Encarei o rapaz que estava em pé na porta.

Ele era jovem, jovem demais até, cara de adolescente, não tinha mais do que dezessete anos. Era menor que a estatura média, seu tipo físico era magro, mas o treinamento havia lhe dado músculos. Era o corpo de um Ranger. Seu olhar exaltava admiração, o que não me surpreendeu.

– Senhor, é uma honra – ele disse e estendeu a mão. Eu a apertei. Ele tinha um aperto de mão firme e seguro, como o de alguém que conhece suas habilidades. Meu pai sempre me disse que o melhor jeito de saber com que tipo de homem você esta lidando é pelo aperto de mão.

– Imagina que eu não tenha escolha – falei soltando a mão de Rick e me dirigindo ao Grão-General.

– Não – ele respondeu firmemente – Precisamos de mais Matadores. Mas é muito difícil achar alguém que tenha todas as habilidades necessárias para se tornar um Matador – o garoto encheu o peito com os elogios indiretos – Você sabe que é preciso dois batalhões mais reforço aéreo pra fazer o que vocês fazem sozinhos. Você treina ele e quem sabe eu solto um dos protótipos na sua mão.

– Fechado! – exclamei. Me entendam, protótipos=departamento de pesquisa, que por sua vez, estava cheio de cientistas gatas. O Por que eu nunca vou saber, mas de uns anos pra cá, as faculdades de química e engenharia se encheram de belas jovens e como estamos em guerra, a maioria delas foi contratada para o exército.

– Então tá certo. Vou deixar os dois a sós para se entenderem melhor – ele foi andando até a porta e quando estava quase saindo, se virou para Rick e disse – Boa sorte, garoto.

A porta se fechou silenciosamente. Andei até a cafeteira e servi duas canecas de café. Andei até onde Rick estava e lhe entreguei uma.

– Então garoto, me fale de você – me sentei numa cadeira da pequena mesa de meu apartamento e apontei a outra para ele – De onde você é, sua idade, e qualquer outra coisa que achar interessante.

– Bem – ele falou se sentando – Eu Venho da cidade de Redmont, sou o mais novo de três irmãos, todos militares. Meu pai, como você já deve ter imaginado pelo meu sobrenome, é o Marechal Redmont, atualmente em campanha no cerco de Clonmel.

– Ah sim! Grande soldado seu pai, já lutei com ele algumas vezes.

– Ele falou. Também disse que você bebe feito um escandinavo de coração partido – ele falou, quebrando de vez com qualquer tensão que pudesse existir.

– Em minha defesa, eu realmente estava de coração partido – rimos, um pouco e então ele voltou a falar.

– Bem, mas sobre mim, o que mais dizer? Tenho Dezesseis anos, minha arma de escolha é o rifle sniper, mas sei usar quase qualquer arma. Tenho uma paixão anormal por facas, e eu sou viciado em velocidade.

– Tenho uma impressão de que nós vamos nos entender muito bem – falei – Agora, eu tenho que arrumar minhas coisas para podermos ir a Araluen. Sugiro que faça o mesmo.

– Já fiz – ele respondeu – minha bagagem já está carregada em minha moto.

– Sabe pilotar um caça? – perguntei já tirando minhas poucas roupas do armário e colocando numa grande mochila de campanha.

– Sei – ele afirmou.

– Então vá até o hangar, escolha um jato de qualquer modelo que não possua uma insígnia pessoal e carregue sua moto no compartimento de bombas. Não devemos precisar de armamento nessa viajem, mas mande carregarem as metralhadoras, precaução nunca é demais.

– Sim senhor – ele estava prestes a sair quando tive uma ideia. Meu dever era treina-lo, então porque não começar agora.

– E Rick – ele se virou para me encarar – Faça tudo isso sem ser visto. Quando chegar ao hangar, faça como se estivesse num Dragoeiro inimigo, cada jato é um Dragão adormecido. Você não poder ser visto pelos mecânicos ou por ninguém, caso você faça algum barulho ou seja visto antes de estar dentro do seu caça escolhido, você terá que voltar aqui, me informar e então recomeçar. Que seu treinamento comece – falei com um sorriso propositalmente maléfico na cara.