Money Make Her Smile escrita por Clarawr


Capítulo 24
Why you gotta be so rude? Don't you know I'm human too? - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

FALAÊ MEU BONDEEEEEEEE
Oi, gente!!!!!!!!!! Bom, primeiramente, eu gostaria de me desculpar (como sempre) pela demora em postar o capítulo, mas dessa vez a justificativa é boa: a escola voltou.
Sim, gente, ela voltou, e voltou pior do que NUNCA, porque agora eu tô no terceirão e tô sem tempo até de me coçar. Eu tinha planejado postar um capítulo antes das férias acabarem, mas nem isso consegui fazer, porque já tive que começar a resolver coisas escolares na última semana de férias. Foi bem triste. Quem me segue no twitter saber que as aulas voltaram rasgando tanto que até agora eu tô meio que sem saber de onde veio o tiro. Aulas+cursinho+pressão pro vestibular= NÃO ESTÁ SENDO FÁCIL.
Ontem e hoje, porém, com o feriadão, resolvi sentar minha bundinha e escrever esse capítulo cheiroso, que já está planejado praticamente desde que eu postei o último, mas só agora tive tempo de colocar no papel. Eu estou ADORANDO toda a situação que vai ser narrada aqui HEHEHEHEH. Vocês devem estar estranhando o "parte 1" aí em cima, mas eu vou explicar isso nas notas finais, então não pulem!!!!
Muitas, muitas coisas acontecendo nesse capítulo, e eu tive uma dificuldade tremenda pra decidir qual música colocar. Estou postando agora e acabei de trocar totalmente as músicas que eu tinha pensado em por de primeira. Decidi priorizar Peeniss porque nessa parte eles vão ter um pouquinho mais de destaque, então song of the title (música do título pois agora sou bilíngue): Rude, do Magic!, pra representar a parte dele sendo apresentado ao pai da Kat e música do capítulo: You Give Me Something, do James Morrison, pra expressar a confusão do coitado pra se comprometer hehe.
Espero que vocês gostem!!!!!
ps: eu tava com saudades.
ps: NÃO PULEM AS FINAIS.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/450325/chapter/24

I was made to tread the water, but now I've gotten in too deep

For every piece of me that wants you

Another piece backs away

'Cause you give me something

That makes me scared, alright

This could be nothing, but I'm willing to give it a try

Please give me something

'Cause someday I might know my heart

– Parabéns pra você. – Katniss ouviu a música começando assim que colocou os pés para fora do quarto, na manhã abafada de seu vigésimo terceiro aniversário. – Nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida!! – Seu pai, sua mãe e sua irmã mais nova completaram os versinhos da clássica música sorrindo e batendo palmas em frente à porta do quarto da morena.

Katniss sorriu e recebeu o abraço entusiasmado da mãe, levemente comovida. Sua mãe estava longe de ser a típica socialite inútil, mas acordar às seis e meia da manhã (horário que Katniss se levantava para conseguir chegar à faculdade no horário) era bastante improvável tratando-se dela. A sra. Effie Everdeen trabalhava junto com o marido, Haymitch Everdeen, na agência de publicidade da qual ambos eram donos, e o dia por lá geralmente não começava antes das nove e meia da manhã.

– Parabéns, minha linda. – Effie disse, alisando os cabelos da filha. – Tudo de melhor hoje e sempre, porque você é a pessoa que mais merece ser feliz nesse mundo todo.

– Obrigada, mãe. – Ela disse, fungando um pouco e passando para os braços do pai.

– Parabéns, filha. Que o seu dia seja perfeito do jeito que você merece. Juízo, hein? – Ele acrescentou, risonho, como não podia deixar de ser.

A partir de uma certa idade, seus pais começam a te desejar juízo em todos os seus aniversários. A palavra “juízo” se torna parte fundamental de todos os votos de feliz aniversário que você recebe. A princípio, isso não incomoda. É só mais uma coisa que seus tios chatos te dizem quando falam com você na única vez do ano em que se dignam a estabelecer algum tipo de contato - no seu aniversário. E, dependendo da família, no Natal -. Depois de um tempo, começa a incomodar. Quem eles acham que são para dizer o que você deve ou não fazer da sua vida? Aquele “juízo, hein?” seguido de uma risada condescendente passa a estressar porque sempre vem carregado de um ligeiro tom reprobatório que é inaceitável vindo de qualquer um que não sejam seus pais. Na verdade, até deles já era difícil de engolir.

