Distrito Um escrita por Peixotize


Capítulo 3
Arena


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo não ficou do jeito que eu queria... Mas é isso mesmo, não tem outro jeito.



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Quinn ainda está acordada, ela não consegue dormir.

Nem mesmo quando ela sabe que realmente precisa estar descansada pela manhã, nem mesmo quando ela sente a queima por trás dos olhos, que lhe diz que está cansada ou até mesmo o murmúrio distante do ronco de Puck através da parede de seu quarto. Dormir nunca foi um problema para o parceiro do seu Distrito.

Quinn se remexe na cama, com o corpo cansado, mas sua mente cambaleia. Os outros tributos já deveriam estar dormindo em um sono profundo. Amanhã é o grande dia, afinal. Amanhã a esta hora, ela provavelmente vai estar dormindo em uma chão duro de sujeira e folhas ou areia ou até mesmo Deus a livre, gelo, de modo que ela realmente precisa dormir ao menos as ultimas horas que tinha em conforto.

Ela não estava mais com medo, afinal ela tinha se preparado para aquilo por toda a sua vida, mesmo não querendo realmente. Então porque sua mente se recusava a desligar? Porque não estava dormindo como Puck, roçando sem esperar para o que vai acontece amanhã, o que vai acontecer na Arena assim que os 60 segundo acabar e ela não ter nenhum opção boa? Ela só queria dormir!

Quinn balança a cabeça dura com a imagem de um par de olhos castanhos aparecendo atrás de suas pálpebras. Sua mão levanta e esfrega seu rosto com um gemido.

É tão estúpido.

Ok, então todo mundo está obcecado com a historia trágica da menina do Distrito 5 com a voz de um anjo que tem o destino de se tornar um animal de estimação da Capital e ter uma vida decente, tinha terminado no momento em que seu nome foi chamado no Dia da Colheita.

E sim, talvez Quinn venha acompanhando cada movimento dela durante os treinamentos e até mesmo tendo conversas fugazes com ela durante as refeições, mas roubar seu tempo de sono? Isto não é bom.

É apenas os olhos. Eles exercem algum tipo de poderosa atração em Quinn, poderia ser algum tipo de técnica para distrair seus inimigos. Ela só não poderia tira-los de sua mente.

E sua risada. Seu parceiro de Distrito, um cara bonito, com cabelos castanhos e olhos claros – James alguma coisa – a fez rir uma vez durante os treinamentos e todos puderam ouvi-la. Foi tão... melódico.

E o seu sorriso. Como pode alguém ter um sorriso tão grande e tão brilhante, com um destino como aquele?

... E as pernas dela e tudo bem, talvez Quinn fosse um pouco obcecada com a menina que a Capital começou a dramaticamente chamar de “o pássaro silenciado”.

Ela puxa seu cabelo curto loiro com frustração.

– O que há de errado com você? – Ela sussurra para si mesma.

Quinn é um monte de coisas. Ela é hábil na arte de atirar punhal e outras armas de lâmina, ela é meticulosa e furtiva e ela é mortal e incrivelmente rápida, Santana mesmo lhe disse isso, Puck lhe disse. Mas se há uma coisa que Quinn Fabray não é, é estúpida.

E ela sabe que essa obsessão idiota que ela tem com a menina do Distrito 5 tem que acabar logo. Porque essa obsessão pode levar a fraqueza.

E a fraqueza leva a morte.

E ela não vai morrer nesses Jogos, não mais, ela está pronta, ela sabe disso, é o que todos esperam: Que ela ganhe! E isso vai acontecer. Mas Quinn Fabray não vai morrer nos Jogos.

Mas a menina do Distrito Cinco provavelmente vai.

Quinn engole duro quando ela percebe que ela espera que não seja por suas mãos.

XxX

Respirou fundo quando escutou leves batidas na sua porta, era Franklin vindo lhe acordar para se arrumar. Foi levada até uma sala onde tinha sua roupa em cima de uma mesa. Franklin a ajudou a se vestir. Uma calça de camuflagem preta e uma camiseta branca. Franklin disse que o resto da roupa estaria em outro lugar. Então saíram da sala e foram acompanhados por Frannie até o topo do prédio em que estavam. Tinha um Helicóptero no meio do telhado.

– Quinn. - Frannie a chamou antes que caminhasse até o helicóptero que iria levá-la.

– Sim?

– Posso falar com você? - Perguntou e encarou Franklin que estava ao seu lado.

