Condenado escrita por Ricardo Magalhães


Capítulo 5
Put Your Records On


Notas iniciais do capítulo

Put Your Records On - Corinne Bailey Rae



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/450882/chapter/5

Uma fada, então elas realmente existem e eu estava diante de uma. Nunca pensei na possibilidade delas existirem, quem dirá que eu fosse conhecer alguma.

_Uma o quê? –as dúvidas não paravam de me assombrar

_Uma fada.

_Do tipo, Fada Madrinha?

_Não é bem assim que funciona, Tom - ela não conseguia tirar o sorriso do rosto.

Infelizmente o tempo era curto, não tive muito tempo para conversar, pois a primeira aula já havia começado. Na hora do almoço corri para encontrar Caroline, eu precisava de explicações. Ela estava no pátio com um garoto da Asa Menor, nem precisei chama-la, ela havia me visto.

_Precisamos conversar - disse ela

_Sim, precisamos.

Fomos em direção ao jardim da escola, onde estava totalmente vazio, sentamos um pouco distante. Eram muitas as perguntas, mas eu não sabia como falar e nem o que falar. Deixei que ela começasse.

_Quando minha mãe estava grávida, ela sofreu um trágico acidente, os médicos disseram que foi sorte ela ter sobrevivido, mas que provavelmente as gêmeas não teriam a mesma sorte, bom, nós nascemos e um ano após esse nascimento, a minha irmã morreu, éramos gêmeas idênticas, ninguém entendeu a causa da sua morte, foi uma coisa repentina e inesperada, rápida e assustadora. Minha avó era uma mulher inteiramente supersticiosa, com medo de que a outra criança, também morresse, no caso eu, ela resolveu fazer um pedido a Natureza, ela pediu que me desse à vida, e que se fosse necessário, que tirasse a dela, passada uma semana deste tal pedido, minha avó faleceu, minha mãe estava inconformada, havia perdido a filha e a mãe em tão pouco tempo, e com medo de que outra tragédia acontecesse, resolveu me manter em segurança, ficamos meses e meses trancadas dentro de casa, sem ver se quer a luz do sol, foi então que meu irmão nasceu, uma alegria, porém outra preocupação e o medo de perder o filho aparecera.

_Então... –percebi que ela ainda não tinha terminado e deixei meu comentário para depois

_O tempo passou e as coisas ficaram tranquilas, bom, até certo momento, nós últimos dois anos começaram acontecer coisas estranhas, parecia que a morte queria me buscar, não entendemos nada no começo, mas minha mão lembrou que poderia ser a própria natureza que estava tentando pregar uma peça em nós, ela me contou o que minha avó fizera e foi então que eu concordei, se a morte me queria, ela iria me levar. Foram imensos os acidentes, mas de uma forma ou de outra eu sempre, sempre, conseguia escapar. Até que...

_O Colin apareceu e acabou com tudo. –falei, sem pensar.

_Na verdade, ele me ajudou, quando a adaga perfurou o meu peito, eu já não fazia mais parte daquele mundo, mesmo antes de você perceber, eu já havia abandonado aquele corpo e tinha acabado de ganhar um, exatamente igual aquele. Quando abri os olhos, não sabia onde eu estava, mas sabia para onde eu deveria ir.

_Asa Menor

_Sim, Asa Menor, fui andando pelas ruas e as pessoas, ou melhor, os anjos foram me acompanhando, fiquei sem entender, mas sabia que tudo estava bem e continuei o meu percurso. O caminho parecia não ter fim, mas finalmente eu cheguei, demorou um pouco, mas a Diretora Holon, apareceu e me levou para dentro. Não sabia o que estava acontecendo, a medida que eu ia passando pelos corredores eu via jovens da minha idade, de diferentes estilos, e diferentes gostos, todos ali, juntos, num casarão antigo. A Diretora Holon me levou até o segundo andar da casa, fomos para o seu escritório, foi aí que ela me contou, tudo.

_Tudo o quê? - perguntei curioso

_Tudo isso que acabei de lhe dizer e muito mais. Mas continuando, eu ainda estava assustada, não sabia o que fazer, eu tinha acabado de morrer e voltar a viver, nada estava fazendo sentido. Foi então que ela me disse o que eu era. Uma Fada. Ela me explicou que ninguém sabe ao certo como surgiram as Fadas, mas que eram criaturas mágicas muito parecidas com os anjos, e que quando a minha avó pediu a Natureza, que me desse vida e não me deixasse morrer, Ela literalmente atendeu ao pedido e me transformou em Fada, pois as fadas nunca morrem, apenas viajam de um munda para outro, sendo assim eternas.

_Mas, onde a Asa Menor entra nisso tudo?

_Você ainda não percebeu? Academia para Fadas Asa Menor, nós somos Fadas, todos nós que moramos lá, e é lá que aprendemos tudo sobre a nossa espécie.

_Fadas? Mas e os meninos?

_ Você pensa que fadas são só garotas? Quanto machismo... Também existem Fadas do sexo masculino.

_ E por que manter isso em segredo de toda a Vila?

_As Fadas e os Anjos nunca tiveram uma relação amigável, é um pouco proibido também. Há séculos atrás, um Anjo Caído, que havia tido seu coração partido pela sua noiva, que era uma fada, lançou uma maldição, onde dizia que se um anjo relacionasse com uma fada, coisas terríveis aconteceriam em todos os mundos. Para evitar esse tipo de coisas as Fadas resolveram se afastar.

_Mas... – minha garganta deu um nó, não conseguia falar nem mais uma palavra.

_Relacionar do tipo amar, namorar, casar essas coisas. Mas podem ser amigos, como nós.

_Se as fadas queriam se afastar. Porque estão aqui? Porque estão estudando aqui? Porque saíram agora dos esconderijos? Logo agora, após a sua chegada.

_Diferente dos anjos, nós fadas representamos os sentimentos dos humanos, cada fada fica responsável por um sentimento, Temos a Fada da Alegria, do Amor e outras coisas, Eu era a peça que faltava.

_Não entendi.

_Eu sou a Esperança, Tom.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Condenado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.