E, depois dessas duas fases, havia a fase em que Katniss se encontrava no momento. Os votos de juízo (Como se isso fosse algo que se pode desejar a alguém. Sinceramente, não faz sentido. Juízo as pessoas ou têm, ou não têm. Não é algo que você acha na rua, para que alguém possa te desejar.) não chateiam nem são indiferentes. Katniss havia chegado na fase de sua vida em que sempre que lhe desejavam juízo, sua cabeça fazia coro para reforçar o pedido. Ela chegava até a sorrir quando ouvia o antes tão odiado “juízo, hein?”. Ela ria junto com a risada de seus parentes, pensando que de tudo que ela ouvia nos telefonemas de aniversário, aquela era de longe a parte mais aproveitável.

Talvez ela estivesse ficando velha.

– Parabéns, cabeçuda. – Prim cantarolou, enquanto abraçava a irmã. – Tá velhinha, hein? – Ela completou, empurrando de leve a cabeça da irmã. – Te amo. – Ela acrescentou, abraçando a irmã novamente.

A relação entre Prim e Katniss não havia mudado desde o incidente da festa que Prim armara quando os pais das duas estavam fora. Elas haviam brigado, é claro, e obviamente houve caras viradas e conversas monossilábicas durante alguns dias; mas no fim das contas Prim acabou percebendo que deixara a irmã em uma situação difícil. Ela jamais admitiria o erro, mas se deu conta que não tinha motivos para continuar distante da irmã se a errada era ela. Katniss, por sua vez, não tinha forças para ficar zangada com a irmã por muito tempo, principalmente depois de ter ficado sem vê-la por tanto tempo. Então, aos poucos, a relação das duas foi voltando ao normal.

– Obrigada, gente. – Katniss disse, enternecida, mas sua frase foi comicamente cortada por um bocejo. – Agora me deixem ir porque as aulas não se assistirão sozinhas e eu vou passar muito tempo com vocês à noite. – Ela acrescentou, referindo-se à festa planejada para logo mais.

– Ah, que mentirosa. – Prim comentou, sendo contagiada pelo bocejo da irmã. – Aposto que você vai ficar grudada no Peeta a festa inteirinha. – A loirinha acusou, caminhando até o sofá e atirando-se no estofado.

– Eu estou super ansiosa para conhecê-lo. – A mãe de Katniss comentou.

Katniss não podia dizer o mesmo. Não é que ela estivesse com medo de apresentar Peeta para sua família, mas ela sentia que isso daria certa firmeza ao relacionamento dos dois que ela não tinha certeza se estava de fato preparada para sustentar. Além do mais, ela não sabia como os pais reagiriam a ele, nem como ele reagiria a seus pais. Era uma situação tensa quase que por definição, mas Katniss não via como escapar dela.

Katniss espiou o relógio pendurado na parede do corredor que desembocava na sala da cobertura, notando que eram quinze pras sete da manhã e ela precisaria correr para não se atrasar para a primeira aula. Decidiu tirar os pensamentos relativos à apresentar Peeta para seus pais da cabeça, porque estava cedo demais para que seu cérebro pudesse lidar com aquela perspectiva de forma sensata e centrada. Não adiantaria de nada encher a cabeça de caraminholas àquela hora da manhã sendo que não havia nada a ser resolvido, só enfrentado.

A morena suspirou e observou Prim, que já dormia recostada nas almofadas do sofá. Por um instante, Katniss desejou ser a irmã. Ela se lembrava de seus 16 anos como uma idade sofrida, cheia de decisões difíceis e variações hormonais que só deixavam tudo ainda mais complicado. Prim, por outro lado, parecia ser totalmente o contrário do que ela fora. Ela era tudo que Katniss sempre quis ser quando tinha 16 anos, e a morena sabia que se convivesse com Prim e as duas tivessem a mesma idade, ela teria muita inveja da loira.

Katniss pensou que evoluíra dos 16 para os 23 anos, o que era normal. Em todas as idades nós apresentamos aspectos mais maduros e outros mais infantis. Prim, por outro lado, parecia já ter nascido perfeita, madura e esperta na proporção certa em todas as idades pelas quais ia passando. Prim não parecia ter de se esforçar para se adaptar ao mundo, enquanto Katniss sentia que tudo que ela fazia, o tempo todo, era tentar se moldar às situações ao seu redor. Quando Prime entrava em cena, as coisas naturalmente se adaptavam a ela. Quando Katniss pisava no palco, por outro lado, o universo parecia não ter a intenção de fazer nenhum esforço para deixa-la confortável.

“As aulas não vão se assistir sozinhas, Katniss”, ela teve de se lembrar para poder obrigar seu corpo a se mover.

E, a muito custo, ele se moveu, mas o relógio já mostrava dez para as sete da manhã. Katniss ia se atrasar.

Ah, mas ela podia. Ela era a aniversariante.

~~

– Você tem certeza que não vai ficar esquisito se eu for? – Finnick perguntou para Peeta quando o amigo chegou em casa, lá pras seis da tarde.

