A Bella e a Fera escrita por Luana


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Eu estou realmente muito triste com vocês.
O último capítulo foi tão ruim?
Nenhum review, nenhum mesmo.
E eu sei que tem pessoas que estão lendo, acompanhando e até favoritando.
Enfim, não posso fazer nada além de expor minha frustração.
Eu, particularmente, gostei muito desse capítulo, ele é bem fofo e é aqui que começa toda a interação entre a Bella e a Fera.
Boa leitura.



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Já se passava muito tempo quando Bella conseguiu enfim se recuperar do acontecido daquela tarde. Continuava extremamente horrorizada com o ser que agora era seu senhor. Primeiramente havia pensado ser rude demais ao bater-lhe a porta na cara, no entanto ao presenciar a violência com a qual a criatura esmurrara a porta, percebeu que fora o certo a fazer. Sentia calafrios em sua delicada pele de porcelana ao pensar o que tal ser poderia fazer a si quando presenciasse esses rompantes de raiva.

Quando não pode mais conter os sons de reclamação que seu estomago fazia, Bella levantou-se e, preparando-se psicologicamente, saiu de seus aposentos com intenção de encontrar algo para comer. Cogitou a possibilidade de cozinhar algo para si, mas deu-se conta de que não sabia ao certo onde ficava a cozinha. Ainda muito amedrontada, a jovem moça seguiu pelos corredores do enorme castelo, hesitante, dava curtas espiadelas para se certificar que não havia ninguém no cômodo para apenas então se dar a liberdade de averiguar tudo com calma. Ela não podia negar para si mesma, estava encantada com o local, mesmo que fosse seu cativeiro. Cada cortina de cada cômodo estava aberta, proporcionando ao sol abertura suficiente para lançar os raios amanteigados do entardecer sobre os móveis. Essa claridade agradável, aos olhos de Bella, tornava todo o ambiente mais agradável, mais harmonioso. Enquanto vagava por sua prisão estranhamente agradável, Bella não conseguia deixar de se perguntar onde estaria a Fera. Inconscientemente havia decidido que esse era o nome pelo qual ela o chamaria.

Naquele mesmo instante, escondido nas poucas sombras restantes no castelo, a temida besta observava sua nova serva. A tez de porcelana, os cabelos castanhos e sedosos, tão bem escovados que brilhavam a luz do entardecer. O que mais encantava a Fera eram seus olhos. Castanhos e quentes como chocolate derretido. Ele a observava a tanto tempo, antes mesmo de que ela viesse para o castelo, que já havia decorado todas as suas feições. Era tão pequena, tão delicada, se fazia claro que o abominava e lhe tinha por um monstro. Olhando seu reflexo em uma das janelas se perguntou quem não acharia isso? Era de fato uma monstruosidade. Feio, assustador, mais horrível do que a mais temida das criaturas. Teria de se contentar em observá-la enquanto ainda havia tempo. Depois de sua morte, ela poderia partir de volta para sua família.

Ao virar-se para voltar aos seus aposentos, a Fera atrapalhadamente esbarrou em um vaso de flores fazendo com que ele caísse a seus pés totalmente despedaçado. Assustada pelo barulho Bella virou-se e rapidamente seus olhos caíram sobre a criatura. Apavorada, a moça correu pelos corredores, abrindo qualquer porta que visse como obstáculo entre ela e a Fera. Alcançada a última porta, percebeu que fora seguida. Tentou conter a tremedeira nas pernas e o grito que ameaçada transpassar sua garganta. Perdida e em pânico, pôs-se a pensar se deveria implorar por sua vida. Quando se preparava para pedir por clemência, viu-se muda pelas palavras que a criatura proferiu.

—Por favor, não fuja! – disse a Fera em um grunhido gentil e suplicante. —Sei que tenho um aspecto horrível e me desculpo por isso. Mas, não sou mau e espero que um dia minha companhia possa-te ser agradável. Venha à mesa comigo esta noite, honre-me com sua presença. Não lhe farei mal algum.

—Por favor, deixe-me voltar aos meus aposentos, lhe rogo, por favor! – disse Bella com os olhos marejados. Estava apavorada perante a perspectiva de sentar-se a mesa com ele.

