Gotas de Vinho – Reescrita escrita por Babs Toffolli


Capítulo 14
Conquista – Modificado


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas, aqui está mais um capítulo totalmente mudado, mas que não deixou de ter a essência do da história original. Aproveitem e boa leitura.



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Após o meu show com o sol acabar, Alice me veio com roupas limpas, e me mostrando o caminho para o banheiro. Agradeci e fui me limpar.

Tomei um banho demorado e quente. A água era como uma chama em minha pele fria.

Acabei o banho e me vesti. Escovei meus cabelos e me olhei no imenso espelho na parede sul do banheiro. Achei que Alice havia me dado roupas produzidas de mais – uma blusa cinza com mangas até os cotovelos de algodão fino; uma calça jeans escura e botas cano baixo som um salto de aproximadamente cinco centímetros. Fora isso, minha aparência estava impecável. Meus cabelos devidamente em seu lugar, a boca ensanguentada estava limpa, e meu vestido dentro de uma bolsa. A única coisa que me preocupava eram os olhos, que ainda ardiam de um vermelho vivo.

Desci as escadas e encontrei Alice e Jasper me esperando em frente ao Porsh amarelo canário. Alice me deu um estojinho, dizendo que eram lentes de contato. Eu devia muito à Alice.

– Pronta? – Perguntou Alice com um sorriso animado.

Suspirei.

– Pronta.

Ao chegarmos, Charlie ainda estava em casa. Pude ouvi-lo mastigar e engolir alguma coisa de seu café da manhã. Cheguei à porta e bati. Ouvi ele arrastando a cadeira, levantando e caminhando até a porta. Ele me parecia desanimado. A porta abriu e eu automaticamente prendi a respiração.

– Bella? – Perguntou confuso. Ele me analisou por um tempo e de olhos arregalados. Certamente percebeu que eu estava muito diferente. E eu sabia disso. Mais pálida, e linda, e forte, e rápida...

– Oi, pai. – Dei um sorriso tímido. Meu ar deu uma recaída. Era ruim não respirar.

– Bella, o que aconteceu? – Perguntou desconfiado.

Olhei para Alice, que assentiu. Soltei o ar de uma vez e respirei o mínimo de oxigênio possível. O cheiro de Charlie me atingiu como uma bola de neve na cara. Seu cheiro era o mais delicioso que já senti em toda minha vida. Eu o queria! Precisava de seu sangue. Minha garganta que antes estava completamente sem dar sinais de voltar a me torturar pela sede, reacendeu-se.

Senti-me perdendo o controle. Alice pôs a mão em um de meus braços delicadamente, para que eu lembrasse de onde e com quem eu estava. Novamente senti a onde de paz em torno de mim e a acolhi. Minha visão novamente havia ficado avermelhada, o cheiro era enlouquecedor.

– Bella, está tudo bem? – Ouvi a voz preocupada de meu pai, mas não conseguia entender o que ele dizia. Meus ouvidos estavam completamente ocupados escutando as batidas de seu coração. A sede só aumentou, e eu sentia meu controle escapando de minhas mãos.

– Aguente, Bella! – Ouvi a voz de Alice num sussurro tão baixo que apenas eu e Jasper podíamos ouvir. – Ele é seu pai, aguente firme.

Olhei para suas feições miúdas. Ela sorriu. Aquele sorriso causou mais efeito do que o poder de Jasper. Aquele sorriso fez eu me sentir verdadeiramente em casa. A segurança de meu pai dependia apenas de mim, e eu não o decepcionaria! Soltei um suspiro pesado e tentei me acostumar com o cheiro de Charlie. O início de um rosnado começou a se formar em minha garganta, mas eu o controlei.

– Estou bem. – Respondi tanto a Charlie quanto Alice. Alice suspirou aliviada.

– O que houve com você, filha? – Charlie me olhou como se eu tivesse me transformado em alguma aberração.

– Hmm.. – Fui pega de surpresa. Eu não havia ensaiado uma história convincente para dar a ele. O que diria pra ele? "Oi, pai. Tenho que te contar que fui atacada e mordida por um vampiro. Fui transformada e agora sou conduzida por uma louca sede de sangue humano. Ah, sim, e a propósito, eu quero o seu".

