Are You Mine? escrita por Clove Flor


Capítulo 21
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

~~~~~~~~~ SUPER IMPORTANTE ~~~~~~~~
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Eu tenho que ser sincera com vocês. Eu não achava que iria voltar a escrever.
Mesmo.
Quem lê as notas da fanfic sabe que normalmente uso isso aqui como um desabafo, e que eu mudei de estado no final de 2014. Foi um grande baque e eu não estou acostumada até agora, principalmente com o que aconteceu.
Eu demorei pra postar o capítulo porque roubaram meu computador.
Eu não o deixei no colégio (como se eu levasse), ou sei lá o que. Ele estava no meu quarto. Esse foi o pior de tudo. O único lugar do mundo que você se sente protegido.
Entraram na minha casa e roubaram apenas o meu computador -- apenas. Todas as minhas fotos com os meus amigos da minha cidade antiga. Todas. Todas. Meus arquivos - a ultima vez que eu havia passado os arquivos pro pen drive tinha sido há 4 meses, então pude salvar muitas coisas, mas aprox. 10 arquivos importantes, como o projeto do meu livro, foram perdidos. Roubados de mim.
Então eu realmente achei que nunca mais iria escrever.
Mas eu tô aqui.
///
Isso não é um epílogo. Ainda vai ter mais história - não garanto que muuuitos capítulos, mas mais alguns!
É ISSO, BEIJÃO GENTE
Espero, de todo coração, que vocês gostem, porque ta difícil.
(MAS EU ACHO QUE CES VÃO GOSTAR SIM HEHEHEHE)

COMPENSEI A DEMORA COM O MAIOR CAP DA FIC EEEEEHH



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Point of View – Clove

Eu realmente não estava preparada para esse tipo de conversa mãe e filha, mas ela foi mais rápida que eu. Foi logo na primeira noite que tive alta e voltei para o meu quarto que, com uma enorme felicidade notei, estava fechado por uma porta branca. Antes que eu pudesse dormir, minha mãe entrara no quarto com duas xícaras de chocolate quente. O seu nariz estava vermelho e os olhos um tanto inchados.

Senti o colchão da minha cama afundar com o peso dela, que se sentava do meu lado.

Demorou alguns segundos para começar a falar.

— Eu quase te perdi há alguns dias.

Minha boca estava seca e o meu coração muito acelerado no peito. Respirei fundo, como o médico havia me dito para fazer quando ficasse nervosa. Inspira, expira. Inspira, expira.

— Pois é. – foi tudo o que consegui responder na hora. Eu me sentia tão envergonhada por ter falhado e preocupado todo mundo. Tudo bem que a ideia não estava mais na minha listinha de metas, só que ela não saia da minha cabeça. Eu numerava todos os meus motivos, sentia a ânsia subir pela garganta novamente e a vontade voltava com força, junto com as lágrimas ardentes e doloridas. Inspira, expira. Inspira, expira. Vou ficar bem. Vou ficar bem. Não pensa nisso, vai dar tudo certo. Inspira, expira.

— E e-eu não se-ei o que teria f-feito sem vo-você...! – minha mãe começou a soluçar e arregalei os olhos, surpresa com sua emotividade. Senti um nó na garganta. – Você é a minha filha e eu não tô cuidando bem de você...

Quando ela começou a chorar, não resisti e deixei que as lágrimas descessem com força pelo meu rosto, chacoalhando meu corpo. Eu quebro todo mundo. Sempre machucando e os deixando pra baixo.

— Você não fez nada de errado – solucei, apesar de saber que sua ausência na minha vida implicara com as consequências. Era... apenas o que ela precisava ouvir no momento. – Sou eu, mãe, sempre fui eu...

— Não tem nada de errado com você! – sua voz esganiçou e minha mãe ergueu seus olhos vermelhos e molhados pra mim, segurando com força meus braços. – Me escuta direito, Clove: não tem. Nada. De errado. Com você.

Chorei mais. Muito mais. Até meus olhos incharem e a xícara de chocolate quente esfriar entre minhas mãos.

Mas me agarrei nas palavras da minha mãe, me segurando a cada uma delas para que nenhuma escorregasse de dentro de mim.

Não tinha absolutamente nada de errado comigo.

[...]

Por mais que eu implorara para ficar um pouco mais no meu quarto, minha mãe me fez sair de casa. “Já perdeu muitas aulas” ela argumentou. “Se não se esforçar, vai repetir de ano – e você não quer isso, quer?”.