– Eu vou indo. - O estilista disse e caminhou até o helicóptero.

Frannie e Quinn observaram ele caminhar e entrar vendo que tinha alguns Pacificadores dentro do helicóptero: - Eu quero lhe desejar boa sorte, e que você pode ganhar, basta querer. - Então lhe deu as costas e saiu de perto de Quinn.

Então Quinn caminhou até o Helicóptero e entrou sendo ajudada pelos Pacificadores. Aos poucos foram entrando os outros tributos com os seus estilistas. Puck veio com Gavlin e sentou ao seu lado colocando o cinto. Quinn não disse nada somente sorriu para o amigo que lhe retribuiu e bateu a mão em sua perna em sinal de conforto. Não demorou muito para Rachel e Jesse entraram. Rachel pareceu lhe procurar com os olhos e sorriu para Quinn quando achou. Quinn tentou sorrir de volta, mas a afirmação que teve antes de dormir a fez imaginar diversas mortes para a garota do Distrito Cinco, e isso não a fez nem um pouco feliz.

Uma mulher chegou onde Quinn estava e pegou se braço aplicando uma agulha. Quinn sabia que aquilo era o rastreador, e que com aquilo os Idealizadores dos Jogos iriam saber onde estava, e aquilo também não a fez nem um pouco feliz.

Não demorou muito para Quinn estar em uma sala colocando uma camisa preta de manga até o antebraço, e uma jaqueta que parecia ser três tamanhos maiores do que o que costumava usar. Mesmo assim ela cabia perfeitamente.

60 segundos para entrar na capsula.” Uma voz robotizada disse através dos alto falantes fazendo o coração de Quinn acelerar consideravelmente.

– É agora. – Franklin disse e olhou nos olhos verdes da loira. – Está pronta?

– Não. – Quinn respondeu sincera.

– Eu sei que não, mas você tem que ir. – Ele tocou o tecido da jaqueta. – Deve ser um lugar frio, estou apostando em temperado. Vegetação de tundra talvez... Terá que procurar um lugar quente para dormir, ou irá congelar de frio.

– Obrigada. – Quinn sussurrou sentindo seu coração acelerar mais um pouco. – Eu acho que vou ter um enfarto antes de entrar.

Franklin riu e colocou a mão em cima do peito de Quinn massageando levemente: - Você vai ficar bem, tenho certeza disso. – Ele bateu a mão no ombro de Quinn. – Não saia do lugar até que os 60 segundos termine. Ok?

– Sim, eu sei disso.

20 segundos para entrar na capsula.”

– Certo. – Franklin olhou para a caixa de som. – Acho que está na hora.

– É.

– Vamos lá. – Ele colocou a mão nas costas de Quinn e a guiou até a capsula.

Franklin beijou sua testa e arrumou seu cabelo: - Eu sei que você provavelmente vai bagunçar, mas não custa nada.

Quinn sorriu se virou e entrou na capsula de lançamento. Então ela se fechou e Quinn podia escutar seu coração batendo cada vez mais alto. Franklin piscou para ela e ergueu um polegar. Quinn assentiu e então sentiu a capsula subir. Sua respiração foi ficando acelerada, o medo começava a se alastrar por todo seu corpo.

Então o sol bateu em seu rosto, e o vento frio a pegou.

Sua respiração era a única coisa que ouvia. Olhou para frente vendo a Cornucópia, sabia que não deveria ir para lá por motivos óbvios. Mas ela era carreirista, ela deveria ir, e tudo que ela precisava estava lá. Olhou ao redor para ver se encontrava Puck. Achando-o ao lado de Ryder e estava totalmente pronto para correr até a Cornucópia.

Quinn sabia que assim que o tempo acabar, sua amizade com Marley e Sam iria junto, já que Sam não era tão bom e provavelmente morreria que Marley. Quinn temia por eles, e por ela também.

5...

4...

3...

2...

“Estamos dando inicio a septuagésima sexta edição dos Jogos Vorazes. E que a sorte esteja sempre ao se favor.”

E então se ouve um apito, e Quinn não olhou para ninguém, apenas correu.

XxX

Não foi de se surpreender quando ela chegou primeiro que todos na Cornucópia. Pegou uma mochila vermelha, uma espada e saiu correndo antes que mais alguém chegasse. Correu em direção para a floresta.

Ela teria ido para a floresta, se não tivesse visto algo que fez seu coração acelerar mais.

Rachel Berry.

Ela não tinha nada em mãos.

