P.O.V. Rose

– Rose, vamos logo! – Ouvi Scorpius gritando lá de baixo.

Loiro burro. Será que ele não vê que ainda estou me arrumando. Mal sai do banho.

– Cala a boca e espera!

– Anda logo, ruiva! Não é nenhum jantar de gala!

– Se você disser mais uma palavra eu juro que vou demorar mais de uma hora para descer!

Me troquei e arrumei os cabelos o mais rápido possível e desci. Scorpius estava sentado no sofá impaciente e Claire dormia no carrinho ao lado dele. Dois pacotes de presente estavam em cima da mesa de centro.

– Pronto, senhor meu marido! Ficou tanto tempo me apressando que achei que as coisas já estariam no carro.

– Com certeza vai levar muito tempo para levar os presentes das meninas para o carro. No mínimo umas duas horas!

Menos de uma hora depois de uma pequena discussão nós chegamos na casa de Ted e Vic. Uma grande caixa rosa estava no hall de entrada com os presentes.

– Rose! Scorpius! – Ted veio em nossa direção. – Oi!

– Oi, Ted! – Disse o abraçando. – Cadê as meninas?

– Lá fora. A Vic está ficando louca correndo atrás das duas.

O jardim dos fundos estava cheio. Praticamente composto pela minha família. Vovó me deu um grande abraço quando me viu e pegou Claire de dentro do carrinho. Logo vi duas pequenas meninas idênticas. Bom, praticamente. Uma delas estava com os cabelos rosa chiclete e a outra de azul esverdeado.

– Monique! Dora! – Exclamei indo até elas. As duas me abraçaram no momento em que me abaixei. – Parabéns! Três aninhos! Estão ficando muito velhas.

– Oi, Rose! – Vic disse vindo atrás das filhas. – Tudo bem?

– Tudo. E você?

– Eu vou ficar louca com essas duas. – Ela riu. – Você vai ver quando a Claire crescer um pouco mais.

– Não pode ser pior que o Scorpius.

Roxanne, como sempre, foi a ultima da família a chegar. Na verdade, a única coisa boa de ter Roxanne na família é que você, por mais atrasada que esteja, sabe que nunca vai ser a ultima a chegar. Isso prova que até pessoas como ela servem para alguma coisa. Além de produzir meu lindo afilhado, claro.

– Viu, Scorpius! Você reclama que eu demoro, mas não posso ser pior que a Roxanne.

– Ninguém pode ser pior que a Roxy, Rose. – Adam disse se aproximando.

– Ah é? – Tio Bill falou se sentando na mesa em que estávamos. – Tente fazer a Fleur ficar pronta antes de duas horas e depois me diga se ninguém é pior que a Roxy!

Passamos grande parte da tarde conversando. Mamãe, papai, tia Gina, Lucy e Joey se sentaram conosco pouco depois do almoço. Claire ainda estava com a vovó Weasley, que também estava com Gale, Monique e Dora.

– Rose, não te vi essa semana no Ministério. Te procurei para almoçarmos juntas um dia desses. – Mamãe disse em certo ponto da conversa.

– Ah... tenho ficado bastante tempo praticamente trancada no meu escritório. Tenho muitas coisas para arrumar.

– Por quê?

– Bom, quero deixar pelo menos as coisas em ordem antes de sair de lá.

– Você vai mudar de departamento? – Papai perguntou franzindo a testa.

– Não, pai. Vou sair do Ministério.

– O que? – Ele exclamou arregalando os olhos. – Por quê? Para onde você vai? Já arrumou outro emprego?

– Uma pergunta de cada vez, Ronald. E, pelas calças de Merlin, para de surtar!

– Vou sair por que nunca quis passar minha vida inteira no Ministério. Vou estudar para ser curandeira.

– Mesmo, Rose? – Mamãe disse. – Bom, sempre soube que você não ficaria para sempre no Ministério. Que bom que agora pretende fazer alguma coisa que goste! Mas não vai ser fácil. Ah! Eu posso organizar um horário de estudos para você!

– Não deixe ela fazer isso, Rosinha! – Papai exclamou subitamente derrubando suco de abobora na roupa e recebeu um olhar feio de mamãe. – Ah, bem... hum... os horários de estudo que sua mãe montava para mim e para Harry na escola não eram muito fáceis, então...

– Só por que para você e Harry passar o maior tempo possível sem fazer nada era a melhor opção. – Tia Gina disse revirando os olhos.

– Ah! Hermione nunca organizou seu horário de estudos! Você não sabe como é!

