Effie e Haymitch - Desde o Início (Hayffie) escrita por Denuyn


Capítulo 19
19


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem!!!!!!!!! meu computador ficou sem internet por um loooooongo tempo (até esgotei o 3g do meu celular por falta de wi-fi), mas vou tentar terminar a fic antes do fim do ano :)
Enfim, aproveitem, que esse é ~pov Effie



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Eu não sei se me senti mais ou tão nervosa quanto estava no primeiro dia dos Jogos de Haymitch. Inevitavelmente, eu me apegara a Henry e Sailee – nem sei como, os dois eram amargurados e rabugentos – e eu não estava preparada para vê-los morrer.

No instante em que a imagem da Arena tomou a tela, eu me encolhi quase involuntariamente. Lembranças de tantos outros Jogos assistidos quase como obrigação inundaram minha mente, e eu fechei meus olhos violentamente, talvez descolando uma pena dos meus cílios. Queria que todas aquelas mortes insuportavelmente dolorosas desaparecessem e Sailee e Henry voltassem vivos.

Mas eu sabia que era impossível.

Senti uma onda de calor tocando meu lado e, ao abrir os olhos, vi Haymitch se acomodando mais perto de mim, fazendo o possível para parecer um bêbado preguiçoso do que um amado confortando. Cutuquei sua perna com meu joelho à guisa de agradecimento e voltei minha atenção à tela.

Os tributos já haviam saído de suas plataformas, mas nenhum havia chegado à Cornucópia ainda. Como estávamos na seção do 12, podíamos optar por seguir apenas as câmeras que filmavam nossos tributos, então Haymitch imediatamente apertou o botão, partindo a imagem em dois e mostrando Henry correndo na direção da Cornucópia e Sailee correndo para longe desta como um animal silvestre assustado, com olhos arregalados e passos parecidos com pulos. A Arena ao redor dela mostrava-se cinzenta e ameaçadora, uma paisagem rochosa terrível sob um céu pálido. Olhei para o lado da tela que mostrava Henry, e tive que me controlar para não gritar quando o vi ser atingido por uma flecha. Não vi quem a atirou, mas não tinha a melhor das pontarias; a flecha enterrou-se no braço esquerdo do tributo, mas mesmo com sua expressão contorcida pela dor, ele não parou de correr. Gemi ao perceber que minhas unhas haviam quase perfurado minhas palmas; se não fosse por causa da pelúcia grudada nas pontas do adesivo rosa-choque, minhas mãos estariam sangrando. Eu estava horrivelmente nervosa, e me segurei para não gritar palavras de encorajamento a adolescentes que não podiam me ouvir.

Assisti enquanto Sailee se escondia em uma caverna e franzi a testa para Haymitch quando este soltou um lamento bêbado.

– Muito fácil – ele murmurou como que para si mesmo, mas alto o suficiente para que eu ouvisse. Isso me fez ficar alarmada; será que os Carreiristas encontrariam Sailee tão cedo assim?

Esperei para que Henry a encontrasse, e quase escondi meu rosto nas mãos quando este começou a gritar o nome de Sailee. Ele estava praticamente chamando os Carreiristas para si! Ao invés de “Sailee! Onde você está?” eu ouvia “Olá, adolescentes psicopatas sedentos de sangue, aqui estou, podem vir me matar, obrigado”. Lancei um olhar desesperado a Haymitch e este o interpretou como uma deixa para tomar mais um gole de seja lá o que ele estivesse bebendo. No momento em que um garçom passou com uma bandeja repleta de coquetéis, agarrei dois e tomei cada um em um gole. Com meus sentidos levemente dopados pelo álcool das bebidas, eu me recostei (elegantemente, claro) no sofá e continuei encarando a tela, mas sem prestar atenção. Só percebi que algo estava acontecendo quando Larain, de todas as pessoas, arquejou. Abri meus olhos repentinamente e assisti, impotente, enquanto a tributo do distrito 4 arrancava Sailee de seu esconderijo e se preparava para enterrar um tridente de metal nela.

