Cuidado com o Anjo escrita por Ana Paula Puridade


Capítulo 12
Capítulo 11




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– Sim, por quê? Agora é proibido se divertir também? - perguntei desligando o rádio.
– Não, de jeito nenhum! Se divertir é bom! - disse ele.
– Isso deve ser uma coisa que você não pratica muito, né?! – disse.
– Por que você só me ataca? - perguntou ele se aproximando de mim.
– Eu não te ataco. Você que me tira do sério!- disse.
– Esse ódio que você sente por mim é tão grande assim? - perguntou ele bem próximo de mim.
Ele foi se aproximando, se aproximando... Até que eu comecei a sentir a respiração dele e dei um pisão no pé dele.
– Por que você fez isso? - perguntou ele.
– Por nada, só pra te irritar mesmo! - disse rindo.
– Você é tão infantil! - disse ele.
– É mesmo? - perguntei sarcasticamente.
– Tá doendo, sabia? - disse ele se sentando na minha cama.
– Êpa, Êpa! Pode chispando da minha cama. – disse.
– Seus pais não te deram educação não? - perguntou ele irritado.
– Não! Eles ficavam trabalhando e indo a eventos de caridade. – disse.
– Agora eu entendi porque a sua má educação. - disse ele.
– Eu sou má educada com quem merece, e você, é o que mais merece, seu careta! – disse.
– Nem sei porque eu ainda perco o meu tempo conversando com você. Ah, claro que eu sei! Porque eu sou uma pessoa de bom coração, que gosta de ajudar os outros. - disse ele
– Eu não preciso da sua ajuda! – disse.
– Claro! Nem precisa e teve que parar aqui, na minha casa. - disse ele.
– Por mim, eu nunca estaria aqui. Não pela Ofélia, Tininha e Rosa, mas por sua causa! Eu sempre te achei um careta, mas agora, eu tenho a mais pura certeza. E se você ta se achando só porque eu estou na sua casa... Não se preocupe, eu vou embora daqui agora mesmo! - disse indo em direção ao closet.
Ele veio atrás de mim e segurou o meu braço.
– Nem pense em ir embora! - disse ele.
– Eu estaria fazendo um favor a mim e a você. – disse.
– Mas seus pais querem você aqui e é aqui que você vai ficar! - disse ele.
– Meus pais são uns loucos, isso sim. Eles pensam que com isso vão fazer eu me apaixonar por você. Porque eles acham que você é o cara certo pra eu me casar, mas sabe quando eu vou me casar com você? NUNCA!- disse soltando o meu braço.
– Eu que NUNCA iria me casar com uma garota igual a você! Eu NUNCA iria querer você pra ser mãe da Tininha. Você é infantil, mimada, rebelde, não daria um bom exemplo pra ela. – disse ele.
– Pronto! Nem eu nem você nos queremos, então vai ligar para os meus pais e diz que você não me quer mais na sua casa, e todos ficamos bem! – disse.
– Mas é ai que você se engana! Você não vai sair desta casa! - disse ele.
– Você acabou de dizer que não me quer, porque eu sou infantil, mimada, não daria bons exemplos pra Tininha... – disse.
– Eu sei. Mas pra poder te irritar mais ainda, você vai continuar aqui. - disse ele com um sorriso triunfante.
– Eu te odeio, Médico de Loucos! EU TE ODEIO. – disse.
– Sabia que o ódio faz mal pro coração? - perguntou ele sarcasticamente.
– Me deixa em paz! - disse me sentando na cama.
– Ah, o almoço já vai ser servido! - disse ele naturalmente.
– Sai daqui! - disse jogando o travesseiro nele.
– Tchau, queridinha! - disse ele soltando um beijo pra mim.
– Sai! – gritei.
Como ele é idiota, retardado, imbecil, careta! Ai, meu Deus! O que eu fiz pra merecer isso? Aff, como eu queria dar uns bons socos na cara dele. Eu tenho que ir embora desta casa, eu tenho que ir. Lágrimas começaram a sair do meu rosto. Eu me senti só. Pela primeira vez, em muito tempo, eu não tinha a Candinha, eu não tinha ela, que sempre esteve ao meu lado quando eu mais precisei. Eu não tinha a Candinha agora pra me abraçar e dizer que ia ficar tudo bem, ela sempre estava comigo e agora me afastaram dela.
Deitei-me na cama, peguei um travesseiro, o abracei e comecei a chorar. Por que ele sempre tinha que fazer eu me sentir assim? Por que ele sempre sabia onde era o meu ponto fraco? Por que ele sempre falava dos meus pais? Eles sempre estiveram distantes de mim, quer dizer... Nem sempre. Foi logo quando eu completei 11 anos, o papai se tornou o maior Juiz do país, fizeram uma grande festa e o elogiaram muito. Depois disso, o papai sempre trabalhava e a mamãe recebia vários telefonemas e não parava em casa. Quando eu perguntava aonde ela ia, era sempre a mesma resposta: “Eu vou pra um evento de caridade aumentar a popularidade da nossa família. Quando você crescer, você irá junto comigo!” Mas eu cresci, e ela nunca me levou! Toda vez que eu cobrava atenção, eles sempre me falavam que eu não tinha do que reclamar, tinham vários empregados à minha disposição e sempre tinha vários presentes. (coisas que eles não tiveram na adolescência deles). Mas quando eu falava que trocava tudo por um pouco de atenção deles, eles me diziam que eu estava sendo ingrata, que muitas meninas gostariam de ter o que eu tenho. A gota d’água, foi quando eu fiz 15 anos, a festa foi incrível, mas eles não ficaram nem pra o final da festa. Eles viajaram, nem se importaram com o que eu ia achar. Quando eu fazia queixas de algum colega meu de classe, que estava me atormentando, eles simplesmente mandaram eu manter a calma, que uma hora parava. Quando eu resolvia do meu jeito, (geralmente, batendo nas pessoas), eu ficava um mês de castigo e eles nem se importavam se isso me machucava, se isso me magoava... O importante era que eu fosse um exemplo, porque, afinal de contas, eu era a filha do “Grande Juiz Velarde”.


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