Cuidado com o Anjo escrita por Ana Paula Puridade


Capítulo 13
Capítulo 13




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– Senhorita, o que aconteceu? - perguntou ela.
Eu a abracei, eu precisava de um abraço.
– Por favor, Balbina, não comente isso com ninguém, tá bom? Não quero que pensem mal de mim, ok? – perguntei.
– Mas Malú, isso foi por causa da briga entre o doutor João Miguel e você? – perguntou.
– Não, Balbina, não. – disse.
– Tem certeza? - perguntou ela.
– Sim, Balbina, tenho sim. – disse.
– Está na hora do almoço. - disse ela.
– Eu não quero almoçar! – disse.
– Vá, Malu! Não é bom você ficar sem comer. - disse ela.
– Tá bom, Balbina, vamos! – disse.
Quando cheguei, todos já estavam na mesa. Parece que estavam me esperando pra almoçar. Me sentei ao da Tininha e coloquei a comida no meu prato. Almocei em silêncio, parecia que já sabiam da briga entre mim e o Médico de Loucos. A Tininha ficava me olhando e olhava pro pai, a Ofélia e a Rosa soltavam olhares reprovativos pro Médico de Loucos.
– Vocês brigaram de novo, não é? - perguntou Ofélia.
– Pelo amor de Deus, a Malú chegou ontem! - disse Rosa.
– Papai, não brigue com a Malú! - disse a Tininha.
– A culpa das constantes brigas são da infantilidade dela! - disse ele.
– Eu estou cansada de você ficar me acusando, me alfinetando, me deixe em paz! Eu odeio você com todas as minha forças! - disse indo pro meu quarto.
Fui até o closet. Peguei umas roupas, coloquei em uma mala pequena e guardei. Na primeira oportunidade que eu tiver, eu fujo daqui!
Me sentei na cama e vi a foto da Candinha em cima da escrivaninha. Sorri ao me lembrar de como tínhamos tirado aquela foto. Era a minha festa de 17 anos, eu obriguei a Candinha a se arrumar e participar da festa, mas ela se recusava a tirar fotos comigo ou com qualquer pessoa. Ela dizia que não ficava bem em fotografias. Aproveitei uma hora que ela estava distraída e pedi que o fotógrafo tirasse uma foto nossa, juntas. Quando o rapaz acabou de bater a foto, ela notou o “flash” e começou a brigar comigo por ter tirado um foto dela. Foi hilário! A Candinha toda revoltada por termos batido uma foto, mas depois, quando o fotógrafo nos entregou o álbum, ela ficou toda feliz, se achando a própria “Gisele”, foi demais!
– Não se preocupe, Candinha! Logo eu e você estaremos juntas de novo! Logo eu conseguirei fugir daqui e ficaremos juntas, longe do Médico de Loucos. – disse.
Deitei-me na cama, beijei a foto da Candinha, coloquei-a de volta na escrivaninha. Me agarrei ao travesseiro e dormi.

[Narração do João Miguel]

Acho que exagerei um pouco! Por mais que ela mereça que eu fique constantemente a monitorando, acho que peguei um pouco pesado nas brigas.
– Tininha, vá pro seu quarto. Eu e a Rosa precisamos conversar com o seu pai. - disse Ofélia.
– Tudo bem, vovó. - disse a minha filha saindo com o Quilate.
– Que atitudes são essas, João Miguel? O que está acontecendo? Você está tratando a Malú muito mal! - disse Ofélia.
– Eu apenas me defendo dos ataques desta Maluca! – disse.
– Ela é uma guerreira, sabia? Ela pode parecer mimada e arrogante, mas ela é uma pessoa incrível! Você sabe o que é passar 7 anos da sua vida sem ter a presença dos seus pais frequentemente? Ela sempre se defendeu sozinha, e quando era para os pais dela a defender, eles recuaram! - disse Rosa.
– Como? – perguntei.
– Desde os 11 anos de idade, ela é criada pela Candinha, pois nem o pai nem a mãe dela paravam em casa. - disse Rosa.
– Então essa é a “chave” dos problemas dela: o mal convívio com os pais? – perguntei.
– Sim, ela sempre fez de tudo pra ter o amor deles, mas nunca conseguiu. - disse Rosa.
– Você não quer ajudá-la? - perguntou Ofélia.
– Sim, quero! – disse.
– Então pare de brigar com ela e tente conhecê-la um pouco melhor. Tente conquistar a confiança dela! - disse Ofélia.
– Você poderia começar pedindo desculpas à ela. - disse Rosa.
– Muito bem, Rosa! João Miguel, peça desculpas à menina. - disse Ofélia.
– Tudo bem, depois eu peço. – disse.
– Nada disso, vá agora pedir desculpas à ela! - disse Rosa me empurrando para as escadas.
A Rosa veio me acompanhando até a porta do quarto da Malú. Bati na porta e ela não respondeu.
– Entra, João Miguel! - disse Rosa.
Eu entrei, ela estava deitada agarrada a um travesseiro. Ela parecia tão frágil e desprotegida, nem parecia a Malú rebelde que eu conhecia. Olhei em volta e vi uma foto da Candelária em cima da escrivaninha (parece que ela gosta mesmo dessa Senhora). O que a Rosa falou faz sentido: os pais dela não se importam com a menina, então ela criou um ódio por eles e por quem se parece com eles (no caso, eu). Ela criou uma relação muito forte com a Candelária, por isso que elas se tratam como se fossem mãe e filha. Se a Malú se comportar, eu posso permitir que a Candelária telefone pra cá, para conversar com a garota. Posso permitir até visitas, mas por enquanto vou dar um tempo pra poder ir conhecendo essa relação da Candelária com a Malú, ir conhecendo a Malú em si.


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