A Vampira, A Loba E A Bruxa escrita por Emily Longbottom


Capítulo 4
Capítulo 4: Encontro na Cafeteria




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Vitória's Point of View

É estranho estar sozinha, esta casa me traz lembranças à tona, até mesmo as que eu quero enterrar, e de que adiantava traduzir este livro, se estava tudo no latim? E ainda por cima não consiguia tirar meu amigo, Leonardo, da cabeça, ele era só meu amigo, mas parecia que ele queria me dizer alguma coisa antes de eu partir. Devo admitir as coisas estavam ficando um pouco intensas entre eu e ele, mas, sei lá, sempre algo impedia que rolasse, e o pior é que eu sabia que isso pode não ser nada demais para ele, mas para mim, isso significa muito.

E o fato que sou uma bruxa, complica muito, às vezes faço coisas quando não consigo expressar minhas emoções, quando estou brava e quero descontar em alguém, é um exemplo, alguma coisa fora do comum acontece, algo levita, ou explode, ou, no caso de uma vela, acende, que foi o que eu notei, pela primeira vez.

Minha mãe ficou para trás, em Georgia, vim pra cá por teimosia, e inventei a desculpa: "Só quero ficar por lá por um ano, pois quero acabar o colegial com minhas melhores amigas". Mas nisso, só tem uma verdade: ficar com minhas amigas. Depois que esse ano acabar, a desculpa será: "Já me adaptei aqui, não consigo mais voltar". Ótima, não é?

Há, apenas, um motivo pelo qual eu voltaria: Leonardo. Uma coisa eu não entendia: as garotas estavam cochichando, não sei sobre o quê, mas parecia muito importante e sério, perguntaria no dia seguinte. E por falar nisso, faltavam quatro dias para as aulas começarem, e eu nem comprara todo o material, precisei comprar uma mochila nova, as alças da minha antiga já estavam descosturando.

Estava pensando em tudo isso deitada na minha cama, não resisti ao sono, dormi, estava muito cansada para me preocupar com tudo aquilo naquele instante. Sonhei com algo estranho, meio distorcido, não conseguia enxergar.

***

Acordei, com meu incômodo despertador pulando na minha mesa de cabeceira, meti-lhe um tapa e ele parou. Sentada, e com preguiça de levantar, olhei para a enorme janela de vidro coberta por uma cortina cor-de-rosa, que estava semi aberta, um raio de sol perpassava por ela, iluminando metade da cama.

Tomei coragem e levantei. Dirigi-me ao banheiro e pus a banheira a encher.

.

Emily's Point of View

Cheguei em casa tarde naquela noite, depois de ignorar uma tonelada de palavras ditas pela minha mãe, Rosiane, que estava dando-me uma bronca, ser chamada de "funkeira" pelo meu irmão primogênito - QUE ÓDIO! - e ser interceptada pelo meu irmão caçula, pedindo-me balas, que sempre levo comigo por precaução, caso contrário, meu caçulinha faria uma birra daquelas, finalmente chego às escadas que levam para os quartos. Abro a porta, que manteho trancada, e me jogo na cama.

–- Que saudade de você, cama! Estou exausta! - disse eu.

Levantei 30 segundos depois, e fui ao banheiro da minha suíte, despi-me e entrei embaixo do chuveiro, demoro muito no banho, mas é que eu fico refletindo. Faço sempre uma lista do que devo fazer no dia seguinte, pois, caso contrário, simplesmente esqueço. Aproveitando o banho lembrei-me que ainda havia a Festa da Fogueira para planejar, os materiais escolares a comprar, e perturbar Gleyce, caso ela esquecesse de falar o que ela descobriria.

Fechei a torneira do chuveiro, abri uma fresta do box e tateei pelo meu roupão, que minha mãe pendurava um limpo a cada dois dias, afinal não é necessário trocar todos os dias. Vesti o roupão e dirigi-me ao closet. Peguei minha camisola e minha agenda, escrevi tudo o quê eu precisava lembrar. Larguei a agenda na mesa de cabeceira, puxei as cobertas até o pescoço. Fechei os olhos, mas continuei acordada.

O sonho anterior... Gostaria que tivesse continuação, afinal, foi muito "sem-pé-nem-cabeça", resumindo: Uma pessoa, mais especificamente um homem, estava nas sombras, aproxima-se da luz e vem em minha direção, eu não podia correr, nem me movimentar, estava imóvel. E como sempre, acordo na hora "H".

Quase havia me esquecido de pôr o despertador do meu celular para tocar às sete horas da manhã. Fechei os olhos novamente e fiquei ouvindo o som das corujas, dos grilos e das cigarras, e logo adormeci.

***

Meu celular tocou, embaixo do meu travesseiro. Levantei, e dei uma boa olhada no meu quarto, só não tinha bagunça no teto, resolvi arrumá-lo, separei as roupas sujas, dobrei os cobertores, dei uns socos no travesseiro para deixá-los "fofos". Vesti uma calça skinny preta, uma camiseta da banda AC/DC e meu Converse All Star preto, fiz um rabo-de-cavalo deixando apenas a franja solta, depois fui escovar os dentes. - Não parece, mas eu amo Rock, muitos que me vêem me enxergam como uma "mocinha delicada". E ser enxergada desse jeito é um saco!