Eu realmente não estava pronta para encarar o dia lá fora.

Mas ergui a cabeça e entrei na estação do metrô, escolhendo um assento ao lado da janela e tentando não pensar nas perguntas que provavelmente eu receberia dos colegas e professores da sala. O que eu poderia dizer?

Pneumonia foi a primeira coisa que se passou na minha cabeça, admito.

Havia muitos alunos dentro do mesmo vagão que eu, mas acredito que apenas dois me reconheceram. Talvez ninguém fosse perguntar nada, na verdade. Talvez nem tenham sentido minha falta.

Estava garoando lá fora. Eu vestia um moletom que engolia o meu corpo, mas não sentia muito frio realmente – um bom esconderijo era bem vindo sob aquelas mangas gigantes.

Poucos passos antes de passar pelo portão do colégio, respirei fundo algumas vezes. Eu posso fazer isso, claro que posso. É só a escola. Ninguém aqui sabe de nada.

Arrumei a alça da mochila e ergui a cabeça novamente, sentindo um falso sentimento de coragem. As coisas iam dar certo. Tudo iria ficar bem e eu teria um dia normal, assim como costumava a ter. Vou me encontrar com... Katniss... que já deve ter me perdoado, não é?... Finnick... Cato...

Vai dar tudo certo, vai dar tudo certo.

Consegui atravessar o portão e evitei olhar para qualquer lugar que não fosse para frente. Não iria me desconcentrar. Aquele era o meu objetivo: assistir as aulas e voltar para casa. Não poderia ser assim tão difícil.

Não consegui pensar muito depois que, ao adentrar o pátio, ser puxada com força contra a parede exterior do colégio.

Uma mão apertava o meu punho e eu tentei gritar desesperada. Fechei os olhos, rezando, porque eu não sabia mais o que poderia fazer se acontecesse algo comigo. Isso foi uma péssima ideia. Tudo isso é uma péssima ideia.

Por que eu, Deus?

Por quê?

— Clove, Clove, shh... Céus, eu te machuquei? Me desculpa, me desculpa, é a adrenalina... – abri os olhos devagar, tentando respirar normalmente pela boca, visualizando os cabelos loiros de um garoto mais alto que eu. O dono dos olhos azuis pegou a minha mão em que antes estava segurando e a levou sobre o seu peito coberto pela camisa branca. – consegue sentir? – ele riu de leve, mostrando duas covinhas. Seu coração bombeava o sangue com força e velocidade.

Peeta.

O que Peeta queria comigo?

— Sério, me perdoa, eu não queria te assust- -

— Tá tudo bem, Peeta. – sussurrei, um pouco desconfiada. O que quer que fosse, ele bem que podia ter feito isso dentro do colégio, longe da garoa que ficava cada vez mais forte. Cruzei os braços e olhei para o chão, esperando. – Hm, aconteceu alguma coisa?

Ele respirou ruidosamente.

— Bem, eu conversei com a Katniss... E, você sabe, ela me contou... o que, hm, aconteceu...

Ergui os olhos para ele, super desconfortável. Quem Kat era para contar para ele sobre qualquer coisa de mim? Eu queria correr. Pra bem, bem longe.

Peeta remexeu algo no bolso, parecendo ter alguma dificuldade ao tentar alcançar algo. Esperei.

Ele tirou um maço de dinheiro.

Eu não poderia estar mais surpresa.

— Peeta, o que você...

— Peguei da padaria. Não se preocupe, não é um roubo, são das minhas vendas e...

— Peeta! – exclamei quando ele puxou um braço meu e enfiou as notas na palma da minha mão. – Eu não posso e nem vou aceitar o seu dinheiro!

O que era isso, afinal? Não conseguia pensar. Era tão absurdo e surpreendente que minha cabeça começou a girar e eu não sabia o que fazer.

— Você não precisa me pagar de volta, vou cobrir com algum trabalho extra.

O olhei aterrorizada, negando forte com a cabeça e empurrando o dinheiro de volta para ele.

— Não, não, não... – balancei a cabeça repetitivas vezes, envergonhada.

— Pelo amor de Deus, Clove, aceita logo esse dinheiro e tira a Katniss disso! – Peeta esbravejou. Suas narinas estavam dilatadas e algumas gotas da chuva um tanto fraca escorriam entre seus fios loiros, pingando em sua blusa. Ele sempre fora tão calmo. – Eu sei que as coisas não andam bem pro seu lado, mas agora você vai ter que parar de pensar só em si mesma e olhar ao redor! – o garoto respirou e eu estanquei, parada, apenas absorvendo suas palavras. – Vamos lá – ele estendeu novamente o dinheiro. – só tira a Kat disso, Clo. Só tira a Kat disso.

