Guerreiros de Gáler escrita por Marko Koell
Notas iniciais do capítulo
Capítulo perdido na época. Eu tive que reescrever e com isso todo o rumo da história mudou. A coisa tomou outro rumo daqui em diante, então pede-se o máximo de cautela possível com a leitura dos capítulos a seguir.
— Quem ousa entrar nestas terras? – disse uma voz rouca e fria naquele salão escuro.
Os Arknats entraram no salão do rei vagarosamente, temendo o pior. Suas mãos estavam sob a espada quase solta na bainha caso fosse necessário, enquanto na outra, cada um deles usava a arma que Madros havia lhes concedido. O cheiro no salão era horrível, e não se podia ver absolutamente nada, mesmo com a pouca luz que entrava com a porta aberta. Urkatho seguiu em frente, com sua forma medonha de andar devido a problemas com a perna, e chegou ao que aos olhos de Táro percebeu, ao centro do salão.
— Visitantes das terras claras meu senhor. – disse ele.
O rei pareceu bufar com a desaprovação.
— Digam seus nomes, seres do oeste.
— Sou Táro, este é Káros e Jhuan, somos...
— Sim, a história sobre seres das terras claras que viriam ao ermo do mundo. Chamados tão erroneamente de Arknats, os desbravadores. Eu bem sei o real motivo de estarem aqui.
— Pedimos desculpas, senhor destas terras não conhecidas aos nossos ouvidos, não foi a nossa intenção invadir seu espaço e tão pouco atrapalhar. Mas acredito que o destino tenha nos trazido aqui para algum motivo. – disse Táro.
— Destino? – sibilou o rei – Isto de nada tem haver com o destino, pois ele ainda não foi escrito por aqueles que estão acima de nós.
— E aos que estão abaixo?
— Eu bem sei a quem você, jovem Táro, se refere. Netus, não é mesmo? Ah sim, o profano. Netus não vive de linhas marcadas, ele as cria ao seu prazer e logo nada somos do que brinquedos em suas mãos.
Táro tirou a mão de sua espada, e baixou o seu cajado e com um leve movimento na mão pediu para que Káros e Jhuan, que desaprovou com um olhar a atitude de seus amigos, baixassem as armas também.
— Uma boa ideia, entretanto não é o que seus corações ainda jovens sentem vontade de fazer. Mas não teimam, se o acaso os trouxeram até mim, tal motivo ainda vamos descobrir. E se não tiveram a audácia de matar Urkatho, este ser tão desprezível, logo eu não vejo motivo para agir de tal maneira. Sim, somos todos seres criados por Netus, no entanto não pertencemos mais a ele.
— Mas se são seres das trevas, então porque deveríamos confiar em suas palavras?
— Jovem Táro, filho do regente das terras do oeste... Por que eu quero o mesmo que vocês. – neste momento o rei mostrou sua face na pouca luz que jazia no salão, ele era alto e esquelético, pouca carne em seu corpo, longos dedos e pernas gigantescas, diferentemente de seu tronco arcado que era desigual a todo o corpo. Seu rosto era longo e tinha dentes grandes e afiados, vestia-se com algo que parecia uma túnica mal costurada e rasgada — Eu sou Kaàkur, o primogênito e príncipe de Gúmor. Netus é meu pai!
Kaàkur ordenou que Urkatho se retirasse do salão, e que trouxesse archotes para iluminar o local, e assim fez a criatura, voltando pouco tempo depois arrastando duas pequenas toras e levando para próximo do rei, que pareceu insatisfeito com a luz.
— Somos seres da escuridão, não ousamos ficar muito perante a luz, pois ela cega nossos olhos... Mas por ser um príncipe, tenho lá minhas motivações e direitos. Se aproximem, e embora seus nomes já tenham sido trazidos pelos ventos, eu desejo saber mais sobre esta tal missão. – disse Kaàkur sentado em seu trono, que nada mais era do que um pedaço de um tronco de uma árvore apodrecida.
— Um príncipe sem coroa? – disse Jhuan – Qual o motivo de ser banido das terras de seu pai?
— Meu pai tem uma forma peculiar de amar seus filhos. – disse Kaàkur os olhando com aqueles olhos brancos e enormes — Se ele percebe que sua geração não lhe trará frutos ele os abandona. Logo quando ele chegou, ele me criou e disse que eu seria o seu reflexo. No entanto quando eu percebi que eu poderia ser jogado ao fogo por não fazer algo que o agradasse, eu o indaguei e fui mandado para este lugar. As Terras dos Mártires, pois é o que somos.
— Quer dizer que Netus, o difamador, resolveu não matá-lo? – disse Káros – Difícil acreditar. - Kaàkur sorriu.
— Eu sei o que está fazendo jovem Káros. Quer me testar para ver quão confiável eu sou, mas estando nestas terras de nada podem fazer a não ser acreditar em minhas palavras. – Kaàkur olhou para Táro — Você disse a eles o porquê aceitou vir até aqui, Táro?
— Do que ele esta falando? – perguntou Jhuan.
— Madros deu a permissão. – disse ele.
— Madros? Mas em qual momento ele se apresentou a você? – retorquiu Káros.
— No momento que vi Urkatho. Ele disse: siga sem medo, pois eles não terão forças contra vocês. De certo modo, acredito que ele tenha falado o mesmo com vocês, vendo que não se opuseram a vir.
— Sim, mas ele não me disse sobre eles não terem força.
— Jhuan, por favor, este não é o momento para...