Desci as escadas e fui até a cozinha para tomar café. Sentei-me à mesa e comecei a pegar o que eu iria comer. Minha mãe, ainda com robe e pantufas, olhou por cima do jornal, e como sempre, notou minha roupa.

–- Não gosto que se vista desse jeito. Parece um menino.

–- E qual é o grande problema nisso? Eu só estou com uma camiseta do AC/DC, isso não significa que eu seja um garoto. - retruquei. Mas minha mãe continuou a falar, estava realmente me aborrecendo!

Meu celular vibrou no bolso. Era Gleyce.

" Me encontre na cafeteria às oito em ponto."

Era exatamente o que eu queria. Já estava perdendo a fome com o diálogo da minha mãe.

–- Mãe, vou ter que sair. Tchau! - dei-lhe um beijo no rosto e fui ao meu destino, ainda eram sete e meia, mas queria sair dali o mais rápido possível.

Gleyce's Point Of View

–- Augusto? Você está de brincadeira, né? - perguntei para meu irmão. Não consegui acreditar em toda aquela história.

–- Por algum acaso eu estou rindo? Estou gritando "Enganei você"? Não, né? Estava tudo aí.

–- Ahhhh! Isso é tudo mentira! - disse eu - Não vou acreditar! Lobisomens?! Vou pôr esses papéis de volta no lugar onde estavam. - disse eu, jogando os papéis para dentro da caixa.

Meu irmão falaria alguma coisa, se eu não tivesse saído tão rápido do quarto dele. Desci as escadas e entrei naquele escritório bagunçado e empoeirado, coloquei a caixa onde ela estava, antes de eu mexer nela. Quando vi algo que não tinha notado antes, mas que parecia ter sido colocada lá há muitos anos.

Li em voz baixa:

Para meu descendente que acidentalmente encontrou e descobriu tudo:

Tentei guardar esse escritório por anos, para que ninguém pudesse encontrá-lo. Mas se estás aqui, falhei nessa missão. Às vezes, a ignorância é uma benção, pois, como acabaste de descobrir, se matares, propósita ou acidentalmente, alguém, a Maldição do Lobo será ativada para sempre, proporcionando-te juventude eterna, força extraordinária, capacidade de matar vampiros apenas com seu veneno e poderes auto-curativos, mas não imortalidade, pois há apenas duas maneiras de matar um lobisomem: Usando uma erva chamada wolfsbane excessivamente, é também conhecida como erva mata-lobo, ou simplesmente mata-lobo, e arrancando sua cabeça,

Eu sou um lobisomem, nós os Silvermoons somos de uma longa linhagem de lobisomens, e devo afirmar que em toda Lua Cheia, ocorrerá a transformação, que causa uma dor lascinante, pois, durante a transformação, seus ossos quebram-se, para que fique como o esqueleto do lobo, mas ao nascer-do-sol, tornarás a ser como eras. Tomes cuidado, pois, como disse anteriormente, até mesmo se tu matares acidentalmente, a Maldição do Lobo será ativada.

E, sim, foi ruim teres descoberto isso, pois agora não conseguirás descansar, com medo de matar alguém por acidente. Foi o meu caso. Deixo apenas esta carta, pois me matarei, não consigo mais aguentar a tortura, arrancarei meu coração.

Angus N. Silvermoon.

Caí pasma na cadeira, li e reli aquela carta por dezenas de vezes, e algo mais me chamou a atenção, ele mencionou vampiros. Já era difícil acreditar em lobisomens, mas em vampiros também? Era muito para minha cabeça.

Saí daquela sala, tranquei a porta com a chave que eu havia achado, e subi ao meu quarto, deitei-me do jeito que eu estava vestida. Fiquei pensando por horas, eu não conseguia dormir, era muita coisa para digerir. Mas estava tão cansada, que acabei dormindo.

***

Acordei, e olhei no relógio de pulso que eu havia deixado na escrivaninha, próximo à minha cama ainda eram sete horas e vinte e três minutos. Dava tempo de tomar um banho rápido e me arrumar, mas antes mandei um SMS para Vitória e Emily. Mandei para ambas as mesmas mensagens, que diziam:

"Me encontre na cafeteria às oito em ponto."

Separei um vestido sem mangas verde, e uma sapatilha branca, para combinar com minha bolsinha com correntes na alça. E fui ao banheiro tomar um bom e rápido banho.

Vitória's Point Of View

Apenas de toalha, fui verificar meu celular encima da minha cama, Gleyce enviara uma mensagem. Fui correndo ao meu closet e vesti meu short jeans, uma regata branca e sandálias confortáveis. Peguei a bolsa, enfiei o celular dentro e desci à cozinha. Agora, que eu estava morando sozinha, tinha mesmo que ir a restaurantes e cafeterias para fazer as refeições.

Fui andando devagar pela calçada, olhando as casas, sempre as mesmas, com as mesmas árvores velhas e não podadas, os mesmos jardins bem-cuidados, as mesmas cercas brancas, o mesmo gramado aparado, tudo estava exatamente igual... Só que eu não sou mais aquela garotinha.

