Ok, digamos que eu também nunca fui boa em conter meus impulsos hormonais. Mas, mesmo assim, o empurrei para trás e lhe dei um tapa no rosto, mas como se não bastasse, o puxei pela gola da camisa e o beijei. Yeah, aquilo não foi só um beijo. Anthony me pressionou contra a parede, com uma das mãos segurou meu pulso contra a mesma e com a outra enlaçou seus dedos em meu cabelo. Enlacei meu braço em seu pescoço e o puxei para mais perto. Sua pele estava tão quente, e o seu cheiro... Parecia com o de uma manhã chuvosa misturado ao doce cheiro de sândalo. Aquilo me fez derreter por dentro. Enlacei meus dedos ao cabelo de sua nuca e o beijei novamente. Ele desceu sua mão até o meu quadril, envolvi uma das minhas pernas em seu quadril, e continuei a beijá-lo, eu estava ficando meio sem ar, e acho que ele também.

–Você ainda vai me deixar louco- Ele murmurou se afastando.

Como assim? Já acabou? Volte!, eu pensei.

–Eu posso tentar- Murmurei e o puxei novamente para perto de mim. Anthony subiu sua mão para dentro da minha blusa e apertou a pele da minha cintura. Suas mãos estavam quentes e me causaram um extremo arrepio. Aquele foi definitivamente o melhor beijo da minha vida.

–Essa era a ultima coisa que eu esperava de você- Eu disse. Anthony ainda me pressionava contra a parede, eu estava tão perto dele, eu podia ouvir e sentir sua respiração.

–MEU DEUS!- Alguém gritou. Eu conhecia aquela voz, era Clara- Todos esses anos e eu achando que você e Anthony nunca haviam ficado com ninguém, quando na verdade os dois estavam se pegando escondidos?

–Clara, você não....- Comecei a dizer.

–Eu sou a melhor amiga de vocês! Como vocês puderam esconder isso de mim?! Bem que Sabine disse! Vocês dois são falsos!- Ela gritou- Eu nunca acreditei que vocês poderiam esconder alguma coisa dessas de mim! Droga, eu não sou nada para vocês?

–Clara...- Anthony e eu dissemos juntos.

–Eu não sou nada para vocês dois não é!? Sempre achei! Que Droga!- Clara choramingou.

–Clara me desculpe- Eu disse andando até ela.

–Tudo bem! Mas eu não confio mais em vocês!- Ela disse e saiu andando.

–Droga. Vamos sair daqui.

Anthony andou até o meu lado e tocou de leve o meu ombro.

–Me desculpe.

–Desculpar você pelo que?- Perguntei.

–Por isso.

–Não tem problema, nós, eu, só preciso explicar isso para ela.

Ele segurou de leve a minha mão. Enlacei meus dedos nos dele.

–É melhor nós irmos.

–Sim.

Andamos até o dormitório e entramos no quarto. Tirei minhas botas e abri a janela, sentei na beirada dela e fiquei olhando a lua, Anthony sentou ao meu lado.

–Que injustiça, seu quarto tem vista boa e o meu não.

–Os dois têm vista para um dos pátios.

Encostei meu joelho na coxa dele e apoiei minha cabeça em seu ombro. Como eu não havia percebido aquilo antes? Por isso eu nunca havia conseguido sentir nada por nenhum outro garoto. Ele beijou minha cabeça e segurou minha mão.

***

Acordei antes dele. Anthony me envolvia contra o seu peito. Ele dormia calmamente. Tentei não acordá-lo, mas não consegui.

–Que horas são?

Peguei o relógio digital ao lado da cama e olhei.

–Graças a Deus vou poder tomar café da manhã hoje.

Ele sorriu e se levantou.

–Vou tomar banho.

Assenti com a cabeça e tirei um exemplar de Orgulho e Preconceito da mesinha de cabeceira. Ele sorriu e entrou no banheiro. Antes de começar a ler, andei até a cômoda e troquei meu pijama por uma calça legue preta e uma blusa social branca que ia até um pouco acima do meio da coxa.

Eu adorava o modo como Jane Austen retratava a natureza humana, ela parecia entender cada motivo, cada detalhe e cada sentimento que podíamos sentir. Minha mãe adorava Jane Austen, acho que ela já havia lido todos os livros dela pelo menos umas três vezes cada. Eu já estava no capitulo 45, eu sabia que Darcy e Lizzie se casariam no final, eu já assistira ao filme umas quatro vezes, mas mesmo assim aquilo não impedia minha ansiedade para tal acontecimento. Eu já estava no capitulo 48 quando Anthony saiu do banho. Ele vestia um jeans escuro e uma camisa preta com mangas medias.

