POV Finn

– Você tá mais lento do que o caracol que vive no meu apartamento. Dá pra pisar fundo?

Santana me apressava a cada 30 segundos, e eu já estava explodindo de raiva. Depois do chilique em que ela viu um ser humano irresistível no shopping com a Rachel, ela praticamente nos obrigou a ir de carro até lá só pra ver se ele iria aparecer. Uma ideia estúpida, diga-se de passagem, mas que para ela iria funcionar sem sombra de dúvida.

– Santana, já chegamos. Dá pra parar com esse piti?

– Tá, agora saiam do carro. Já, agora! - A latina ordenou assim que abriu a porta de trás e saiu em completo desespero.

– Santie, acho que você não precisa se desesperar tanto assim. Nem sabe se ele vai mesmo aparecer... - Rach tentou argumentar, mas foi interrompida por Santana.

– Não ouse falar isso, Berry! Agora vamos. Temos uma missão a cumprir.

– E eu queria não estar aqui. - Desabafei com voz baixa, enquanto as duas andavam na minha frente.

Passamos um enorme tempo no shopping, andando pelos mesmos corredores, fazendo as refeições fundamentais na praça de alimentação e se distraindo em breves momentos. Entre um intervalo e outro deu até pra escrever uma nova cena pro filme, que está indo muito bem, por sinal. Graças aos céus não fiquei sozinho aturando Santana e Rachel em sua espionagem; Ryder apareceu justo no momento em que eu ia largar tudo e voltar pra casa.

– E aí, Finn? Trabalhando? - Perguntou, oferecendo a mão para um aperto.

– Bem que eu queria estar, mas essas duas aí não deixam. - Respondi, apontando com a cabeça para elas.

– Desculpe, garotas, mas eu preciso tirar o Finn desse marasmo total. Posso? - Ele se dirigiu às meninas, que de repente ficaram surdas e não ouviram.

– Hey, eu vou ali e volto já, tá? - Falei no ouvido da Rachel, quase gritando.

– Tô nem aí, pode ir.

– Nossa, que grosseria... E eu continuo te amando, Rach. - Eu disse, depositando um beijo na bochecha dela e saindo de vez.

Eu e Ryder parecíamos duas crianças no shopping. Nos divertimos na loja de games, desbancando as pontuações de alguns espertinhos que ficavam zoando a gente; depois fomos assistir “Jogos Vorazes: Em Chamas”, porque eu não sou tão masculino assim, e a culpa é do próprio Ryder. Depois de sair do cinema, pude avistar um cara que não era muito estranho pra mim. Dirigi meus olhos fixamente pra aquele rosto e... Só podia ser o homem que a Santana estava procurando.

– Algum problema, Finn? - Ryder me cutucou no ombro.

– Acho que resolvi o problema da Lopez. - Respondi, correndo em direção ao jovem. - Com licença, posso falar com você um minuto?

– Eu juro que eu não fiz nada, sou inocente. - O cara tentou se “defender”.

– Calma, eu não sou policial nem nada. Só quero te fazer uma pergunta: você é casado ou tem namorada? - Fui direto ao ponto. Foi melhor assim.

– Não, sou solteiro. Pra quê a pergunta?

– Então o senhor precisa me seguir até a praça de alimentação. Agora. Antes que eu morra. - Falei, puxando-o para o lugar marcado.

– Tá, eu vou! Mas não precisa me chamar de senhor, tá?

– Foi mal aí. - Afirmei, já pegando o celular e discando o número da Rach. - Oi querida. Achei o tesouro.

– NÃO BRINCA! - Rachel gritou do outro lado da linha. - Obrigado, Finn! Eu te amo!

– Que novidade! Tá, nos vemos logo. - Desliguei o telefone.

POV Rachel

Santana quase gritou pro mundo inteiro ouvir quando eu falei que o Finn tinha achado o tal cara no shopping.

– Santie, dá pra se controlar? Você é uma boa atriz e sei que pode disfarçar emoções, então ponha isso em prática!

– Tá bem, eu consigo. Eu consigo. Ele é só um cara. Que pode ser casado, viúvo, pode ter uma namorada ou namorado...

– Para de pensar no pior, criatura! - Reclamei, fazendo-a calar a boca num instante.

– Tá, eu vou me controlar mais.

Alguns segundos depois, Finn apareceu com o tal cara. E não é que ele tinha achado mesmo? Santie ficou de boca aberta por um bom tempo até eu beliscar o braço dela. Resultado: fiquei com uma bela marca de tapa na cara.

– Rach, acho que precisamos deixar os dois... a sós.

– Oi? Como é que é? - O cara perguntou, desnorteado.

– Antes de tudo, qual é o seu nome? - Interroguei, olhando bem fixamente pra sua cara de assustado.

– Hã... Meu nome é... Sebastian Smythe.

– Prazer em te conhecer. Só mais uma última pergunta: é solteiro? - Fui direta.

– Sou, sim. Algum problema? - Dava pra perceber a pequena dancinha da vitória feita pela Santana.

– Nenhum, não. Vamos, Rachel. - O grandão me chamou, e então saímos do recinto.

Ficamos passeando pelo shopping e procurando o Ryder, que havia se perdido durante a “Missão do Cara Desconhecido”. Acabamos entrando numa loja de roupas que estava bem lotada, e eu acabei esbarrando em umas trezentas pessoas.

– Acho que você devia tomar mais cuidado, querida.

– Jura? Não sabia... - Respondi, irônica.

Aí a desastrada aqui bateu de frente com outra pessoa. Já estava quase soltando os cachorros em cima do desconhecido, até olhar bem pro seu rosto.

– Acho que eu te conheço... - O tal homem afirmou. Franzi meus olhos e acabei o reconhecendo. Aquele cabelo loiro escuro, e seu olhar engraçado... inesquecíveis.

– Deixa eu adivinhar... Jesse St. James?

– Sim, sou eu. Espera... Rachel Berry? - Imediatamente ele se jogou para um abraço que eu retribuí na hora. Depois da formatura no colégio, eu só falava com Jesse por telefone, e por isso sabia que ele tinha escolhido ser ator e tal. Era uma surpresa vê-lo na cidade.

– Quanto tempo, Jesse! - Falei, me soltando dele.

– Hey, eu tô aqui! - Finn tentou chamar a atenção. Rapidamente me virei.

– Ah, este é Finn Hudson, meu namorado.

– Então a rainha do drama tem um namorado? Interessante... - Jesse ironizou.

– E Finn, este é Jesse St. James... o amigo mais louco que eu tenho desde o ensino médio.

– Nem vem, Rachel! Você também tinha seus momentos de loucura.

– Esse papo tá ficando muito interessante... - Finn disse, rindo logo em seguida. Aquele papo iria durar, e muito.