Alice viu meu estado de nervos e decidiu entrar na conversa.

– Ela teve uma crise de fibromialgia. – Disse ela e eu a encarei. Nunca havia ouvido falar nesta doença. – Geralmente é uma doença crônica, mas no caso de Bella, os sintomas eram ainda controláveis. Ela só precisa ser deixada de repouso por alguns dias e estará nova em folha.

– E por que o Dr. Cullen não veio explicar isso pessoalmente? – Charlie parecia ofendido.

– Ele teve uma emergência no hospital e me mandou fazer companhia na volta pra casa de Bella. Ah, e claro, explicar o motivo das dores.

– Fibromialgia? – Perguntou Charlie. – Nunca ouvi falar.

– É... – Alice pareceu sem graça – Realmente, não é muito conhecida senão pelos médicos ou quem sofre com ela. – E riu. O coral de sinos de vento de novo. Isso pareceu tranquilizar meu pai.

Há essa altura, eu já estava bastante acostumada com o cheiro de sangue humano no ar. Mas minha garganta ainda gritava por sangue. Tentei ignorá-la o máximo possível.

Charlie disse para entrarmos, incluindo Alice e Jasper. Achei estranho ver dois vampiros lindos e elegantes em nossa humilde sala de estar. Até aquela manhã, era eu quem estava na sala deles, e ela não era nada parecida com a que tenho em casa.

– Então, Srta. Cullen... – Começou Charlie.

– Alice – Alice o interrompeu gentilmente. Ela tinha o incrível dom de fazer com que todos a sua volta a amassem.

– Alice. – Corrigiu Charlie – Conte-me mais sobre a doença de Bella.

Então Alice abriu uma série de explicações falsas sobre a doença. Ela certamente não esperaria que Charlie entrasse na internet para tomar a prova das informações que ela lhe passava. Talvez, se ele decidisse faze-lo, ela o veria antes que acontecesse e não estaria enchendo sua cabeça de mentiras.

– Isso pode ser devido ao estresse, pressão, ansiedade... – Foi dizendo ela. Jasper era apenas uma estátua ao lado dela, se mexendo apenas para mostrar que estava vivo, ou pelo menos quase.

Após algumas outras perguntas de meu pai e explicações de Alice, o rumo da conversa se dirigiu para mim. Charlie me encheu de perguntas do tipo: "Sente-se pressionada?", "Acha que o estresse é por causa da formatura ou por trabalhar tanto na loja dos Newton?".

Tive que responder estas e outras perguntas e tive que negar. Disse que me sentia muito bem agora, o que era verdade. Também disse que esse tipo de coisa pode acontecer com qualquer um.

– Pai, relaxe. Eu estou bem agora. Não precisa se preocupar.

– Mas você estava com as pernas quebradas! – Ele acusou.

– Na verdade – Alice entrou na conversa novamente – Bella estava com as pernas em perfeito estado. Mas por questão da dor, ela acabou perdendo a sensibilidade delas. Assim como a do braço.

Charlie a encarou como se ela fosse a minha própria médica.

– E há chance de isto acontecer novamente, Alice? – Alice e Jasper riram. Eu também não pude deixar de soltar um pequeno sorriso.

– Não, Charlie. – Disse ela com educação – Nós podemos garantir que isso não voltará a acontecer.

Charlie suspirou, aliviado.

...

Charlie queria poder ficar mais, mas teve que ir trabalhar na delegacia. Ainda estavam querendo achar o assassino de Mellany. Que para mim parecia ter sido há mais de uma década atrás.

Quando Charlie tocou no nome da garota, Alice e Jasper agiram naturalmente, mas Alice me lançou um olhar que não pude entender.

Charlie saiu, dizendo para ficarmos a vontade.

– Então, Bella? – Perguntou Alice – Como se sente?

Ponderei a pergunta por um instante. Eu me sentia bem. No começo havia sido terrivelmente difícil, mas agora estava mais fácil. Descobri que eu poderia, sim, continuar morando com meu pai e sem machuca-lo.