De um aglomerado de pedras menores, uma faca saiu voando e acertou a garota no nariz, atravessando o crânio dela. O canhão soou, indicando que ela estava realmente morta. Meus olhos se arregalaram diante da constatação de que a pessoa que saiu do aglomerado, quem havia matado a tributo, era Henry. Ele parecia arrependido, surpreso e, acima de tudo, completamente aterrorizado. Sailee se desvencilhou das mãos da menina morta e se arrastou na direção dele.

– Eu... eu estava mirando o ombro dela – ele murmurou – Eu a matei.

– Os Jogos nos tornam assassinos. – Sailee disse – Mas obrigada por salvar a minha vida.

Ele assentiu e virou-se para a caverna onde ela se escondera anteriormente.

– Acha que ainda dá pra ficar por aqui?

Ela deu de ombros e Haymitch resmungou:

– Ah, não é nada de mais, é apenas minha vida em jogo, eu vou só dar de ombros e não me importar.

Eu senti vontade de rir e chorar ao mesmo tempo, mas voltei a fechar os olhos e, quando os abri novamente, fingia que estava prestando atenção quando na verdade tudo o que conseguia pensar era uma garrafinha de demaquilante.

No fim de mais algumas horas, nada de “interessante” havia acontecido a meus tributos, que só ficaram conversando dentro da caverna como se Sailee não estivera prestes a morrer pouco tempo atrás. Pelos urros de animação vindos de outras partes do salão, eu podia deduzir que os outros tributos estavam muito interessados em se matar, e senti uma onda de enjoo ao imaginar todos aqueles adolescentes, os fracos e os fortes, com suas mãos cobertas de sangue e um sorriso maníaco em seus rostos.

Quando, finalmente, a plateia começou a rarear, eu já havia tirado umas quatro sonecas, sendo acordada pelas reclamações bêbadas de Haymitch. Eu tinha de admitir, ele era um ótimo ator, mas precisava me incomodar cada vez que o tributo do 11 tropeçava em uma pedra?

Enfim, ao perceber que metade das escoltas já haviam se retirado, eu cutuquei Aber nas costelas com meu braço, fingindo me espreguiçar. Ele olhou para mim de relance, e anunciou a Larain e Cornelion:

– Vou... hã... quarto. É. Acho que vou... hm, vomitar, então, com licença.

Me esforcei para revirar os olhos enquanto ele cambaleava sala afora, deixando-me sozinha no sofá grande. Em menos de vinte segundos, um som altíssimo de algo se quebrando soou logo além da porta, e eu fingi aborrecimento.

– Oh, céus, ele não consegue ficar longe de problemas nem por um minutinho! Vou me certificar de que ele não quebre mais nada no caminho – dei um sorriso a guisa de despedida para os Eshcel e levantei-me graciosamente, andando até onde Haymitch. Fiz o possível para não inclinar meu andar, mas acho que bebi mais do que dois coquetéis, então, quando chegamos ao elevador, não sei quem estava se apoiando em quem.

No momento em que pisei no nosso andar, lancei meus sapatos para longe e caí no sofá.

– Eles estão vivos – disse ele, se jogando ao meu lado – Pelo menos por enquanto.

– É bom que continuem assim – eu dei um sorriso malicioso – Odiaria perder toda a animação de ficar sozinha com você no apartamento.

Haymitch gargalhou, jogando a cabeça pra trás.

– Amorzinho, você é mesmo uma figura – ele disse, antes de se debruçar sobre mim e me dar um selinho. Eu sorri e levantei o rosto par beijá-lo novamente, de verdade dessa vez. Ele pareceu entender para onde eu estava indo no momento em que eu peguei a garrafa de sua mão e absorvi seu conteúdo, jogando-a em cima do outro sofá.

Aber me levou para o quarto com minhas pernas abraçando sua cintura, me beijando de uma maneira mais terna do que na noite anterior. Eu joguei um braço em volta de seu pescoço enquanto tirava a peruca e o aplique de penas do vestido, soltando sua cintura e fechando a porta atrás de mim antes de começar a desabotoar sua camisa.

Quando não pude evitar um gemido, alto e nada discreto, pensei em como os Avox estariam se sentindo, sozinhos conosco no apartamento. No segundo seguinte, tal pensamento foi sufocado por Haymitch dizendo meu nome.


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Notas finais do capítulo

desculpem de novo; espero que continuem lendo T-T
abraços infinitos o/