BitterSweetheart escrita por Marcella Chase


Capítulo 15
Capítulo 15 – Momentos inesperados


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, e atrasado sorry :(, o capítulo extra. E esse bem melhor que o outro, espero XD



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Paula

Nem dinheiro eu havia levado, pois esperava que o cachorro pagasse o motel. Levei um susto quando a recepcionista disse que a conta não estava paga. Ainda bem que eu tinha o cartão, pelo menos dessa vez porque quando fui pegar um táxi descobri que ele não aceitava cartão. Precisei ir andando para casa. Quando havia caminhado mais de uma hora e mal aguentava dar mais um passo escutei uma buzina e um carro parou do meu lado. Pensei que fosse Tiago e já ia me virar para xingá-lo quando vi que na verdade era Anne.

– Está indo para casa a pé? Não está fazendo caminhada para emagrecer, não é? – Ela sorriu com a brincadeira e eu fiquei agradecida por ver um rosto familiar e sentir o clima mais leve, mas não conseguiria rir naquele momento. Apenas movi os lábios fracamente, tentando imitar um sorriso que não foi bem sucedido. – Quer uma carona, Paula?

Na verdade eu nem pensaria em recusar, entrei no carro, muito agradecida, e encostei a cabeça no vidro. Recomecei a chorar lembrando o que Tiago fizera, mas tentei disfarçar para que Anne não percebesse.

– Você está caladinha e com uma cara péssima. O que aconteceu? Por que estava a pé?

Eu não agüentei, precisava conversar e desabafar o que o mau-caráter tinha feito. Quando percebi estava contando toda a história com Tiago para Anne, desde o começo até o desfecho no motel.

– ... E me deixou lá, chorando, sozinha e sem grana nem para voltar para casa porque até o motel ele deixou para eu pagar.

– Mas que idiota. Meu Deus, eu estou indignada. Como você pode gostar de um monstro como esse cara? Não sei como ainda tem mulheres que gostam disso.

– Como?

– Ah! Nada, esquece.

Fiquei em silêncio por um tempo pensando no que Anne dissera, mas não resisti à tentação de perguntar.

– Você é lésbica Anne?

– Sou. E na verdade você também deveria ser. Olha o que esse cara fez com você. – Anne riu mostrando que tinha falado aquilo brincando, mas eu não ri e fiquei martelando aquele conselho na cabeça. Será que uma mulher poderia me tratar mesmo melhor? Eu estava começando a ficar muito disposta a arriscar.

Anne

Percebi logo o quanto Paula precisava de ajuda e resolvi levá-la para se divertir um pouco. Na verdade eu também me aproveitei um pouco da situação, pois estava precisando de distração também. Fomos para o shopping, comemos montes de porcaria, fizemos compras para aliviar os ânimos, com destaque para a velha brincadeira de fazer produções enquanto experimentávamos roupas, o que nos rendeu ótimas risadas. Resolvemos pegar a última sessão de um filme de comédia que estava passando, afinal nós duas precisávamos rir um pouco. Depois dessa noite tão agradável eu sentia meu humor um tanto quanto melhor e tomei a direção da casa de Paula para deixá-la. No caminho passamos por um parque muito bonito, com um lago enorme e muitas árvores. Era um ambiente agradável e eu resolvi parar para respirar um pouco, na verdade eu não estava muito disposta a ir para casa e ficar sozinha pensando em Carla e Diego. Paula se sentou no banco e ficou olhando a noite. Eu cheguei logo depois com um algodão doce e me sentei ao lado dela.

– Gosta de algodão doce? – Perguntei lhe oferecendo um pouco.

– Adoro. Mas não como isso desde que tinha dez anos.

– Eu sou viciada. Não posso passar por um parque que paro para comer algodão doce. – Vi que ela riu disfarçadamente quando eu disse isso. – Eu sei que é idiota, mas eu realmente gosto.

– Não é idiota. É fofo. Eu queria conseguir ser assim. Não ter medo de me permitir fazer o que gosto.

– Eu não me permito muito também, mas algodão doce é especial e vale à pena. – Não consegui evitar pensar em Carla quando disse isso. Sacudi a cabeça para espantar ela dali e voltei minha atenção para Paula. Nós conversamos besteiras e rimos juntas por um tempo. Depois ficamos em silêncio olhando a lua, que estava particularmente bonita. Paula se virou para mim e segurou minha mão.