Seus olhos azuis claros estavam marejados enquanto suplicava pra mim. Céus, ele realmente gosta dela.

Segurei as notas e as apertei com força, assentindo devagarzinho.

 

Point of View – Katniss

 

O dia estava nostálgico. O céu estava nublado e caia uma fina garoa do lado de fora da janela da sala de aula. Apesar de que eram oito e meia da manhã, estávamos com as luzes acesas.

Clove havia aparecido na aula. Faziam dois ou três dias em que eu não falava com ela, mas tentava deixar claro de que eu não estava evitando-a – apesar de que, no fundo, eu realmente estava. O que eu poderia fazer?

Não a encontrei no intervalo, mas percebi que Cato estava um pouco atordoado e parecia estar procurando-a por todos os lados. Annie não abriu muito a boca sobre o assunto, mas comentou sobre seu pseudo-término com Finnick, e fiquei triste pelos dois, apesar de não ter entendido muito bem a história.

— Tinha muita coisa entre nós, Kat... – ela sussurrou, mexendo o canudinho na sua lata de Sprite. – Não ia dar certo.

— Espero que tenha pensado direito... – alertei, erguendo uma sobrancelha. Eu achava que eles estavam se dando bem, apesar dos acontecimentos com Clove.

— Acredite, pensei. – Annie ergueu seus olhos verdes e esticou os lábios para mim. – Eu tô bem, te juro... É só o momento.

Agarrei sua mão por cima da mesa, apertando-a com um pouco de força:

— Estou muito orgulhosa de você, Annie. De verdade... você está sendo muito forte. – eu disse com sinceridade. Ela sorriu mais uma vez e contraiu seus dedos levemente nos meus, agradecendo.

— Nós todas estamos, Kat.

De alguma forma, estávamos.

[...]

Três dias depois, eu e Prim fomos para o centro do 12 para cumprir algumas tarefas no lugar da nossa mãe. Prim decidiu que iria na farmácia comprar alguns remédios ou ervas, algo assim, e eu me responsabilizei de ir na padaria e em uma floricultura comprar mais adubo.

Quando adentrei o estabelecimento, percebi o movimento incomum. Haviam muitos clientes esperando na fila do caixa e alguns impacientes ao aguardarem por mais diversidades de produtos saírem do forno.

Eu o avistei rapidamente. Seu avental estava sujo de farinha, como sempre, e duas marcas um tanto arroxeadas surgiam na pele sob seus olhos azuis. Peeta parecia extremamente exausto.

Chequei meu relógio. Faltava meia hora para eles fecharem a loja, mas com a quantidade de clientes, provavelmente ultrapassariam esse limite.

— Ei, - me aproximei do balcão, chamando sua atenção. Ele estava elétrico, enchendo os pacotes de pães franceses e baguetes conforme a quantidade que o cliente pedia. – precisa de ajuda?

Seu olhar se suavizou levemente quando me encontrou e isso fez meu coração derreter um pouco.

— Não queria dizer isso, mas preciso. – sorri, assentindo e erguendo uma tampa do lado da bancada que servia como passagem para funcionários. Eu não tinha ideia de como iria ajudá-lo, afinal, eu havia oferecido sem esperar por uma resposta séria, mas estava contente de poder ser útil de alguma forma. Peeta me indicou rapidamente um avental pendurado ao lado de uma porta branca aberta, onde dava lugar a cozinha. – Você pode ir pesando os produtos que eu te entregar nessa balança? – Peeta apontou para o objeto perto de nós. – Aí é só apertar o botão verde, imprimir a etiqueta e colar na sacola. Tudo bem?

Concordei.

[...]

Enquanto pesava o produto dos últimos clientes, olhei com o canto do olho para Peeta. As suas bochechas estavam vermelhas e ele tentava cumprir suas atividades, como repor o estoque dos itens nas prateleiras, atender todos os clientes e coisas assim, com a maior velocidade possível. Já haviam se passado a meia hora, mas não iríamos demorar tanto assim para terminar. Me perguntei se Prim estaria bem e se já teria voltado para casa.

Peeta, com os cabelos loiros penteados para um lado, o sorriso doce no rosto e o olhar apaixonante enquanto agradecia a última cliente, não parecia ser o tipo de cara que fosse a um estúdio de tatuagem...

