Distrito Um escrita por Peixotize


Capítulo 4
Confiar


Notas iniciais do capítulo

E ae o/
Vou logo dizendo que esse foi o capitulo que eu mais gostei de escrever, e algumas coisas vão se explicar ai. Espero que gostem.
Ah e a música que a Rachel canta é:

Ride - Lanna Del Rey

Vou dizer que estou apaixonada por essa mulher!

Boa leitura!



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Fazia um tempo que estavam ali, Quinn sentia a fome rondar seu estomago. As bolachas tinham acabado, e parecia que tinha um buraco em seu estomago e estava querendo começar a devorar os outros órgãos. Rachel estava ao seu lado olhando para o teto como se estivesse esperando que algo caísse dali. Jesse estava dormindo já que Quinn estava completamente descansada.

– Não acha que devemos caçar? – Rachel perguntou Quinn a olhou um pouco pensativa.

– Acho melhor não, pelo menos não agora. – Respondeu e desviou o olhar para a parede que tinha na sua frente.

– Faltam dezessete de nós, eles não podem estar todos aqui. – Rachel retrucou e Quinn bufou.

Ela realmente deveria ter escutado Ian quando podia. Ela saberia o que caçar e como caçar, e o máximo que aprendeu com a garota do Distrito Doze foi como fazer uma armadinha para caçar esquilos. E ela poderia caçar esquilos, só não queria deixar Rachel sozinha com Jesse St. James.

– Depois nós vamos, tente dormir um pouco. – Quinn sugeriu e Rachel negou com a cabeça e a loira bufou novamente. – Então faça o que quiser!

Rachel revirou os olhos e se afastou de Quinn indo sentar de frente para ela do outro lado da caverna. Quinn ergueu uma sobrancelha e Rachel tentou imitar, mas logo desistiu. Ela virou a cara com um bico que fez Quinn sorrir e morder o lábio inferior para não rir.

Um tempo se passou e Jesse ainda dormia, Quinn foi se sentar mais próximo a porta da caverna e Rachel continuou sentada onde estava. Todos ainda com fome. Quinn suspirou e pegou a garrafa com água, tomando um gole longo. Afinal eles ainda tinham muita água, e a garrafa que veio na mochila de Jesse era maior que a delas, então elas podiam.

Então Rachel começou a cantarolar, e Quinn sabia que toda a Panem estava as observando.

I’ve been out on that open road

You can be my full time, daddy

White and gold

Singing blues has been getting old

You can be my full time, baby

Hot or cold

Don’t break me down

I’ve been travelin’ too long

I’ve been trying too hard

With one pretty song

Quinn sentiu sua boca se abrir em admiração. A voz da morena era perfeita, mesmo que ela estivesse cantando baixinho, tudo o que Quinn conseguia ouvir, além da voz dela, era seu coração acelerado em seu peito.

I hear the birds on the summer breeze, I drive fast

I am alone in midnight

Been trying hard not to get into trouble, but I

I’ve got a war in my mind

So, I just ride

Just ride

–Wow – Quinn Sussurrou e Rachel abriu os olhos sorrindo timidamente para a loira. – Sua voz é tão...

– Tão...?

– Eu não sei...

Quinn se sentia como se seu cérebro estivesse derretendo e escorrendo por seu corpo, ela não conseguia pensar em nada, somente em como a voz de Rachel era perfeita.

– Devo levar isso como algo ruim...?

– Oh, não! Definitivamente não! – Negou veementemente e sorriu para Rachel. – Sua voz é linda.

E ela finalmente conseguiu voltar a raciocinar, e ela se sentiu vitoriosa por isso.

– Obrigada. – Rachel voltou a sorrir timidamente e rastejou até sentar ao lado de Quinn e pegou a garrafa que Quinn tinha na mão, tomando um gole de água. – Realmente, nós precisamos comer.

Quinn a olhou e assentiu. Elas realmente precisavam de comida. Mas ela não podiam arriscar que Rachel se machucasse.

– Você fica aqui, de olho no seu amigo. – Apontou para Jesse enquanto se levantava. – Eu vou tentar achar algo.