– Cara, já é a vigésima sétima vez que você me faz essa pergunta. – Peeta suspirou, cansado. – E eu vou te responder do mesmo jeito pela vigésima sétima vez: o que a Katniss te falou?

– Ela disse que queria que eu fosse. – Finnick balbuciou.

– Então pronto! – Peeta exclamou.

Katniss sabia que não teria como escapar de convidar Finnick, primeiro porque ele era o melhor amigo de Peeta e segundo porque ela vinha passando bastante tempo junto com ele ultimamente, assim como com Gale. Então, os dois foram convidados para a comemoração. E, no fim das contas, Katniss realmente queria a companhia dos dois, porque, apesar de tudo, ela, Peeta, Johanna, Gale e Finnick acabaram se unindo e formando um grupo real de amigos.

Mas, mesmo assim, Katniss perguntara antes à Annie se ela se sentiria desconfortável com a presença do ex, porque antes de ser amiga de Finnick, ela era amiga de Annie; e não era uma amizade recente. Obviamente, Annie seria sua prioridade.

Annie, por sua vez, disse que não se incomodava, mesmo que Katniss soubesse que era mentira, mas ela sabia que era isso que deveria fazer como amiga. Não era uma questão de se incomodar, mas certamente não seria a situação mais confortável do mundo para Annie. Por outro lado, ela achava que Katniss tinha o direito de convidar Finnick para sua festa e ela não queria ser egoísta para privar a amiga disso. Então, em homenagem ao aniversário de Katniss, Annie ia se esforçar para agir, pelo menos uma vez na vida, como a amiga sempre agia: engolindo suas próprias frustrações e desconfortos em nome do próximo. Katniss merecia isso.

– Você quer ir? – Peeta perguntou.

– Quero, mas não sei se vale a pena. – Finnick admitiu. – Eu queria ir pela Kat, sabe, porque eu gosto muito dela e ela é sua namorada e tudo o mais... – Finnick se interrompeu quando viu a careta de Peeta à menção da palavra “namorada”. – Que foi?

– Ela não é exatamente minha namorada... – Peeta hesitou.

– Só porque você ainda não pediu. Porque de resto, vocês já são um casal há muito tempo.

– Eu sei, mas... – Peeta fez uma pausa, sem saber como colocar a coisa.

– Você tem medo do que oficializar a relação pode causar, né? – Finnick perguntou.

– Mais ou menos. Sei lá, cara. A gente está junto, mas daqui a pouco a gente vai ter que dar um nome pra isso e é geralmente nesse ponto que as coisas começam a dar errado.

– Ah, Peeta. – Finnick riu com desprezo. – Fala sério. Desde que você começou com a Katniss eu não te vejo olhando para nenhuma outra mulher. Vocês fazem programa de casal e andam de mãos dadas. Se uma garota chegasse agora em você, você ia aceitar normalmente que nem na sua época de solteiro? Claro que não. Você ia pensar na Kat primeiro. Vocês não estão “ficando”. – Ele fez aspas no ar. – Vocês estão juntos. A única coisa faltando é o pedido.

Peeta se calou por um instante, refletindo sobre as palavras do amigo e notando que Finnick tinha razão. Ele já sabia de tudo isso inconscientemente, mas temia o dia que essas coisas começariam a ser discutidas. Ele queria ficar com Katniss, e só com Katniss. Admitir para si mesmo que ele havia se envolvido era um grande passo, mas ele já tinha passado da fase de lamentar o fato de ter de morder a língua sempre que alguém lhe jogava na cara as inúmeras vezes que havia dito que jamais abriria mão da solteirice. O problema era que Peeta realmente surtava só de pensar em oficializar sua história com Katniss pelo simples fato de ele nunca ter vivido nada além de algumas ficadas fixas. Ao contrário do que Finnick lhe dizia, ele achava que um pedido oficial mudava muito as coisas. Namorar era mais do que só ter alguém para beijar fixamente. Namorar colocava outras coisas em jogo, coisas que Peeta jamais tivera a oportunidade de saber como seriam se tivessem de ser dividas com alguém.

– Dá pra gente, por favor, voltar ao seu problema? – Peeta pediu.

– Ah, bonito. – Finnick comentou, rindo ironicamente. – Resolver o problema dos outros é fácil.

– Eu só não quero entrar em paranoia por isso agora. Não no aniversário dela. – Peeta justificou.

– Tá, tá. – Finnick assentiu. – Apesar de eu querer ir e gostar muito da Kat, acho que a minha presença só vai servir para deixar todo mundo mal.

– Você vai ficar mal? – Peeta perguntou.