— Duvidar de seu rei. – disse Kaàkur ironicamente – Mas este tal Madros está certo. Nós não temos força para lutar com seres de tanta luz. Somos fracos, e apenas os chicotes nos fazem lembrar que temos que viver, pois Netus prometeu que se sucumbíssemos a morte, ele estaria pessoalmente nos esperando do outro lado para causar muita dor.
— Por ele ter fracassado? – perguntou Káros.
— Sim! Mas mesmo que minhas histórias possam elevar seus conhecimentos sobre Netus, ele é um ser mutável, e de nada adiantaria isso. Como eu disse, desde então, eu procuro uma forma de derrotá-lo, e já que vocês estão aqui, eu gostaria que partilhassem de seus planos.
— E por que quer derrotá-lo? Para tomar o seu lugar?
— Táro, eu não posso tomar o lugar dele, pois Netus nunca morrerá em definitivo. O máximo que podem fazer é mandá-lo para o Oncor, lugar de sua fútil morada e aprisioná-lo lá, e apenas a luz poderá fazer isso.
— E o que sugere que façamos?
— Eu não sei. Não sou tão sábio como aquele que está acima de nós, não fui criado para esse propósito.
— E qual foi?
— O que seu nome, Táro, significa?
— Isso cabe a eu saber e a mais ninguém.
— Então porque quer saber o significado do meu?
Táro ficou mudo por algum tempo.
— Talvez porque estamos acima de você, talvez não em número mais em poder e sabedoria. Não tente nos testar, criatura imunda. – disse Jhuan, desembainhado sua espada.
— Acalma-se Jhuan. Ele esta certo. Peço desculpa por tal indulgência senhor das Terras dos Mártires. – disse Táro o reverenciando. Jhuan mais uma vez desaprovou tal atitude, e mesmo que Káros não entendesse o porquê de Táro ter feito aquilo, ele também o fez — Fomos designados a encontrar os três deuses outrora criados pelo Divino, nosso senhor maior.
— Hm – Kaàkur ficou pensativo e seu olhar pareceu repousar naquela escuridão — Meu pai, me contou uma história sobre terras que ele invadiu no passado, no entanto ele contou apenas o que lhe convinha contar, nela ele mencionava um mundo cheio de deuses que ele consumiu a alma uma a uma. Mas ele sentiu algo diferente em certo momento e resolveu partir, voltando um tempo depois. Foi quando ele percebeu que aquele mundo ainda tinha vida, e lá ele abriu os portões do Oncor para que fizessem uma busca. A busca dos Gaàrgúë, não se espante pelo medonho nome, a língua dos oncorianos é a pior e mais difamatória que existira por todo este universo, mas trazendo a tradução mais lógica, seriam estes chamados de Ceifadores. Ele disse que sabia de certas coisas, e que quando chegasse o momento certo, se caso ele não fosse capaz de suportar uma derrota, que tais Gaàrgúë infligiriam dor e sofrimento até pior do que ele. Obviamente seus seletos e fiéis comandantes não queriam lamuriar perante a eles, e armaram uma caçada contra os deuses daquele mundo. Netus conseguiu expurgá-los de lá, e tomou aquelas terras. Quando ele avistou esta terra ele disse: Orr gôque-akuriun Gáalier trescoauntum iuea, que significa, “que seja então Gáler a sofrer meus castigos eternos”. Sim. Netus sabia para onde os deuses estavam, eles foram os primeiros habitantes de Gáler.
— Quer dizer então, que Netus está aqui, porque tais deuses foram retirados a tempo de suas garras? Ele dominou Gáler por vingança? Indagou Táro.
— Netus não deixa se quer uma alma escapar de suas mãos, e ele consumiu mundos e mundos até chegar aqui. Sim. Brincar de se vingar, está é a essência de meu pai. – disse Kaàkur — Mas este tal Divino que vocês mencionam, ele foi o responsável por trazer tais deuses a Gáler, com qual propósito, eu ainda não sei.
— O que de fato esta querendo dizer? Que o Divino os trouxe e se arrependeu e por conta disso criou e deu vida a Sölly e a Lyha, talvez por não acreditar que tais deuses pudessem vencer Netus? – perguntou desta vez Káros.
Kaàkur o olhou firmemente.
— Outros universos como este existe, completamente sem vida alguma, apenas uma bela miragem aos olhos daqueles que assim querem ver. E este tal Divino ao qual tanto respeitam bem sabe o que faz. Quem seria capaz de ir contra aos seus planos? Serão vocês? Seres criados pela criação do criador de tudo o que existe?
— Peço um momento para indagar sobre uma questão que me veio à mente neste momento. – voltou a dizer Káros.
— Diga rapaz!
— Se o Divino tem o poder de criar tudo, logo ele criou Netus. Com qual a finalidade?
Kaàkur sorriu.
— Não parece obvio? Porque mais um criador teria a decência de armar uma guerra em teu nome? – Kaàkur inclinou seu corpo — Para que não caia no esquecimento.
— Não acredito em suas palavras. – disse Táro.
— E qual foi o momento que eu pedi para que acreditasse? – Kaàkur se ajeitou em seu trono – Sou apenas um servo, e criado para um propósito que não quero seguir, por perceber que não valerá à pena. Mas meu pai bem sabe o que quer, e ele fará de tudo para conquistar aquilo que almeja. E tenha certeza meus caros Arknats, ele fará.
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Gostou? Este foi um capitulo que eu fiquei na duvida se daria enfase ou não, até pensei em apagar e escrever de novo de uma outra forma. Mas acredito que na revisão dele, e com poucas mudanças que eu fiz, acredito que tenha ficado de uma forma sútil.
Qual a sua opinião? Deixe seu comentário!!! Será que perceberam de quem eu falo?