Gotas de Vinho – Reescrita escrita por Babs Toffolli


Capítulo 20
Edward - O Fim – Novo


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!! Esse capítulo é ótimo! Espero que gostem tanto quanto eu. :)



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Eu a beijei. Parecia uma simples criação da minha cabeça, mas fora real. Eu havia beijado Bella. E ela havia retribuído o beijo. Isso depois de tentar me matar. Ela queria me ver morto, e de preferencia sem minha cabeça.

Notei como a garota frágil que quase matei na floresta havia se tornado uma caçadora forte e corajosa. Eu era o culpado por tudo aquilo, e ela me acusaria pelo resto de nossas vidas eternas.

Ela saiu correndo pela floresta, deixando-me caído no chão, sem saber como deveria reagir.

Pensei em ir atrás dela, e fui. Mas ela não me ouviu, concentrada demais em sua corrida a fim de nunca mais me ver. E quando cheguei perto de sua casa, a vi pulando a janela e ouvi seus passos rápidos correndo de um lado para o outro na casa, trancando portas e janelas. Uma mensagem clara de que eu não me aproximasse, e se essa era sua vontade, eu a respeitaria. Não havia mais nada que eu podia fazer.

Fui correndo para casa, meus pés mal tocando o chão. Quando cheguei, dei de cara com uma Alice tristonha, sentada em um dos degraus da escada de entrada. Ela parecia mais triste do que eu me lembrava já ter visto.

– O que você tem? – Perguntei a ela num tom desanimado.

– Um idiota me fez perder a melhor amizade que tive em mais de 50 anos. – Disse ela no meu mesmo tom de voz.

Suspirei e baixei o olhar para ela. Sentei-me ao seu lado e abracei seus ombros.

– Ah, Alice – Falei num tom rouco – Sinto muito. Eu sabia o quanto ela era especial pra você. Mas acho que é melhor esquecer.

– Esquecer? – Perguntou ela retoricamente – Não dá pra esquecer, Edward. E você é a pessoa que mais sabe disso! – Seu tom de voz mudou para raiva – O que vamos dizer para o resto da família quando perceberam que você está em depressão, e que eu não saio mais com Bella? O que acha que vão pensar?

– Mas eu não vou ficar em depres... – Parei de falar e a encarei – O que quis dizer com isso?

– Deixa pra lá. Não importa mais. – E se levantou, indo para dentro da casa.

Olhei em sua mente, ela estava pensando em uma de suas visões que havia tido há algum tempo atrás. A visão que ela escondeu de mim quando estávamos em cima da árvore na floresta no dia em que Bella havia voltado para casa.

A visão era clara, como se tivesse sido talhada em pedra e nunca poderia ser evitada de acontecer. Nela estava eu e Bella, juntos em uma campina, o sol iluminando em nossa pele com nossos corpos colados em um abraço carinhoso, trocando carinhos e elogios.

Aquilo não podia ser verdade. Mesmo seu que quisesse. Bella nunca faria aquilo, ela me adiava! Por que ela teria qualquer espécie de sentimento positivo por mim?

Mas não consegui perguntar isso a Alice, porque eu já havia notado que parte de sua visão já estava concluída.

Resumidamente, a visão era que nós dois nos apaixonariam. E metade disso já havia se realizado. Depois do beijo na clareira, aquele sentimento que antes eu não sabia o que era acabou se confirmando o que eu mais temia.

Eu estava apaixonado por Bella, e mesmo sabendo que não a merecia, eu a queria por perto, fazendo parte de nossa família. Seguindo sua eternidade junto a minha.

Aquilo explicava a dor que senti quando Bella me chamou de “monstro” na campina. Eu me magoei, mesmo sabendo que cada uma de suas palavras eram verdadeiras. O que eu faria agora? Não conseguia imaginar minha existência sem Bella. Eu lembrava de seus olhos em seu tom mais puro de chocolate e lindamente humano e me via encantado por tamanha beleza. Agora, seus olhos estavam exatamente como os meus, mas conseguiam ficar ainda mais bonitos. Um dourado lindo, marcante e encantador! Eu precisava ver aqueles olhos novamente, mas ela nunca deixaria que eu me aproximasse de novo e meu desespero gritava ao pensar nisso. Eu precisava de Bella. Mesmo não fazendo muito sentido depois de tudo o que fiz, mas eu sentia que não conseguiria ser feliz sem ela.

