A Bella e a Fera escrita por Luana


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olááááá pessoas!
Mais um capítulo quentinho para vocês.
Ainda não tenho certeza, mas acho que vou fazer dessa história uma SHORT, pois a história da Bela e a Fera não é tão grande.
Enfim a Fera entra na história :D
Estou bem feliz com o que estou escrevendo até agora, e vocês? O que estão achando?
Boa leitura meu amores, até lá embaixo.
Kisses, kisses ;*



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Havia algo prestes a acontecer, Bella podia sentir. Havia três dias que seu pai partira e desde o instante de partida seu coração se encontrava aflito. Apertado por uma sensação ruim que ela sequer sabia de onde vinha. Suas irmãs nada sentiam além da excitação perante os novos presentes que ganhariam. Era noite e Bella estava em seu quarto, olhando pela janela a chegada de uma temível tempestade. Ela se deitou em sua cama e rezou para quem quer que estivesse ouvindo, não contente e com a inquietante aflição do coração, Bella escondeu-se debaixo das cobertas e esperou até que a escuridão a engolisse e enfim a levasse para o mundo dos sonhos. Infelizmente, a jovem moça foi atormentada por pesadelos novamente.

Ao longe, naquele exato momento, Charlie enfrentava a tempestade mais atemorizante que já presenciara em sua vida. A vontade de rever suas amadas filhas era tanto que o pobre homem viajou durante todo dia e continuou noite adentro. Em determinado momento, cansado e faminto, Charlie foi pego de surpresa por uma terrível tempestade. Em seu íntimo, rezava para que encontrasse uma estalagem ou até mesmo uma choupana para que pudesse pedir abrigo. O breu fora do comum, causado pelas nuvens que escondiam a luz da lua, deixava os cavalos nervosos e ariscos. Galhos de aparência cadavérica arranhavam as laterais da carroça causando um gélido arrepio que subia pela coluna de Charlie. Quando a chuva desabou das nuvens carregadas, controlar a carroça se tornou um trabalho brutalmente difícil para o pobre homem. Ao chegar a encruzilhada que levaria Charlie de volta a sua casa, um trovão ribombou alto no céu escurecido e os cavalos, assustados pela tempestade, empinaram e seguiram o caminho contrário ao que seu dono lhes havia ordenado. O pobre coitado, sem perceber que seu destino fora alterado, seguiu caminho para terras desconhecidas apenas notando que o caminho estava demasiado diferente quando já era tarde demais.

As árvores começaram a formar um domo fechado sobre a trilha que a carroça seguia e, como se fosse possível, a noite se tornou mais sombria. Notando que o pequeno túnel atenuava a força com que a chuva caía, Charlie desacelerou o ritmo de seus cavalos e tentou encontrar uma placa que lhe permitisse se localizar. Sem saber, Charlie se dirigia para além das colinas no norte, para o povoado de North Cave, lugar que foi abandonado a própria sorte e agora era lar de lobos e criaturas que procuravam abrigo em noites de tempestades. Ainda enquanto olhava em sua volta, Charlie sentiu um calafrio na espinha e de súbito, sentiu-se vigiado. Olhava para todos os lados, temeroso, tentava encontrar quem lhe observava, no entanto quando visualizou pequenos olhos brilhando por entre as árvores, não precisou de mais nenhum segundo para entender que precisava fugir. Como se um interruptor houvesse sido ligado, vários olhos ferozes se projetaram por entre as árvores e os cavalos, sentindo o perigo, saíram em disparada. A velocidade dos animais juntamente com a estrada que estava demasiado acidentada provocou a quebra em uma das rodas da carroça, lançando Charlie alguns metros à frente em meio a alguns arbustos. Sem se dar tempo para sentir dor, o homem se levantou e correu, se embrenhando ainda mais pela floresta. A única coisa que ele ouvia eram os rosnados raivosos dos lobos que o perseguiam.