– Um pouco. – Finnick respondeu. – Vou. – Ele admitiu. – Mesmo que ela ter vindo aqui me pedir desculpas tenha mudado um pouco as coisas, as coisas ainda estão meio... estranhas.

– Não acho. – Peeta respondeu. – Ela ter vindo aqui só te deixou por cima, porque agora quem deu o fora foi você.

– Por cima de quê se eu continuo pensando que deveria ter aceitado? – Finnick perguntou, suspirando derrotado.

– Mas isso ela não precisa saber. – Peeta rebateu. – Sério que você acha que tinha que ter aceitado ela de volta? – Peeta perguntou, fazendo uma careta. – Você é muito cuzão mesmo. – Ele concluiu.

– Eu gosto dela! – Finnick exclamou. – Eu fui sensato e sei que fiz o certo, até mesmo porque eu ia me sentir mal comigo mesmo se tivesse jogado tudo pro alto e voltado com ela, mas eu ainda a amo. – Ele admitiu.

– Cuzão. – Peeta repetiu, e Finnick não teve nenhuma outra opção além de rir, porque era verdade. – Vamos lá colocar uma roupa porque daqui a pouco a gente tem que sair. – Ele disse. – Você vai tomar banho?

– Claro, né. – Finnick respondeu, e logo percebeu o motivo da pergunta do amigo. Antes que ele pudesse terminar a frase, Peeta já estava correndo pelo corredor na direção do banheiro, e por mais que Finnick fosse mais rápido, a vantagem de Peeta era muito maior, porque ele já estava de pé enquanto o amigo ainda se levantava do sofá.

– Vai se foder, Peeta! – Finnick exclamou, batendo na porta do banheiro, que o amigo havia acabado de bater na sua cara.

– Cuzão! – Peeta repetiu pela terceira vez e Finnick foi capaz de ouvir o amigo rindo mesmo com a porta fechada.

E é com cenas como essas, caros leitores, que é possível perceber que, não importa o quanto o tempo passe, os homens param o desenvolvimento cerebral por volta dos 16 anos.

~~

– Qualquer coisa você gruda com a Johanna. Se eu notar que vocês estão muito juntas, eu venho te socorrer. – Katniss propôs para Annie, enquanto retocava o babyliss das pontas dos cabelos de frente para o espelho de seu quarto.

– Fala sério, Katniss, a Johanna vai passar essa festa inteira dando em cima do Gale, e o Gale obviamente vai estar com o Finnick. Eu não vou ficar segurando a Jo junto comigo sendo que eu sei que ela está doida pra se jogar em cima do cara. – Annie rebateu.

– Sis before penis. – Katniss enunciou a frase e a versão feminina do “bros before hoes” arrancou uma risada de Annie. Irmãs antes do pênis. Sim, fazia certo sentido. – Tá, gruda com a minha família, então. Eles te adoram. É só pra você me dar o sinal, assim que eu perceber que a situação está ruim, eu venho te salvar. E, sim, eu vou largar o Peeta para ficar com você se for necessário. – Katniss disse, antes mesmo que Annie pudesse duvidar verbalmente que a amiga desgrudaria do namorado para se juntar a ela.

– Tá. – Annie aceitou, passando os dedos pelos cabelos. A essa altura, os cachos que Katniss havia feito nela já estavam mais do que desfeitos. – Estou nervosa.

– Não fica. – Katniss respondeu, bagunçando de leve os cabelos para dar um aspecto mais natural ao penteado.

– Eu fui atrás dele e ele me recusou, Katniss.

– Pelo menos você foi lá pedir desculpas. Imagina como seria pior se vocês se encontrassem antes disso? Ia ser bem pior, vocês estariam bem mais mal resolvidos.

Annie ponderou. Katniss tinha razão, mas, àquela altura, o grau de resolução entre os dois não era muito importante. Seria uma situação desconfortável de qualquer maneira.

Katniss deu uma última olhada no espelho e Annie reconheceu aquele olhar de inspeção típico que qualquer pessoa lança ao espelho antes de sair definitivamente para seu destino. No caso, a festa de Katniss seria em seu apartamento mesmo. A varanda estava toda decorada com flores e uma iluminação aconchegante, e músicas típicas de início de festa já enchiam o ambiente para ambientar os primeiros parentes que chegavam.

– Vamos encarar o mundo lá fora? – Katniss perguntou, olhando docemente para Annie, que respirou fundo e assentiu. Katniss abriu a porta do quarto e a música se tornou mais clara.

– Katniss! Katniss! – A garota ouviu seu nome ser chamado dezenas de vezes por parentes que lotavam sua casa para comemorar seu aniversário também.

A morena foi abraçada por aproximadamente seis pessoas de uma vez, que logo depois se dirigiram para cumprimentar Annie. Quando você tem uma amizade pelo tempo da de Katniss e Annie, você acaba se tornando um pouquinho parte da família.