Pode até parecer um tanto clichê, mas Bella era uma pessoa incrível. Ela havia me impressionado desde a primeira vez que a vi. Desde seu maravilho e tentador perfume, até sua audácia e sua coragem em ter ficado completamente calma e calada enquanto eu a fazia sofrer. Ela tentou me matar, e isso soava um pouco divertido, pois agora ela podia mais do que eu, e eu merecia a morte. Uma pessoa linda e apaixonante!

Eu a amava.

Eu não podia ficar longe dela, seria insuportável! Eu precisava de sua presença em minha vida, era uma necessidade.

Vi-me tomado por uma dor latejante em meu peito, não sabendo lidar com a situação.

Percebi que minha vida nunca teria sentido se não a tivesse ao meu lado ou perto de mim novamente.

...

Passaram-se algumas semanas e eu ia ficando cada vez mais descuidado e distraído comigo mesmo. Estava completamente desorientado.

Esme começou a se preocupar quando viu que eu já não caçava há um tempo demasiado e quando meus olhos ficaram negros como ônix ela pediu para que Alice fosse conversar comigo.

Ouvi seus pezinhos subindo a escadaria e vindo para meu quarto. A porta estava trancada e ela bateu. Continuei em minha mesma posição de pedra. Deitado no sofá com o olhar fixo no teto, tentando não pensar.

– Edward, abra a porta, por favor! – Ouvi Alice atrás da porta. Não me mexi. – Edward Cullen, se não vier abrir agora vou quebra a porta!

Continuei sem me mexer e fingindo que não estava ouvindo.

– Tudo bem, estou entrando.

Ouvi um som estridente e a porta abrindo-se a força. Não me incomodei, Esme poderia conserta-la depois.

– Edward, você tem que acabar com isso! – Ela me disse, mais preocupada com Esme e o resto da família do que comigo. Ficou em pé na minha frente com as mãozinhas na cintura, mas eu me recusava a olha-la. – Você está assustando a todos nós. Esme não sabe o que fazer. E ela nem sabe o motivo disso.

– Pode contar a ela se quiser. – Percebi como minha voz soava completamente sem vida. Como seu eu estivesse morto. Mais do que já estava por dentro.

– Ah, não, não, não, maninho – Disse ela severa – Isso não é um problema meu. Se quiser que eles parem de se preocupar, dê você um jeito nessa história. Eu não vou me meter em mais nada!

Ela saiu do quarto, colocou a porta no lugar – agora sem maçaneta – e eu fiquei. Deitado em meu sofá que era o mais parecido com uma cama que eu tinha. Eu não precisava dormir, e mesmo que pudesse, não conseguiria. Minha mente era completamente tomada por imagens dela.

Eu tentava não pensar em seu nome. Isso fazia com que um rasgão se abrisse em meu peito, causando uma dor lamentavelmente quase física. Eu tentava me torturar o mínimo possível.

Ouvi vozes no andar de baixo e vi que Alice estava contando sobre a tentativa de conversa que tivemos para Esme.

– Eu não posso fazer nada, Esme – Alice se defendia num tom de voz sério – O leitor de mentes é ele, não eu.

– E se eu for falar com ele? – Esme sugeriu.

– Não sei se vai adiantar muito... – Disse Alice.

Esme não voltou a falar. Ouvi seus passos subindo as escadas e atravessando o longo corredor do terceiro andar. Ela não precisou bater na porta. Apenas a abriu.

– Edward? – Disse entrando de vagar – Querido, o que você tem?

Continuei em minha posição e não respondi. Ela caminhou pelo quarto e se sentou na beirada do sofá ao meu lado.