–Não vou tomar banho nesse frio nem que me matem- Eu disse guardando o livro.

Ele tirou um par de tênis pretos do armário e se sentou na cama. Corri até o banheiro, escovei os dentes e fiz uma trança no cabelo. Voltei para o quarto e passei gloss em meus lábios e terminei calçando meus all star azul.

–Finalmente! Café da manhã!- Disse quando entramos no refeitório.

Anthony riu. Enchi meu prato com vários tipos de frutas e fiz um lanche com pão, geléia e pequenos pedaços de morango, pedi um suco de amora e me sentei a mesa junto a Anthony.

–Você não vai se alimentar agora?

–No almoço, talvez.

–Tudo bem.

Clara se sentou junto a nós.

–Me desculpem- Ela disse- Eu tinha acabado de brigar com o Brant, eu não estava de bom humor.

–Tudo bem- Eu disse tentando sorrir.

–Hmm- Ela disse- Ouvi falar que você deu uma surra no Stan, é verdade?

–Sim, o nariz dele é totalmente patrocinado por mim.

Ela sorriu.

–Então, eu vou lá com Sabine, vejo vocês mais tarde.

Assentimos com a cabeça e ela voltou para a “mesa dos populares”.

–Ela tentou- Anthony disse.

–Sim- Respondi sorrindo.

Tomei um gole de suco e mordi meu lanche. A própria Rainha veio até nos e disse:

–Anthony, você e a Anna não querem vir conosco a biblioteca mais tarde?

–Sim?- Ele respondeu. Prestando um pouco de atenção em sua voz eu pude perceber, meu deus, aquela era a voz mais linda do mundo. A voz dele tinha um tom doce, aveludado, calma e penetrante.

–Eu mando Rose tirar vocês da aula- Vasilisa disse rindo.

–Tudo bem- Dissemos juntos totalmente entusiasmados.

Ela se despediu e saiu do refeitório.

As primeiras aulas foram uma DROGA. Fiquei em pé o tempo todo tendo de vigiar o perímetro, yeah, era nessas horas que eu pensava como seria minha vida depois que eu me formasse e queria seriamente voltar para casa junto a minha mãe e meu pai e viver minha vida como dhampir junto a eles. No almoço Anthony foi até os alimentadores, e logo depois voltamos à aula. Graças a Deus, ou Graças a Rainha, a guardiã Hathaway nos salvou. Ela andou na nossa frente pelos corredores até a biblioteca.

–Aqui estão eles.

O lugar tinha cheiro de fumaça e ao mesmo tempo de cravo. Vasilisa sorriu e nos mandou sentar.

–Anna, se você quiser pode pegar um livro para ler- Ela disse.

Assenti com a cabeça e tirei um exemplar de Orgulho e Preconceito da prateleira. Abri no capitulo 45 e comecei a ler.

–Adrian você não pode fumar aqui!- Vasilisa exclamou- Já é o segundo cigarro.

–Não se preocupe, caso um incêndio comece você tem seu amado namorado para controlar o fogo.

A rainha revirou os olhos.

–É uma questão ética Adrian.

Ele revirou os olhos e apagou o cigarro no cinzeiro.

–Anthony qual seu elemento?- Vasilisa perguntou.

–Eu não tenho.

–Certeza?

–Absoluta.

Christian se sentou ao meu lado no sofá.

–Vai começar. Provavelmente vai durar a tarde toda.

–Posso imaginar.

–Liss pare de fazer perguntas! A aura dele é dourada! Pronto! Não precisa dar uma de investigadora.

–Eu estou tentando saber o que ele sabe fazer- Ela disse se virando e encarando Adrian.

–Comece com as plantinhas e tudo mais.

–Você é bom em compulsão?- Ela perguntou.

–Eu nunca precisei usar.

–Por quê?

–Porque tudo o que eu peço as pessoas fazem?

Ela abriu um largo sorriso. Anthony pareceu surpreso.

–Não pode ser- Ele disse.

Adrian riu. Christian me ofereceu café e eu aceitei.

–Então, o que você gosta de fazer?- Ele perguntou tentando puxar assunto.

–Dormir.

–Ah, eu também. Mais alguma coisa?

–Desenhar.

–Isso é legal.

–Eu também acho.

Passamos o resto do dia observando Vasilisa, Adrian e Anthony falando sobre santos e plantas (o que plantas tinha a ver com isso?) ,compulsão, ataques de loucura, visões, e muitas outras coisas. Já era hora do jantar quando saímos da biblioteca.