Depois, a massa de parentes se dirigiu à Prim, que acabara de pisar na sala com um vestido frente única decotado branco com estampas avermelhadas. Depois de recebê-los com um sorriso invejosamente simpático e doce, ela se juntou a Katniss e Annie.

– Será que a mamãe vai implicar muito se eu beber champagne hoje? – Prim perguntou. – Porque só assim para aguentar essa parentada toda que vai bater ponto aqui hoje.

Katniss deu um tapa no braço da irmã e Annie riu.

– Para de ser dramática. – Katniss falou. – Até parece que a nossa família é a mais insuportável de todas.

– Já estou avisando que não vou responder nenhuma pergunta de “e os namoradinhos?”.

– Eles não vão te perguntar nada disso hoje, porque é meu aniversário e todas as atenções vão estar em mim. – Katniss tranquilizou a irmã.

– No Natal é aniversário de Jesus e eles perguntam mesmo assim. – Prim rebateu e Katniss e Annie gargalharam.

A campainha tocou e Katniss correu para atender, seus sapatos azuis emitindo o típico som de saltos batendo contra o piso de porcelana.

– Parabéns para a aniversariante mais linda do mundo. – Peeta disse assim que a morena abriu a porta, enlaçando sua cintura com o braço e colando os lábios dos dois em um selinho mais longo.

Ela se afastou da porta para receber os parabéns de Finnick e Gale, que chegaram junto com Peeta.

– Então, meninos, fiquem à vontade. – Katniss disse. – Tem comida e uma pista improvisada na varanda, e a bebida está passando por aí. – Ela enumerou. – Ah! – Ela exclamou, vendo Prim andando distraidamente pela sala e fazendo sala para alguns parentes. – Prim! – A loirinha olhou para ela, estreitando os olhos. – Vem cá!

A menina caminhou até o grupo, sorrindo simpaticamente.

– Meninos, essa é minha irmã Prim. Prim, esse é o Finnick e esse é o Gale. – Ela apresentou e eles se cumprimentaram. – O Peeta você já conhece.

– Mais ou menos. – Prim respondeu, levemente envergonhada, mas abraçando-o e beijando seu rosto mesmo assim. Não dava para esquecer que ela não estava em seu estado normal quando os dois se viram pela primeira vez, e ela corava ainda mais só de lembrar das obscenidades que gritara para a irmã na presença do loiro.

Mas Prim não era do tipo que se abala fácil. Na verdade, ela era perfeitamente capaz de se recompor e reverter a situação mais vergonhosa possível a seu favor se houvesse algum cara bonito no jogo. E ali haviam três.

Finnick era o tipo de cara por quem até ela perdia a compostura. Sua estratégia principal de flerte era não dar muita moral para o pretendente, mas era difícil até para ela olhar para ele sem precisar de um babador. Gale tinha uma beleza mais comum, mas seus olhos cinzentos se moviam de um jeito cativante e seu sorriso aberto fazia um contraste interessante com seus ombros largos.

Prim sentiu vontade de dar um beijo na irmã só por ela ter arranjado aqueles amigos tão incrivelmente gostosos.

A campainha tocou novamente e Katniss lançou um olhar de desculpas para Prim.

– Vai lá atender seus convidados que eu levo os meninos na varanda. – Ela disse e Katniss pareceu preocupada. Annie estava sozinha na varanda e Johanna ainda não chegara. – Vai lá, eu cuido de tudo. – A loirinha disse, e Katniss entendeu o código que a irmã usou para tranquiliza-la e informar que ela não deixaria Annie sozinha. Prim estava meio que ciente da situação que se desenrolava, embora só tivesse escutado passagens da história que a irmã pincelara para ela. Prim só soube o suficiente para entender que Annie não poderia ficar sozinha em momento nenhum da festa.

– Vem, gente. – Prim chamou. - Vem, Peeta, daqui a pouco a Katniss volta para você. – Ela brincou. – Você sabe que hoje vai ter que dividi-la com muita gente, não sabe?

– Já estou preparado para isso. – Peeta respondeu e ela sorriu.

“Eu posso te fazer companhia se você estiver sozinho” , ela pensou, mas não falou. Prim não queria pensar essas coisas, mas Peeta era absolutamente irresistível. Por mais que Finnick e Gale também fossem deliciosos, era perto dele que ela sentia algo se apertar no fundo do estômago. Mas ele estava com sua irmã, então ela simplesmente sufocava aquele aperto e tentava trata-lo da melhor forma possível como cunhada. Mas ela não conseguia resistir a algumas jogadas de cabelo e alguns olhares sedutores, porque ela estava acostumada demais a investir direto em um cara pelo qual ela estava a fim, fosse esse cara quem quer que ele fosse. Ela nunca precisou parar para pensar antes de partir para o ataque, então certos trejeitos já tinham se tornado involuntários. De qualquer modo, ela tentava se segurar, mas sua parcela provocadora de vez em quando dava um jeito de escapulir sob a forma de uma pequena frase dúbia ou um olhar mais atirado.