– Edward. – Ela estava muito preocupada. O que pode ter acontecido para ele ficar desse jeito. Se fosse humano já estaria desidratado. Ouvi sua mente, sem nem entender os significado de suas palavras – Edward, o que aconteceu?

Desta vez eu a olhei. Seus olhos dourados tinham uma expressão de “mãe preocupada”. Eu queria dizer que eu estava bem, mas ela saberia que era mentira.

– Esme, não se preocupe. – Ouvi minha voz morta falar.

– Não me preocupar? – Perguntou ela de um modo calmo – Querido, você não sai deste quarto há semanas. E não caça, também há semanas.

– Não estou com sede. – Falei, mas minha voz soou rouca, entregando minha mentira. Eu estava com sede, mas quase não sentia o fogo em minha garganta.

– Edward, o que posso fazer por você? – Ela estava desesperada, procurando um jeito de ajudar.

– Não há nada que possa fazer – Falei com sinceridade. Só ela poderia fazer com que eu saísse dessa situação.

– Deve haver alguma coisa. – Insistiu Esme.

– Eu só preciso de um tempo. – Ouvi minhas palavras mortas novamente, sem me dar conta do que eu estava falando.

– Bom, tudo bem. – Esme concordou.

Ela se levantou do sofá e foi para a porta.

– Se precisar de alguma coisa, – Disse antes de sair – pode me chamar.

– Tudo bem. – Respondi.

Ela saiu e eu voltei para meu estado vegetativo. Ouvi um movimento no andar de baixo, tentei ignorar, mas percebi que falavam de mim.

– Ele vai acabar petrificando naquele quarto. Mal se mexe! – Ouvi Esme que acabara de descer.

– Ou vai secar até a morte. – Disse Rosalie com naturalidade.

– Não podemos fazer nada, senão dar a ele o tempo de que precisa. – Carlisle entrou na conversa.

– E vamos deixa-lo lá? – Alice perguntou – Ele está com sede! Se não se alimentar logo, pode ter um colapso nervoso.

– Vamos cuidar para que ele fique bem. – Disse Carlisle novamente.

– Sim, e deixa-lo com tanta sede a ponto de querer atacar até a nós. – Disse Rosalie irônica.

– Rosalie. – Esme a repreendeu. – Nós vamos ajuda-lo. Fazer com que ele volte ao normal.

– E se ele não voltar? – Alice parecia com medo.

– Sei que se preocupa com ele tanto quanto nós, Alice. – Esme a confortou – Mas temos que respeitar seu espaço. Ele pediu um tempo então vamos dar isso a ele.

Só espero que não demore muito. Ouvi a mente de Alice. Edward, se estiver me ouvindo, trate de voltar ao normal e já! Não quero perder meu irmão de novo.

Eu queria responde-la, mas nada que eu dissesse soaria verdade. Optei por continuar calado, encarando a tinta branca do teto no quarto. Eu não queria fazer nada, não queria muito menos ficar ali. Meu real desejo era sumir, virar fumaça e nunca mais reaparecer. Mas como não havia essa alternativa, o teto do quarto me pareceu mais interessante.

...

E continuei assim por mais um mês. Eu não caçava mais do que um cervo na floresta atrás de casa a cada duas semanas, apenas para me deixar forte e controlado e fazer Rosalie engolir suas palavras quando disse que eu atacaria alguém da família.

Eu ia caçar sozinho e sem que alguém visse. Pulando de minha janela e voltando sem avisar a qualquer um. É claro que Alice podia me ver, mas ela sabia que eu queria ficar sozinho, e não insistiu para me acompanhar.

Quando voltava para o quarto, deitava em meu sofá e continuava encarando as paredes ou o teto, fazendo um esforço demasiado para não pensar no que meu cérebro teimava em procurar. O rosto dela.

Eu queria esquece-lo, mas ao mesmo tempo, não podia pensar nessa possibilidade. Se eu a esquecesse, eu esqueceria meu motivo neste mundo e enlouqueceria. Se ainda havia algum vestígio de sanidade em mim, era por conta das poucas lembranças que eu tinha dela.

