Effie e Haymitch - Desde o Início (Hayffie) escrita por Denuyn


Capítulo 6
6


Notas iniciais do capítulo

~Pov Haymitch
Capítulo na Arena :D



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A Arena era o lugar mais lindo que eu já vira na vida. Muito mais bonito que qualquer prédio da Capital ou ilustração dos livros de História. O prado verde que se estendia ao redor da Cornucópia e o céu extremamente azul eram impressionantes; as nuvens parecendo de algodão. O bosque à distância parecia esplendidamente ensolarado e a montanha no lado oposto, com o topo coberto de neve, era magnífica. Quando o som que demarcava o começo dos Jogos tocou, meu olhar se dirigiu à Cornucópia, e fiquei surpreso ao perceber que nenhum dos tributos estava correndo para lá.

Imediatamente, saltei da minha plataforma e corri como nunca até o monumento brilhante, chegando lá antes de todos os outros. Analisando rapidamente os objetos dispostos pelas mesas, agarrei uma faca com cabo longo e uma mochila escura, virando-me e correndo para o bosque velozmente. Em dado momento, olhei para trás e vi uma parte do banho de sangue: os tributos que se atrasaram ao se deslumbrar com a Arena estavam sendo dilacerados pelos que chegaram um pouco mais cedo, o sangue se contrastando com a grama verde-clara. Mordi meu lábio e apressei a corrida.

O som dos canhões vibrava no meu crânio e fazia meu coração disparar. Pra cada canhão, alguém havia morrido. Um tributo. Uma criança. Uma vítima da Capital.

Quando finalmente cheguei no bosque, não parei de correr; muito pelo contrário, estava com minhas energias renovadas pelo ambiente acolhedor e a cada passo que dava, tinha a impressão de estar saltando por cima dos troncos cheios de musgo. Sentia meus cabelos sendo bagunçados pelo vento que açoitava meu rosto e os via os raios de sol brincando pelas folhas das árvores. Não podia ser real; não podia ser os Jogos. Era tudo muito bonito e nenhum tributo estava me perseguindo para arrancar minha vida do corpo.

Não sabia por quanto tempo estivera correndo e muito menos há quanto tempo os Jogos haviam começado, mas começava a sentir uma queimação nas pernas. Olhei para trás e, vendo apenas as árvores e arbustos, desacelerei até parar de correr. Analisei os arredores, procurando algo, qualquer coisa ou lugar, em que pudesse me esconder e me manter seguro por enquanto. Para minha surpresa, avistei um grande arbusto que formava um tipo de doma atrás de uma árvore, criando uma caverna de folhas. Olhei ao redor novamente para me certificar de que nenhum tributo estava à espreita e entrei no arbusto, me agachando e sentando no chão de terra. Abri minha mochila para investigar seu conteúdo e encontrei dois cantis cheios até a metade, três sacos de um tipo de comida desidratada que, constatei depois de dar uma mordida mínima em um pedaço, tinha gosto de pão de centeio. Mesmo não sendo pão de centeio, eu dei de ombros para mim mesmo e guardei na mochila junto com um dos cantis. Dentro da mochila também tinha um saco de dormir envolto em plástico, algo que achei incrivelmente idiota, pois faria muito barulho e poderia atrair os outros tributos. Ainda assim, enfiei-o com todo cuidado dentro da mochila.

Não sei se dormi por cansaço ou tédio, mas quando acordei o sol já havia se posto, não fazia muito tempo. Sentei-me imediatamente, procurando pela clareira com o olhar para ver se lá havia traço de algum tributo. Não vi nenhuma pegada ou marca indicando que algum dos meus oponentes estivera lá, então me acomodei melhor no chão coberto de folhas. Até ali, estava tudo bem. Eu tinha comida, água e abrigo pelo resto da noite e, aparentemente, não tinha nenhum tributo por perto. Levantei a cabeça e percebi que havia uma fresta entre as folhas que me permitia ver o céu noturno da Arena.

Não era de se desapontar; assim como o resto da Arena, o céu tinha uma cor vibrante e dava prazer apenas poder olhá-lo: o azul era tão profundo, escuro e tinha tantos matizes ao longo da abóbada celeste que não havia programa existente que o repetisse em outra tela. Só os Idealizadores para fazer algo tão belo e inalcançável quanto o céu verdadeiro que, embora poluído e prejudicado, era nosso céu, das pessoas e animais de Panem e de mais ninguém. Nesse céu, as inúmeras estrelas brilhavam como pedras preciosas de diferentes cores e tamanhos, variações tão sutis que, se perdessem o olhar em outra estrela e tentassem voltar à outra, não veriam a diferença que percebera antes. Involuntariamente, desejei que Effie estivesse vendo aquilo. Effie? Não, ela não, ela estava assistindo pela televisão. Effie, não. Minha namorada tinha de ver aquilo. Tínhamos de estar abraçados em uma rede depois de um longo dia de trabalho, assistindo o tempo passar e descobrindo as constelações que a professora de Ciências nos mostrara anos antes. Effie, não. Ela não era minha namorada. Eu não a amava. Ela estava brava comigo.

Eu não a amava.

Subitamente, o hino da Capital começou a tocar de lugar nenhum e a insígnia da cidade apareceu, luminosa, no céu acima de mim. Era o momento de anunciar as baixas do banho de sangue.

Ignorei os nomes e os números dos distritos que acompanhavam as fotos dos mortos e me concentrei em não perder a conta. Ao fim das fotos, eu havia contado dezoito fotos. Dezoito tributos de quarenta e oito. Faltavam vinte e nove tributos até que alguém se tornasse vitorioso. Podia ser qualquer um.

Por que não eu?


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Notas finais do capítulo

A partir daqui, eu vou começar a pular períodos de tempo maiores, seja de alguns dias ou anos; não dá pra descrever como os anos separados passaram porque foram vários ;)
Espero que estejam gostando, mesmo sem muito romance >



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