Gotas de Vinho – Reescrita escrita por Babs Toffolli


Capítulo 19
Esclarecimentos e Revelações – Modificado


Notas iniciais do capítulo

Eii, pessoal! Mais um capítulo modificado e incrível, prontinho pra vocês.
Boa leitura ^^



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O que havia de errado comigo? No que eu estava pensando quando aceitei me encontrar com o vampiro que quase me matou meses atrás, e ainda conversar com ele calma e friamente. Ele sabia meu nome, mas eu não sabia o dele.

Depois que ele foi embora, voltei pelo lado que tinha vindo e corri, atrás do alce que ainda poderia estar perto. O encontrei facilmente e fui rápida ao bebê-lo. Depois voltei para casa quando estava quase escurecendo e fui preparar o jantar de Charlie. Ele chegou uma hora depois que eu coloquei o macarrão no fogão, e derreti uma porção pequena de queijo no microondas. Ele comeu e perguntou como havia sido meu dia.

– Apenas fiquei em casa e li um pouco. – Charlie ainda não sabia a verdade, e se dependesse de mim, nunca saberia. Eu não podia imaginar qual seria sua reação se ele descobrisse o que eu era.

Depois que ele jantou, foi até a sala, assistiu o último tempo de uma partida de beisebol e foi se deitar. Eu esperei que ele estivesse roncando para que eu pudesse sair. Não muito tempo depois, ele já estava jogado na cama, afundado em seus sonhos, roncando tão alto, que não me perceberia entrando em seu quarto, abrindo sua janela e pulando por ela.

Minha visão a noite era tão boa quanto era de dia. Não tive problemas em correr pelas árvores e subir o pé da montanha. Fui correndo enquanto o lugar ia ficando mais alto e mais claro pela luz do luar. Ao passar por certo trecho da trilha para a montanha, senti um cheiro que eu já conhecia e o segui. Quando entrei um uma pequena clareira gramada e rodeada de árvores, eu o vi sentado no meio do lugar olhando em minha direção. Quando cruzei com seu olhar, seu sorriso foi esmagador.

O que significava aquele sorriso? Era como se ele estivesse feliz por me ver, e eu não via motivos pra isso.

– Oi. – Disse ele num tom suave em sua voz calma e aveludada.

– Oi. – Falei enquanto me aproximava dele e parava ao seu lado de pé.

– Não vai se sentar? – Perguntou com um sorriso carinhoso brincando em seus lábios.

– Não, obrigada. Prefiro fica de pé. - Respondi secamente. Ele fez uma cara de dor e se levantou. Eu recuei um passo, em alerta.

– Ei! Calma, calma. Eu não vou te machucar. – Sua voz era tranquilizadora, mas não relaxei. Tinha medo que fosse uma armadilha. Porque eu não dei o fora antes, quando tinha chance?

– Me diga logo o que quer comigo e eu vou embora. – Tentei ser direta.

– Mas eu não quero que você vá embora. - Disse ele cerrando os olhos e sacudindo a cabeça lentamente, em um gesto de tristeza. – Por favor, fique.

– Por que não? - Isso me incomodou. Por que ele me queria por perto? Pensei que ele me odiasse. Pelo menos suas atitudes de quando nos conhecemos, gritavam isso pra mim.

– Gosto de ficar perto de você. Mesmo não ter tido muitas chances pra isso. – Explicou.

Eu ainda não tinha intendido o porquê, mas deixei pra lá, eu queria respostas.

– Então, para que isso tudo? -– Perguntei, apontando para o meu novo e lindo corpo, como um símbolo permanente de que havia acontecido naquela noite.

– Bom, por onde eu começo... - Então ele passou a me contar cada detalhe de sua vida antes de me conhecer. Como andava sozinho e como se sentia um completo inútil depois que abandonou sua família.

– Você tem uma família? – O interrompi, pasma com aquela afirmação. Ele riu.

– É, eu tenho. – Disse com naturalidade.

– Mas... Quem são? Outros vampiros? – Minhas perguntas jorravam da minha boca. Ele disse que morava na cidade, mas os únicos vampiros civilizados que eu sabia que estavam aqui eram os Cullen.

– Sim, são todos vampiros também. E grande parte deles você conhece. – Sorriu, e eu comecei a passar diversos rostos em minha cabeça que, além dos Cullen, também portavam nosso maior segredo.

Não aguentei e perguntei:

– Quem?

– Ah, não acredito que não se lembra deles - Disse brincado - São Alice, Jesper, Rosalie e Emmett, Crlisle e Esme – Paralisei no chão.

Como ele poderia ser parte da família Cullen se eu nunca o vira? Mesmo que eu apenas houvesse ido a casa deles uma vez, pensei que o Dr. Cullen tivesse me apresentado todos. Tentei lembrar se alguma vez mencionaram algum outro membro da família e minha cabeça teve o que me pareceu uma explosão.

