Are You Mine? escrita por Clove Flor


Capítulo 20
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

EU DEMOREI TANTO PRA POSTAR EU SEI MAs: gente, eu tava viajando desde o dia 9 de dezembro e voltei essa semana ------- estava sem computador, e tentei escrever em um mini computador que meu pai tinha levado, mas não daaaaaava juro mesmo.
Espero que vocês ainda acompanhem a história, de todo coração.

GALERA então, to achando que esse cap encerra legal a fic, sei não JHSDVFJLHVA SERIÃO GENTE BOMBA AQUI PRA VOCÊS POW
MAS de qualquer maneira, até eu me decidir, saibam que, mesmo se for o último, teria um epílogo, ok? DSLJHFVLJSFV GENTE EU VOU PENSAR COM CARINHO PORQUE TEM COISAS PRA RESOLVER E BEIJOS PRA ACONTECER

Espero que vocês gostem do capítulo. Sei que vou levar muitos tiros, mas eu sinceramente gostei bastante.
Beijão



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/451064/chapter/20

Where have you been?
Where did you go?
Those summer nights seem long ago
[...]
But if you'd send for me, you know I'll come
And if you'd call for me, you know I'll run
I'll run to you

~ old money, lana del queen


Point of View – Annie

O dia amanheceu choroso, assim como eu.

Katniss, Finnick, Cato e Peeta me ligaram repetitivas vezes na quinta feira para falar sobre o acontecimento de Clove, mas eu estava tão brava que só fui atender alguns pares de horas depois. E a primeira coisa que se passou em minha cabeça foi um “bom, seria melhor se ela tivesse morrido, mesmo”.

Depois, claro, vomitei esse pensamento junto com meu almoço no banheiro. Eu deveria correr até o hospital? Deveria me sentir culpada? Com pena? Porque eu não consegui reagir. Só conseguia ter raiva da amiga que sou e raiva da amiga que Clove é.

Porque eu não conseguia sequer pensar nela com Finnick. A ideia já me deixava enjoada, com ódio, fazendo com que eu tivesse que engolir os remédios para ataques de raiva antes da hora para não explodir. Talvez, afinal, fosse eu que estava morrendo.

Mas eu precisava encarar a realidade. Então pensei muito nesse assunto, me torturando, porque eu tinha que tentar entender. Mesmo que não conseguisse de fato.

Já era segunda e Clove não fora para a escola – dessa vez, com dispensa médica autorizada. Eu rezava para que ela melhorasse logo, mas que não retornasse cedo. Será que eu voltaria a olhá-la da mesma forma? Porque eu não aguentava pensar que ela estava se prostituindo. E que havia dormido com o meu namorado.

Namorado.

Que direito tenho eu de chamá-lo assim? Nenhum, nenhum.

É tão óbvio que estou tentando me esconder da verdade. Isso soa tão infantil quanto parece? Porque me sinto uma criancinha medrosa, tentando se proteger atrás da saia da mãe. Pensava que tinha sorte dele estar um ano acima do meu, junto de Cato, pois não teria que vê-lo durante as aulas – um meio mais fácil para evitá-lo ─ mas como eu iria conseguir dormir se não falasse com ele? Eu precisava de respostas. Precisava falar com ele, olho no olho, e tentar, tentar pelo menos um pouco, entendê-lo. Talvez assim, quem sabe, eu pudesse perdoá-lo.

E seguir em frente.

Foram com esses pensamentos que eu me encontrava na arquibancada de madeira do gramado de educação física, esperando a aula adicional de Finnick terminar. Mesmo em uma das últimas fileiras, conseguia enxergá-lo se alongando com Cato, os dois discutindo provavelmente sobre possíveis estratégias para vencer o time adversário no futebol. A regata dos dois estava molhada de suor e os cabelos grudados na testa, escorrendo.

Olhei para o lado, apoiando meus cotovelos sobre o joelho, e vi algumas poucas namoradas dos jogadores espalhadas pela arquibancada assistindo o jogo, empolgadas.

Enquanto esperava o treino terminar, o sol escaldante queimando minha pele, passei em minha cabeça todas as perguntas que o questionaria. E, consequentemente, tudo o que estaria pondo a perder.

Eu tinha que ser forte. Estava tão cansada de ser a menina assustada, com saudades da melhor amiga morta e se privando de ter um relacionamento com o seu ex melhor amigo. Eu precisava desesperadamente me desapegar do passado. Precisava estar livre de tudo isso.

Eu o assistia correndo pelo campo de futebol, sempre tão bonito, se divertindo. Por um momento pensei “que sorte teve Clove, por tê-lo tido por algum tempo”, antes de lembrar em parar de ser tão cruel com ela, que precisa tanto de cuidados e carinho.

Ouço então uma voz me chamando de longe. Ergo meu queixo da palma de minha mão e enxergo Cato, ao lado de Finnick, ambos ofegantes.

─ Ei, Cresta! – o loiro grita da pista de atletismo que cerca o gramado, vindo até o pé da arquibancada. ─ O que faz aqui?

