The Forgotten escrita por Panda Chan


Capítulo 46
A última fatia


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos bolinhos, como vocês estão?
Eu espero que estejam menos frio que eu, acho que se sair na rua agora vou ver uma moça loira cantando "Let it go".
A história recebeu uma nova recomendação, obrigada LaleskaDeOliveira. Dedico esse capítulo a você ♥
Só lembrando, antes que me ofendam, eu avisei no último capítulo que minha semana de provas estava chegando e não sabia quando iria postar o novo capítulo. RÁ! Não podem mais me xingar q
Esse é um capítulo bem light, não me batam.
Boa leitura



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Sem qualquer reação ou palavra que se encaixasse na situação, abri e fechei mãos sobre os joelhos encarando o último pedaço de pizza que não parecia saboroso como antes. O passado dele é trágico e posso sentir que faltam mais peças nesse quebra-cabeça que ele não quer me revelar.

Já que você parece se interessar tanto pela minha história eu a conto no dia em que você conseguir me imobilizar no chão por mais de cinco segundos.”

A frase que ele falou em tom de brincadeira há tanto tempo voltou como um tapa na cara. Sempre tive medo do meu passado e cresci sob olhares de pena e pessoas que sentiam empatia pela minha situação, mas Alex não. Ele teve que aguentar tudo sozinho e quando finalmente conseguiu se livrar do homem que tanto o maltratou, ele foi morto.

– O que aconteceu com a sua irmã? – minha voz saiu como um sussurro.

– Cresceu, se apaixonou, teve filhos e viveu sua vida sem saber sobre o irmão que foi morto em praça pública – ele ergueu os ombros sem dar importância para aquilo.

– Então você observou a vida dela?

– Não toda – encarou o último pedaço de pizza – Passei um bom tempo treinando para ser um servo da Morte, mas a minha senhora me concedeu o direito de ir buscar a alma dela mesmo sem meu treinamento completo. Foi uma grande prova de confiança. Você vai comer esse pedaço?

Pela primeira vez na vida, não senti vontade em comer a última fatia de pizza. Alex me conhece o suficiente para saber que a minha recusa pela santa pizza não é um bom sinal, então sorri e olhei diretamente para seus olhos castanhos.

– Acho que você deve ficar com ele por ter vivido em uma época não existiam banheiros. Onde vocês faziam as necessidades?

Ele fez uma careta torcendo o nariz.

– Buracos no chão, era nojento.

– Imagino como o cheiro devia ser terrível, eca.

Ele olhou para a fatia com cara de nojo.

– Está tentando em fazer esquecer da pizza, Alice?

– Droga, fui descoberta – sorri – Pode comer essa fatia, está fria mesmo. Vou tomar um banho antes de dormir.

Esperei até estar debaixo do chuveiro com a água morna caindo pelo meu corpo para chorar por Alex.

A vida realmente foi uma vadia com ele.

–x-x-x-x-x-x-x-x-x-

(Autora)

Elizabeth Adele Knight odiava a sua nova cela.

Zero, seu adorável parceiro, conseguiu roubar uma caixa de giz de cera da sala de recreação do Instituto e passou a se esforçar na tarefa de desenhar ou escrever o que lhe viesse à mente nas paredes creme do lugar.

Depois que os dois comprovaram ser dignos de confiança e a diretora ficou sabendo sobre a situação deles, ganharam direito a um quarto no antigo alojamento dos professores, mas teriam que dividi-lo o que não era um problema para os dois. A dupla de assassinos dividia um apartamento na área urbana de Wonderland que compraram com muito esforço e estavam acostumados com a presença constante do outro.

Lizzy não tinha grandes expectativas para seu novo quarto, porém, ela não esperava que a diretora tivesse um senso de humor tão grande que havia sacaneado de um jeito muito bonito com a cara da ruiva.

O quarto pertencia a dois professores que eram casados, possuía uma cama vermelha de casal com dossel, um guarda-roupa de casal personalizado com a madeira de cor escura, semelhante ao preto, e diversos corações pintados a mão por toda sua extensão, além dos puxadores que eram decorados com flores. No quarto também tinha um divã rosa pink que podia ser visto da lua de tão vibrante que era sua cor. Uma estante de livros vermelha ficava ao lado da porta, nela só havia livros eróticos ou sobre ervas afrodisíacas.