Rachel pareceu ficar aflita com a ideia de não ter Quinn por perto.

– Espera, você vai sozinha? – Perguntou se levantando também. – Eu vou com você!

– Não, você vai fica aqui e esperar, qualquer coisa eu volto.

– Não! Eu...

– Rachel! – Quinn se virou para ela bruscamente fazendo Rachel recuar dois passos. – Pensa bem, se você for e alguém aparecer eu não vou conseguir proteger nós duas, e se somente eu for, a probabilidade de voltar é maior.

Rachel pareceu raciocinar por alguns segundos e Quinn entendeu que ela só estava com medo. Ela já confiava na loira, afinal só estava viva por causa dela. Quinn cuidou dela desde o momento em que o sinal para o inicio dos Jogos soou. Mas tem Jesse, seu melhor amigo, ela não sabia se podia confiar nele. Olhou para o moreno deitado de costas para elas. Ele era como um irmão para ela. Suspirando ela assentiu para a loira e a abraçou inesperadamente, escondendo o rosto no peito de Quinn.

– Toma cuidado, por favor. – Sussurrou com a voz tremula.

Quinn sorriu docemente a apertou a morena em seus braços. Beijou o topo da cabeça morena e se separaram.

– Eu prometo que vou tomar cuidado. – Beijou a testa da morena e pegou a espada saindo logo em seguida.

XxX

Estava escondida atrás de uma arvore enquanto esperava a armadilha pegar algo. Não demorou até que um estalo fosse ouvido. Quinn levantou e foi até ela. Sorriu quando percebeu que tinha pego dois esquilos. Foi tão rápido que poderia ter sido coisa da Capital, bem ela não estava se importando, tudo o que ela queria era comer.

Pegou os esquilos, desfazendo a armadilha, então escutou algo que mais temia.

Um barulho de canhão.

Seu coração acelerou.

Claro que a possibilidade de não ser Rachel era muito grande, mas mesmo assim, Quinn colocou os esquilos dentro da jaqueta e saiu correndo na direção da caverna.

Chegando lá não conseguiu encontrar Rachel, entrou na caverna e nenhum sinal dela, e misteriosamente nenhum sinal de Jesse. Algo começou a brilhar para ela, e ela sabia que isso tinha algo haver com Jesse.

– QUINN!!!- Seu coração parou, ela conhecia aquela voz, era a voz de Rachel. Sentiu um alivio imediato ao saber que o tiro do canhão não foi dela, mas logo ficou nervosa ao perceber que ela poderia estar em perigo.

O grito veio da direção do lago. Quinn correu naquela direção sentindo seu coração batendo dolorosamente contra suas costelas. Ela sabia que estava pálida e sua boca estava seca. Seus pés começaram a queimar enquanto corria, faltava vinte metros para se aproximar do lago, seus pulmões queimavam e seu coração estava começando a apertar de preocupação.

Chegando ao lado a vista que fez seu coração bater mais rápido ainda, quase que dolorosamente era a seguinte: Jesse estava caído no chão, Puck estava na sua frente com uma expressão divertida e Rachel estava caída um pouco mais atras de Puck com uma expressão assustada e parecia extremamente pálida.

Então a morena pareceu notar que Quinn estava ali, e correu para a loira que a abraçou apertado. Ignorando em como o corpo de Rachel ficava perfeito contra o seu.

– Oh, meu Deus! Você está bem! – Quinn murmurou aliviada contra os cabelos de Rachel.

– Quinn... O Jesse... ele... – Rachel estremeceu e Quinn apertou os braços envolta dela.

– Shii, não diga nada, vai ficar tudo bem. – Então a loira olhou para Puck que tinha um sorriso calmo no rosto enquanto limpava a espada suja do sangue de Jesse. – Noah!

Puck revirou os olhos e se aproximou delas.

– Você sabe que eu odeio quando me chama assim. – Brincou e Quinn riu sentindo Rachel ficar menos tensa em seus braços.