Ele realmente havia me sido apresentado, não diretamente, mas eu lembrava quando Alice me levou em casa naquele meu primeiro dia, quando seu telefone tocou e uma voz urgente e um tanto familiar soou do aparelhinho. Ela havia o chamado de Edward.

– Você é Edward? – Ouvi minha voz num sussurro que só um vampiro poderia escutar. Eu estava chocada.

– Sim. – Respondeu ele num tom curto. Ele parecia triste.

– Mas... Mas como? – Por que Alice ou Carlisle nunca me contaram aquilo? Por que me esconderam uma coisa dessas? Eles deviam ter me contado! Eu me perguntava todas as noites quando passava pelas florestas perto de casa, onde estaria aquele vampiro que me atacou a ele estava aqui, há alguns quilômetros de mim. Morando com uma família que eu conhecia, e uma de suas irmãs agora era uma de minhas melhores amigas.

Essas e mais diversas perguntas giravam em minha cabeça, e novamente senti vontade de chorar. Eu estava terrivelmente magoada com como puderam me enganar assim. Eu tinha o direito de saber que o vampiro causador de todos os meus problemas era um Cullen, agora de volta em casa.

– Você está bem? – Ouvi aquela voz aveludada e simpática ao meu lado. Olhei severamente para ele e ele se encolheu. Virei-me para ficar frente a frente com ele e fiquei numa posição semi agachada. – Calma, Bella. Eu sei que é difícil entender, mas você tem que manter a calma! – Ele recuou um passo, as mãos para cima com as palmas para frente. Como quem se rende.

– Você. – Falei.

– Eu sei... – Ele tentou começar, mas eu o interrompi.

– Você estava aqui todo esse tempo! – Minha voz saia engasgada, junto com o começo de um rosnado – E eu achando que minha transformação foi em vão. E você aqui, como uma pessoa normal. Como um Cullen. – Disse a ultima palavra com nojo e desdém – Como pode ter a consciência tão tranquila? Acabou com a minha vida e anda por aí como se fosse inocente!

– Você não sabe nada sobre o que tenho passado esses meses todos por casa disso! – Ele disse rapidamente, tentando se explicar. Mas não me convenceu. A raiva e o ódio fluíam por cada fibra de meu corpo, e eu estava pronta para atacar. Aquilo foi a gota d’água.

Soltei um rosnado altíssimo que ecoou pelas árvores e saltei para cima dele. Eu não sabia como matar um vampiro, mas tinha certeza que ele não seria capaz de sobreviver sem a cabeça.

– Bella! Não! – Disse ele, mas eu já estava no ar, indo em direção ao seu pescoço, agarrando-me com uma das mãos em seu queixo e a outra em sua nuca.

Fui fazendo pressão para cima e comecei a ouvir o som de cristal se quebrando. Percebi que estava fazendo certo, e puxei ainda mais forte. Pude ver uma rachadura em seu pescoço, mas nem uma gota de sangue. Talvez vampiros não tenham sangue, mas eu queria que ele sentisse o que eu senti.

– Ah! – Ouvi seu grito. Suas mãos migraram para trás à procura de me agarrar e me fazer descer de lá. Mas eu ainda era mais forte do que um vampiro normal – Bella, por favor, pare! Ah... – Ele fez um som como quem asfixia e eu sorri.

Acho que o desespero o fez ficar mais forte, pois quando estava ficando quase sem a cabeça, suas mãos agarraram em minha cintura numa força esmagadora e ele me tirou de seus ombros, fazendo-me ficar de cabeça para baixo em sua frente, mas não por muito tempo, pois ele me atirou para o outro lado da compina, onde caí de quatro e soltei mais um alto rosnado arreganhando meus dentes, mostrando que ainda queria lutar.

Ele não esperou que eu fosse em sua direção novamente. Desta vez veio à mim em questão de defesa. Ele não tentava me agredir como eu o agredia, apenas tentava me controlar. Mas era inútil. Eu só pararia quando alguém estivesse morto, e de preferência ele.

Saltei a sua frente e joguei meu braço com toda força em sua direção, como num golpe de karatê, eu ainda queria sua cabeça. Mas ele abaixou seu tronco, então fiz como meu primeiro urso e tentei mais precisamente com o outro braço. Dessa vez o acertei e o lancei para outra extremidade da clareira. Ele caiu de pé já se lançando para cima de mim. Achei que dessa vez ele iria começar usar sua força para me machucar e saltei para fazer o mesmo.

Nossos corpos se chocaram no ar, fazendo um som alto como um trovão, ou como rochas sendo trituradas. Caímos juntos no chão, rolando na grama e quando paramos, ele ficou por cima, colocando todo seu peso para baixo, a fim de me conter por alguns instantes.

Lutei bravamente, batendo e socando seus ombros duros, mas ele pareceu resistir. Ele me olhava com um olhar que me parecia raiva, com suas sobrancelhas unidas. Achei que finalmente ele decidiria me matar e o olhei em desespero.