– Alice, eu acho que estou bem. A sede ainda é forte, mas sinto que posso lidar com isso. – Sorri feliz.

Alice gostou de minha resposta. Jasper ficou um pouco tenso.

– Mas, Bella, não sabemos até que ponto você pode se controlar. – Argumentou ele – Acha mesmo que seu pai não corre perigo?

– Não posso dar uma resposta concreta. – O olhei fixamente, sendo sincera – É claro que ainda há riscos. Mas estou bem por enquanto.

– E se daqui algum tempo não estiver mais? – Pressionou Jasper – Pode ser até mesmo amanhã. Nós daríamos as costas e você o mataria.

Eu sei que ele não estava falando aqui por mal. Ele apenas queria se certificar que a convivência próxima entre eu e meu pai seria segura.

– Estou dizendo "se", e apenas se isso não puder acabar bem. – Continuou ele – O que você fará?

– E-eu não sei. – Falei verdadeiramente – Mas posso dizer que há algo que eu posso fazer, caso fique difícil suportar.

– E o que seria?

– Partir. – Falei por fim. – É só o que me resta a fazer. Posso arranjar algum lugar, ou viajar até que seja seguro para ele. – Eu podia sentir como devia estar minha expressão. Uma mistura de medo e tristeza. Eu não queria ter de deixar o meu pai. Mas se apenas isso fosse o suficiente para protege-lo de mim mesma, era a coisa certa a se fazer.

Alice notou meu estado e sentou-se mais perto de mim, abraçando meus ombros.

– Talvez você não precise ir embora, Bella. – Disse ela, num tom baixo e calmo. Como uma consolação. – Se quiser, há muito espaço em nossa casa e sei que Esme e Carlisle ficariam contentes em te receber lá.

– Obrigada, Alice, mas não quero ter que dar mais trabalho ao Dr. Cullen. Ele já fez demais por mim.

– Você não conhece Carlisle. – Ela disse rindo – Não hesitaria nem sequer por um segundo para ajudar você. Ele é muito melhor nisso do que nós.

– Bem, de qualquer forma, – tentei mudar o rumo triste do assunto – acho que vou conseguir. Já me acostumei bastante com a presença dele. E acho que a tendência é melhorar, correto? – Olhe para Jasper, otimista.

– Pode ser. – Respondeu ele.

...

Passamos o resto da manhã conversando. Eu estava principalmente tirando mais dúvidas e curiosidades que ainda me restavam. Alice as respondia de bom grado. Jasper incrementava algumas, mas preferia ficar quieto e escutar Alice falar.

Perguntei a ela o motivo da cor das olhos da família. Também perguntei se algum dia os meu seriam daquele jeito.

– Isso depende – Ela deu uma pausa – Se você continuar na dieta do sangue animal, sim, seus olhos mudaram. Primeiro para âmbar e depois dourados.

– E quanto tempo isso pode durar? – Eu esperava que fosse logo.

– Isso varia, Bella. Mas acho que daqui alguns meses, talvez.

Bom, pelo menos ela não disse anos. Isso, sim, seria pior.

...

Após horas de conversa, o celular de Alice tocou. Ela olhou o visor do aparelho e soltou um suspiro irritado.

– Poderia haver hora mais inadequada? – Reclamou ela. Atendeu a pessoa com raiva. – Alô?

Mesmo um pouco longe dela e de seu aparelho, eu podia ouvir uma voz fraquinha do outro lado da linha. Era uma voz masculina, e eu podia jurar que ela me era familiar. Como se eu a tivesse ouvido há mais de anos atrás. Mas a memória me falhava. Eu tentei acompanhar a conversa, mesmo sabendo que não deveria.

– Alice? – Perguntou a voz confusa.

– Sou eu, Edward. – Respondeu Alice impaciente.

– Acabei de chegar em casa e não te achei. Esme me disse onde você foi e agora preciso que volte pra casa. Imediatamente. – A voz de Edward parecia autoritária. Como um grande chefe de uma empresa importante.

De onde diabos eu conhecia aquela voz? Eu não conhecia nenhum Edward. Muito menos este, que eu nunca ouvira falar na família Cullen.