Então a morena se separou de Quinn e virou para olhar para Puck, então foi para o corpo inerte de Jesse. Seu olhar era algo entre magoa e ódio. Quinn colocou os braços envoltos dela novamente tentando acalma-la um pouco, e a morena escondeu o rosto no pescoço de Quinn, a loira olhou para Puck que tinha um sorriso malicioso.

– O que aconteceu aqui? – Perguntou para o garoto que suspirou cansado e apontou para o corpo de Jesse.

– Eu estava passando por aqui, porque é o único rio que tem em toda a Arena, e encontrei a sua garota correndo do desgraçado ali, então resolvi tomar providencias. – Quinn tentou ignorar o “sua garota” mas isso só a fez corar e Puck sorriu satisfeito.

– Hmmm... – Quinn resmungou e sentiu que Rachel estava começando a chorar. - Hey. – Chamou a morena e fez um sinal para Puck se afastar. O garoto bufou e caminhou até uma arvore e se encostou observando de longe. – Rachel? – Quinn chamou novamente.

A morena olhou para cima e os olhinhos castanhos estavam vermelhos e inchados, o que fez o coração de Quinn apertar.

– Eu nunca pensei que o Jesse fosse capaz de algo assim, eu achava que nós éramos amigos. – Choramingou e Quinn mordeu o lábio quando percebeu que o Aerodeslizador só não tinha aparecido ainda para recolher o corpo de Jesse porque elas estavam ali.

– Vem, vamos sair daqui. – Quinn puxou a morena até a caverna.

Enquanto andavam Quinn olhou para trás e viu Puck observando Aerodeslizador aparecer e pegar o corpo inerte de Jesse. Suspirando ela guiou Rachel até a entrada da caverna. Estava tudo ok, não tinha nada fora do lugar.

Rachel estava respirando fundo como se tentasse controlar a vontade de chorar. Quinn ficou de frente para ela e sorriu. A morena se encostou na parede da caverna e retribuiu o sorriso, só que não tão intenso quando o de Quinn.

– Como está se sentindo? – Perguntou enquanto retirava os esquilos de dentro da jaqueta e colocava com cima de uma pedra que tinha atrás de si e que usavam como banco as vezes.

– Cansada, exausta, faminta, e decepcionada. – Respirou fundo mais uma vez e abaixou a cabeça. – Eu me sinto inútil.

Sua voz saiu em um sussurro tão baixo que Quinn teve que se inclinar para ouvir. A morena tinha a cabeça abaixada e as mãos jogadas ao lado do corpo. Quinn se aproximou e levantou o rosto da morena pelo queixo.

– Você não é inútil – Seus olhos estavam presos um no outro. Quinn sentiu seu coração acelerar, mas não como antes, e sim de um jeito bom.

– Sou sim, já é a segunda vez que me salvam da morte, e a primeira vez foi você. – Rachel sussurrou novamente parecendo decepcionada consigo mesma. – Eu queria ter me defendido de Jesse, mas ele tinha uma faca e eu não tinha nada.

– Você não precisa se sentir inútil por isso, você é especial do seu jeito. – Quinn disse de uma maneira fofa, ela já tinha dito aquilo antes, para Santana quando seu irmão morreu e ela se sentia impotente por causa da sua família. –Jesse foi covarde ao esperar que eu me afastasse para poder lhe pegar desprevenida.

– Ele que me disse para pedir que caçássemos, ele dizia estar com fome, mas estava cansado pelo caminho que percorreu até chegar ao lago. – Rachel sussurrou e Quinn sorriu.

Rachel era ingênua, mas era tão linda, e para ela, Rachel era perfeita. Tinha vontade de colocar a garota nos braços e acolhe-la até que ela se sentisse segura novamente. E tinha aqueles lábios, tão perfeitos e grossos. Quinn quase teve a chance de prova-los uma vez, ela realmente queria dessa vez.

– Você é linda. – Disse dessa vez sem medo, e Rachel a olhou confusa.

– Você está mudando de assunto. – A morena observou e Quinn sorriu e se aproximou mais de Rachel.