Lizzy se sentia no quarto de dois pervertidos, sem perceber ela deixou escapar um suspiro.

– Se você não gosta daqui, por que não sai para se distrair? – Zero sugeriu de forma inocente.

– Porque a diretora vai mandar alguém me seguir como um cachorro pelos cantos ou vou ser confundida com a minha irmã – Lizzy sentiu um calafrio ao dizer isso.

A ideia der exatamente igual à outra pessoa no mundo nunca a agradou.

Lizzy observou Zero desenhando uma grande roseira na parede com a porta que dava acesso ao banheiro. Ele sempre teve grande talento para as artes, mas foi obrigado a se especializar no assassinato.

Zero se tornou o único amigo de Lizzy e o culpado pelo apelido Red Queen, talvez eles tenham se aproximado por terem sido levados muito jovens para a Organização, ou talvez por serem os únicos de sua turma de assassinato que não morreram. Com as outras pessoas ele agia como um assassino frio e cruel, mas para Lizzy ele mostrava cada insegurança, desejo ou sonho que possuía em uma confiança cega e mútua que nenhum dos dois sabe explicar como surgiu.

Aparentemente ele se sentia da mesma forma com Alice, já que mostrou sua terrível falta de modos para a garota sem nenhum problema. Outro calafrio percorreu o corpo da garota ao se lembrar de sua irmã.

Para se distrair, a assassina decidiu mexer nas roupas abandonadas no guarda-roupa do casal. Talvez até encontrasse brinquedos eróticos que poderia espalhar pelo quarto da irmã, como travessura. As roupas que estavam ali cheiravam a coisa velha e não eram nada bonitas, todas bem sérias e formais. Paletós, camisas e calças sociais, camisas polos e bermudas caqui preenchiam a metade ocupada pelo homem enquanto vestidos, terninhos, saias e blusas sócias além de uma incrível coleção de meias-calças decoravam a parte da mulher.

Aquelas roupas não se pareciam nada com as calças de couro e as jaquetas que a garota tanto apreciava, mas guiada pela curiosidade ela resolveu continuar a desbravar aquele território esquecido.

No último cabide estava pendurada a única peça de roupa que ela gostaria de usar. Lizzy puxou a peça do cabide e começou a se despir sem se importar com Zero, que já a viu em roupas íntimas infinitas vezes.

– Como estou? – a garota perguntou alisando a saia do vestido.

Zero ergueu seus olhos das flores vermelhas que desenhava e olhou para sua amiga. De algum jeito, Lizzy encontrou um vestido vitoriano branco com um sobretudo sem mangas risca giz e saia evase que terminava pouco acima dos joelhos da garota naquele guarda-roupa velho e mofado. As mangas eram longas assim como a gola do vestido que era decorada com pequenos e delicados bordados de flores, o que a deixava com um mais sério e ao mesmo tempo feminino.

Zero queria beija-la.

Ele se levantou e caminhou até a garota que balançava sua saia de um lado para o outro. Segurou o queixo dela com uma mão e a olhou nos olhos.

– O que foi? – ela perguntou com seus grandes e curiosos olhos verdes encarando o rosto, mais precisamente a boca, dele.

Com a mão livre ele puxou um dos grampos que prendia o coque da garota no lugar, libertando seus cabelos ruivos com o corte que ela mesma fazia.

– Assim está bem melhor, Red Queen. Parece uma verdadeira rainha vermelha.

Às vezes, Lizzy se perguntava o quanto de inocência Zero realmente possuía.

Às vezes, Zero se perguntava o quanto de lerdeza Lizzy Possuía em seu pequeno e frágil corpo que ele queria tanto abraçar.

A porta foi bruscamente aberta pela diretora que os olhou de forma repreendedora.

– Sem contatos íntimos nas instalações do Instituto – ela disse autoritária.

Lizzy revirou os olhos.

– Acho que a senhora nunca viu os livros daquela estante, então.