Depois de algum tempo, que ele não saberia precisar, suas pernas pesavam como chumbo e seus pulmões pareciam queimar dentro de seu corpo, no entanto avistou logo a frente grandes portões de ferro que estavam semiabertos. Sentindo uma centelha de esperança, o homem se jogou pelas grades e as trancou. O bando de lobos que o perseguia parou perante o obstáculo e rosnou, mostrando presas enormes que poderiam ter despedaçado o homem que os encarava em apenas alguns segundos. Após a adrenalina deixar seu corpo, Charlie olhou em volta para se situar. O que viu lhe deixou completamente bestificado. Não sabia como não notara anteriormente a construção magnífica que se projetava a frente de seus olhos. O palácio era maior do que qualquer edificação que já tivesse visto, com janelas abobadadas decoradas com os mais belos vitrais e uma torre central que se fechava em um domo. Havia apenas uma pequena janela na torre e, se prestasse muita atenção, poderia ver que dela emanava um brilho rosa suave, quase imperceptível. Mas, Charlie não notou isso. Também não notou que a casa emanava uma energia estranha. Algo naquele local parecia gritar “vá embora”, no entanto o medo que o homem sentira anteriormente não deixava espaço para esta percepção. Talvez, em outro momento, Charlie teria fugido de lá sem pensar duas vezes, mas naquele instante aquilo era sinônimo de segurança para ele. Ou o mais próximo disso que ele conseguiria aquela noite.

Após alguns instantes refletindo o que fazer, decidiu-se por bater. A porta era grande demais até para um rapaz alto e forte como James Turner, Charlie pensou consigo mesmo. Entalhada em um tipo de madeira quase tão branca quanto alabastro, tinha batedores em formato de leão. Dois leões ferozes rugindo para cada visitante que ousasse por os pés ali. Elevou a mão e bateu diversas vezes, ouvindo o som reverberar pelas paredes e morrer na escuridão, sem obter resposta. Achava estranho em demasia que não houvesse ninguém para lhe receber em um lugar tão grande quanto aquele. Estariam os donos enfrentando aquela terrível tempestade também? Tentou bater mais uma vez e a porta se moveu, abrindo espaço para que ele pudesse vislumbrar o interior do local. Estava tão escuro quanto na rua e ele não conseguia distinguir os detalhes, mas um feixe de luz fraco chamou-lhe a atenção. Parecia vir de um corredor que logo embicava em uma longa escadaria. Pesando suas opções, resolveu entrar e aguardar os donos chegarem. Ao menos estaria seco e protegido do frio e chuva que lhe castigavam do lado de fora. Após adentrar o recinto, o mercador pôde ver, com certa dificuldade, que estava em um grande salão. Parecia-lhe um daqueles salões principais que havia nos castelos há tantos anos atrás. Por um momento se perguntou se, de fato, existiram reis e rainhas naquelas terras antigamente e se os donos do local eram herdeiros de uma riqueza esquecida pelo mundo. Tão rápido o pensamento veio, já se foi. Aquilo era ridículo. Continuou seu caminho em direção as escadas e por fim chegou ao local que emanava aquela luz. Ao entrar no cômodo, o velho mercador se encontrou diante de um grande lareira e se adiantou para mais perto para que o calor pudesse lhe enxugar as roupas. A sala era grande e suntuosa, com certeza, mas a mobília era um tanto esquisita. Excêntrica era a palavra que uma pessoa educada deveria usar. Mais a frente havia uma mesa servida para uma pessoa. Charlie mal podia crer, mas de fato estava vendo comida quente e vinho que parecia delicioso.

Não sabia se deveria de fato fazer aquilo, mas estava demasiado extenuado e por isso sentou-se a mesa e desfrutou do belo jantar. Bella que não o ouvisse dizendo aquilo, mas era a melhor comida que já tinha provado em toda sua vida. Havia de tudo ali e em quantidade para um batalhão! Um peru gordo era o prato principal, dourado e suculento, Charlie havia salivado apenas ao olhá-lo. Salada de batatas, arroz branquinho, diversos tipo de molhos, dentre outras coisas encheram o estomago do mercador. Após findar a refeição, já seco e sonolento, foi atraído pela luz que saía de um quarto vizinho. Foi para lá e, entrando, encontrou uma grande sala com uma cama acolhedora já pronta para que ele descansasse. Sem pensar em mais preocupações, o bom homem dormiu o sono dos dignos esperando estabelecer-se novamente em seu rotineiro bem-estar.

A luz entrava por uma das janelas e parecia abraçar suavemente o corpo de Charlie. Repousado pela noite de descanso, o pai de Bella levantou-se e tratou de esticar o corpo para partir em viagem. Ao olhar ao redor, encontrou vestimentas limpas e que lhe cabiam perfeitamente. Na saleta ao lado, novamente uma refeição muito farta estava servida. Pães de diferentes tipos enfeitavam a mesa, geleias dos mais diversos sabores, leite, refrescos, queijos e outras iguarias que Charlie já não provava havia muito tempo formavam uma nuvem de odores encantadora. O estomago do velho mercador roncou e com uma sonora risada ele resolveu sentar-se e desfrutar de mais uma hospitalidade. “Por que não” pensou ele “depois de ontem, não fará mal”.

