez com que eu tropeçasse, pisei na barra da saia do vestido e cai batendo o queixo em um degrau.

–Perfeito- Eu disse me levantando e vendo se havia me machucado.

A porta do sótão estava trancada. Pensei um pouco e percebi que aquela não era uma fechadura complexa. Tirei um grampo que ainda estava em minha nuca e o enfiei na fechadura. Depois de alguns segundos eu pude ouvir um “treck”. Ou eu havia quebrado alguma coisa, ou eu havia aberto a porta. Empurrei-a e tentei procurar por um interruptor. Um pouco da luz do sol passava pelos vitrais da grande janela e coloria o chão de madeira escura em tons de vermelho, verde e azul. Fechei a porta e adentrei o ambiente. Não estava nem frio nem quente, me sentei à beira da janela em uma das poltronas e tirei as sandálias, elas estavam apertando meus dedos. Não quis pensar em que talvez os guardiões inventassem novamente atacar o quarto de Anthony, tentando ignorar esse pensamento, me joguei para trás na poltrona e me enrolei um pouco mais na echarpe roxa e tentei me concentrar em algo reconfortante, como o som da voz da minha mãe quando eu ainda era um bebe. Dentro de alguns minutos minhas pálpebras ficaram pesadas, tentei resistir a aquele impulso...

Mamãe e eu brincávamos na sala de estar, ela ria e jogava ursos de pelúcia em mim. Eu podia sentir um delicioso cheiro vindo da cozinha, onde papai, Tarif e Louis- o irmão da minha mãe- estavam. Biscoito de chocolate com manteiga de amendoim, era isso. Eu estava rindo, corri para cima do sofá, logo sendo acompanhada por ela, ficamos em uma espécie de pula-pula durante alguns minutos, Louise não tinha mais que vinte e cinco anos. Eu podia ouvir o barulho da televisão, musica de carrossel tocava nela, meus ursos de pelúcia estavam jogados no chão sobre o lindo tapete branco da sala. Mamãe havia me jogado contra as almofadas do sofá e fazia cócegas em minha barriga, ela esbanjava um enorme sorriso com seus dentes brancos, eu ria e tentava desesperadamente fazê-la parar.

–Você não pode rir- Mamãe disse enquanto me fazia cócegas.

Eu virei minha cabeça em direção a TV, o barulho de carrossel ainda estava nela, e alguns unicórnios pulavam de um lado para o outro junto a ursos fofinhos. A cortina branca da sala estava fechada e o vidro da porta também estava coberto por outra cortina branca. Consegui me livrar das cócegas de minha mãe e corri pela sala até a cozinha, onde meu pai estava, logo pulei em seu colo e pedi ajuda:

–Ela quer fazer cócegas em mim, papai - Eu disse com uma voz doce e infantil.

Ele gargalhou e a primeira coisa que eu senti foram suas mãos grudando em minha cintura e me fazendo mais cócegas, eu gritei e tentei sair de seu colo, mas não consegui. Mamãe se juntou a eles e tirou os biscoitos do fogo. Papai já havia parado de me fazer cócegas quando ouvimos um barulho. Ele logo me pôs no chão e se levantou junto a Tarif. Foi silencio total por longos três minutos.

–Anna- Mamãe murmurou se abaixando- Quero que você suba as escadas e se esconda no armário do meu quarto, feche a porta e se esconda bem no fundo, entendeu querida?- Ela disse acariciando meu cabelo.

Mordi o lábio e assenti. Eu não entendia o que estava acontecendo, a princípio achei que era algum tipo de esconde-esconde. Subi as escadas em silencio, passei pelo corredor com o piso e as paredes brancas, aquilo dava um olhar calmo e sutil, abri a porta do quarto e andei pelo carpete bege, passei meus dedos pela roupa de cama branca dos meus pais e abri o armário embutido, entrei dentro dele e encaixei meus dedos entre as frestas da madeira, logo me afastando para fechá-lo. A luz da lua entrava no quarto e passava pelas frestas do armário, iluminando meus olhos. Recuei o máximo que pude ainda com um sorriso no rosto e puxei um longo casaco de Louise para me cobrir. Comecei a contar patinhos silenciosamente esperando por alguém vir me buscar. Mas do nada, eu ouvi um grande barulho, era de ensurdecer, como se alguém tivesse derrubado a porta da frente contra o chão, e depois dele só se ouviram gritos. Eu não entendia o que estava acontecendo. Ouvi passos pesados vindos do andar de baixo, gemidos e mais gritos, barulhos de panelas e vidros caindo. Eu ouvi minha mãe gritar. Aquilo fez com que eu perdesse o ar e começasse a chorar baixinho em pânico, eu tinha só quatro anos. Coloquei o casaco dela contra meu rosto e apoiei a minha cabeça contra a parede. Vários barulhos seguiram depois do grito dela, pude ouvir algo que me pareceu o quebrar de um galho de arvore, foi tão alto que estranhei, a cada barulho eu me encolhia mais e mais. Alguém gritou novamente, aquela voz era do meu tio, e depois daquele grito ouvi outro e outro. Um barulho horrível, como se alguém tivesse sido jogado contra o espelho da grande sala de jantar, depois dele, vários gemidos. Alguém gritou algo como “Por favor, pare!” Depois daquilo, tapei meus ouvidos com toda a força que eu tinha e comecei a cantarolar com a garganta uma musica de ninar. Minhas mãos tremiam, meu corpo tremia, eu estava com medo, eu queria minha mãe, eu queria estar nos braços dela, queria que ela dissesse que tudo estava bem, que já tinha passado, eu queria que tudo aquilo acabasse. Por um longo tempo a casa ficou em total silencio, o único som que eu ouvia era o da minha própria respiração ofegante. Meu rosto estava cheio de lagrimas e eu sentia frio e medo, muito medo. Murmurei chamando por Louise algumas vezes, mas ela não veio. Fechei os olhos e tentei fugir dali, tentei pensar em coisas felizes, quando eu percebi, minha respiração estava mais calma, e a única coisa que eu ouvia era o barulho da musica de carrossel. Eu sentia o cheiro do casaco dela, jasmim, o esfreguei sobre meu rosto e o abracei mais forte, ele já estava ficando úmido devido as minhas lagrimas. E por um bom tempo, tudo o que restava em meu corpo era o medo. Algumas horas se passaram, eu soluçava contra o casaco e continha o impulso de sair dali e procurar por minha mãe, até que eu ouvi passos, minha respiração cessou e pés descalços ficaram a frente do armário, a figura parecia doente pela cor da pele, mas era noite e a luz do quarto não estava acesa, talvez eu estivesse vendo coisas. A figura se ajoelhou, exibindo uma saia de algodão totalmente rasgada.