A diretora, como todos os lobisomens, possui a visão muito superior a dos humanos, bastou piscar os olhos na direção da estante para que ela lesse os títulos e olhasse horrorizada para eles como se fossem demônios.

– Só vim avisar que a sua irmã já retornou com o servo da Morte e a garota vampira, vocês têm autorização para vê-los.

Lizzy estava pronta para dar uma resposta bem grosseira quando Zero interferiu.

– Estaremos indo em breve.

A diretora assentiu e saiu do quarto deixando-os a sós.

– Eu iria ensinar bons modos para aquela mulher!

– Red – Zero suspirou – Você quer sair desse quarto, certo? Somente ela tem poder para isso.

– Eu sou uma assassina, ninguém diz não para assassinos.

– Diretoras lobisomens assustadoras dizem – Zero sorriu.

Lizzy revirou os olhos antes de sorriu também e socar o braço do garoto.

– Vamos logo ver minha irmã.

E novamente o calafrio percorreu o corpo dela.

O refeitório ficou em silêncio por alguns segundos assim que os assassinos entraram no lugar, sem qualquer gentileza ou educação eles foram até a cozinheira que servia os alunos e fizeram seus pedidos.

– Vocês não podem furar a fila – o garoto que seria o próximo disse, praticamente rosnando.

– Então nos impeça – Lizzy falou com toda a frieza que tinha. Até mesmo uma nevasca teria inveja do gelo que ela possui.

O garoto apenas se calou diante dos dois e ficou de cabeça baixa. Zero agradeceu pela bandeja com os dois hambúrgueres, batatas-fritas e refrigerantes antes que se dirigisse a mesa mais isolada do lugar onde se sentaram. O que os assassinos mais apreciavam no medo que causavam era a privacidade que conseguiam quando todos evitavam sentar perto deles.

Como mágica, Alice e toda a sua gangue de amiguinhos brotaram com suas bandejas acomodando-as sobre a mesa e sentando nos bancos duros de metal.

– Acho que nem é necessário, mas irei perguntar mesmo assim – Lizzy suspirou – O que vocês estão fazendo aqui?

– Vim fazer companhia para a minha irmã – Alice sorriu.

– Vim garantir que a Alice não morra enquanto tenta fazer companhia para a irmã dela – Pudim estendeu um guardanapo no colo enquanto dizia isso.

– Vim garantir que a Pudim não te ataca enquanto tenta evitar que você mate a Alice – Melody não estava animada por estar na presença da assassina.

– Eu vim para gravar quando a Melody for impedir a Pudim de te atacar enquanto a Alice tenta te fazer companhia – Lucas respondeu sando uma grande mordida em seu hambúrguer quase cru logo em seguida.

– Que triste, ninguém veio por mim – Zero fez biquinho e piscou para Lizzy – Estamos populares.

– Não quero ser popular – ela respondeu.

Alice e os amigos falavam enquanto comiam seus lanches, os assuntos eram aleatórios, mas nunca diziam nada sobre o metamorfo que morreu para salvar a Alice. Zero e Lizzy continuaram em silêncio enquanto os observavam.

– Então, Lizzy – Alice já havia devorado seu hambúrguer e roubava discretamente as batatas-fritas da loba ao seu lado – Não tem nada que você gostaria de perguntar pra gente?

Elizabeth sabia que Alice estava apenas tentando fazer com ela interagisse com seus amigos, mas não estava afim de falar muito. Uma ideia maldosa passou por sua mente naquele instante.

– Há quanto tempo elas namoram? – Lizzy apontou para Pudim e Melody.

A cena foi tão cômica que Zero caiu do banco de tanto rir. Assim que ouviram a pergunta da assassina, Pudim cuspiu todo seu suco no garoto lobisomem e Melody se engasgou com uma batata.

– Elas não namoram – Alice foi rapidamente até a lobisomem e começou a tentar desengasga-la – São amigas.

Lizzy e Zero se olharam.

– Não foi isso o que vimos – disseram juntos.

Os olhares dos quatro adolescentes sentados a mesa foram diretamente para os dois assassinos, eles sorriram satisfeitos pela pequena diversão.

