Effie e Haymitch - Desde o Início (Hayffie) escrita por Denuyn


Capítulo 5
5


Notas iniciais do capítulo

~Pov Effie :D



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No dia das entrevistas dos tributos com Caesar Flickerman, minha mãe me obrigou a vestir algo multicolorido, já que fazíamos parte da plateia e ela queria que eu chamasse atenção. Eu, obviamente, protestei; Haymitch certamente me veria se eu estivesse colorida que nem o vômito de um unicórnio e eu não queria que ele pensasse que, por falta de conversar com ele, eu voltara ao estilo fútil da Capital. Desnecessário dizer que minha mãe venceu a discussão; eu nunca poderia explicar porque não queria usar aquele vestido.

Saí de casa com o tal vestido exagerado, uma maquiagem espalhafatosa parecida com a da minha mãe e uma peruca quase branca de tão loira; sem esquecer o salto altíssimo que incomodava meu dedo mindinho. Torci para que nos sentássemos na parte de trás do auditório, mas nos sentamos? Não, minha mãe tinha de arranjar lugares em uma das primeiras fileiras.

Assisti todas as entrevistas sem realmente prestar atenção; eram breves, por causa da quantidade dobrada dos tributos sem muito mais tempo do programa.

– E agora daremos as boas-vindas ao tributo mais velho do Distrito 12... Haymitch Abernathy!

Quase saltei da minha poltrona. Procurei-o com o olhar no palco e lá estava ele, entrando por uma porta na lateral, usando um terno estranho e escuro, os cabelos louros agora devidamente penteados e uma sombra de sorriso atravessando seu rosto. Seus passos eram muito mais ritmados do que os aplausos escandalosos da plateia e ele apertou a mão de Caesar como se estivesse enojado, sentando-se rapidamente.

Quando Caesar começou a interrogá-lo, ele dava respostas curtas e bem-humoradas, mas parecia extremamente desconfortável. Enquanto eu o encarava, seus olhos atravessaram a plateia diversas vezes e ele cruzava e descruzava as pernas.

Em dado momento, no entanto, ele encontrou meu olhar e sustentou-o, atravessando meus olhos e encarando minha mente. Quando Caesar perguntou o que ele achava do Massacre ter o dobro de tributos, ele respondeu, ainda com os olhos nos meus.

– Eu acho que não há nenhuma diferença. Todos nós, tributos, seremos estúpidos da mesma maneira que sempre fomos nos Jogos.

Um breve silêncio se seguiu, mas eu não ouvi a piada que Caesar contou para quebrá-lo. Continuei olhando Haymitch nos olhos e senti meu rosto ficar quente quando percebi uma lágrima deslizando pela minha bochecha. Por um momento, ele pareceu surpreso que eu estivesse começando a chorar, mas logo depois ele retomou a expressão dura e deu um aceno da cabeça. Virou-se para Caesar e deu um sorrisinho malicioso, respondendo à pergunta que se seguira à piada.

No fim da entrevista, eu pedi licença para minha mãe, que nem prestou atenção em mim enquanto me levantava e saía da plateia. Sabendo onde Haymitch estaria, corri na direção dos elevadores e subi. Eu ofegava levemente, nervosa, e tentei tirar os cílios postiços enquanto me encarava no espelho, mas minha mãe sabia mexer com aquelas coisas e não consegui tirar nem um fio. Peguei a peruca e, sem saber o que fazer com ela, fiquei segurando-a na mão esquerda, que não era necessária para esfregar minha boca numa tentativa fracassada de tirar o batom. Acabei com um par de lábios e as costas da minha mão direita ambos levemente avermelhados.

Quando alcancei o último andar, saltei fora do elevador e corri escada de metal acima, tirando meus saltos na metade do caminho. Ao chegar no telhado, me apoiei na mureta e admirei a Capital noturna, um mar de luzes azuis, rosas, amarelas, brancas, qualquer coisa; era só pensar a cor e lá estava ela iluminando a cidade.

Dessa vez, não tive de esperar muito tempo. Alguns minutos depois, ouvi os mesmos passos pesados de dois dias antes, depois o barulho da porta se abrindo. Virei-me e vi Haymitch Abernathy parado na frente da porta, com seu terno estranho e cabelos novamente bagunçados. Não me movi, apenas encarei-o; não sabia o que dizer. Ele me poupou de qualquer palavra; no momento em que dei um passo em sua direção, ele perguntou:

– Por que você estava chorando?