Quase imperceptivelmente, os ombros da Fera despencaram e ele se amaldiçoou por ser como era. Mas então, uma fúria antiga por todos os anos de solidão que passara enfim achou um modo de explodir por seu corpo. Enraivecido e cansado, rugiu ordens a uma Bella completamente bestificada:

—Tu vais jantar comigo quer queira, quer não. Não admitirei esta recusa! Tens até o pôr-do-sol para se fazer presente ou irei até seus aposentos arrancar-lhe de lá – e com uma velocidade sobre humana, a criatura deixou o recinto em um rompante, batendo a porta com tal força que se fez visível o estremecimento dos móveis próximos àquela parede.

—Oras, mas que impertinência! – gritou para a porta, sentindo-se tão enraivecida quanto seu carcereiro. —Quem esta criatura pensa ser para me tratar assim!

Sem dominar com perfeição suas faculdades, Bella saiu do quarto bufando e querendo quebrar qualquer coisa que visse pela frente. Nunca foi uma moça dada a esses rompantes de fúria, mas aquela Fera havia conseguido tirar-lhe o bom senso com meia dúzia de palavras. Ao pisar em algo escorregadio, olhou para o chão e, com horror, constatou que havia marcas de sangue pela extensão do corredor que terminava em uma grande porta de carvalho que se encontrava entreaberta. Com uma preocupação latente, Bella seguiu os rastros e com muito cuidado empurrou a porta que lhe separava da origem daquele fluido. Extremamente confusa, não entendia a cena que se passava a sua frente.

A Fera andava de um lado para o outro passando as enormes mãos pela espessa juba e parecia extremamente angustiado. Resmungava coisas ininteligíveis e depois bufava de um jeito que fazia alguns pelos próximos ao seu nariz se levantarem e depois caírem de um modo um tanto gracioso. Bella, sem conseguir se conter, riu daquele pensamento esquisito. No mesmo instante em que a Fera ouviu o suave tilintar de sinos que era sua risada, a jovem sentiu seu corpo retesar. O que Diabos estava pensando? A criatura iria devorá-la. Ainda sem conseguir controlar sua boca, a menina exclamou assustada:

—Você está machucado! – olhando com mais atenção, havia percebido que a trilha de sangue acabava junto aos pés da criatura.

Surpresa, a Fera olhou para seu corpo e, com uma careta que pareceu cômica aos olhos de sua espectadora, percebeu que havia um corte horizontal em seu pé esquerdo.

—Não faço ideia de como isso aconteceu. Eu acho que consigo dar um jeito. – e sem dar chances para nada, saiu apressadamente em direção à outra saleta que Bella imaginou ser o banheiro.

Com a certeza de iria se arrepender por aquele ato, Bella seguiu a criatura. De fato ele parecia não saber o que fazer, escorado em uma bancada com uma toalha na mão. Olhava seus pés indagativamente, como se eles fossem explicar o que ele deveria fazer. Com um suspiro, Bella se dirigiu até ele deixando uma distância segura antes de falar.

— Você deve lavar o corte primeiro, higienizá-lo, pois pode haver algo em sua carne.

A Fera olhou atentamente para o rosto da moça e depois para seu próprio pé. Por que ela estava fazendo aquilo. Ela parecia estar sendo gentil. Nunca haviam feito isso por ele. Não com aquela aparência e não verdadeiramente, com certeza. Desajeitadamente ele tentou levar seu pé direito sobre a perna esquerda, mas a criatura tinha dificuldades de se mexer tão delicadamente. Tinha um corpo grande, muitos músculos, e isso o atrapalhava enormemente. Com um suspiro frustrado, tentou o processo novamente, sem sucesso algum. Após sua terceira tentativa ouviu o tilintar de sinos.

—Não ria de mim! – rugiu totalmente envergonhado.

Pode vislumbrar medo nos olhos de chocolate por um instante fugaz, sendo substituído rapidamente pela fúria.

—Você não pode ser mal-educado com as pessoas! É errado. – disse a pequena criatura a sua frente, batendo o pé no chão com força. Com força para ela, pois para a Fera a sua frente pareceu um ato delicado e de certa forma gracioso. Fechou uma carranca quando se deu conta de seus pensamentos e Bella, entendendo errado, tratou de aumentar o sermão.