Totalmente ciente de que toda a Panem poderia estar assistindo-as. Quinn prendeu as mãos na jaqueta de Rachel, a morena tremeu e levou as mãos até os ombros de Quinn, como apoio. Quinn sabia que seus olhos deveriam estar assustadoramente escuros, mas estava obvio de que Rachel não parecia se importar com aquilo.

Seus olhos não se desprendiam. Quinn estava achando incrível finalmente olhar com tanta intensidade para aqueles olhos castanhos que tanto adorava e venerava. E finalmente tinha a dona deles em seus braços e isso parecia incrível. Seus corpos estavam tão colados que Quinn conseguia sentir o coração de Rachel acelerado no peito.

Os corpos estavam tão pressionados que Rachel não conseguia se mover muito. E isso a frustrava imensamente, ela queria enrolar os dedos naqueles fios loiros e sentir a textura deles novamente, sem que Quinn estivesse dormindo para que isso acontecesse. Mas então os lábios rosados chamaram sua atenção. Estavam partidos sensualmente, molhados de saliva e um pouco machucados de tanto que Quinn os mordia. Rachel queria prová-los.

Novamente os olhos se encontraram e Rachel sentiu uma carga elétrica passar por seu corpo e ela se sentiu impotente diante de tanto desejo. Sabendo que seus olhos passavam a mesma coisa.

– Quinn...

Foi um pedido, um sussurro, um apelo sem fôlego. Rachel finalmente poderia mover as mãos para a parte de trás dos ombros de Quinn cravando as unhas em um pedido desesperado.

– Quinn.

Era agora algo mais alto do que um sussurro, mas não era um pedido, e sim uma ordem e Quinn pensou que ela nunca tinha ouvido seu nome sendo chamado de uma forma tão sensual quanto foi dessa vez. Foi sua ruína. Ela se inclinou para frente, nunca tirando os olhos de Rachel, até que ela a ouviu respirar fundo e fechar os olhos, saltando para baixo e se deixando cair e então seus lábios se tocaram.

Assim que seus lábios se tocaram elas sentiram algo acender dentro delas, algo queimando dentro de si, algo tão intenso que Quinn teve que fechar os olhos com mais força, a fim de tentar encontrar algum autocontrole, sua mão se fechou em um punho na borda da jaqueta de Rachel enrugando-a.

Rachel abriu a boca e chupou o lábio inferior de Quinn, puxando-a para mais perto e passando as mãos em seus ombros até o cabelo loiro. Ela passou a língua mais uma vez antes de sugar especialmente forte e fisicamente sentindo Quinn perder todos os traços de autocontrole.

Então a parte do cérebro que ainda funcionava a lembrou de que toda a Panem a assistiam nesse exato momento. E ela não poderia ficar excitada a ponto de fazer o que quisesse com a garota que estava em seus braços.

Então se separaram e Quinn suspirou e abraçou a morena. Escondendo o rosto nos cabelos castanhos. Rachel respirou fundo procurando o ar que perdeu no beijo. Seus lábios formigavam e ela não pode impedir de um sorriso tranquilo aparecer. O beijo a fez esquecer que o seu melhor amigo quase tinha matado-a.

Quinn tirou o rosto do pescoço de Rachel e sorriu para a morena, bicando os lábios grossos só para sentir a textura novamente. Se soltou da morena e a olhou com um sorriso.

– Vou falar com Puck, se quiser ficar aqui... volto daqui a pouco. – Disse e Rachel assentiu ainda um pouco atordoada vendo a loira sair da caverna.

XxX

Quinn tinha um sorriso bobo nos lábios, e os mesmo estavam dormentes. Mesmo assim não deixou de sorrir. Mas tentou esconder a satisfação quando viu Puck que estava sentado sob uma arvore afiando a faca que tinha em mãos. Quinn chutou que aquela fosse a faca de Jesse.

– Hey. – Puck a tirou de seus devaneios, Quinn tirou os olhos da faca em suas mãos e olhou nos olhos claros do amigo. – Estava curtindo sua garota?

Quinn revirou os olhos para a risada maliciosa de Puck. Para sua felicidade eles estavam em frente a caverna, assim ela poderia ficar de olho em Rachel. Se voltou para Puck que ainda tinha um sorriso malicioso.