– Eu... acho que... bem, quando você falou dos tributos... pensei no quanto os Jogos estão próximos e... é possível que eu nunca mais te veja. Não é um pensamento muito alegre.

Ele me olhou de um jeito estranho, seu olhar carregado de remorso e preocupação. Hesitante, ele se aproximou e me abraçou. Envolvi sua cintura com os meus braços e esperei que ele dissesse alguma coisa. Ficamos um tempo assim e ele parecia querer dizer alguma coisa. As palavras saíram cuspidas subitamente:

– Eu tenho uma namorada no 12.

Afastei-me dele bruscamente, uma expressão de descrença estampada no meu rosto.

O quê?

– Eu tenho uma namorada.

– Eu ouvi o que você falou! Por que diabos não me contou isso antes... antes de...

– Não sei. Me desculpe.

– “Me desculpe”?! Você tem uma namorada e acha que eu vou te desculpar por...

– Eu achei que nunca mais a veria de novo e, quando te conheci... Effie, você me fez esquecer de tudo.

– Quem disse que eu quero que você esqueça alguma coisa? Você achou que eu não me importaria se você me beijasse tendo uma namorada da qual você não me contou? Você tem uma família no seu Distrito pra qual você vai voltar, e ela vai estar te esperando lá! Você achou que eu não me importaria com isso?

Ele baixou os olhos, quieto. Eu suspirei e botei uma mão na testa.

– Effie... – ele murmurou – Eu não estava pensando. Você acha que eu faria isso com a minha namorada conscientemente? Você acha que isso teria acontecido com qualquer outra garota? Enquanto você falava, o jeito como você... – ele balançou a cabeça – Eu simplesmente precisava te beijar. – ele tirou o paletó e desamarrou algo do braço, estendendo um trapo de pano bege para mim com um meio-sorriso desconcertado – Eu... meio que tirei isso do seu vestido. Pra ter alguma coisa sua na Arena.

Depois de uma pausa de surpresa, olhei-o nos olhos:

– Você tem alguma coisa dela?

Ele balançou a cabeça negativamente, desviando o olhar.

– Ela nunca acreditou que eu fosse capaz de voltar para ela. Não faria sentido me dar alguma lembrança material. Mas você acreditou em mim, Effie – ele voltou seus olhos para os meus – Você ainda acha que eu posso vencer?

Suspirei e cruzei os braços, baixando a cabeça.

– Claro que acredito, Haymitch.

Percebi seus ombros ficarem tensos.

– Aber.

– Eu não me sinto mais no direito de te chamar assim. Desculpe, tenho que ir. Minha mãe deve estar me procurando.

Antes que eu alcançasse a porta, ele segurou meu braço delicadamente, me fazendo encontrar seus olhos azuis ansiosos.

– Posso ficar com o pano?

Senti lágrimas queimando meus olhos novamente e respondi:

– Pode, sim. Boa sorte.

Ele fez menção de aproximar seu rosto do meu, mas, vendo minha expressão, simplesmente soltou meu braço. Virei-me e corri pela escada, sem olhar para trás.

No dia seguinte, minha mãe me acordou dizendo, animada:

– Effie! Effie, os Jogos! Levanta, daqui a pouco começam os Jogos! Anda, vem logo!

Levantei-me num salto, ainda desorientada.

– O quê?

– Os Jogos, filha, vem pra sala que já vão começar!

À menção dos Jogos Vorazes eu pisquei e pulei da cama, alisando minha camisola e calçando as pantufas. O sangue rugiu nos meus ouvidos por um momento e eu corri para a sala de TV, sentando-me no meio do sofá bem a tempo de ver a insígnia da Capital desaparecer com o fim do hino. Vi Caesar Flickerman comemorar brevemente o Massacre e os nomes e fotos dos tributos serem repassados na tela atrás dele, e prendi a respiração ao ver Haymitch, com a nota que obtivera no teste com os Idealizadores embaixo de seu nome.

– ... E que a sorte esteja sempre a seu favor! – terminou Caesar.

A Arena apareceu na tela.


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Notas finais do capítulo

Não me arrependo de nada! >.



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