Enquanto ele falava, pude sentir que ele não tava explicações exatas do porque queria que Alice voltasse para casa "imediatamente".

– Você não pode esperar mais algumas horas? – Alice mudou o tom de voz para dúvida. Ela também parecia esconder alguma coisa.

Olhei para Jasper, que ainda estava encostado em meio as almofadas e em perfeito silêncio. Ele não me dirigiu o olhar, apenas se concentrava na conversa de Alice como eu.

– Alice, – Suplicou a voz do outro lado – é urgente!

– Urgh! Tudo bem, tudo bem. – Cedeu ela – Chego aí em dez minutos. – E desligou.

Ela tornou a guardar o aparelho na bolsa e virou-se para mim.

– Bella, preciso resolver um assunto. – Me disse ela séria. – O chato do meu irmão está tendo uma de suas crises, preciso ir lá e acalmar os nervos dele.

– Ah, bom, tudo bem. – Levantei-me do sofá – Volte se quiser. – Falei enquanto os levava até a porta.

– Vou voltar. – Respondeu ela. – Preciso garantir que você não matará seu pai e nem fugirá pelas minhas costas. E se caso tentar isso, eu vou saber antes mesmo de você. – Olhou-me com as sobrancelhas unidas. Ela parecia estar brincando, mas havia verdade em seu tom de voz.

– Eu sei. – Falei.

– Vou ficar de olho em você. E se caso não tiver nada pra fazer durante a noite, venha até nossa casa. Podemos conversar mais. – Ela não pareceu ser sincera quando me convidou para voltar à mansão dos Cullen.

– Tudo bem. – Respondi.

– Ótimo. Até logo, Bella. E boa sorte com seu pai. – Sorriu enquanto sentava no banco do motorista do Porsh e dava a partida.

Fiquei do lado de fora da casa até não conseguir mais ver a cor amarela do carro. Isso demorou um certo tempo por causa de minha nova visão poderosa.

Voltei para dentro e olhei o relógio da cozinha. Eram exatamente uma da tarde, e eu não tinha nada o que fazer. Mas então lembrei de que eu tinha uma vida antes de tudo isso.

Corri para o meu quarto na velocidade da luz e liguei meu velho computador. A tela se iluminou com mais lentidão de que me lembrava.

Abri minha caixa de E-mails e havia diversas mensagens de mamãe. Isso provavelmente devia ter sido culpa de Charlie, tentando ser um pai responsável e contando á ela sobre meu ataque de dores insuportáveis.

Pelo visto eu estava certa. Havia um E-mail que ela dizia que só não estava pegando o primeiro avião para Forks porque Phil também estava doente. Pelo menos eu tinha meu pai. Phil ficaria sozinho. Deus o abençoe por isso.

Se minha mãe soubesse desta atual situação, não consigo nem imaginar em como ela reagiria. Com um tremendo escândalo, com certeza.

Não respondi todos. Apenas o último falando várias coisas de uma vez.

Mãe,

Sinto muito ter que te fazer passar por isso. Eu fiquei doente por uns dias, mas agora estou muito bem. Não se preocupe, o médico disse que apenas preciso de um bom repouso. Isso já estou fazendo.

Sinto também não poder ir para casa nas férias. As coisas com a faculdade estão um pouco corridas.

Quero que saiba que, sim, eu estou muito bem, e posso dizer que Forks não é mais o meu pior pesadelo como antes. Aprendi a chama-la de lar.

Quanto as minhas conquistas: sim, por enquanto elas estão indo bem. A principal delas está um pouco confusa. Mas sei que vou conseguir.

Eu te amo. Bella.

Analisei meu pequeno texto e parei em meu último parágrafo. Ela havia perguntado sobre estar me saindo bem com meus objetivos. Eu tentei explicar o mínimo possível de que o mais importante deles, ainda estava em andamento. Eu só não citei qual: Manter Charlie vivo.


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Notas finais do capítulo

Awn! Que fofura ^^
E então? Gostaram?
Mandem sempre as Reviews. Quero saber o que estão achando da história até aqui. Até o próximo capítulo. Beijinhos :*



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