– Muito obrigada por hoje. Foi perfeito. Eu realmente precisava me distrair e esquecer um pouco a minha vida. Comer porcaria e fazer compras. Assistir um filme legal com alguém legal. Esse é o melhor remédio para qualquer coisa.

– Imagina, não precisa agradecer. Eu também precisava muito disso. Você me fez bem também. Foi recíproco.

– Foi recíproco?

Eu fiz que sim com a cabeça e só percebi do que Paula estava falando quando já era tarde demais. Ela se aproximou de mim e tocou nossos lábios, começando um beijo lento. Eu confesso que fiquei sem reação, não esperava aquilo, mas também não tinha motivos para recusar. Acabei retribuindo o beijo, fiz carinho no rosto de Paula e fiquei mexendo no seu cabelo com a outra mão. Ela segurou meu rosto e me beijou com vontade. Eu sabia bem o que se passava na cabeça da garota agora, me lembrava de como era experimentar pela primeira vez a boca de uma mulher, mesmo que para ela talvez fosse diferente, pois nunca havia pensado nisso antes, mas mesmo assim eu quis passar a ela exatamente o que era esse beijo, delicado e carinhoso, sem a agressividade e ansiedade natural que sempre tinham os beijos masculinos. Separamos-nos do beijo sentindo aquele leve constrangimento e ficamos meio sem saber o que dizer. Eu não conseguia esconder o sorriso sem graça.

– Bem, desculpe. Quer ir para casa agora?

– Não tem que pedir desculpa. Fui eu quem te beijei. E foi ótimo. Eu... – Ela parecia nervosa com alguma coisa. – Posso ir para sua casa?

Aquilo estava indo rápido demais para mim, ela nunca tinha pensado em me beijar e de repente queria dormir comigo. Não ia dar certo.

– Paula, perdão. Mas não vai rolar. Eu não posso fazer isso com você.

– Por que não? Qual o problema de fazer isso comigo se eu também quero?

– Eu não posso porque eu amo uma pessoa. Não é justo você se envolver comigo agora porque é alguém que está em cada momento da minha vida.

– Você está apaixonada pelo Diego?

– Eu não acabei de dizer que sou lésbica? O Diego é meu melhor amigo.

– Ah é. Eu me esqueci disso por um instante. Então quem é?

Fiquei em silêncio por um tempo, até perceber que ela me encarava como quem continua esperando por uma resposta. Eu não queria falar a respeito então disse simplesmente que não importava.

– É alguém muito próxima de você, você disse que ela está sempre na sua vida, não é?

– Já pedi para esquecer isso. Não importa quem é. Ela nem me olha desse jeito mesmo. Para ela eu sou só uma amiga.

– Ah não. É a Carla, não é? De novo não. Estou me cansando realmente de levar fora por causa dessa garota. O que ela tem afinal?

Sinceramente, eu poderia ficar a noite toda apontando o que Carla tinha, mas sabia que a pergunta era retórica, então somente suspirei.

– Perdão. Vamos. Eu te deixo em casa.

– Tudo bem Anne. Agora eu já estou perto de casa. Vou a pé mesmo. Obrigada pela noite. Até amanhã.

E por mais que eu tentasse debater ela não me escutou. Tive que segui-la até em casa para me certificar de que ela estava bem e fui embora, mais uma vez acabada e me sentindo um lixo por amar tanto alguém que nem ligava para mim.

– Por que eu não podia ficar com Paula e pensar no resto depois? – Minha consciência infeliz respondeu baixinho dentro de minha cabeça. – Porque se Carla descobrisse ela ficaria chateada e não conversaria com você por vários dias. – Eu voltei a me perguntar me sentindo meio doida por estar falando com minha cabeça. – E daí? Nós somos só amigas. Nem motivos para isso ela teria. Eu sou mesmo muito burra. Fiel a alguém que nunca nem beijei.

Cheguei em casa morrendo de raiva de mim mesma por ser sempre tão correta e contida. Fui dormir para, mais uma vez, sonhar com ela a noite inteira.


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Notas finais do capítulo

E aí pessoas o que acharam do capítulo? Para aqueles que esperavam que a Anne se desse bem um pouco também, ela conseguiu. Tudo bem que ela é fofa demais para fazer o serviço completo do tipo Carla, mas já é alguma coisa HAHAHAHA
Só não foi uma morena gostosa que apareceu pra ela. Inesperadamente foi a Paula oO
O que acharam desse lancezinho? Anne é areia demais pro caminhão da Paula ou elas podem ser algo fofo? Me contem vossa opinião XD