A Vampira, A Loba E A Bruxa escrita por Emily Longbottom


Capítulo 2
Capítulo 2: Bem-Vinda de Volta.




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Gleyce ficara aliviada, pois sua mãe não descobrira o que ela e Emily fizeram, nem desconfiara, apesar de que foi bem estranho o modo como elas recepcionaram a Sra. Silvermoon. Estava decidida. Por mais horripilante que seja o lugar que escolhera para ser seu esconderijo secreto, voltaria à meia-noite do mesmo dia para esconder os arquivos em um lugar menos complicado.

–- Vou mandar uma mensagem... - os resmungos de Gleyce foram abafados pelo celular - Porcaria! Deveria ter colocado o barulho do celular em um volume mais baixo. O que a Vitória quer agora, hein?

"Gleyce, estarei de volta amanhã."

A Lua já estava nítida no céu, Gleyce resolvera tomar banho antes que o Sol se pusesse completamente.

A banheira já estava cheia, o roupão e as roupas preparadas - além das duas lanternas, caso a primeira pifasse. Depois do banho, ela se deitou, esperando dar meia-noite. A hora chegou, passou no quarto de cada um para ter certeza de que estavam todos dormindo, desceu até a sala de estar silenciosamente, e com toda a sua força empurrou a lareira, aos pouquinhos ia se movendo para o lado, ela deixou apenas um espaço para ela passar.

Respirou fundo apanhou a lanterna que deixara no chão e começou a descer a escadaria, não demorou muito e já estava no pé da escada, correra até a caixa e a levou para cima. Mas ela ouvira algo que fez seu estômago afundar e seu coração palpitar: passos na escada.

"Como eu sou burra! Como pude me esquecer que toda noite o Augusto levanta para beber água!" pensava em desespero. Augusto era o irmão mais novo de Gleyce, ele tinha quinze anos. Ela se encolheu atrás da lareira que cobria dois terços do portal,suas mãos suadas e trêmulas continuando a segurar a caixa. Ela espiou e viu que seu irmão sonolento nem percebera que o portal estava aberto. "Achei alguém mais burro que eu, agora" pensou aliviando-se, mas tinha que voltar agora, ou seu irmão perceberia na hora de voltar para o seu quarto. Silenciosamente, pôs o pé pra fora e andou na pontinha deles, achou melhor ir por trás do sofá, onde ninguém a veria.

As escadas estavam mais perto, faltavam mais quatro passos, mais dois e finalmente chegou à escada. Estava tão aliviada, já cantando vitória antes do tempo quando tropeçou na metade da escada.

–- Quem está aí? - perguntou o irmão.

Gleyce manteve silêncio, o que temia estava acontecendo. A cada passo que o garoto dava em direção a escada, - ele soubera de onde viera o barulho e olhava fixamente para onde Gleyce estava.

–- O que você está fazendo aí? - perguntou surpreso.

–- Não te interessa, e... E o que você está fazendo aqui?

–- Acho que você já sabe a resposta. E o que são essas folhas de papel espalhadas pelo chão?

–- Nada! - disse Gleyce, desesperada, juntando os papéis. Ele arrancara uma das folhas de suas mãos, Gleyce tentou recuperá-las a tempo, mas ele levou o papel para longe do alcance de suas mãos. Ele poderia ser mais novo, mas era mais alto.

–- Onde você arranjou isso? - perguntou ele interessado. Gleyce fez cara feia. - Me conta ou eu vou contar pro pai sobre essas folhas.

Naquele momento tudo o que Gleyce menos queria era que seu pai descobrisse sobre o que ela andara fazendo.

–- Tudo bem... Só conto se você prometer que não vai dizer a ninguém sobre isso. - naquele momento ouviram a respiração profunda de alguém que os fizeram lembrar que ainda era madrugada. - É melhor eu te contar amanhã. Ou a mãe e o pai vão acordar. O.K.?

–- Certo. - disse. E ajudou a irmã a levar a caixa de papéis para o quarto dela.

Emily estava dormindo profundamente, mas estava inquieta, sonhava com a sombra de um homem, ele estava andando em sua direção ele estava vindo para a luz, deixando revelar seu rosto, tinha os cabelos intensamente pretos, a pele pálida e um par de olhos profundamente azuis. Era bonito. Ele deu mais um passo e... Ela acordou. O Sol batia em seu rosto.

–- Oh, não! - disse sentando-se desesperadamente - Vitória!

Pulou da cama e começou a se arrumar, em menos de quinze minutos já estava pronta. Desceu as escadas correndo e foi à casa de Gleyce, tocou a campainha, a porta foi rapidamente atendida.

–- Oi Emily,entra - disse a amiga, e depois baixou o tom de voz - Ontem foi por pouco, hein?

Emily concordou com um breve aceno de cabeça.

–- MÃÃÃÃÃÃE! - gritou Gleyce de repente para a mãe que estava no andar de cima lavando o banheiro. Emily dera um pulo pra trás, assustada. - POSSO ESPERAR A VITÓRIA NA FRENTE DA CASA DELA?

–- PODE! - gritou a mãe dela em resposta.

Elas caminharam por cinco casas e chegaram na velha casa dos Bennett. Sentaram-se no banco em frente a casa e esperaram.

–- Como você acha que a Vitória está? - perguntou Emily.