Eu aceno e aponto para o Odair, cujos olhos insistem em não me olhar. Cato espalma sua mão nas costas dele, como se o incentivasse, e sorri maroto para mim, voltando para um grupo de amigos mais afastado. O jogo havia entrado no intervalo.

Finnick finalmente respira fundo e sobe a arquibancada até me alcançar, sentando-se ao meu lado. Sua pele bronzeada estava avermelhada pelo sol e pelo esforço ao jogar. Meu coração estava batendo muito forte com a expectativa em dizer algo, quando ele teve a estupidez de me perguntar se eu estava bem.

─ Não, Finn, não estou bem. – bufei. Era hora. As palavras deslizaram pela minha língua. ─ Clove me contou sobre vocês dois.

Ele respirou com dificuldade.

─ Até onde ela te contou? – perguntou, e eu quis socar seu rosto bonito e suado.

─ Até onde vai a história? – rebati, furiosa. Um pouco menos irritada ao tomar fôlego, cobri sua bochecha quente com uma de minhas mãos, virando seu rosto em minha direção, olho no olho. ─ Finn, você pode me contar... por favor, só me conta. Eu preciso saber o que aconteceu... e o que anda acontecendo.

Seus dedos cobriram os meus em seu rosto, segurando-os contra sua pele.

─ Eu tenho medo de te perder. De novo. – sussurrou, e meu coração derreteu um pouco.

Porque eu sabia que ele corria esse risco.

─ Não pode ser tão ruim assim. – garanti, incentivando-o. Por favor, Deus, rezei, que não seja tão ruim assim.

─ Você está tão mais doce, sabia? – Finnick disse, e eu me retraí um pouco. ─ Se fosse alguns meses atrás, você continuaria tendo repulsa de se sentar na mesma mesa que eu no refeitório.

Maneei a cabeça, concordando.

─ Eu preciso mudar, Finn. – foi o que eu disse. Estava me esforçando tanto para que desse certo...

Ele respirou fundo, fechando os olhos verdes. Através das pontas de meus dedos, conseguia sentir sua pulsação acelerada sob a pele.

─ Depois da morte de Johanna... – ele começou, e eu senti um aperto forte no peito. ─ eu fiquei meio... devastado. Perdido. Eu tentava matar o tempo livre com besteiras, como bebidas, jogos, até que encontrei esse lugar bacana, escondido, onde as pessoas um tanto mais experientes jogavam cartas e apostavam coisas absurdas, como carros e casas. Eu era bom nos jogos, mas aqueles caras, mais velhos, eram melhores, claro...

“Mas eu achava que não tinha mais nada para perder. Já não tinha você, Johanna, ou o apoio dos meus pais. Minhas notas já estavam baixas mesmo, e, puxa, eu não pensava, só jogava e apostava o dinheiro que não tinha. Até que criei uma dívida com esse cara, o Pollux. Eram uns dez mil, mas ele tinha prometido perdoar se eu ganhasse a jogada... mas, se eu perdesse, teria que trabalhar nos fundos da boate dele, como... uh... – ele pigarreou, desviando o olhar do meu rosto. Meu coração machucava meu peito de tão forte e desenfreado que ele batia, mas respirei fundo. Por favor, como músico, como músico, implorei em pensamento. ─ garoto de programa, barman, dançarino e coisa do tipo, porque, segundo ele, eu tenho um rosto bonito que atrairia as pessoas, gerando mais dinheiro pro lugar.

“E foi assim que encontrei Clove, em um desses dias, e fiquei tão feliz por ter um rosto conhecido! Não era qualquer uma, e ela estava tão bêbada e afim, que não pensei nas consequências, e ela não parecia ter me reconhecido na hora...

“E depois... ela simplesmente apareceu lá. Quase sem roupa, desesperada, e eu consegui tirá-la dali antes que ela estivesse no meu lugar, vivenciando o que eu vivi... Mas, olhe só, eu... eu consegui, Annie, a dívida foi completamente paga semana passada... Então eu sou um homem livre!... ─ Ele me olhou com um sorriso brincalhão nos seus lábios, os olhos tristes, tentando amenizar o clima. ─ Foi uma puta experiência ruim... Quero dizer... Não que transar com garotas seja ruim, sabe? Mas, ser exposto daquele jeito, fazendo esse tipo de coisa com pessoas que você nem sequer conhece, quando na verdade... bem, tem que ter sentimento, não é? ─ ele riu. Eu não estava achando graça. Eu não estava achando a mínima graça. ─ Ah, Annie. ─ Finnick me olhou triste. ─ Annie. Me perdoa. Eu perdi a cabeça e tive que lidar com as consequências. Me perdoa.

Finnick suspirou.

Lentamente, deslizei minha mão de sua bochecha, até que apenas as pontas das minhas unhas a tocassem. Eu sabia que Pollux tinha razão: seu rosto, com os traços tão bonitos, realmente atraía as pessoas. A curva do maxilar, a ponte do nariz, os cílios e o verde do olho. Os lábios rosados, tão convidativos...

Que tocaram tantas bocas.

Essa mão, que segura agora o meu pulso, já tocou tantas curvas.