–Você está ai querida? É a mamãe- A voz chamou. Ela era calma e doce, mas uma vibração profunda e gélida ecoava por ela, aquilo fez com que eu estremecesse.

Ignorei aquilo e engatinhei até a porta. Soltei um grande soluço e a abri. Era a minha mãe, independente do que ela havia se tornado, independente do circulo vermelho ao redor da sua íris, ela estava ali e me oferecia seus braços para um abraço, sua expressão era gélida e sem vida, mas eu podia ver desejo em seus olhos. Corri para seus braços ainda segurando o casaco.

–Mamãe está aqui, querida, já passou- Ela disse me colocando em seu colo e dizendo coisas reconfortantes. Louise se levantou e me carregou aninhada contra o seu peito, não demonstrou nenhuma dificuldade em fazer aquilo, como se eu não pesasse nada. Ela desceu as escadas e eu olhei para a sala. O tapete antes branco estava banhado em sangue, meu tigre de pelúcia ainda jogado no meio dele, o tigre também antes branco, estava vermelho, o chão da sala de jantar agora tinha uma estranha substância viscosa em cima, eu podia ver cacos de vidro e um braço esticado, mas eu não podia ver de quem era o corpo. O barulho do carrossel na televisão ainda tocava, o DVD havia travado, o barulho se repetia e repetia, não havia nenhuma fala naquela cena, apenas o barulho do carrossel. Soltei um gemido e joguei meu rosto contra o pescoço dela. Louise deu algumas tapinhas em minhas costas e foi para o porão.

–Amanhã vou lavar o ursinho para você,querida- Ela dizia- Vamos comprar um novo se você quiser.

–Papai... - Eu murmurei para ela, envolvi meus braços em seu pescoço e acariciei o seu cabelo. –

Shhshhhhh- Ela dizia me balançando vagarosamente- Agora só durma...

Acordei suando e ofegante, eu ainda estava no sótão, eu podia ver que o sol estava alto lá fora.

–Merda...- Murmurei me levantando. Cambaleando fiz meu trajeto até o pátio e andei até o dormitório Moroi, abri a porta do quarto de Anthony, ele tinha deixado aberta, que bondoso... Fechei a porta e a tranquei. Só então que percebi que eu estava descalça, eu havia deixado minhas sandálias no sótão, Droga! Não quis fazer barulho e me joguei (delicadamente) na cama, ao lado da figura do garoto que eu havia dado meu primeiro beijo e tentei dormir.

–Onde você estava?- Anthony murmurou se virando em minha direção.

Ele parecia abatido, claro que ele estava abatido, a mãe dele havia acabado de falecer e ele não conhecia o pai. Achei melhor não tocar naquele assunto.

–Se eu te contar você não iria acreditar- Murmurei e puxei meu cobertor que estava nos pés da cama.

–Me desculpe- Ele disse- Eu não achei que você fosse sair do quarto quando eu pedi.

–E o que você achou que eu ia fazer?

–Dar uma de durona e me mandar calar a boca.

–Eu nunca fiz isso- Eu disse me virando para encará-lo.

Ele me encarou com as sobrancelhas erguidas, seus olhos cinza brilhavam no escuro, seu cabelo caia sobre sua face e estava um pouco bagunçado.

–Ok- Admiti- Já fiz sim, mas não com você.

Ele sorriu e se virou novamente, de forma a encarar o teto. Tirei meus brincos e os deixei na cabeceira.

–E a propósito, conversei com Kirova e ela disse que eu podia ir ao velório da minha mãe, é na Alemanha, e ela disse que você vai comigo.

–O que?- Eu disse esbugalhando os olhos.

–Por causa da experiência de campo. Vasilisa ouviu a conversa e disse que vai bancar a viagem, vamos ficar lá uma semana.

–O QUE?

Eu passaria uma semana na Alemanha?

–Em que lugar exatamente nós vamos passar uma semana?

–Bamberg, você vai gostar.

–Hmmm, e o que você fez para que a Rainha banque nossa viagem?

–Acredite, eu não fiz nada.

Eu sorri, virei meu corpo e encarei o teto por alguns segundos.

–Amanhã é domingo- Murmurei- Me de o dia de folga e não me acorde.

–Vou pensar no seu caso- Ele sussurrou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam do capitulo?
Feliz 2014!
Atenciosamente,
Rafa e Giu