– Por que nunca precisei!

– Ou por que ela não te via estudando.

– Fizemos o sétimo ano juntas, Ronald. Eu vi a Gina estudando.

– Que seja. Rosinha, não deixe sua mãe fazer isso!

– Mas a Rose já vai passar vinte e quatro horas estudando! – Scorpius disse. – Não importa quem vai montar um horário para ela.

– É, Scorpius. E vou largar a Claire por ai enquanto estudo.

– Mas...

– Ah, cala a boca! Bom, já pesquisei, a próxima turma no curso para curandeiros começa no inicio do ano. Ainda tenho dois meses para estudar e conseguir entrar. E ai são três anos e meio de curso.

– Você vai ficar sem trabalhar nesse tempo?

– Bom... sim, pai.

– Hum...

– Pai, eu não quero continuar trabalhando no Ministério.

Mamãe olhava para ele com cara de irritada.

– Eu sei... Bom, contando que você não deixe sua mãe criar um horário de estudos para você eu acho que você está certa em fazer isso, Rosinha.

– Prometo fazer meu horário sozinha. – Disse rindo.

Já era final da tarde quando cantamos parabéns para Monique e Dora. Depois de um pedaço de bolo Scorpius e eu nos despedimos da minha família.

– Já vão? – Mamãe perguntou.

– Sim, vamos jantar na casa dos meus pais. – Scorpius respondeu colocando Claire no carrinho.

– Eu ia chamar vocês para jantarem lá em casa! – Papai disse depressa.

Sorri e dei um beijo na bochecha dele antes de dizer:

– Podemos ir outo dia, papai. – E abaixando a voz para que só ele ouvisse completei – Não se esqueça, eu vou ser sempre uma Weasley, já te disse isso.

Ele sorriu enquanto saímos. Papai ainda não se conforma que agora faço parte da mesma família que o Senhor Malfoy. E acho que o senhor Malfoy ainda não se conforma que Scorpius faz parte da mesma família que papai. Acho que velhas inimizades nunca se curam completamente.

Chegamos na casa dos pais de Scorpius um bom tempo depois de sairmos de Ted e Vic. Por que eles têm que morar tão longe de tudo?

– Oi, Rose! – Astoria disse abrindo a porta e me abraçando, para depois abraçar Scorpius.

Ela pegou Claire do carrinho e entrou. Por que todo mundo pega Claire no colo quando a vê?

O senhor Malfoy estava sentado numa poltrona na grande sala e levantou para nos cumprimentar quando chegamos.

Nós ficamos na sala conversando por um bom tempo.

– Vocês podiam se mudar para mais perto. – A senhora Malfoy comentou quando já estávamos jantando.

– Por que, mãe?

– Mal vemos a Claire!

– Mãe, a gente vem aqui praticamente todo final de semana!

– Mas queria poder vê-la durante a semana, também.

– É só passar lá em casa. Só aparatar. Ou pó de flu.

– Nunca sei se vocês vão estar em casa.

– Astoria, eles não vão se mudar para algum lugar aqui perto só por que você não sabe que horas eles estão ou não em casa.

A senhora Malfoy passou boa parte do resto da noite tentando nos convencer a mudar para perto da casa dela. Foi engraçado. Draco não sabia se ria ou chorava com as tentativas e argumentos dela.

Chegamos tarde em casa. Troquei a Claire, a coloquei no berço e fui para meu quarto. Scorpius já estava deitado quando sai do banho.

– Sabe o que eu estava pensando, ruiva?

– O que?

– Em como minha família e a sua são diferentes. Sem contar o grande numero de membros da sua família, vocês são barulhentos, riem um do outro o tempo inteiro e falam sem parar. Já na minha são todos mais quietos e reservados.

– É. Sua mãe é um pouco mais diferente. Mas o que deu errado para você sair chato desse jeito eu não sei.

– Sou perfeito, ruiva. – O loiro disse me puxando para perto dele na cama. – Mas tenho que admitir. Os almoços na sua família são bem mais divertidos.

– Acho que isso se deve bastante ao fato de ver minha avó brigando com meus tios e minha tia mesmo eles já bem crescidinhos.

– Isso contribui bastante. – Ele disse rindo.

Bom, mas essa é a mais pura verdade. Weasleys e Malfoys são duas famílias completamente diferentes. E, é claro, com um grande histórico de rivalidade. Dá para entender por que meu pai não ficou muito feliz anos atrás quando contei que estava namorando com Scorpius.

Ainda bem que tinha uma Granger para controlar esse Weasley.