Condenado escrita por Ricardo Magalhães


Capítulo 4
Friday I'm In Love


Notas iniciais do capítulo

Friday I'm In Love - The Cure



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Chorar. Acho que foi a única coisa que eu conseguiria fazer naquele momento, essa é uma atitude bem humana, mas não somos tão diferentes assim, amamos, brincamos, brigamos e choramos, acho que todos os seres fazem isso. Mas no caso dos Anjos é mais intenso, nossas emoções são mais intensas. O corpo de Caroline caiu no chão e seu sangue escorreu pela calçada, não sabia o que fazer, Colin já havia deixado o local, mais que depressa corri em direção a Caroline, mas era tarde, ela já estava morta, não consegui protege-la, não cumpri com o meu papel, eu falhei.

Não tive muito que fazer, apenas fiz com que alguém a encontrasse, abri as minhas asas e parti, diferente de todas as vezes, eu não sabia para onde ir, mas simplesmente desejei a minha casa e era pra lá que eu estava indo.

Antes mesmo de chegar à Vila, eu percebi a movimentação intensa, todas as pessoas, estavam na rua, agitadas, falavam sobre a chegada de alguém, não entendi muito bem e resolvi segui-las. Estávamos indo em direção à saída da Vila, ninguém frequentava aquele local, nem me lembro da última vez que fui naquela região. Acho que pelo fato da Instituição que havia lá.

Instituição Asa Menor, nunca entendi esse nome, ninguém nunca soube o porquê, e nem o que se fazia naquele local, só sabíamos que toda última Sexta-feira de cada mês chegava um adolescente novo neste local, todos com mais ou menos a mesma idade, e era bem alternada esta chegada, Um mês um menino, no outro uma menina. Então, é isso, hoje é a última Sexta Feira do mês, chegou mais um, mais uma pessoa estranha nesta Instituição.

A cada passo que eu dava, maior era a minha curiosidade. Quem será? Como será?

Esforcei-me o máximo para lembrar os últimos adolescentes que haviam chegado, me lembro de uma garota com os cabelos rosa que chegou a mais ou menos uns cinco meses e de um menino com umas roupas diferentes, nunca tinha visto aquilo antes. É muito estranho isso, não sei explicar, eles aparecem do nada na praça e vagam pela Vila até irem para a tal Instituição. E somem, nunca mais há sinal deles.

A multidão se concentra na porta da Asa Menor, não consigo ver quase nada, resolvo chegar um pouco mais perto, uma coisa quase impossível, apesar da dificuldade consigo ter uma vista melhor. Foi então que eu a vi, não entendi, pensei que fosse uma visão, alucinação, ou coisa do tipo, mas não era, ela estava bem nítida e estava logo ali na minha frente, demorei alguns segundos para acreditar, mas era realmente ela. Caroline.

Ela estava diante dos meus olhos, mas isso era impossível, eu deixei o seu corpo quase agora numa cidade distante. Como ela chegara até aqui? O que viera fazer aqui?

Perguntas que provavelmente nunca terei respostas, duvidas que ficarão para sempre comigo. De repente uma senhora abre a porta principal daquele enorme casarão e leva Caroline para dentro, a multidão se espelha e todos estão voltando para suas casas.

Chegando em casa, não se fala em outra coisa, meu pai sempre quis saber do que se trata a Asa Menos, já perguntou para todos que ele conhece, mas ninguém soube responder. Não conseguia pensar em outra coisa, e resolvi não mencionar que eu conhecia a garota que acabara de chegar, muito menos que era apaixonado por ela.

Não tive muitas tarefas no final de semana, ao contrário de Ella, que bateu o seu recorde, teve que unir 32 casais em apena um final de semana, quase não parou em casa, minha mãe não recebia muitos chamados, Anjos de Cura eram comuns, então quase não sobrava muita coisa para ela. Meu pai não gostava muito de ajudar os humanos, sempre disse que eles são muito egoístas e só pensam em si mesmo, eu já gosto de ajudar aos outros.

Chegando à escola, a primeira pessoa que avistei foi Colin, acho que isso era uma rotina, chegar e ver ele, todos os dias eram assim, não dei muita ideia, não queria perguntas e muito menos brincadeirinhas sobre a Caroline, minha primeira aula era História. A única matéria que eu gostava. Sem Colin, Sem Bethany.

Sentei ao lado de Ênio, e como eu já esperava o assunto era Caroline, mas ele não sabia que Caroline era a tal garota que eu havia lhe contado, para ele era apenas mais uma dos “Estranhos” era assim que a gente chamava os membros da Asa Menor.

_Ei cara, tu viu a Estranha? –perguntou ele

_Vi sim, bom, digamos que ela não seja Estranha.

_Claro que é. Estranha- Asa Menor, lembra?

_ E se eu te dissesse que ela é a garota da Ponte, você acreditaria? -perguntei sabendo a resposta

_Isso não seria verdade, seria?

Apenas confirmei com a cabeça, não queria entrar em detalhes, não agora. O resto da aula foi normal, nada de diferente aconteceu no restante daquele dia. Minha noite foi tranquila como sempre. Acordei no outro dia, me vesti, como faço todos os dias. Chegando à escola notei algo diferente, para começar Colin não foi o primeiro que avistei, mas sim, pessoas que eu não conhecia, garotas e garotos que já mais havia visto, ou melhor, os vi apenas uma vez em toda a minha vida.

Eles estavam ali, os Estranhos estavam ali, a Asa Menor inteira estava ali e iriam estudar conosco, procurei Caroline rapidamente e a encontrei, ela também me viu e veio ao meu encontro.

_Olá Tom – disse ela com uma voz doce.

_Caroline, Como? –não conseguia nem falar de tanto nervosismo.

_Calma, eu posso explicar.

_Você não devia estar aqui, você morreu.

_Tom, eu sou uma fada e uma fada nunca morre.


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