Chacoalhei a cabeça quando a imagem do loiro sem sua blusa se formou nela. Que idiotice a minha, lembrar apenas da tinta na sua pele e não dos ferimentos no seu corpo...

— Kat? – o ouvi chamando e logo arregalei os olhos, distraída. Peeta estava sorrindo com um canto dos lábios e havia se apoiado em um balcão atrás de si, cansado. – Terminamos.

Olhei ao redor. O irmão do meio de Peeta que estava no caixa havia fechado as portas de vidro e as trancado, virando a plaquinha de “Fechado”. O garoto bocejou e acenou para nós dois após retirar o dinheiro guardado no caixa e o levado consigo para outra sala.

— Me desculpa por isso. Mesmo. – o loiro começou, esfregando a mão nos olhos fechados. – É que o meu irmão mais velho, o Ian, foi pra faculdade, dois funcionários entraram de férias semana passada e o Thomas não sabe mexer naquele caixa direito...

— Ei, não tem problema, Peeta – avisei, me aproximando dele e apoiando o cotovelo no balcão também. Eu estava bem perto e podia sentir o aroma de pães assados do seu avental. – Só ajudei por meia hora. Foi nada.

Ele lançou a cabeça pra trás e olhou pra mim com o canto dos olhos azuis, sorrindo.

— Você definitivamente vai ganhar algo por isso.

Arregalei os olhos, irritada. Peguei o pano que estava no bolso frontal do seu avental e o chicoteei no seu próprio ombro:

— Eu não vou ganhar nada! Só estava te ajudando, Peet!

O garoto começou a rir e isso me deixou um pouco mais irritada. Nunca tive a intenção de lucrar ao tentar ajudá-lo!

O chicoteei novamente, irritada por ele estar rindo enquanto eu estava brava.

Peeta, por reflexo, segurou o pano, ainda gargalhando. Eu, sem querer, sorri minimamente com o som da sua risada. Era meio rouca e feliz demais para não se contagiar um pouquinho também.

— Ok, ok, ok – ele sugou o ar. – Pelo menos me deixe te dar o que quer que você tenha vindo comprar.

— Feito. – sorri, pensando que talvez mamãe e Prim não se importassem de eu trocar os pães por um bolo decorado que eu havia visto na mesa da padaria.

Permanecemos por alguns segundos em silêncio, Peeta com os olhos fechados e com os cotovelos apoiados no balcão. Ainda havia resquícios da sua risada brincando com seus lábios.

— Você está péssimo. – observei, mesmo que não fosse exatamente verdade. O loiro parecia exausto e as olheiras sob seus olhos estavam transparentes. – Anda dormindo bem?

Ele abriu um olho, erguendo a sobrancelha:

— Preocupada comigo, Kat?

Franzi a testa.

— Bem, eu sei que você se preocupa comigo. Qual a surpresa?

— Nenhuma. – ele sorriu doce, olhando para mim. Então, fugiu da minha pergunta: – Qual o seu horário para voltar pra casa?

— Como você sabe que eu tenho hora para...

O olhar que Peeta me lançou me fez calar a boca.

— É claro que sua mãe iria criar um, Kat.

— Nove horas. Ainda temos muito tempo. – corei, um tanto desconfortável.

— Tempo para o quê? – ele provocou, sorrindo maroto, e eu quis estapeá-lo. – Estou brincando, estou brincando. Vamos lá, o que você iria comprar?

Desamarrei o avental e o pendurei de volta no lugar em que eu havia pegado. Voltei para as mesas de produtos no centro da padaria e observei os bolos menores decorados, mostrando para o loiro um bolo de um quilo e meio enfeitado com rosas brancas de chocolate. Era lindo e encheu minha boca de saliva. Não era caro o suficiente para ser difícil de acreditar que eu pudesse comprá-lo.

Peeta sorriu e pegou o doce das minhas mãos, voltando para o balcão e o embalando corretamente.

Depois de alguns segundos, ele disse de repente:

— Eu que decorei esse aqui.

Arregalei os olhos, surpresa.

— Pensei que você, sabe, apenas... comercializava. Ficou lindo, Peeta, de verdade!

— Faço os dois. Dependendo do dia, eu fico na cozinha ou no balcão. Bem, ontem e hoje fiquei nos dois. – ele riu, mas não estava exatamente feliz. – Mas tá tudo bem, amanhã as coisas já voltam ao normal. Pronto, aqui está. – Peeta mostrou o bolo embalado em uma sacola.

