O relógio na minha mesa de cabeceira marcava 6:45pm então decidi que já era hora de me arrumar. Fui para o banheiro, prendi meus cabelos e tomei um banho morno bem rápido, apenas para me acalmar. Quando cheguei no eu quarto, vi meu vestido novo estendido em cima da minha cama. Antes de vesti-lo saí pelo closet a procura de sapatos. Por sorte, eu trouxe um prateado com contas azuis – no tom exato do do vestido –, que eu havia ganhado da minha mãe no natal anterior.

Quando estava pronta, ouvi a radiopatrulha do meu pai estacionando na frente de casa. Ele entrou batendo a porta com urgência, subindo as escadas com passos pesados.

– Bells, já está pronta, querida? – Perguntou ele. Ele parecia nervoso.

– Ah, sim. Eu já vou sair – Respondi, arrumando as coisas no quarto. Me olhei no espelho mas calmamente e gostei do que vi.

Eu tinha tomado o devido cuidado no banho para não estragar a maquiagem, e pelo visto não estraguei nada. Eu estava com o rosto corado e meu olhar realçado – nada muito escuro, apenas para valorizar a cor dos meus olhos castanhos. Um batom rosado cobria meus lábios com precisão. Esta não era a Bella de sempre, mas não era uma Bella irreconhecível. Esta era uma nova Bella.

– Bella, vamos nos atrasar! – Meu pai disse impaciente, batendo na porta.

Não esperei mais e abri a porta do quarto para encontrar meu pai. Quando ele me viu, percebi várias expressões passando pelo seu rosto: Emoção, perda, medo e felicidade.

– Uau Bells, você está linda! – Disse ele com olhos arregalados.

– Hmm... Obrigada. - Respondi meio sem jeito. – Comprei o vestido com o dinheiro que você me deu. Não se preocupe, vou lhe pagar quando puder.

Isso pareceu te-lo ofendido.

– O que? Devolver? Por que devolver? Não. Considere meu presente de formatura e nem pense em me devolver um centavo que seja.

Isso me comoveu. Era raro eu ter esse tipo de relacionamento com Charlie, e com ele me presenteando desse jeito, não consegui resistir a vontade de soltar uma pequena lágrima que passeou pelo meu rosto até eu seca-la com a mão com medo de danificar a maquiagem.

– O-obrigada, pai. – Agradeci emocionada.

Ele veio mais pra perto de mim, passando o braço direito pelos meus ombros e me conduzindo para a escada.

– Ah que isso, Bella, é apenas um presente. – Me consolou.

– Eu sei, obrigada mesmo! – Sorri e ele me deu um beijo no alto da minha cabeça.

Então fomos para o meu carro com meu pai dirigindo – não suportaria ir na viatura. E seguimos para a escola. Chegando lá eu encontrei vários rostos conhecidos – meus amigos – que agora iriam seguir suas próprias vidas, em alguma faculdade pelo país. Procurei Jessica e a encontrei sentada numa cadeira. Ela não me reparou em pé ali.

– Oi Jess – Cumprimentei-a.

– Ah! Bella, finalmente! – Ela se levantou e me abraçou. Estava com o vestido que havia comprado e toda aquela parafernália que fizemos durante o dia.

– Com licença, senhoritas – Fomos interrompidas pelo diretor que passava organizando todos na fila.

A formatura seguiu devidamente e tradicionalmente, com os dois oradores da turma se revezando no microfone e nossos nomes foram chamados um de cada vez para receber os diplomas. Quando acabou, fui recebida pelo abraço do meu pai, que tentava esconder os olhos inchados pelo choro.

– Parabéns, Bella. Eu te desejo toda a sorte. – Disse ele ao me abraçar.

– Obrigada, pai.

– Bella, Bella – Jessica veio correndo no meio das famílias se abraçando. – Os pais de Tayler vão dar uma festa na casa deles e nos chamaram. Quer ir também? Eu te levo para casa depois.