Ela guiou os meninos até a varanda e pediu licença, dando a desculpa de que tinha que falar com outros parentes, mas caminhando diretamente até Annie, que comtemplava distraída o céu, encostada no parapeito do murinho que cercava a cobertura.

– Não olha para trás agora, mas eles chegaram. – O corpo de Annie se enrijeceu para controlar o impulso de virar-se na direção de onde os meninos entraram. – Não olha, não olha! – Prim repetiu. – Eu vou ficar aqui com você até a Johanna chegar, aí depois eu volto a fazer a média com os parentes.

– Ele está bonito? – Annie perguntou, num claro sinal de desespero.

– Posso ser sincera? – Prim perguntou e Annie assentiu. – Pra caralho. Cheiroso também.

– E agora? – Annie perguntou. – Eu vou lá falar com ele? Não vai ficar escroto eu saber que ele estar aqui e ignorá-lo?

– Para todos os efeitos, você estava de costas quando eles entraram, então você não sabe que ele está aqui. Ele é que já te viu, então ele que venha falar com você se quiser. – Prim deu o veredicto e Annie assentiu.

– Eu preciso beber alguma coisa, mas eu vou ter que virar para pegar um copo. – Annie disse, desesperada.

– Calma. – Prim respondeu. – Eu chamo o garçom aqui. – Ela disse, enquanto fazia sinal para que o rapaz a servisse. Ela tirou duas taças de champagne da bandeja, entregando uma à Annie e ficando com a outra. – Mas você sabe que não vai poder ficar virada para o céu a festa inteira, então trata de criar coragem para encará-lo, porque vocês vão se esbarrar. – A loirinha sentenciou e se virou de frente para a cobertura, recostando-se no parapeito na direção contrária da de Annie, que estava de frente para a noite. - Ih, olha lá. A Katniss está vindo com a Johanna. – Annie suspirou aliviada e se virou para receber a amiga.

Sua visão periférica capturou Finnick em uma rodinha com Peeta e Gale, mas ela forçou seu olhar a não parar ao se encontrar com ele. Ela abraçou Johanna e Katniss deixou a recém chegada mais ou menos a par dos planos da noite.

– O que importa é a gente não deixar a Annie sozinha nunca. – Katniss resumiu. – E Jo, você vai ser a principal no plano porque eu e a Prim estaremos dando atenção para a família. Eu vou apresentar o Peeta aos meus pais hoje, então vai ser pior ainda. Sempre que der, a Prim vai dar uma passada pra ver como as coisas estão e vai me contando. Se precisarem de mim, eu volto correndo para socorrer vocês. – A morena concluiu, como um técnico de jogador de futebol repassando as estratégias para a partida. – Tudo certo?

As outras três assentiram e Katniss sentiu o fundo de seu estômago gelar com a perspectiva de levar Peeta até sua família. Agora que a situação de Annie estava relativamente encaminhada, ela podia usar todo o espaço disponível em sua cabeça para se apavorar com o que estava por vir.

A aniversariante caminhou decidida até onde Peeta conversava com os amigos, ajeitando o vestido amarelo de um ombro só no corpo e sacudindo a cascata de cabelos brilhantes. Ela se aproximou do loiro e lhe deu um selinho.

– Preciso te apresentar a algumas pessoas. – Ela disse e sentiu o corpo dele se enrijecer sob seu abraço.

Ele virou de frente para ela.

– Eu estou com medo. – Ele admitiu.

Katniss suspirou.

– Eu também. Mas eles não mordem. Eles vão te adorar. Vocês podem, por favor, falar para ele que a minha família vai adorá-lo? – Katniss alteou a voz para que Finnick e Gale a escutassem.

– A família da Kat vai te adorar, Peeta. – Gale respondeu prontamente, recebendo um olhar agradecido da morena como recompensa. O olhar de Katniss parecia especialmente mais poderoso e penetrante por conta da sombra preta esfumada que contornava suas pálpebras, e Gale não deixou de reparar nisso.

– É, cara, deixa de ser besta. – Finnick completou. – Só colocar todo o seu charme para fora e eles vão agradecer a Deus por te ter na família.

– Isso. Obrigada, gente. – Katniss aprovou. – Agora vem, Peeta. – Ela o puxou pela mão, e ele tropeçou nos próprios pés quando foi se virar para andar na direção da sala. – Você está parecendo uma criança que vai levar injeção. – Ela comentou, rindo, quando os dois já haviam saído do alcance dos ouvidos de Finnick e Gale.