Novamente o som de um canhão. E se repetiu algumas vezes. Quatro.

Quinn estremeceu e olhou para a caverna. Rachel tinha saído para ver se ela estava bem, e suspirou aliviada quando olhou para Quinn.

– Tudo bem? – Perguntou e Quinn assentiu e sorriu para a morena que retribuiu entrando na caverna.

Então ela entrou novamente na caverna e Quinn se virou para Puck.

– Eles estão se matando muito rápido – Puck comentou e Quinn assentiu. – Você viu sobre...

– Sam? –Puck assentiu e Quinn suspirou. – Ficou pensando se Marley ainda está viva.

– Saberemos hoje a noite. – Quinn suspirou novamente e apontou para a faca.

– Jesse?

–Sim. – Puck assentiu e se levantou. – O cara estava bem armado, mas era terrível em qualquer luta, não foi difícil.

Quinn cruzou os braços e olhou novamente para a caverna, para checar em Rachel. Puck riu ao seu lado e Quinn revirou os olhos.

– O que foi agora?

– Você gosta dela,não é? – Puck perguntou quase que retoricamente. Quinn franziu o cenho e se voltou para ele.

– Ela é uma garota legal. – Deu de ombros e Puck gargalhou alto.

Novamente a cabeça de Rachel foi para fora da caverna. Quinn sorriu para ela que retribuiu e entrou novamente.

– O que sabe sobre a Arena? – Quinn perguntou e Puck suspirou entrando em seu modo intelectual que poucos sabiam que existia.

– Tem vários esconderijos, e assim fica mais fácil de achar os tributos. Cavernas em todos os lugares. No centro, na Cornucópia, está vazio. E não tem ninguém por perto, eles acham que pode ser armadilha de algum tributo, como teve na septuagésima quarta edição, sobre as bombas. – Quinn assentiu em consentimento e Puck continuou. – Nós somos os carreiristas, mas quem anda fazendo a matança é os tributos do quatro.

– Wilde e Lynn?

– Sim, no primeiro dia foi quase impossível para que eu saísse de lá. – Ele estremeceu. – Aquela garota me dá arrepios.

Quinn riu e balançou a cabeça. Ela sabia que tinha alguma coisa com Kitty Wilde. Aquela garota não podia ser normal, se excluía de todos até mesmo do companheiro, sentia que essa garota iria lhe dar problema mais para frente.

– O mais estranho, foi que ela protegeu Marley de um tributo do sete. –Puck disse um pouco pensativo e Quinn o olhou, confusa.

– Você acha que...

– Não, eu acho que ela só quer marcar território, a garota não é normal, você precisava ver, aqueles olhos me deram medo.

Eles ficaram se olhando, tentando achar alguma saída para o que estavam para enfrentar. Puck parecia estar apreensivo quanto o futuro e Quinn sabia que ele iria protegê-la sempre, ele nunca deixaria que ela morresse, nem mesmo Rachel. Puck era seu melhor amigo. Ele era o seu herói, se não fosse por ele Rachel poderia estar morta, e esse pensamento fez com que ela se sentisse culpada.

Ela deveria ter levado Rachel com ela para caçar. Assim Jesse teria sumido, ou até iria se revelar quando Quinn estivesse próxima, assim ela poderia acabar com ele com suas próprias mãos, mas ela estava satisfeita com o que Puck fez, se não fosse por ele...

– Uh, Quinn? Noah? – Puck revirou os olhos enquanto Quinn virou para ver Rachel com a cabeça do lado de fora da caverna.

– Me chame de Puck...

– Sim? – Quinn interrompeu antes que Puck começasse toda a ladainha.

– Eu fiz o jantar, - Rachel disse timidamente, as bochechas ficando avermelhadas quando direcionava o olhar para Quinn. – vai escurecer daqui a pouco, vocês deveriam entrar.