Eu recebia algumas visitas em meu quarto, com a porta que continuava quebrada. Eu a concertaria se estivesse em minhas condições normais, mas eu não me importava com mais nada. Acho que se eu fosse humano, estaria muito magro, com olheiras ainda mais fundas do que as que eu tinha e com a barba por fazer.

Talvez eu devesse levantar e tentar agir normalmente, mas eu não sabia como comandar meu corpo para isso. Eu não tinha um piloto automático. Soltei uma risada suspirada ao pensar em mim andando por ai, mas completamente alheio às pessoas a minha volta. Eu já estava assim, mas deitado em meu quarto.

Precisava de ajuda, eu sabia disso. Mas ninguém poderia me ajudar. Nem Alice, nem Esme, nem mesmo Carlisle. A única pessoa que poderia me ajudar a sair daquela situação era ela. Ninguém mais era importante senão a garota com aqueles olhos dourados e desafiadores. Eu precisava ver aqueles olhos e sentir aqueles lábios novamente, e logo.

Eu até pensava em ir atrás dela, mas ela havia me chamado de monstro. Certamente não iria querer me ver nunca mais. Mas eu precisava dela!

– Edward? – Espantei-me quando Alice entrou no quarto. – Edward, liguei para Bella.

Aquele nome me fez encolher até o último músculo de minha barriga. Ouvir aquele nome podia causar tanta dor que foi por esse motivo que eu não o dizia em minha mente. Continuei olhando para cima, sem responder Alice.

– Eu sei que está me ouvindo, idiota. – E ela empurrou minha cabeça. Ela percebeu como meus cabelos estavam ainda mais bagunçados e cobertos por folhas de minha última caçada. – Edward, Bella não quer ver nem a mim! Ela disse que não voltará a esta casa e que nunca mais vai querer ver esta família. – Me encolhi ainda mais. – Não estou falando para você se sentir pior, mas para que você dê um jeito nisso!

Soltei uma risada macabra. Como eu poderia resolver aquilo se o problema ali era eu. E somente eu.

– Não posso fazer nada. – Ouvi minha voz e o suspiro de alívio de Alice.

– Pode sim, indo até lá e pedindo desculpas. – Sugeriu ela.

– Acha que meras desculpas apaga o que eu fiz, Alice? – Surpreendi-me quando ouvi minha voz com sarcasmo.

– Talvez não, mas você deveria pelo menos tentar.

– E do que vai adiantar? – Minha voz ia ficando cada vez mais sem vida. Como se eu estivesse morrendo, o que a propósito era assim que eu me sentia.

– Eu não sei, mas estou ficando preocupada. – Sua voz ganhou minha atenção. Ela disse de um modo como quem tem uma novidade desagradável.

– O que foi? – Minha voz ganhou um pouco mais de vida por conta do medo – O que você viu?

– Eu não vi nada. – Respondeu ela. – E é esse o problema. Eu não consigo ver o futuro de Bella. – Encolhi-me novamente – É como se ela tivesse desaparecido. Como se...

– Não se atreva a dizer isso! – Minha voz soou mais alto do que eu havia calculado.

– Relaxe – Disse ela – Bella está bem. Foi por isso que liguei para ela. Porque não a encontrava em qualquer lugar do futuro. Não sei o que de fato está acontecendo, mas não consigo ver ela. Pelo menos na maior parte do tempo.

– O que quer dizer? – Perguntei.

– Eu só vejo alguns relances. – Ela parecia decepcionada consigo mesma por estar perdendo a capacidade – E ela está sempre no mesmo lugar.

– Qual? – Perguntei inquieto.

– La Push – Respondeu ela, e me vi tomado pela escuridão do couro do sofá em que ainda estava deitado.


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Notas finais do capítulo

Aiin, nossa! O que será que Bella foi fazer em La Push?? hahaha
Mais um capítulo inédito para vocês.
É a partir daqui que a história vai se alongar um pouco.
Mandem Reviews, digam o que acharam do novo capítulo e até a próxima! Beijinhos :*



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