– Eu nunca passei por isso antes. – Peeta admitiu.

– Como assim? – Katniss perguntou, parando de andar abruptamente.

– Eu nunca fui apresentado aos pais de nenhuma garota com quem eu já estive. – Ele desenvolveu, diante do brilho incrédulo no olhar de Katniss.

– Peeta! – Katniss exclamou. - Tá, eu sabia que você nunca tinha namorado sério. Mas nunca nem um “oi”?

– Não que eu lembre. Não sei, eu não costumava me encontrar com as outras garotas na casa delas. – Ele confessou, envergonhado.

Katniss continuou a andar, muda de surpresa. Ela não sabia como reagir. Será que aquele era um mau sinal?

– Você era um galinha mesmo, hein? – Ela comentou.

– Nem tanto assim. – Ele respondeu, contendo um sorriso.

Os dois caminharam pelo corredor que continha as portas dos quartos. Katniss bateu na porta do quarto mais afastado.

– Mãe? – Ela chamou. – Tenho alguém para te apresentar aqui. – Ela disse, sabendo que atiçaria a curiosidade da mãe com a perspectiva de finalmente ser apresentada ao namorado da filha.

A porta se abriu e a sra. Effie Everdeen surgiu, sorrindo calorosamente para os dois.

– Peeta, essa é a minha mãe, Effie. Mãe, esse é o Peeta. – Os dois se cumprimentaram.

Effie Everdeen parecia um sonho de tão linda, a típica socialite endinheirada. Cabelos loiros naturais, extremamente bem tratados e macios, presos em um despojado coque lateral; o vestido preto simples e elegante emoldurando o corpo malhado por pilates duas vezes na semana; as mãos perfeitamente manicuradas tilintando com os anéis e as pulseiras discretos, porém claramente em ouro e outras pedras preciosas.

– Ah, querido, é um prazer finalmente te conhecer. – Effie disse, enquanto o abraçava.

– O prazer é todo meu, sra. Everdeen.

– Ai, meu Deus, senhora não! – Ela deu uma gargalhada. – Só Effie, por favor. Desculpa te receber aqui, mas eu me atrasei com o trabalho e acabei perdendo a hora para me arrumar. Fique à vontade, ok? – Ela completou.

Os três começaram a caminhar na direção da sala e, como era de se esperar, Effie bombardeou Peeta de perguntas sobre sua vida e suas aspirações para o futuro. Nos poucos minutos de conversa, Peeta explicou que fazia faculdade de Arquitetura e pretendia se especializar na construção de shoppings e outras áreas de lazer. Apesar das perguntas, Effie era muito simpática, e se empolgou o suficiente até para contar algumas de suas histórias da época de faculdade.

– Agora que já estamos íntimos, eu vou te dar uma dica. – Effie começou, em tom de brincadeira, mas depois sua voz assumiu um tom confidencial. – Você sabe por que a Katniss te apresentou primeiro a mim? Porque o pai dela adora afastar os namorados que ela traz para casa. Tudo bem que não foram muitos...

– Mãe! – Katniss protestou.

– Mas não foram mesmo! – Effie rebateu, voltando a abaixar o tom de voz, como se estivesse contando um segredo. - Enfim, o Haymitch adora assustar os coitados. Como eu gostei de você, já vou te dizendo para não ligar para a cara fechada que ele fizer. No início vai ser assim mesmo, ele vai ficar todo desconfiado, coisa de pai ciumento. – Effie deu de ombros. – Mas é só você não desistir dele. Como eu sinto que você vai passar muito tempo aqui – ela piscou para os dois. -, aos poucos ele vai se acostumando.

– Mãe, não está ajudando. – Katniss interviu.

– Estou sim!

– Está, sim, Kat. – Peeta disse, sorrindo simpaticamente para a sogra. – Porque agora eu já sei o que me espera.

– Isso, filha. Você acha que eu não sei que o menino está nervoso? Claro que sei! Só o estou preparando para o que vem aí.

– Obrigada, sra. Ev... Effie. – Ele se corrigiu, diante do olhar da sogra.

– Mas eu só vou continuar ajudando se você parar de me chamar de senhora, hein? – Ela brincou e enquanto todos riam, um homem alto e levemente acima do peso se aproximou dos três tocando os ombros de Effie e sorrindo para a mulher.

– Amor! – Effie exclamou. – Você demorou. – Ela comentou, virando para dar um discreto beijo no marido.