E uma garota do Distrito Sete estava com uma faca erguida para ela, pronta para atacar.

Sem pensar duas vezes, Quinn correu.

Sua espada erguida se enterrou nas costas da garota do Distrito Sete.

E o som do canhão anunciou que a garota não estava mais viva.

XxX

A garota caiu no chão e Quinn retirou sua espada. A adrenalina não deixando pensar que acabou de tirar a vida de alguém. Quinn olhou para Rachel que tinha os olhos arregalados e a boca aberta, só agora Quinn percebeu que ela estava caída no chão. Não estava pensando quando pegou a mão da garota e puxou em direção a floresta. Não houve protestos vindo da morena.

Antes de entrar completamente na floresta, Quinn olhou para trás, encontrando os olhos de Puck, que sorriu enquanto enfiava uma faca no peito do garoto do Distrito Nove. Quinn revirou os olhos quando Puck pegou as coisas do garoto e saiu correndo. Mas não foi na direção delas.

Canhões eram escutados por todo o caminho. Quinn sentia seu coração bater cada vez mais rápido. Sua mão estava firmemente presa na de Rachel que tentava correr na mesma velocidade, falhando miseravelmente. Quando Quinn percebeu que estavam longe o suficiente, parou de correr. Rachel se soltou da sua mão e se jogou no chão totalmente ofegante.

– Oh meu Deus. – A morena sussurrou tentando respirar.

– Desculpe se fui muito rápida. – Quinn sentou ao lado da morena e abriu a mochila para verificar o que tinha. – Bolachas, garrafa vazia, cobertor, corda e... é só isso.

– Só?

– Sim. – Quinn virou para mostrar a mochila e percebeu que Rachel ainda estava tentando encontrar fôlego. – Você está bem?

– Não, espera um pouquinho, eu fico bem daqui a pouco. – Rachel respirou fundo varias vezes e se jogou no chão ainda respirando fundo. – Você é muito rápida...

– Eu sei, várias pessoas dizem isso, é um dom. – Deu de ombros, não ligava para isso, todos dizem a mesma coisa, e ela apenas assentia, claro que sabia que era rápida, não precisava de metade das pessoas lhe dizendo isso.

– Para onde vamos? – Rachel perguntou já com o fôlego recobrado. Quinn a olhou com a sobrancelha erguida. – Temos que achar um lugar para passar a noite.

Quinn assentiu e levantou. – Vamos.

Rachel levantou com a ajuda de Quinn e elas passaram a caminhar em busca de alguma caverna que pudessem passar a noite.

XxX

Por sorte não encontraram ninguém pelo caminho. Quinn andava com sua espada pronta e Rachel andava na frente de Quinn só por precaução, caso alguém atacasse por trás, quem iria sofrer as consequências era Quinn, e como era boa em combate, sabia que iria derrotar que resolvesse fazer isso, por isso decidiu que Rachel deveria ir na frente. Não demorou muito para que achassem uma caverna subterrânea, no mínimo umas quatro horas, já que não tinham relógio, por sorte a cinquenta metros tinha um lago. Enquanto Rachel verificava a caverna, Quinn foi encher a garrafa.

Quando voltou para a caverna viu que Rachel forrava o cobertor no chão. Sorriu confusa para a cena.

– O que está fazendo? – Perguntou enquanto cobria a entrada da caverna com folhas e galhos.

Rachel a observou por alguns segundos, como se estivesse confusa. – Estou fazendo nossa cama. – Respondeu simplesmente.

Quinn se virou para ela e sentou no chão colocando a espada ao lado da mochila. Então ficou observando Rachel que sentou na cama improvisada e olhou de volta para Quinn. Elas ficaram se encarando por um tempo, até que Quinn suspirou e revirou os olhos. Rachel sorriu e se encolheu na cama.

– Foi incrível aquilo que você fez. – Rachel murmurou e Quinn quase não escutava, somente escutou por estar em completo silêncio.

– Eu tirei a vida de alguém. – Retrucou e se encolheu com as próprias palavras. Não conseguia parar de pensar nisso. Pelo menos não olhou nos olhos da garota antes de ela morrer, Quinn não queria ver os olhos implorando para que a mantivesse viva.

– Mesmo assim foi incrível. – Rachel respondeu e virou para olhar para a loira. – é para isso que estamos aqui: para matar. Somente um sai vivo.