Parei de pensar na infância, e andei por dois quarteirões até chegar na cafeteria, Emily já estava sentada, guardando nosso lugar, na parte exterior. Acenei para ela.

Emily's Point of View

Saí de casa, e respirei profundamente, caminhei por um quarteirão, e quando fui virar a esquina dei de cara com um rapaz, ele estava parado ali, me encarando, parecia que ele sabia que eu ia virar, ele continuou em silêncio, mas foi aí que eu reparei que eu já o tinha visto em algum lugar.

Lembrei-me imediatamente. Aquela face branca, os cabelos pretos e lisos, os olhos intensamente azuis. Era ele! O cara com quem eu sonhei! Não pude acreditar. Mas percebi que eu estava de queixo caído, e para disfarçar eu falei:

–- Com licença? - olhei para ele com um sorriso, mas ele continuava em silêncio, me fitando, parecia que não queria me ouvir. Será que ele era mudo?

Perdi a paciência e me desviei dele. Já estava retomando minha caminhada Quando algo inesperado me surpreendeu.

–- Como você se chama? - ele me perguntou, ainda parado na mesma posição que eu o tinha deixado para trás, ou seja, ele estava de costas para mim.

–- Como é? - perguntei desentendida, virando para trás.

–- Como você se chama? - ele perguntou calmamente, virando-se para me olhar, de modo que eu teria que olhar para aqueles olhos... Lindos e sedut... "Pare!'' Eu disse a mim mesma. "É só dizer seu nome e virar as costas." Pensei.

–- Emily Osbourne. - mas eu quis continuar ali, ele agora estava se aproximando de mim, fazendo com que eu tivesse que olhar um pouco mais para o alto para ver o rosto dele. - E como você se chama?

–- Dante, Dante Black. - ele sorriu, desviou seu olhar para o chão e voltou a fixá-lo em mim, me fazendo ficar sem palavras.

–- Eu tenho que ir - eu disse , mais para mim mesma do que para ele, deixando-o, novamente, para trás.

Cheguei lá e consegui arranjar uma mesinha no exterior da cafeteria. Me joguei na cadeira e fiquei esperando. Quando vi Vitória acenando para mim.

Gleyce's Point Of View

Resolvi levar a carta comigo, para ver o que elas diriam disso. Saí correndo pelas escadas, ao passar pela porta, esqueci-me de fechá-la e tive que voltar. Voltei a correr, porém eu me lembrei que estava com vestido, e se por algum acaso, batesse um ventinho... Você sabe o que iria acontecer, então andei, mas andei rápido, sem querer esbarrei em um cara vestido com jaqueta, jeans e All Star pretos, cujos olhos eram muito azuis. Pedi desculpas e voltei ao ritmo que eu estava caminhando segundos antes.

Cheguei e vi minhas duas amigas sentadas juntas, parecia que elas já haviam feito o pedido, pois os copos de café e uma cestinha com frutas estavam à mesa. Sentei-me junto à elas. Eu não disse uma palavra, só entreguei a carta de meu antepassado. Conforme elas liam, seus queixos iam caindo aos poucos. Acabaram de ler ao mesmo tempo, e ficaram pasmas, assim como eu. Discutimos isso por um bom tempo, até chegarmos a conclusão de que lobisomens são reais, assim como vampiros.

–- Mas você não tem todos aqueles poderes ainda,não é? - perguntou Vitória.

–- Não, é só quando eu... eu matar... alguém. - respondi com um nó na garganta.

–- Chega de falar disso! - Emily interrompeu repentinamente, eu até me assustei, pois quando ela quer, ela fala alto, pois geralmente ela fala muito baixo. - O que aconteceu de inusitado com você hoje, Vitória?

–- Nada. E você, Gleyce?

Fiz uma cara que dizia com todas as palavras: "você-ainda-pergunta?".

–- E você, Emily?

–- Bem... Quando eu estava vindo para cá, eu esbarrei com um rapaz, e ele ficou me olhando, pedi licença, mas ele continuou a me olhar, então eu desviei dele, e quando eu já estava caminhando como se nada tivesse acontecido, ele me perguntou o meu nome, eu respondi, eu perguntei o dele, Dante Black.

–- E aí? - perguntei - ele deu o número do celular dele, e você deu o seu número... - mas imediatamente fui interrompida, quando Emily percebeu onde eu queria chegar.

–- Gleyce, você se lembra de ontem? Quando eu te contei o meu sonho? - perguntou ela calmamente.

–- Ah, sim, claro que me lembro, o "Cara Bonitão". - respondi sorrindo ao ver a cara dela, séria

–- É, Gleyce, esse mesmo, sabe esse cara que eu esbarrei? Foi com ele que eu sonhei.

Meu queixo caiu.

–- Por acaso ele tem cabelos pretos, olhos azuis e pele branca e estava usando roupas pretas e estava parado na esquina? - perguntei.

–- Você, por um acaso o viu também? - Emily perguntou espantada. - Ele ainda estava lá?


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