Após se alimentar, ele tornou a levantar e se pôs a caminho da rua, perguntando-se internamente o porquê de não ter encontrado viva alma dentro daquele castelo. Era certo como o chão em que pisava que alguém havia lhe recebido de forma demasiado hospitaleira, mas quem? Sabia que não veria nada, mas ainda assim, desceu as escadas e atravessou o salão olhando com detalhadamente para cada possível lugar onde alguém pudesse se esconder. Não viu ninguém, não havia nada afinal. Já havia atravessado o portão quando se lembrou de algo e resolveu voltar. Não queria parecer aproveitador ou grosseiro, por isso iria deixar ao menos um bilhete para a pessoa que tão gentilmente ofereceu-lhe abrigo e comida. Andando novamente em direção a porta viu uma roseira farta que se aninhava junto à parede lateral do castelo. Era maravilhosa, com lindíssimas rosas ainda molhadas pela chuva da noite anterior. De imediato lembrou-se da promessa feita para sua filha Bella. Parou, observou cada uma delas e, tomando cuidado com os espinhos, pegou a mais bela e perfumada.

Assim que terminou de quebrar o caule da rosa ouviu um rugido pavoroso que foi capaz de arrepiar todos os pelos de sua nuca. Apavorado, Charlie Swan se virou e se viu na presença do ser mais monstruoso que já virá na vida. Nunca imaginou que algo como ele pudesse existir. Era muito alto, tinha dois metros talvez, talvez até mais! Seu corpo era uma massa de músculos muito grande, e era completamente coberto de pelos. Os braços eram maciços, muito fortes e nas mãos havia garras tão grossas que seriam capazes de arrancar-lhe a cabeça com um tapa. Mas quem se preocuparia com as garras quando as presas se faziam tão evidentes na carranca raivosa? O rosto da criatura lembrava algo de um leão e também de um lobo. A juba que cobria-lhe a cabeça e o largo pescoço era revoltosa e grossa, o nariz/focinho bufava em desprezo. Percebera tarde demais que este ser horroroso fora quem lhe preparara a comida e as roupas. Seu estômago embrulhou, suas mãos suavam e ele teve certeza que seria devorado naquele mesmo instante. Internamente, o homem rezou por sua vida.

—É assim que tu pagas minha hospitalidade? – rugiu a besta em desafio – Roubando minhas rosas? Nunca mais irás agir em desonra com ninguém. Como castigo pela afronta sou obrigado a lhe matar.

Charlie sabia o que aconteceria a seguir, mas se recusava a desistir da vida. Ajoelhou-se e, desesperadamente, clamou por sua vida. Não havia orgulho que se sobrepusesse ao medo da morte. Não podia morrer, tinha filhas a criar.

—Por favor, não me mate. Não agi em desonra, não quis lhe roubar. Queria apenas levar um presente para minha filha caçula. Ela queria apenas um rosa. Preciso cuidar de minhas filhas, não me mate.

A expressão da Fera tornou-se um esgar de repulsa perante a fraqueza do homem a sua frente. Ele era fraco, mal serviria para a morte.

—Pois bem, façamos diferente então – disse a fera – Eu não o matarei e você irá voltar para seu povoado. No entanto, dentro de quatro dias deve voltar você ou uma de suas filhas para trabalhar como serviçal em meu castelo. Se o acordo for quebrado, irei atrás de você e destruirei a todos. – E, dizendo isso, virou-se e andou com uma velocidade impressionante de volta para a escuridão do castelo.

Resquício de uma hospitalidade já esquecida, uma carruagem suntuosa estava parada em frente aos portões do castelo, com cavalos fortes e descansados para a viagem. Apavorado e infeliz, Charlie subiu na carruagem e partiu de volta para sua casa com a certeza de que em breve voltaria a ver aquela paisagem. Seu coração se apertou, pensando no sofrimento de Bella ao lhe ver partir. Se tivesse escutado a filha, nada daquilo estaria acontecendo. A perspectiva de contar as filhas seu cruel destino fez com que o caminho até sua casa parecesse infinitamente mais rápido. Chegando lá, Charlie não conseguindo mais conter as lágrimas, desabou pedindo perdão as filhas. Contou-lhes toda a história, observando o semblante de medo e pavor quando explicou da maneira que pode como era a temível besta. Ao terminar sua história, Irina e Kate irromperam em pranto, gritando que não sobreviveriam a uma vida com tal Fera. Charlie jamais pediria que uma de suas filhas se sacrificasse por ele, sequer havia cogitado a possibilidade. Naquele momento, Bella que até então mantivera-se calada, deu um passo a frente e tomou para si o triste futuro que todos temiam.