Quinn suspirou e levantou para sentar na cama improvisada. Sentou ao lado de Rachel, apoiando as costas na parede da caverna e fechou os olhos.

– Eu sei disso, não param de me lembrar, desde que meu nome saiu naquele papel. – Suspirou novamente e abriu os olhos para olhar à morena que a olhava. – Deveríamos parar de falar sobre isso, tudo que falamos está sendo transmitido para toda a Panem.

Rachel assentiu e se ajeitou para deitar na cama. Ela se encolheu abraçando as pernas e direcionando os olhos castanhos para Quinn. Quinn sentia que a adrenalina ainda corria por suas veias, e sua mente reproduzia o som da sua espada atravessando as costas da garota do Distrito Sete. O som do arquejo da garota ecoava em seus ouvidos fazendo-a estremecer.

– Você está bem? – Rachel perguntou ainda observando a loira. Quinn sabia que ela provavelmente estava preocupada com suas mãos tremendo.

– Sim.

– Não parece.

– Eu estou bem.

– Você não acha que...

– Porque não dorme? – Quinn se virou para a morena que se encolheu mais ainda. – Eu vigio enquanto isso.

Então se levantou e foi para perto da porta improvisada. Tinha uma vista do céu dali, e ainda estava claro, mas estava claramente anoitecendo. Quinn sentou no chão e abraçou as pernas olhando pela brecha. Ela sabia que quando estivesse totalmente escuro eles iriam fazer a homenagem dos tributos que morreram no primeiro dia. Ela iria ver a garota que matou, seu coração acelerou e ela soube que estava ansiosa. Olhou para o chão perto dela tinha sua espada. O sangue da garota ainda estava ali.

Com as mãos tremendo, Quinn se arrastou até a espada e pegou com cuidado para não acordar Rachel. O sangue estava seco, e era bem visível na espada prateada. Quinn até pensou em limpar o sangue da garota, mas preferiu deixar. Aquele era um premio por ter conseguido matar alguém, e era isso que a Capital queria. Todos viram o que ela fez. Santana estaria orgulhosa, Brittany provavelmente não viu por causa da violência, mas estaria feliz por ela. Frannie... Bem ela não sabia como Frannie estaria se sentindo nesse exato momento. Mas ela sabia que estava assistindo tudo o que se passava.

Olhou para o lado vendo sua companheira de Arena, sua aliada, como preferir. Não sabia se Rachel estaria dormindo, mas estava de frente para ela e os olhos fechados. Era uma expressão fofa, não conseguiu controlar o sorriso que apareceu em seu rosto.

Então o Hino da capital foi escutado.

Quinn olhou para brecha que tinha e viu no céu.

A foto de um garoto loiro, lábios enormes. Quinn sentiu seu peito apertar. Sam Evans tinha morrido. Distrito Dois.

Levou uma mão até a boca para abafar o soluço, e sentiu uma mão em seu ombro. Sabia que era Rachel. Ela se sentiu ao seu lado e passou a observar o céu. Distrito Três. O tributo masculino morreu. O irmão da garota que ainda estava na Arena. Distrito Seis. Um tributo feminino. Uma garota morena. Então chegou o Distrito Sete. O garoto que Puck tinha tirado a vida. E a garota do mesmo Distrito. Ambos tinham morrido. E então a garota do Distrito Nove.

Quinn não conseguiu olhar para a imagem no céu e então abaixou os olhos para a espada na sua mão. O sangue da garota. Rachel suspirou ao seu lado e apoiou a cabeça no ombro de Quinn. A loira tentou não se sentir nervosa quanto a esse gesto. Então olhou novamente para o céu e a ultima imagem foi do garoto do Distrito Dez.

– Sete. – Rachel sussurrou em seu ombro. Quinn virou o rosto para olhá-la. – Faltam dezessete.

– Sim. – Quinn sussurrou e encostou a cabeça na cabeça de Rachel que suspirou novamente.

– Parece que o garoto do seu Distrito está bem. – Comentou um pouco animada e Quinn sorriu.

– Puck é forte, ele sabe se virar. – Deu de ombros, mas ainda temendo pelo amigo.

– Jesse está bem. – Quinn percebeu que Rachel sorriu com sua afirmação e então levantou a cabeça sentindo um aperto no peito.

– Ahm... – Murmurou sem saber o que fazer. Rachel a olhou curiosa. – Vocês são namorados? – Perguntou enquanto levava a mão até a cabeça e coçando a nuca em um movimento nervoso.