– Oi, pai. – Katniss cumprimentou, sorrindo e sendo fortemente abraçada pelo homem de cabelos escuros e olhos cinzentos. Peeta agora podia ver que Katniss herdara a maior parte da aparência do pai, enquanto Prim herdara os traços da mãe, loura de olhos claro. - Pai, eu queria te apresentar uma pessoa. – Peeta imediatamente se levantou. – Esse é o Peeta.

O homem, que sorria abertamente, fechou a cara imediatamente.

– Peeta, esse é meu pai, Haymitch Everdeen. – Katniss prosseguiu, mesmo diante da má vontade do pai.

– Prazer, senhor Everdeen. – Peeta disse, a voz grave.

– Então você é o famoso Peeta. – Haymitch comentou, a voz e o semblante impenetráveis.

– Famoso, nem tanto. Peeta, sim. – O loiro respondeu e os lábios do homem se torceram involuntariamente na tentativa de conter um sorriso. Mesmo assim, Peeta se arrependeu da frase assim que ela deixou sua boca. Parecia aqueles textos de “quem sou eu” do Orkut, lá nos idos de 2007.

– E você é o namorado da minha filha. – Não foi uma pergunta.

Peeta estava a meio caminho de assentir, porque não tinha a menor intenção de explicar ao coroa que ainda não tinha formalizado o pedido com Katniss, muito menos de desabafar com ele o medo que tinha de se envolver em um namoro oficial.

A morena, por outro lado, parecia empenhada a tentar explicar ao pai a exata dinâmica de seu relacionamento com Peeta.

– A gente ainda não está namorando oficialmente, pai.

– Ah, não? – Haymitch franziu o cenho. – Por quê? Ele está com medo?

– Pai! – Katniss exclamou e Peeta corou.

– Não, senhor. – Ele mentiu imediatamente.

– A gente só está saindo por enquanto. Mas eu gosto muito dele e queria que vocês o conhecessem.

– Só saindo? – Haymitch perguntou, tingindo a última palavra de um misto de desprezo e desagrado.

– É, Haymitch. – Effie se meteu. – Que nem a gente fez antes de começar a namorar oficialmente, lembra? – Ela jogou a indireta, imediatamente captada pelo marido.

– Lembro, sim. – Ele respondeu, vagamente, a voz mais suave diante da intervenção da mulher.

– Kat e Peeta, por que vocês não vão curtir um pouco a festa com os seus amigos? – Effie sugeriu. - Tenho certeza que a Katniss ainda tem muitos convidados para receber e ia ser ótimo se você pudesse ajuda-la. – A senhora piscou discretamente para os dois.

Katniss não precisou ouvir duas vezes: agarrou a mão de Peeta e levantou-se rapidamente da mesa que compartilhava com os pais, tomando o caminho da varanda.

Peeta lançou um olhar de agradecimento para a sogra, ao qual Katniss fez eco.

– Depois nós conversamos mais. – Haymitch soltou a frase no ar, mas ela soou muito mais como uma ameaça do que como uma afirmação casual.

“Depois nós conversamos mais.”. “Depois nós conversamos mais.”. A frase ecoava na cabeça de Peeta mais do que como uma ameaça, na verdade.

Por algum motivo, aquilo parecia mais uma sentença de morte.

Morte da dignidade de Peeta diante da família de sua futura namorada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

GENTE, como vocês já devem ter percebido, eu perdi totalmente a linha escrevendo esse capítulo. Era para eu ter condensado tudo que vai acontecer em um capítulo só, mas não deu, porque ainda tem muita coisa para rolar nessa festa (acho que ficou bem claro que o aniversário da Kat vai ser a festa do ano.). Então eu decidi dividir a festa em dois capítulos, e a boa notícia é que a segunda parte já está praticamente pronta! Ou seja: no máximo eu uma semana vocês vão ter a continuação em mãos, pode confiar. Sério. O word com esse capítulo está todo salvo como um só, e já tem mais de 7200 palavras. Esse capítulo aqui tem só 5000 e poucas. Está adiantado, falta bem pouco para acabar.
E ENTÃO, O QUE ACHARAM?? Várias cenas lamentáveis e polêmicas: Peeta passando vergonha com o seu Haymitch, Finnick e Annie agindo que nem dois adolescentes que terminaram mal, Prim querendo furar o olho da irmã............ E AINDA VEM MAIS POR AÍ MUAHAHAHAH
Eu disse que tinha ótimas coisas planejadas pra essa fic, não disse???? TÁ ESQUENTANDO.
AMO VOCÊS!!! MAL POSSO ESPERAR PARA VOLTAR!!!
Um beijo na boca e feliz páscoa. Desejando muitos chocolates eróticos a todos. (Brincadeira) (Nem tão brincadeira assim) (Ahh, qual é, é tudo chocolate mesmo). (A semana é santa, mas nós não) (Desculpa essa é minha piada oficial de páscoa) (Amo vocês).