– Tudo bem, quando eu quiser falar algo com você, falo com vocês, não irei atrás dos outros.

A cidade toda já sabia da melhora de Rico, e as visitas eram ainda mais constantes. Todos estavam muito felizes com a melhora do menino, que se sentia mais amado que nunca. Dias depois, eles já estavam em casa, como havia despertado do coma, o braço do menino havia sido engessado, e isso o impedia de fazer muitas coisas, mas Ivana, sempre presente, fazia por ele.

– Mamãe, onde está o Altaneiro? – Perguntou o menino, que era coberto por ela.

– Ainda está na fazenda de sua tia, e ficará por lá, pois não quero mais você com ele.

José Miguel que estava chegando para dar boa noite ao filho, ouviu a conversa, e os interrompeu.

– Ivana, o cavalo não tem culpa, você lembra do que me disse antes dele acordar?

– Sim, meu amor, mas fiquei com medo, me entende? – Retrucou ela, voltando-se para a porta.

– Sim, mas todos nós aprendemos com os erros, e agora que caiu, tenho certeza que não vai galopar por um bom tempo, não é, Rico?

– Não mesmo, papai, só irei trotar, eu juro. Deixe-me ficar com ele, mamãe? – O menino estava temeroso com a resposta, os lábios rosados estavam entreabertos, enquanto seus olhinhos pediam que ela deixasse.

– Tudo bem, o que não faço para te ver sorrir. – Ivana o beijou na testa, deixando-o com o cheiro de gloss de morango. – Agora trate de dormir, amanhã iremos para a casa da tia Valentina.

– Mamãe, você sabe que não gosto de beijos, mas eu amo os seus e os da Cecília.

– E eu amo beijá-lo.

José Miguel e Ivana se recolheram para seu quarto, lá conversaram sobre o dia, e finalmente dormiram, um agarradinho ao outro, a cabeça de Ivana repousava sobre o peito nu de José Miguel, que estava com as mãos sobre sua cintura. Assim, adormeceram, agarrados e apaixonados. E Rico dormia com sua amada Alma, com o mesmo amor e ternura que seus pais.

A noite foi longa, eles finalmente puderam dormir, como não dormiam há muito tempo. De manhã, José Miguel acordou com passinhos no quarto, Rico estava sentado sob a poltrona, que ficava em frente ao espelho, ele os observava fixamente, seu olhar era terno. O bracinho engessado estava repouso em seu colo. O menino estava com seu amado pijama azul, embora o envergonhasse ele o amava.

– O que faz ai, filho? – Perguntou José Miguel, ainda sonolento.

– Estou vendo que vocês realmente são felizes e que eu amo muito vocês.

Com a voz de ambos, Ivana foi despertando aos poucos, e confusa perguntou:

– O que está acontecendo? Ainda é muito cedo.

– Mamãe, eu amo vocês! Amo vocês, amo, amo, amo vocês. – O garoto foi até eles, e sentou-se no meio. – Somos uma família grande e feliz.

– Somos, meu amor? – Perguntou ela, beijando-lhe as bochechas.

– Somos sim, mamita. – Eles abraçaram o menino com força, quando foram interrompidos por Ivana, que correu até o banheiro com ânsia de vômito.

Minutos depois, Ivana saiu, com os olhos vermelhos e com a mão na barriga.

– Meu amor, acho que nossa família vai aumentar. – Brincou ela, sentando-se na cama.

– TEREI UM IRMÃOZINHO? – Gritou o menino, ficando em pé, sobre a cama.

– Talvez, meu amor, mas agora vamos nos arrumar para a ir a festa de Valentina.

– Meu amor, afinal, que festa é essa? – Perguntou José Miguel, colocando o menino sob o colo.

– É para comemorar a melhora de Rico e também é a festa de fim de novo que ela não fez por causa do problema do nosso filho. – Respondeu ela, procurando uma roupa em seu guarda-roupa.

– Viu, filhão? Terá uma festa para você.

O garoto se levantou e foi para seu quarto, precisava ficar lindo para a festa e para Cecília. Foi até o a cozinha e puxava Tereza pela mão.

– Por favor, Tereza, me deixe bem lindo e cheiroso. Irei a uma festa para mim. Estou tão feliz e ganharei um irmãozinho.

– Tudo bem, mas que história é essa de irmãozinho, patrãozinho?

– No caminho te explico, mas agora preciso ficar lindo.

Assim seguiram, conversando e rindo, para o banheiro.