Rachel gargalhou alto e novamente encostou a cabeça no ombro de Quinn. A loira ficou sem entender mas passou o braço ao redor da morena, para lhe dar apoiou. Ignorando como a morena ficava tão perfeitamente bem em seus braços.

– Jesse é só meu melhor amigo. E ele é gay. – Quinn se sentiu aliviada. – Eu nunca me interessaria por ele, ele é fofo e tudo mais, mas é apenas um irmão para mim, mesmo que fosse hetero, nunca mesmo.

Ela negou e se afastou o suficiente para olhar nos olhos de Quinn. Os castanhos encontraram os verdes e Rachel sorriu e levou uma mão até o rosto da loira, acariciando a bochecha com as pontas nos dedos, então traçou a sobrancelha com o polegar.

– Você tem olhos incríveis. – Sussurrou e Quinn sentiu seu rosto esquentar. Mesmo que uma mão extremamente fria estivesse tocando seu rosto. – Eles ficam verdes as vezes, mas sempre que eu olho para eles, eles estão dourados. – Ela suspirou e se aproximou sem tirar os olhos dos da loira. – Mas agora eles estão verdes, e isso é incrível. Nunca tem uma cor certa.

Quinn não conseguiu reproduzir nada. Sentia seu coração acelerado, temia que Rachel conseguisse escutar. E cada vez que a morena se aproximava, os olhos de Quinn grudavam nos lábios cheios da morena. Eram perfeitos, gordos e no formato certo. Quinn desejava prová-los. Se sentia tonta por isso, o cheiro da morena era perfeito, mesmo que não fosse um de seus perfumes, esse era natural.

– Você é linda. – Quinn sussurrou sem ao menos perceber, até que olhou nos olhos da morena e viu que estavam um pouco arregalados e confusos. Então a loira se levantou abruptamente fazendo Rachel a olhar assustada. – Então, acho melhor você ir descansar, ainda tem quinze pessoas lá fora que querem nos matar.

– Certo, mas...

– Só vá, Rachel, não torne as coisas mais complicadas dos que elas já são. – Quinn implorou e sentou novamente enquanto sentia que Rachel estava se afastando dela.

XxX

Já era de manhã quando Rachel acordou. Quinn não tinha nem ao menos cochilado. Ela não conseguia, tudo o que pensava era como Marley estava, e onde ela estava. Será que ela está bem? Como ela se sentia sobre Sam? Provavelmente estava triste. Marley adorava Sam, ele era como um irmão para ela, e isso foi o que ela mesma disse a Quinn.

Puck estava bem, e isso era importante. Ele era esperto, e pegou todos os conselhos de Ian, diferente de Quinn que preferiu evitar isso.

Elas resolveram abrir a bolacha e dividiram, depois cada uma tomou um gole de água. Depois Rachel foi sentar na porta dizendo que iria vigiar a porta. Quinn não disse nada, apenas sentou na cama improvisada, encostou-se à parede da caverna e abaixou a cabeça. Logo já estava dormindo, mas não sem antes colocar a espada ao seu lado para caso de algo acontecer.

Não conseguiu dormir por muito tempo, os pensamentos a atordoavam e também acordou com o som de passos apressados. Abriu os olhos e olhou para Rachel que estava encolhida e olhava para Quinn com os olhos arregalados. Parecia assustada, como se não soubesse o que fazer se alguém as encontrasse.

Quinn levantou do chão e pegou a espada, abriu a porta improvisada com Rachel que se agarrou a ela.

A pessoa que passou por ali, provavelmente tinha ido para o rio. Quinn não sabia se aquele era o único rio na Arena, mas deveria ser para alguém ter ido logo para ele, já que ele ficava muito longe do centro. Quinn virou para Rachel que a olhou assustada.

– Você vai ficar aqui. – Ordenou e saiu da caverna.

– Não vou ficar aqui enquanto você se arrisca. – A morena saiu junto a ela e a olhou emburrada.

– É mais seguro você ficar ai, se for alguém nos procurando ao menos você vai ficar segura.

Rachel bufou e negou com a cabeça. – Não vou, eu quero ir com você.

– Se for mais de uma pessoa você...

– Você vai se arriscar, e pode morrer. – Rachel a interrompeu e Quinn se encolheu quase imperceptivelmente.