—Não adianta fazer essa cara feia! Eu não tenho medo – a menina sabia que o que dizia era mentira, mas precisava se impor. — Você precisa entender que não pode ter tudo que quer e quando quer. As pessoas têm sentimentos e vontades que você deve respeitar. E ajeite essas pernas para que eu veja este machucado. – E, pegando dos bancos e os itens que tinha ao seu dispor no recinto, a pequena moça fez com que a Fera se sentasse para que pudesse lhe fazer um curativo decente. Mas antes me diga, qual é o seu nome? Não quero chamar-lhe de Fera. – este gesto pegou a criatura de surpresa. Havia muito tempo que de fato não pensava em seu nome. Ninguém teria interesse em chegar perto dele, que dirá lhe perguntar o nome. Um pouco envergonhado, respondeu:

—Bom, nunca usei muito deste atributo, mas me chamo Edward. – e tristemente acrescentou – Um nome feio, para um ser feio.

—Não acho que você esteja certo, Edward. – ouvir seu nome dito por ela fez com que Edward se sentisse estranho. Parecia se sentir.. mais vivo? No que ele estaria errado? Ela não achava seu nome feio? Ou ela não achava ele feio? O último pensamento quase lhe fez dar uma risada amargurada. Era óbvio que ele era pavoroso. Com medo da resposta, Edward resolveu que seria melhor não perguntar.

Já acomodada em seu banco, Bella colocou o imenso pé da Fera em seu colo, que estava protegido por uma toalha, e se colocou a examinar o ferimento. Comprido, mas não muito fundo, olhando mais atentamente Bella viu que havia um pedaço de vidro no ferimento e tratou de encontrar um pinça para removê-lo. Não pode conter a expressão de contentamento ao ver a criatura torcer os dedos. Não gostava de ver o sofrimento de ninguém, mas ele era arrogante demais, precisava de uma lição. Após retirar o pequeno pedaço de vidro, Bella lavou o local e perguntou se haveria alguma pasta medicinal que ela poderia usar. A criatura não sabia responder então Bella pôs-se a procurar. Estranhamente acabou por encontrar algumas em um armário. Ao indagar-lhe sobre isso, a Fera apenas respondeu que não fora o único a viver naquele castelo.

Com o pé enfaixado e devidamente limpo, a criatura se levantou e provou o peso nas duas pernas. Não doía, mas sentia um leve desconforto. Ao avaliar a criatura mais uma vez, Bella sentiu que havia sido injusta. Lembrando-se do que, impensadamente, havia dito há instantes atrás, Bella se pegou observando Edward. Ele era assustador com certeza, mas isso apenas em um primeiro momento. Ela percebeu que não havia o observado atentamente e alguns detalhes lhe tinham passado despercebidos. A pelagem que lhe cobria o corpo tinha uma coloração de um tom muito interessante. Parecia louro, mas também ruivo. Chegou a conclusão que a cor era muito parecia com aquele metal que seu pai costumava ter a venda antigamente, como era o nome mesmo? Algo com C.. Cobre se não lhe falhava a memória. Sua pelagem era acobreada. Constatou, muito satisfeita, que a descrição combinava. Enquanto cuidava do ferimento, percebeu que os fios não eram grossos e desconfortáveis como havia imaginado. Eles eram macios, como a pelagem de um cãozinho recém-nascido. As orelhas, levemente pontiagudas, também lhe lembravam a um filhote de cão. Os olhos eram a parte mais interessante. Bella sequer havia percebido, mas o encarava com uma intensidade surpreendente, tentando entender o que era aquele resquício de luz que via nos olhos verdes. Sim, os olhos eram verdes, cristalinos, incrivelmente inocentes e amargurados. Percebia agora o quanto a vida daquela pobre criatura devia ter sido difícil. Mas havia algo mais ali, algo que estava se extinguindo, tentando fugir de sua essência e, arfando abismada, Bella percebeu que o que ela via era humanidade.

—Você é humano não é mesmo, Edward? – e por mais que ela quisesse perguntar, a frase saiu quase como uma afirmação. Ela sabia que a resposta era sim. Desconfortável com o assunto, Edward desviou o olhar que se fixou na porta sem que ele realmente estivesse a ver.

—Um dia, há tanto tempo que nem me recordo mais, sim, eu já fui humano. – e sem mais explicações, Edward se levantou e rumou em direção a saída, parando apenas para, mais uma vez, lhe estender um convite – Irei lhe esperar para o jantar. – e parando para pensar no que ela havia lhe dito mais cedo, completou – Se tu estiveres disposta a me acompanhar, será bem-vinda. – e sem mais o que dizer, retomou seu caminho para fora das vistas de Bella.
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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Por favor, nada de agir como leitoras fantasminhas.
Comentem e digam o que acharam.
Kisses.



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