–- Bem.

–- Não estou falando em saúde ou em bem-estar, besta. Estou falando de aparência física.

–- Ah, sei lá, eu imagino ela com doze anos, só que mais alta.

–- Imagino ela completamente diferente desde a última vez que nos vimos. Infelizmente ela não posta mais fotos nas redes sociais.

–- Bem, é só esperar pra ver.

–- Lembra quando você achou um pneu velho na garagem do seu pai? Aí nós penduramos nessa mangueira, mas essa árvore estava tão cheia de mangas, que assim que a Vitória "inaugurou" nosso balanço, caiu uma manga na cabeça dela. Você rolou de rir.

–- Vou fazer questão de que ela se lembre disso. Ainda bem que a mangueira tinha só quatro metros, mais ou menos, senão a manga cairia com mais força na cabeça dela.

–- A última vez que a vimos foi quando tínhamos treze anos, ela tinha voltado para o velório da sua avó. Sem querer ser insensível, mas ela vai ficar com a casa só pra ela.

–- Provavelmente só vai ficar em casa pra dormir, vai ficar na nossa cola.

–- Nem eu ficaria em casa sozinha depois do que aconteceu.

–- Nem eu.

–- Hoje eu quase me atrasei. Acordei tarde, e o pior, esqueci de fechar a janela e a cortina do meu quarto.

–- Por que pior? - perguntou Gleyce levantando as sobrancelhas.

–- Ah, sei lá. Falei "pior" por falar.

–- Tive um sonho hoje.

–- Eu também, só que o meu foi bonito, apesar de não ter acontecido quase nada.

–- O que acoteceu?

–- Quase nada. Eu sonhei que estava parada e eu vi um vulto nas sombras, ele foi se aproximando e quando chegou na luz revelou seu rosto.

–- Como ele era?

–- Ele era alto, pálido, lindos olhos azuis e cabelos pretos. De uma coisa você pode ter certeza: ele era MUUUUITO bonito.

–- Uau! Eu gostaria de estar no seu sonho. O que aconteceu depois?

–- Ele deu mais um passo e ficou próximo de mim. Levou a mão ao meu rosto, só que antes que pudesse me tocar, eu, infelizmente, acordei.

–- Só? Pensei, somando dois mais dois, que ele iria te beijar.

–- Já pensou? Se eu desse o primeiro beijo no sonho?

–- Você nunca beijou?

–- Não, Gleyce, e você já está careca de saber disso.

–- Beijei aos doze anos.

–- Que legal - disse Emily sem emoção.

–- Por que, você queria também?

–- Não, eu disse ''Que legal'' no sentido "Não quero saber". E outra coisa, eu já sabia.

–- Ah, verdade. Que merda. Faltam só duas semanas para as aulas começarem.

–- Dê graças a Deus, pois ainda não é a universidade. Que legal! Já é ano que vem que eu vou entrar para a universidade. Quero me formar em Ciências Biológicas, ou Engenharia Química, ou Engenharia de Tecnologia de Informações.

–- Continuo com o mesmo sonho: Ser veterinária.

–- Hm. Lembra que eu queria ser arquiteta? Já tive muitos sonhos, realmente. Agora que eu lembrei. E o seu sonho?

–- Ah, sim. Sonhei com lobos. Estava sendo perseguida por eles. Mas pareciam que não queriam me machucar, mas como é sonho eu não posso me controlar, então continuei correndo.

–- Interessante. E por falar em interessante o que ocorreu com aqueles papéis na caixa?

–- Estão no meu quarto - tirei-os daquele lugar.

–- Por que?

–- Porque era difícil, toda vez que eu fosse descer ter que empurrar a lareira. Exige muita força.

Emily desviara seu olhar de Gleyce, olhou para o fim da rua. Um homem estava parado ali, observando-as. Emily apertou os olhos para ver melhor. Era ele. Era o rapaz com quem sonhara. Ela olhou pra Gleyce de novo, parecia que a amiga estava brisando. Emily chacoalhou o braço da menina.

–- Gleyce! Olhe! É o moço que eu disse ter sonhado. Olhe ele... Ué? Para onde ele foi?

–- Você está tendo alucinações, eu acho. Talvez você...

–- Eu não estou tendo alucinações! - exclamou indignada - Eu o vi! Estava bem ali!

No momento em que ela apontou para o fim da rua, um taxi amarelo apareceu. As duas se levantaram abruptamente. Sabiam quem estava nele. O taxi parou em frente a casa. A porta se abrira. Um Converse All Star fúcsia pisara para fora do taxi. A garota saiu do carro.

–- Uffs! Já estava ficando quente lá dentro. - disse a garota se endireitando e afastando a franja que cobria até a ponta do nariz.

O motorista tirou as malas do porta-malas e entregou-as a garota.

–- Vão ficar paradas aí olhando? - disse ela às duas outras que emudeceram.

–- Não, é porque você está muito diferente. E acho melhor tirar essa jaqueta de pelos, está um calor de rachar, Vitória. - disse Emily automaticamente. Ela e Gleyce deram um abraço em Vitória.

–- Sentimos sua falta. - disse Gleyce.

–- Vamos entrando? - disse Vitória. - Ainda tenho coisas para contar a vocês.

–- Verdade, Vitória, estou curiosíssima. - disse Gleyce animada.


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