Eu estava prestes a recusar – eu não me dava bem com festas – mas meu pai me interrompeu antes que eu pudesse responder:

– Claro. Vá Bella, se divirta um pouco. Não tenha hora pra ir pra casa. Já é uma mulher livre.

– Mas... – Tentei me livrar.

– Perfeito! – Explodiu Jessica – Vamos, eles já estão indo! – E ela me levou para longe do meu pai, me rebocando para o outro lado do ginásio onde Taylor Crowley estava cercado de amigos que provavelmente também iriam estar na festa.

– Jessica, eu realmente não gosto de festas, então acho que seria melhor se eu não fosse ou vou acabar estragando sua noite. – Expliquei.

– O que? Nada disso! Você tem que ir, ou eu é que vou estragar minha noite ficando entediada lá sozinha. Vamos Bella, por favor! – Disse ela implorando. Eu não gostava de decepcionar Jessica, então concordei pela felicidade dela.

Esperamos lá por um tempo para esperar os outros alunos, que ainda estavam comemorando com suas famílias, chegarem. Enquanto isso, meus olhos vagaram pelo lugar, olhando cada pessoa andando pra lá e pra cá, abraçando amigos e suas famílias naquele mar de becas e capelos negros deste ano. Certa hora, meu olhar cruza com uma garota abraçada com um rapaz louro. Ela era muito pequena, suas feições era miúdas e lindas. Seu rosto tinha o formato de um rosto de fada e tinha os cabelos pretos e muito curtos com as pontas espigadas apontando em todas as direções. Sua pele era muito clara – mais do que a minha, até – e seu olhar era assustado. Não tive certeza desta ultima característica, mas o jeito que ela me olhou me espantou. Por que ela me olharia daquela maneira? Era como se ela sentisse que eu corria um perigo muito grande e que temia por mim...

Eu conhecia aquele garota. Apenas de vista, mas sabia quem ela era. Seu nome era Alice Cullen. Ela era filha adotiva do médico mais famoso da cidade, Dr. Carlisle Cullen, que moravam em uma parte da cidade desconhecida de todos os outros habitantes, junto com sua esposa e seus outros filhos adotivos, todos muito bonitos, que sempre foram motivo de fofoca e inveja para a maioria dos alunos da Forks High School.

– Bella, vamos – Jessica puxou a minha mão, me tirando da linha dos meus pensamentos. Todos os outros alunos que estávamos esperando chegaram e já estavam saindo do ginásio.

Segui Jessica até onde estava seu carro no estacionamento da escola – ela já sabia o caminho para a casa de Tayler. Segui a curta viagem até a casa dos Crowey calada pensando na expressão de Alice, enquanto Jessica tagarelava sobre como tinha ficado nervosa durante sua entrega do diploma.

Quando chegamos fomos recebidos pelos pais de Tayler e conduzidas ao seu quintal dos fundos, onde foi montado uma pequena discoteca particular, e como o tempo estava parcialmente quente, havia pessoas na piscina.

Jessica foi se sentar em uma das várias mesas redondas de quintal decoradas com toalhas de cetim vermelho. Fui atrás dela, afinal não tinha mais nada para fazer ali. Havia garçons servindo todos e Jessica pediu uma margarita – pelo menos a maioria ali já tinha 18 anos. Eu fiquei apenas com um suco de laranja – alguém tinha que ser a responsável por ali e nos levar para casa com segurança – enquanto alguns colegas se agrupavam em nossa mesa, puxando assunto e contando histórias engraçadas. Confesso que me diverti bastante, mas não via a hora de voltar para casa e deitar na minha cama.

Perdi a conta de quantas margaritas Jessica tomou depois da 7ª, e quando consegui convence-la de que estava tarde e que já estava na hora de ir pra casa, ela já não conseguia me responder claramente. E como uma mulher já adulta e responsável, não deixei que ela dirigisse e peguei as chaves do carro em sua bolsa e a conduzi ao banco do carona. Eu poderia deixa-la em casa e ir andando depois, não era muito longe da casa de Charlie e eu já sabia me defender sozinha! Pelo menos era isso que eu achava...