– Como assim viram? – havia uma ameaça no tom de voz usado pela bruxa, Lizzy resolveu ignorar.

– Antes de atacarmos minha irmã nós passamos um tempo vigiando vocês e seus hábitos. Vimos vocês duas juntas algumas vezes – Lizzy deu de ombros e voltou a comer seu hambúrguer, com garfo e faca.

– Não se preocupem, quando a gente percebia que vocês estavam se “empolgando” parávamos dever. Não somos pervertidos – Zero comia seu hambúrguer como um neandertal, espalhando ketchup por todo o seu rosto.

– Não acredito que a amizade de vocês é tão forte que nem disso sabiam – Lizzy pegou um guardanapo e o usou para limpar o rosto do amigo.

– Você não pode nos julgar – Pudim apontou o dedo para Lizzy – Você come hambúrguer com garfo e faca.

Lizzy a olhou confusa e respondeu:

– Não estou julgando vocês e tenho educação.

– Isso é verdade? – Lucas perguntou.

– Sim – Melody respondeu baixinho – Nós queríamos manter em segredo.

– Não tem porque manter algo em segredo – Alice sorriu de um jeito tão meigo que Red quis vomitar – Agora que esse segredo foi revelado, nossa amizade vai para um novo nível. Obrigada por nos ajudar com isso Lizzy.

Melody sorriu e Pudim abraçou a ruiva.

– Não acredito nisso – Zero estava boquiaberto ao lado da assassina.

– Eu quero vomitar – foi a única coisa que Lizzy conseguiu dizer diante da troca de afetos que presenciava.

–x-x-x-x-x-x-x-x-

Destino achou estranho quando sua amada entrou ofegante em sua casa como se estivesse fugindo dos cães infernais da Morte.

– O que houve? – ele perguntou.

Destino não se importou com o cabelo despenteado, a calça moletom suja de café ou com suas pantufas que imitavam patinhas de dinossauro e foi até a garota.

– Eu vi a Morte conversando com a Inveja – a garota respondeu com os olhos bem abertos – Percebi algo que. Céus, somos muito burros por não termos percebido isso antes!

– Isso o que? – Destino perguntou franzindo o cenho.

– A inveja está influenciando a Morte para que ela acabe com a Vida – a garota falou.

– Isso não é possível – Destino murmurou, mas em sua cabeça um quebra-cabeça começou a se montar.

Morte e Inveja sempre foram amigas bem próximas, o sentimento sabia que a Imortal não se dava bem com Vida e poderia muito bem se aproveitar disso para persuadi-la a acabar com a outra Imortal.

Inveja é o sentimento responsável pela traição, persuasão e ganância, o único sentimento que poderia causar um grande efeito na Morte.

– É sim, Destino – a garota o olhou bem nos olhos – Inveja tem estado ao lado da Morte há séculos, já teve tempo mais que o suficiente para influencia-la.

– O que ela ganharia com isso?

A garota mordeu o lábio inferior.

– Tenho uma teoria – respirou profundamente – Sem a Vida o Universo teria que aparecer para encontrar uma nova Imortal que a substitua e castigar a Morte e você por terem se livrado da irmã de vocês, ela é um sentimento poderoso que existe no coração de todos os mortais assim como vocês e deve achar que é a próxima na fila de sucessão.

– Isso faz sentido – Destino segurou o rosto da garota com as mãos – Você sabe o quão incrível é por me ajudar a descobrir isso?

– Sou incrível? Olha que hoje eu nem tentei – ela riu.

Destino a abraçou forte.

– O que você vai fazer agora? – a garota perguntou.

– Vou fazer todo o possível para que Alice Knight traga a paz de volta, apenas a minha velha amiga pode ajudar com isso.

O casal apaixonado não disse mais nem uma palavra enquanto continuavam abraçados no centro da sala de Destino.


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Notas finais do capítulo

Gostaram de ver as coisas pelo lado da Red, pra variar?
Sei que foi um capítulo parado, mas culpem minha falta de criatividade hunf.
Curtam a page da fanfic: https://www.facebook.com/pages/The-Forgotten/673620072751917?ref=hl
Beijinhos com bolinhos de chocolate



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