XxX

Rachel era uma boa cozinheira, e ela fez uma fogueira e desfez sem ao menos Quinn perceber. Isso era bom, Rachel tinha instinto de sobrevivência, isso fez com que Quinn se sentisse orgulhosa, mas tentou evitar fazer algo que as comprometesse, se não Puck iria se intrometer, e Puck não tinha nem um pouco de tato quanto a isso, ele realmente falava o que lhe viesse a cabeça. E geralmente o que vinha na cabeça de Puck não era coisa boa. Se não era sexo, era comida. Dai já dá pra tirar varias coisas.

Quando entraram na caverna, Rachel tinha dois esquilos sem pele totalmente assados em cima de uma pedra, prontos para que os três comessem. Quinn sentou próxima a Rachel e Puck sentou do outro lado. Os três comeram envolvidos em uma conversa divertida. Puck falava de tudo que sabia sobre Quinn, que tentava cortá-lo, mas o garoto simplesmente ria e continuava falando.

Puck disse que ficaria aquela noite ali, e foi ficar do lado de fora, diferente de Jesse que ficava sempre de olho nelas. Puck ficou de guarda. E quando escureceu ele ficou do lado de fora sentado na ao lado da porta improvisada. Rachel deitou na cama improvisada e olhou sugestivamente para Quinn que engoliu em seco e saiu da caverna para ficar um pouco com Puck. Rachel pareceu ficar um pouco decepcionada.

– Achava que ia ficar com sua garota? – Brincou quando Quinn se sentou ao seu lado.

– Eu só quero ver quem morreu hoje. – Quinn disse friamente e Puck fez som de dor.

– Você realmente está levando tudo isso a sério. – Quinn o olhou confusa.

– Como assim?

– Eu levo isso como uma brincadeira. – Ele deu de ombros e olhou ao redor. – Como se fosse um treino em campo. E com alvos que falam, se mexem e tem sangue de verdade.

– Isso não é uma brincadeira, Puck. – Quinn o lembrou e ele deu de ombros novamente.

– Eu não ligo, se eu morrer quero morrer como cheguei aqui. – Olhou para Quinn e deu um sorriso encantador. – Não quero que me mudem, ao menos quero lutar pelo que conseguir por todo esse tempo.

– Você fala como se não quisesse ganhar. – Quinn observou e estremeceu.

– Eu quero. Quem não quer riquezas vindas da Capital pelo resto da vida? – Perguntou a Quinn que franziu tentando pensar em uma resposta, mas Puck falou por ela. – O problema é que ninguém quer passar por isso tudo. – Apontou para o redor. – E eu também não quero passar, prefiro morrer ao ver você morrer.

Quinn sentiu seus olhos marejarem e antes que falasse algo o hino da Capital soou por toda a Arena.

Olharam para o céu e o primeiro que viram foi Jesse, Distrito Cinco. Seu sorriso presunçoso e os olhos brilhantes. Quinn quase vomitou ao ver aquele rosto. Ficou feliz por Rachel estar dentro da caverna e não vendo isso. Um garoto do Nove, Quinn se sentiu estranha, agora não tinha nenhum tributo do Distrito Nove. Garota do Dez. Então foi uma garota do Onze, morena com olhos expressivos e lábios grossos. Feições bem fortes e um olhar bem feroz. Era uma garota muito bonita. Puck até suspirou triste por ela ter morrido. Então foi o garoto do Distrito Doze. Quinn ficou triste por ele, era um bom garoto.

– Cinco... – Puck sussurrou e Quinn assentiu.

– Já se foram doze, agora falta mais doze. – Suspirou e abraçou as pernas levando-as até o peito.

Ficaram em silencio, dando um tempo aos tributos mortos. A cada família que perdeu mais um membro. Quinn se sentiu triste por tudo isso, ela realmente não queria que isso acontecesse. Se fosse por ela, tudo isso teria acabado, ela estaria feliz em uma casa longe de tudo, com Rachel em seus braços. Santana em Brittany morariam perto delas. Seriam uma família feliz.

– Porque não entra? – Puck sugeriu e Quinn suspirou e o olhou. – Eu fico aqui, mas lembre que amanhã terão que sair daqui, não é mais seguro.