Sua expressão mudou. As sobrancelhas voltaram ao normal e sua testa franziu. Por acaso eu estava parecendo digna de pena? Eu não admitiria isso, e tentei com ainda mais força sair de baixo dele, mas antes que eu pudesse sequer conseguir alguma brecha em seu corpo, ele fez algo que nunca pensei que pudesse fazer numa circunstância como aquela.

Eu ainda o olhava com medo, achando que aquele seria meu fim. Mas antes que eu me entregasse à morte certa, seus lábios colaram nos meus e eu me vi dura como uma pedra. Ele estava me beijando! Por que ele estava me beijando? Isso não fazia o menor sentido.

Seus lábios eram suaves e macios, como os meus. E forçaram a entrada em minha boca. Sua língua pediu passagem, mas eu estava paralisada, completamente chocada, com o que ele estava fazendo.

Fiquei mais algum tempo de olhos abertos, mas de repente me vi retribuindo o beijo. Nossos lábios dançando em perfeita sincronia, e eu não sabia o porquê de estar concordando com aquilo, mesmo com minha consciência gritando de que aquilo era terrivelmente errado, e que eu devia atirá-lo para longe e dar o fora dali. Mas meu corpo não obedecia nenhuma das ordens que meu cérebro tentava dar. Apenas meus lábios estavam em movimento.

Ele continuou me beijando por mais algum tempo e me soltou antes de eu estar pronta para solta-lo.

Ele me fitou por alguns segundos e eu retribui o olhar. Isso levou algum tempo, até que minha mente voltou a tomar controle sobre meu corpo e eu percebi que o que tinha feito era absurdamente horrível.

Eu havia beijado meu torturador e transformador. E eu havia gostado. Aquilo não era certo, não podia ser! Eu devia dar logo o fora, mas eu ainda me via presa, tanto em baixo de seu corpo, quanto em seu olhar penetrante. Aqueles olhos dourados que um dia foram vermelhos eram lindos, e hipnotizantes – assim como os vermelhos eram hipnotizantes.

Voltei a mim num salto, e percebi que não devia perder mais tempo. Se não poderia mata-lo, eu o queria o mais longe possível! Ele havia acabado com a minha vida, não devia merecer meu perdão. E eu não o perdoaria. Resolvi atender aos gritos de alerta de minha consciência, dizendo que eu não deveria estar ali. Reuni toda minha força e o tirei de cima de mim, pondo-me de pé em uma fração de segundos.

– O que há de errado? – Perguntou ele, deitado de costas na grama. Não vi um jeito respeitoso de dizer, e cheguei a conclusão de que eu não precisava dizer de um jeito “respeitoso”. Ele não merecia minha educação.

– Não, não, não! – Fui andando para trás, sacudindo minha cabeça de um lado para o outro em negatividade – Não, isso não é certo. Você acabou com a minha vida, não pode fazer isso agora!

Minhas palavras pareceram machuca-lo e ele se encolheu.

– Você é um monstro! – Cuspi a última palavra – Não merece qualquer perdão, muito menos a minha compaixão. Como ousa fazer o que fez, achando que pode apagar o passado? Deveria sentir vergonha! – E a cada palavra, sua expressão de dor era ainda mais evidente – Vai embora, esqueça-se de minha existência se não quiser ser morto! – Ameacei – Nunca mais quero ver sua cara, seu monstro!

Saí correndo para a saída da campina, com a intenção de voltar para casa. Ele ficou lá, deitado no chão, sem saber como reagir. Talvez eu possa tê-lo ferido, mas era menos do que merecido comparando com o que ele havia feito comigo.

Desci a montanha como uma bala e cheguei a casa já saltando pela janela e trancando todas as portas. Não que isso pudesse impedi-lo, mas achei que seria uma boa mensagem para que ele não viesse atrás de mim.

Ainda faltavam algumas horas para amanhecer, e mais algumas para que Charlie acordasse.

Fui para meu quarto e tranquei a porta e a janela. Ele devia saber que meu pai não sabia sobre mim, e não iria querer nos expor daquela maneira.

Deitei em minha cama e me entreguei a terrível e impossível vontade de chora. Mas nem uma lágrima caiu. Às vezes meu corpo me irritava por isso. Abracei meu travesseiro e afundei meu rosto nele.

Eu não acreditava em como Alice, Carlisle e o resto dos Cullen haviam me enganado daquela forma. Como eles não me contaram?

Tomei a decisão, que se não queria provocar uma briga maior com aquela família, decidi que me afastaria de lá para sempre. Eu não os veria mais. Nunca precisei que fizessem parte de minha vida, não deveria ser diferente agora.

Eu tentava me convencer dessas e de muitas outras coisas, como o fato de não ter gostado do beijo, apenas havia ficado muito surpresa e me entregado por não saber o que fazer.

Essas e mais outras decisões rodavam pela minha mente, fazendo com que uma angústia muito forte nascesse em meu coração paralisado. E eu não sabia o porquê estava tão triste.


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Notas finais do capítulo

Awn, tadinha da Bella!
E então, o que acham que vai acontecer, hein?
Continuem acompanhando a fic, e digam o que acharam da fúria de Bella haha :P



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