—Irei eu em teu lugar, papai. Incorreste na ira do monstro por minha causa. É justo que eu vá. – sua expressão era determinada, mas seu pai via que suas mãos tremiam.

—O que ela diz é verdade papai. Nunca terias ficado prisioneiro caso não houvesse pegado a maldita rosa. Bella é quem tem que pagar, afinal. – Disse Kate em tom ferino.

Raiva estampou o rosto de Charlie, ele jamais permitiria que culpassem sua Bella por aquela infelicidade. Era um ultraje que sua própria irmã dissesse isso. O mercador xingou e brigou, mas não adiantou em nada sua fúria, pois Bella estava decidida. Para nada serviriam os protestos de seu pai, senão castigar lhe a alma ainda mais.

Os dias passaram rápido demais e Bella sentiu como se seu pouco tempo estivesse sendo roubado. Arrancado de seus braços sem que tivesse a oportunidade de se defender ou brigar por ele. A jovem moça despediu-se de seus amigos animais e achou estar enlouquecendo, mas eles pareciam extremamente felizes com a partida dela. No terceiro dia, Bella arrumou suas coisas segurando o pranto, pois não queria que sua família se penalizasse. A tensão era gigantesca e Bella sentia-se como se estivesse a caminho da forca. Kate, desmanchando-se em lágrimas, pediu perdão a Bella e a mesma, enternecida pelo ato abraçou a irmã. Sabia que, no fundo, a irmã nunca lhe desejaria o mal realmente. Ficara apavorada e descontrolara-se. Após muitas lágrimas e despedidas quase fúnebres, Bella se pôs a caminho de seu triste destino. Seguira as instruções de seu pai e encontrara a misteriosa construção embrenhada na mata. Chegada à morada do monstro encontrou tudo exatamente como seu pai havia descrito, no entanto estava tudo muito iluminado, não havia resquícios da escuridão da qual seu pai lhe falara. Como seu progenitor, também não encontrara viva alma a sua espera. Pôs-se a visitar o palácio e, apesar de desolada pelo seu destino, não pode deixar de apreciar a beleza daquele lugar. A decoração era engraçada, estranhamente alegre para um local aparentemente abandonado. Após visitar muitos cômodos, qual não foi sua surpresa quando, ao encontra uma extraordinária porta, leu ali a inscrição em graciosos caracteres dourados: “Apartamento de Bella”.

Ao entrar se encontrou em uma grande ala do palácio, luminosa e ricamente mobiliada. A primeira parte era uma saleta com poltronas, armário e uma penteadeira de marfim com detalhes em riscas de ouro e uma enorme cama em mesmo estilo de decoração. Das janelas, uma sacada se abria com uma esplendorosa vista para o jardim. De volta à sala, havia mais uma porta a explorar. A porta dava para um amplo banheiro com um espelho gigantesco que fazia parecer que tudo dentro do cômodo estava duplicado. Havia uma banheira branca de porcelanato e um total de três balcões com os mais diversos itens sobre eles. Sais de banho, sabonetes, shampoos, perfumes e até mesmo velas com deliciosos aromas de frutas silvestres. Várias toalhas brancas e dois robes felpudos também estavam dispostos perfeitamente dobrados sobre as bancadas.

Voltando ao quarto, Bella resolveu arrumar suas coisas e se apavorou quando abriu os armários e percebeu que estavam cheios de vestidos que lhe cabiam perfeitamente. Não fazia ideia de como tudo aquilo tinha sido providenciado, mas se sentia completamente assustada. Algumas horas mais tarde, Bella ouviu baterem a porta. Temerosa, foi até a porta e, respirando profundamente, a abriu. O que viu fez suas pernas tremerem e ela temeu desabar. Temeu por sua vida e temeu pelo mundo. Amedrontada, gritou e fechou a porta com força, tornando a se refugiar em seu quarto. Violentas batidas voltaram a sacudir a porta e Bella temeu que ela se partisse ao meio, deixando-a indefesa perante o monstro. Após alguns instantes, Bella ouviu um rugido agoniante e as batidas cessaram. Certa de que seu destino seria a morte, Bella escondeu-se entre as cobertas da cama e deixou-se chorar durante o resto da tarde.

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Notas finais do capítulo

E entãããão?
O que acharam? Dá pra imaginar a Bella se apaixonando por ele?
Nãão né?
Digam-me o que acharam. Até a próxima ;*



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