–Amanhã à tarde vocês podem vir de novo?- Vasilisa perguntou.

–Claro- Anthony disse.

–Ai talvez a Lissa te deixe chegar perto de alguma platinha- Adrian disse- Por que nunca vi essa mulher tão desempenhada.

Ela sorriu.

–A gente se vê!- Christian disse.

Nós nos despedimos e jantamos. Clara não deu nenhum sinal de vida para nós. Depois do jantar voltamos para o quarto. Eu não queria correr perigo de ter de chutar a bunda de algum “strigoi” hoje. Tirei meu all star e tomei banho, vesti meu pijama, voltei a ler Orgulho e Preconceito e Anthony A guerra dos tronos.

–Você acha que vai conseguir?

–O que?- Ele disse calmamente virando seu rosto em minha direção.

–Fazer o que Vasilisa disse.

–Eu não sei, Anna- Ele disse.

–No caso de você conseguir fazer uma planta crescer- Eu disse rindo- Pelo menos você não vai precisar fazer faculdade. Poderá se tornar agricultor.

–Eu adoraria fazer isso! Eu teria uma fazenda, teria gado, talvez até um fosso.

Eu ri.

–Tudo bem, isso sim seria divertido de se ver- Nós aproximamos nossos rostos, eu podia sentir sua respiração. Nós dois dividíamos o mesmo ar, e aquilo era tão... aquilo me deixava fora de orbita. Ele ia me beijar, mas alguma coisa bateu na porta. Merda, quando disseram que poderia ocorrer ataques aos quartos eu não achei que ocorreria comigo! Me levantei rapidamente.

–Eles tão zoando com a minha cara!- Eu disse- Apague o abajur- Murmurei.

Anthony obedeceu e o quarto ficou escuro. Respirei fundo e a porta se abriu, dessa vez só eram dois “strigois”, dois guardiões novos da escola. Yeah, esse seriam fácil. Mas ver aquilo fez meu mau humor subir e eu apertei a estaca com toda a força que eu tive. Um deles era da minha altura, decidi começar por ele. Fui em sua direção e o joguei contra a parede. Mas ele se esquivou e quase me fez bater contra a mesma. Ok, agora eu estava jorrando raiva para todos os lados. Não peguei mole, segurei o “strigoi” pela gola da camisa e o joguei contra a parede com toda a força que eu tinha e o “empalei”. Já com o outro, o chutei com toda a força que eu tinha para fora do quarto, ele bateu a cabeça contra a parede do corredor e gritou. Avancei em cima dele. Com uma mão ele prendeu meu braço que estava com a estaca, e com a outra... bem a outra vinha em direção ao meu rosto. Mas eu não hesitei, dei uma joelhada em suas “partes”, aquilo fez com que ele me soltasse, se encolhesse e gritasse de dor. Com a minha mão livre segurei seu pescoço contra a parede e o empalei.

–Vocês não tinham mais nada para fazer?!- Perguntei- Que Droga!

O outro guardião já havia saído do quarto. Bufei de raiva e bati a porta.

–Minha vida é uma merda.

Anthony riu.

–Juro para você que se eles voltarem, eu literalmente vou empalar eles!

Joguei a “estaca” no chão e me sentei na cama junto a ele novamente.

–Eu acho que você vai tirar mais um “A”- Ele disse.

–Se Stan não diminuiu minha nota porque eu “quis levar todo o credito da situação”.

Ele sorriu.

–Acho que isso eu posso resolver.

–Você não vai usar compulsão nele.

–Só um pouco.

–Anthony...

Ele sorriu.

–Não se arrisque por mim- Eu disse.

–Eu não vou.

–Jura pra mim?

–E se algum dia eu precisar fazer isso?

–Mesmo que você precise, você não vai. Jura para mim?

–Anna...- O encarei seriamente- Tudo bem, eu juro.

Eu sorri e o abracei. Ele beijou minha cabeça e eu me afastei para poder beijá-lo. Ele enlaçou seus dedos em meu cabeço e sorriu.

–Se eu conseguir fazer as plantas crescerem e me mudar para a roça- Ele disse rindo- Você vai comigo?

–Você vai mesmo se mudar para a roça?

–Não, talvez para alguma cobertura em Londres, talvez fazer faculdade de medicina.

–Ah sim, eu vou- Murmurei sorrindo e o beijei novamente. Ele sorriu e nós deitamos. Ficamos abraçados por algum tempo, seu corpo era quente, sua respiração calma, as vibrações daquele momento eram perfeitas, yeah, como eu amava aquilo. Ficamos daquele jeito por um bom tempo até que eu adormeci.