— Obrigada. – agradeci, sincera, mas ele não a entregou para mim.

— Vamos lá, eu te acompanho até a sua casa. – ele disse, retirando seu avental e lavando suas mãos em uma pia próxima para tirar a farinha delas.

— Ah, não, não, não precisa. – me apressei em avisar. – Você está cansado e minha casa não é longe. Sério, não precisa se preocupar.

— Bem, - o loiro começou, pegando a chave da padaria e parando ao meu lado, sorrindo apenas com os lábios. – você sabe que eu me preocupo.

Maneei a cabeça, sentindo o coração acelerando no peito. Eu tinha um pouco da noção de que o Mellark gostava de mim, pelo menos um pouquinho, porque me lembrava de quando ele havia perguntado se eu tinha namorado e de como ele me ajudara naquela péssima noite no meu aniversário. Eram coisas que se faziam quando se gostava de alguém, certo?

Certo?

As luzes amarelas dos postes na rua já estavam acessas e o céu começava a escurecer. Peeta andava tranquilamente ao meu lado, tagarelando um pouco sobre seu irmão Ian e sobre seu novo posto de monitor nas aulas de artes. Ele estava lindo, apesar do que eu havia dito mais cedo. As luzes do bairro refletiam no seu cabelo dourado e ele tinha esse sorriso fácil nos lábios... Me perguntei quantas vezes Delly havia o visto dessa maneira, tão natural, e tentado não se apaixonar por seu melhor amigo. Peeta, não faz isso comigo, pensei inutilmente.

Quero dizer, eu já tinha uma ligação forte com ele. Para quem eu ligara quando soube sobre Clove no hospital, buscando algum apoio?  Eu já o tinha no topo da lista de pessoas em quem confiar. Talvez fosse pelo incentivo da minha mãe a “ser sempre boa com Peeta Mellark”, mas, no fundo... eu realmente me sentia protegida de alguma forma com ele. Me sentia salva.

— E você? – ele perguntou de repente.

Ai meu Deus, eu não prestei atenção no que ele tava falando.

— Hm... – murmurei, tentando me lembrar de qualquer coisa que ele tenha dito antes. Peeta havia parado de andar e estávamos parados sob a luz forte de um dos postes da rua. Ele me olhava com um sorriso de canto, como se percebesse minha distração. Peeta não era muito mais alto que eu, mas ainda sim eu precisava olhar um pouco mais pra cima para poder manter qualquer contato visual.

Inconsequentemente, olhei para seus lábios esticados.  Fiquei me perguntando, voltando a me perder em pensamentos, em como seria se eu simplesmente os beijasse.

Então foi exatamente o que eu fiz.

Me aproximei um passo rapidamente, num ímpeto de coragem, e ergui um pouco meu corpo nas pontas dos pés para alcançar sua boca.  Quando elas se encostaram, pude perceber a surpresa do garoto ao retesar seu corpo. Eu tinha fechado os olhos com força, mas eu os apertei ainda mais quando, ao pensar que iria desmoronar por causa das pernas bambas, senti as mãos de Peeta tocando timidamente minha cintura, a sacola que ele carregava com o bolo batendo contra a minha perna.

Era a primeira fez que eu beijava um garoto.

Pelo menos de verdade.

Mas eu não conseguia entender se meu coração batia forte por esse motivo ou por ser Peeta ali comigo. Sua boca era macia e se movimentava contra a minha com calma. Levei minhas mãos, antes paradas ao lado do meu corpo, e as coloquei em suas bochechas, puxando-o um pouco mais para perto de mim, querendo o sentir melhor, o conhecer melhor.

Peeta se afastou poucos centímetros, seu nariz esbarrando no meu enquanto ele respirava profundamente. Estava sorrindo.

— Belo jeito de fugir da pergunta. – ele riu, beijando levemente a ponta do meu nariz. Minhas mãos continuavam tremendo sobre a sua pele e eu ri, um pouco corada. Dessa vez, Peeta que me beijou.

Pareceu ser melhor do que o primeiro. Eu o sentia sorrindo contra minha boca, tentando levar o beijo realmente a sério, e eu descobri que aquela deveria ser a melhor sensação do mundo.

— Temos que ir. – ele murmurou, seus lábios se esbarrando nos meus. Assenti devagarzinho, com os olhos fechados, ainda tendo o seu gosto em mim.

Peeta segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos com força, e eu me senti totalmente envergonhada e feliz.

Principalmente feliz.


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Notas finais do capítulo

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