Ah, Finnick. Eu que sinto muito.

Comecei a me afastar lentamente, tentando não explodir, tentando manter a calma que eu não tinha. Subitamente, quando ele se aproximou um pouco mais de mim para tentar dizer algo, me retraí, ficando de pé sobre a arquibancada, com um pouco de nojo dele. Do corpo dele. Da alma dele.

Mesmo que ele não tivesse tanta culpa assim. Era só algo tão novo, tão sujo...

─ Você está suado. – foi o que eu disse como desculpa. Ele assentiu, e eu o vi passando as mãos pelos fios de cabelos acobreados. Senti algumas lágrimas escorrerem de meus olhos e rapidamente as escondi.

─ Annie...

─ Finn, não, olha só... – respirei fundo, tremendo, os pensamentos passando pela minha cabeça com rapidez, os sentimentos fluindo de dentro de mim, gritando para transbordarem, desabrocharem. ─ tudo isso... tudo isso, desde o começo, foi péssimo e terrível, e eu sinto muito. Mas... – engasguei, meus olhos ardendo para libertar o choro. ─ mas, Finnick... eu já passei por tanta coisa com você. Já aguentei e superei tanta coisa de você, que eu não acho que eu conseguiria suportar mais isso... Você me e-entende? – e tive que cobrir meus olhos com uma de minhas mãos tremendo para que ele não visse as lágrimas escorrendo. ─ Vai ser insuportavelmente difícil, Finn...

─ Não chora... – ele sussurrou, mas quando o olhei, o vi arrastando o punho sobre os olhos, a cabeça alojada entre as mãos.

─ Não tá dando pra segurar. – murmurei entre dentes, tentando impedir que o choro aumentasse. Céus, ele tem dezoito anos e passou por tanta coisa. Em poucos meses vai estar em uma universidade, e talvez ele tenha uma vida boa. Talvez ele esqueça dessa sua fase obscura. Talvez – não, tenho certeza – ele siga em frente.

─ Annie, as coisas vão melhorar a partir de agora. ─ Finnick disse, mas eu já estava descendo a arquibancada, minha mochila pesada nas costas me lembrando de estar viva.

Parei por um segundo, respirando fundo, e olhei para trás, o observando sentado, o olhar desesperado. Sorri um pouquinho ao concordar:

─ Eu sei que vão, Finnick.

E voltei a descer, mantendo a compostura. Apenas quando já estava longe do gramado de educação física, de volta ao estacionamento, voltei a chorar. Porque eu sabia que as coisas melhorariam... Só não seria ao lado dele. E eu queria, como eu queria, que as coisas fossem mais fáceis para nós dois. Tão jovens, tão problemáticos.

Apesar de tudo, estava orgulhosa de mim mesma por ter sido tão... sensata. Tão calma. Sem extravasar, sem gritar ou machucar alguém. Sem sentir raiva, apenas... tristeza. E, logo, saudades de um alguém que havia acabado de ver, mas que não sabia se haveria outra vez.

[...]

Point of View – Katniss

Eu e Gale estávamos sentados entre o vale de duas colinas no Bairro Onze, observando o lento entardecer. Fazia um tempo desde que alguém houvesse dito algo.

─ E o que vocês vão fazer com ela?

─ Clove? – perguntei, observando-o concordar. ─ Ah, vamos tentar ajudá-la. Sabe, apoiar, fazê-la se divertir com as coisas puras, conversar com a mãe... sabe... – suspirei. A grama fazia cosquinha em meu quadril. ─ eu sei lá, Gale... Fiquei tão chocada com tudo isso, de dívida com traficante, de meu nome envolvido, de suicídio... Minha vontade é de me afastar dela, entende?

─ Entendo. ─ ele me puxou para perto, abraçando meu ombro. Deitei minha cabeça sobre seu peito, suspirando. ─ Ainda bem que você é uma amiga tão boa, Catnip.

Dei risada.

─ Eu só queria... ter amigos normais, com problemas normais. – ergui o rosto, observando seus olhos cinzentos e sorri. ─ Pessoas como você. Ainda bem que você é um amigo tão bom, Gay-le.

Ele gargalhou, e apenas fechei os olhos, absorvendo o som acolhedor de sua risada, afundando nesse momento de paz.

─ Bom, você continua tendo a mim. E o Mellark.

Ergui uma sobrancelha ao ouvir o nome do loiro, me desencostando de Gale para olhar em seus olhos, procurando algum vestígio de brincadeira.

─ Peeta? Você sabe que eu não gosto dele.

─ Ah, fala sério, Catnip ─ ele me empurrou de leve com o ombro. ─ Isso era até um tempo atrás. As coisas mudaram agora.

O céu estava alaranjado, manchado de azul e rosa. O sol, se escondendo atrás do horizonte, enviava seus raios sobre as copas das árvores, a grama, meus tênis, aquecendo a paisagem.

─ Pra todo mundo. – concordei, voltando a me aconchegar em seu peito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam aqui nos comentários! Se alguém aí quiser recomendar a fic pra algum coleguinha, também aceito XD

Beijão gente. Senti saudades.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Are You Mine?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.