Ela poderia continuar insistindo, mas sabia que a morena iria ganhar. Afinal ela era Rachel Berry, e Rachel Berry sempre tinha o que queria nada a impedia disso. Quinn bufou. Ela não poderia deixar Rachel sozinha, poderia ser uma armadilha para que Quinn saísse da caverna e alguém matasse Rachel. Ela não queria que Rachel morresse. A loira revirou os olhos.

– Fique abaixada e em silencio. – Ordenou e saiu andando com a estava pronta ao seu lado.

Rachel a seguia completamente colada nas suas costas, observando tudo ao redor. Elas andaram assim até se aproximar do riu. Tinham alguém, era um homem e ele estava lavando o rosto ou bebendo água. Rachel guinchou baixinho ao seu lado de correu na direção do homem. Quinn até tentou segurá-la, mas vendo que já era tarde de mais, a loira ergueu a espada e correu para evitar que algo aconteça com a morena.

Então ao aconteceu. Algo que ela definitivamente não esperava. E fez com que arregalasse os olhos e se sentisse estranha.

Rachel acabou de abraçar o estranho.

– Oh, meu Deus! – Ela guinchou animada enquanto apertava o homem

Quinn ainda tinha a espada erguida e pronta para decapitar o homem não importava quem ele era, se ele resolvesse atacar a morena, ela iria arrancar-lhe a cabeça. Era esse o seu pensamento, até que o homem se virou para ela.

Jesse St. James era o homem.

– Oh, você é Quinn Fabray! – Ele se aproximou da loira que recuou todos os passos e ficou em posição de ataque. – Está tudo bem, sou amigo.

– Ele é o meu companheiro de Distrito Quinn, está tudo bem. – Rachel garantiu animada enquanto sua cintura era abraçada pelo garoto moreno.

Quinn olhou para Rachel depois para Jesse. Ela sentiu seu coração acelerar ao ver o olhar esperançoso que Rachel tinha para o garoto St. James. Tudo bem que o garoto era gay, mas Quinn não entendia esses sentimentos repentinos, ela realmente queria decapitar o garoto.

– Hm. – Resmungou e virou as costas voltando para a caverna.

XxX

Jesse St. James resolveu que seria interessante ficar com elas. O garoto dizia que não matou ninguém na Cornucópia, mas dizia que estava pronto para o que vier. Rachel e eles se fecharam em uma conversa e tentaram fazer com que Quinn participasse, mas isso fez com que a loira revirasse os olhos e voltasse a ficar de guarda. Ela não gostava do cara, ele não fazia a diferença para ela, mas para Rachel isso era obvio.

Quinn estava apenas preparada para que quando ele resolvesse se voltar contra elas, ela iria decapitá-lo e ele não teria a chance nem de se mexer.

– Uh... Quinn? – Rachel lhe chamou e a loira piscou se virando para a morena.

– Sim?

– Você acabou de perfurar a espada no chão. – A morena apontou para o chão e Quinn virou para ver.

– Hmmm. – Ela realmente não sabia como aquilo tinha acontecido.

– Uh... não é melhor você ir descansar? – Jesse ofereceu se levantando de onde estava e indo até Quinn.

A loira fechou o punho na espada pronta para atacá-lo caso ele resolvesse partir para cima dela. Mas o garoto apenas se sentou ao seu lado.

– Vem Quinn. – Rachel chamou e Quinn ergueu uma sobrancelha.

– Pode relaxar, eu irei protegê-las. – Jesse piscou o olho brincalhão e Quinn finalmente se sentiu aliviada. Ela deveria confiar no garoto, ele era parceiro de Rachel, e nunca iria causar mal a morena. Até porque ele parecia ser um bom garoto.

Ela andou até a cama improvisada e sentou ao lado da morena que a olhava um pouco preocupada. Quinn tentou controlar sua hesitação ao ver os olhos castanhos brilharem em aflição.

– Você não dormiu.– Rachel comentou um pouco preocupada. – Tem que descansar...

– Tanto faz. – Quinn comentou se sentindo exausta, ela realmente precisava dormir.

Não demorou muito e Quinn já dormia encostada na parede da caverna. Sua mão enrolada na espada, pronta para atacar caso algo aconteça. Mas ao sentir dedos finos enredando no seu cabelo Quinn sentiu seu corpo ficar menos tenso, e ela conseguiu dormir tranquilamente.

XxX


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Notas finais do capítulo

Vou logo avisar que irei demorar para o proximo, porque estou querendo me dedicar a Welcome to Our Hell, mas vou continuar escrevendo essa, só não sei quando vou atualizar.
É isso, comentem e me digam o que acharam.