Quinn temia isso também, se fosse por ela, eles ficariam ali até que tudo acabasse, e então a Capital arrumaria um jeito de acabar com eles pouco a pouco. Excluindo os animais da Arena, e os matando de fome. Ou secando rio e os matando de sede. Ou abaixando a temperatura e os matando de frio. Ou até de calor.

– Boa noite. – Quinn sussurrou e beijou a bochecha de Puck. Depois se levantou e entrou na caverna.

XxX

Rachel estava deitada de barriga para cima olhando para o teto. Por sorte na mochila de Puck tinha uma lanterna, e eles resolveram colocar a lanterna como luz da caverna. Apoiando-a no chão apontando para cima, assim ficava luz em toda a caverna.

– Hey. – Quinn chamou e Rachel a olhou sorrindo.

– Oi. – Cumprimentou e se arrastou para o lado, dando espaço para Quinn.

A loira deitou ao lado de Rachel e ficou na mesma posição. Só que ela olhava para o lado, vendo o perfil de Rachel. O nariz grande, os lábios grossos o queixo perfeito. Suspirou e Rachel a olhou sorrindo.

– Quantos foram? – A morena perguntou sussurrando.

Suas mãos se tocaram e Quinn as entrelaçou, Rachel sorriu com o gesto.

– Cinco, menos do que a ultima vez. – Quinn se virou de lado para encarar Rachel completamente, a morena fez a mesma coisa. Suas mãos entrelaçadas entre seus rostos.

– Faltam doze. – Rachel sussurrou e Quinn assentiu.

Elas se aproximaram mais um pouco e Quinn passou um braço pela cintura de Rachel. A mão livre da morena foi até a parte de dentro da jaqueta de Quinn agarrando a camisa da loira e puxando-a para mais perto. As duas estava com os narizes nivelando e Quinn sorriu com a sensação.

Rachel era tão perfeita.

XxX

– Seu plano está indo perfeitamente bem , Lopez. – Disse a mulher sentada em uma poltrona grande. Seus olhos azuis presos na latina que estava ao seu lado, olhando fixamente para as telas grandes na sua frente.

– Eu sei o que eu faço, Everdeen – Santana retrucou se virando para a morena ao seu lado. – Conheço bem os passos que tenho que dar antes de fazer algo arriscado.

– Isso é um dom. – Katniss observou com um sorriso enquanto se levantava da poltrona, indo até a mesa de bebidas enchendo seu copo com uísque.

Santana riu observando a mulher mais alta beber um copo do liquido amarronzado. Então seus olhos se prenderam na mais nova figura que entrou na sala. Seu andar delicado, um vestido azul da cor dos olhos.

– Francine? – Santana chamou a loira que a olhou um pouco preocupada. – Está tudo bem, tudo sobre controle.

– Ela está bem? – Frannie perguntou e Santana revirou os olhos.

– Você subestima demais sua irmã, Frannie. – Katniss sussurrou de modo audível e virou para a loira. – Lucy é fascinante.

Santana riu novamente e Frannie sorriu para a tela, vendo sua irmã acariciar o rosto de Rachel Berry. O olhar intenso que trocavam fazia todos que assistiam, sentir o que elas sentiam.

Mas uma pessoa entrou na sala. O andar despojado fez com que a outra pessoa que o acompanhava, revirasse os olhos. Effie e Haymitch entravam na sala, seguidos por Peeta, que foi até sua esposa colocando um braço ao redor da cintura da morena.

Santana suspirou e olhou para Haymitch que tinha um sorriso de satisfação enquanto via a troca de carinhos na tela.

– Já é muito polemico se dois tributos de um Distrito viram amantes. O quão polêmico seria se dois tributos de Distritos diferentes, e ainda mais, meninas, virassem amantes? – Haymitch observou enquanto caminhava até a mesa em que Katniss estava a pouco tempo, enchendo seu copo que sempre carregava.

– Posso dizer que é muito, muito polêmico. – Santana enfatizou enquanto sentava em um sofá que tinha na sala.

– E eu mal posso acreditar que essa ideia veio de você! – Katniss disse apontando para Haymitch que deu um sorriso irônico e apontou para Santana que revirou os olhos.

– De qualquer forma, que fez todo o plano fui eu. – Santana deu de ombros e olhou para Frannie que ainda tinha os olhos nas garotas.

– Como você sabia que isso iria acontecer? – Katniss perguntou para Santana que sorriu.

– Fácil. Quinn sempre dizia que a voz Rachel Berry era a coisa mais fantástica que ela já tinha escutado em toda sua vida. E é verdade, Quinn simplesmente fica hipnotizada quando escuta a Berry cantar. E bem, Quinn é muito sexy. – Riu e então pigarreou antes de continuar. – Berry não iria resistir a doçura e sensualidade que irradia de Quinn. E o melhor de tudo, a Capital iria enlouquecer se suas duas queridinhas se apaixonassem. Snow iria pirar!

Katniss gargalhou juntamente com Haymitch, os dois fizeram um brinde entre eles. Odiavam Snow mais do que qualquer um naquela sala. Peeta também odiava o velho, mas preferia sorrir e observar tudo.

Depois que sua irmã morreu no ataque da Capital, Katniss Everdeen ficou extremamente fria. Santana observava isso com o tempo, e tinha até medo dos olhos azuis. Eles não eram quentes como os de Brittany.

Então Santana voltou a olhar para a tela. No momento Quinn e Rachel estavam envolvidas em mais um beijo. Parecendo mais apaixonado do que o outro. Quinn estava meio em cima de Rachel, e a morena tinha os dedos presos nos fios loiros, gemiam o pouco. Santana sabia que a transmissão delas estava cortada, e a Capital provavelmente mostrava outro tributo que estava andando pela Arena, mas eles conseguiam ter total vista delas. E, sinceramente, estava começando a virar uma série americana antiga, mas eles não iriam mudar, não podiam cometer essa falha.

Santana tinha um plano perfeito. Com falhas? Sim, claro, todos os planos tinham falhas, e o dela, as falhas eram enormes, mas por enquanto tudo ocorria bem, ela sabia que um erro tudo poderia se acabar. Então eles não podiam errar.

– Quanto a Arena? – Frannie perguntou para Santana, que olhava para a tela, enquanto todos estavam envolvidos em uma coversa.

– Plutarch também pensou em tudo, já que ele mesmo fez a Arena, encheu-a de cavernas para que elas pudessem passar mais tempo juntas. E a Arena é extensa, Puck provavelmente já percebeu todo o plano, ele é um cara inteligente apesar de tudo.

– Acha que poderíamos...?

– Não. Puckerman sabe que seria arriscado, entrei em contato com ele antes de entrar na Arena. Puckerman só deve proteger Quinn e Rachel. Isso e somente isso.

– Você sabe que Quinn não vai gostar nem um pouco quando descobrir...

– Sim, eu sei disso também. – Suspirou irritada e bufou. – Mas não aguento esses Jogos, quantas pessoas perdemos em mais dez anos? Quantas pessoas Snow já matou para ter seus segredos abafados? Odair mesmo já contou tudo a nós. Mason está totalmente de acordo. Mesmo que Quinn enlouqueça, ela terá a Berry. Nós só precisamos acabar com isso.

– Acho que ela só não vai gostar de não ter dito nada a ela. – Frannie deu de ombros. – Sabe como Quinn gosta de saber de tudo antes.

– Eu sei, ela odeia surpresas, por isso mesmo que estou fazendo isso. Se ela soubesse, ela poderia colocar tudo a perder, não podia fazer isso.

– Você está fazendo a coisa certa, Lopez. – Katniss se aproximou delas e olhou para a latina. – Eu sei como é não saber dos planos, mas sei como é perder alguém importante. – Ela pigarreou. – Nós não podemos arriscar.

– Obrigada, Everdeen.

Eles não podiam arriscar, tudo tinha que sair perfeitamente certo, nada poderia dar errado.


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Notas finais do capítulo

E ae!! Sim eu amo Lana Del Rey!
Então, nesse cap as coisas estão meio confusas, mas tivemos o mais importante... Faberry Kiss!!!