Um Reencontro Pode Ser Um Recomeço escrita por fdar86


Capítulo 9
VIII. Os Sentimentos de Raíssa


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo faz um resumo de tudo que aconteceu anteriormente na história, mas na visão de Raíssa. Acho fundamental para entender os sentimentos dela, que sempre foram apagados, diante dos pensamentos de Isa. Mas quem não achar necessário, desconsiderem e sigam para o próximo capítulo.



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*****************

Raíssa acordara animada.

Caso sua mãe a criticasse pelas notas baixas do boletim que recebera ontem, não se aborreceria.

Não tinha uma coisa que odiasse mais do que ir às aulas.

Aliás, havia sim: Imposição de regras.

Entretanto, essas duas coisas se entrelaçavam-se, se transformando em uma coisa só.

Porém, hoje, nada a aborreceria.

Tivera um sonho que lhe trouxera a impressão de que seu dia seria diferente.

Algo de muito bom estaria prestes a lhe acontecer.

Levantara da cama e se arrumara às pressas.

Parecera, aos olhos de uma mãe orgulhosa do novo comportamento da filha, ansiosa para ir à aula.

Sua mãe a levara, estranhando o doce comportamento da filha, que normalmente era rebelde e agitada.

 

Entrara no colégio, se sentira cada vez mais contente, sem entender o porque.

Correra até o banheiro e esperara até o toque final.

Sentira uma necessidade de ir até seu esconderijo hoje.

Ouvira o barulho de retirada, todos os alunos e funcionários se dirigiram aos seus respectivos afazeres.

Silêncio.

Finalmente podia sair.

 

Raíssa saíra correndo do banheiro em direção à saída da escola, quando se batera em alguém.

Olhara-a, e empalidecera. Parecia com a garota do sonho.

Ficara alguns instantes imóvel, meio impressionada.

Correra até a garota, que parecia estar para poucos amigos, e lhe ajudara a levantar.

Pedira desculpas repetidamentes, quase implorando um perdão.

Sem saber porque, desejara profundamente que a garota lhe perdoasse. Que não a odiasse.

Sentira como se aquela menina seria importante pra ela... no futuro.

 

Raíssa não deixara de pensar naquele encontro.

Naquela misteriosa garota, que se apresentara como Isabela Moreto.

Quem seria ? Aonde mora? 

O que estaria fazendo ali? 

Não a conhecia...

 

No outro dia, fora mais animada ainda para a aula. Daria um jeito de encontrá-la novamente.

Quando iniciaram as aulas, buscara a garota por todos os cantos do colégio, até encontrá-la na aula de educação física.

Para sua surpresa, descobrira, era sua colega de turma.

Conversaram mais uma vez, e Raíssa contara a garota sobre seu segredo, que poucas pessoas sabiam. As fugas da escola...

Convidara-a para lhe apresentar a cidade e, por impulso, levara-a para conhecer o seu esconderijo, coisa que nunca havia feito com ninguém.

 

A amizade das duas fora se aprofundando pouco a pouco, e Raíssa sentira-se cada vez mais fascinada pela outra.

Deixara de sair com outras garotas, e de ficar com quem quer que fosse, como fazia antes, só como resposta à opressão da mãe.

Apenas saía com Isa, ninguém mais. Isso lhe parecera o suficiente.

Passara a frequentar mais as aulas, como desculpa para permanecer mais tempo ao lado de Isa.

Se apaixonara por Isa de uma maneira, que nunca havia sentido por ninguém.

Ficara perdidamente apaixonada pela amiga, desde o primeiro momento em que a vira...

Dera sinais...

E percebera que Isa também se apaixonara por ela.

Raíssa conseguira conquistar, e namorar a garota dos seus sonhos.

O namoro das duas durara por três anos, porém no último ano, muitas coisas aconteceram.

A mãe de Isa descobrira o relacionamento das duas e a pressionara, de modo que meses depois tornara-se necessário a morena sair de casa.

Raíssa se sentira incomodada a princípio, embora estivesse feliz, pela idéia de morar junto com Isa.

Sempre tivera medo de relacionamentos sérios, diante de todo o terror que presenciara quando criança com o casamento de seus pais.

Tinha o receio de que morar juntas estragaria a relação maravilhosa que elas possuíam e que começariam a brigar por qualquer coisa, como vivenciara no passado.

Seus pais só foram verdadeiramente felizes, ao se separarem.

E hoje, cada um vivia uma vida de solteiros, relacionando-se com quem quisesse, e sem dever nada a ninguém.

Não havia brigas, nem ciúmes, ninguém cobrando o que fazer, nada... liberdade.

E ela agia exatamente assim, e apenas mudara esse sentimento, ao conhecer Isa.

Passara a sentir vontade de estar com ela, apenas com ela. Amigos, sim, mas paqueras não mais.

Quisera namorar, manter um relacionamento sério, e não se arrependera.

Não teve dúvidas momento algum, do quanto Isa era importante para ela.

Mas, tão de repente, morar juntas lhe parecera precipitado. Porque não fora decidido entre elas, não fora algo planejado. Isa simplesmente entrou pela porta da casa para ficar, sem lhe perguntar nada.

Mas fora fraca, não tivera coragem de contar para Isa a verdade. Claro que a deixara ficar, embora tivesse tantas dúvidas e medos. Não poderia deixa-la sozinha naquele momento.

E não conseguiria dizer algo que iria magoá-la, ou que certamente só tornaria-se pretexto para uma discussão posterior. Preferira se calar.

Pela primeira vez, em toda a história do amor delas, Raíssa escondera algo de Isa.

E a morena estivera tão absorta em seus próprios problemas familiares que nem percebera o comportamento estranho da namorada.

 

Tempo depois, ela e Raíssa começaram a brigar por pequenas coisas. Como a jovem prevera e temera.

Pequenas bagunças, ou pequenos esquecimentos de Raíssa. 

Eram raros os conflitos, mas suficiente para ampliar os medos que Raíssa tinham de que a tendência era piorar.

A jovem passar a sentir como se seu namoro estivesse indo pelo mesmo caminho que o dos seus pais.

 

Enquanto isso, Isa começara a fazer as pazes com a mãe, aos poucos.

Passava os domingos na casa dela, mas nem considerava voltar pra casa. 

 

Raíssa recorrera então as suas amigas, em especial, à Fabiana, sua melhor amiga.

Fabi se transformara em uma especíe de confidente de Raíssa, e fora pivô de algumas discussões que Isa e Raíssa tiveram.

Embora Raíssa garantisse a Isa que ela era apenas sua amiga, Fabi não escondia de ninguém um interesse maior na loira, e sempre que Isa se aproximava, dava em cima da garota.

Raíssa preferia levar na brincadeira, porque somente ela sabia a verdade. Que não tivera coragem de contar para nenhuma outra amiga seus medos, pois todas as outras se tornaram muito amigas de Isa também. 

 

Assim, Raíssa passara a trocar conversas secretas com Fabi, online, enquanto sua namorada estava fora.

Por vezes, Raíssa chorara em frente ao computador, contando o que estava acontecendo entre elas. Bem, o que sentia como se estivesse acontecendo.

Como o relacionamento esfriara. Que Isa já não parecia demonstrar tanto interesse em permanecer com ela.

 

Um domingo, Fabi, tentando fazê-la se sentir melhor, a chamara para dar uma volta no centro da cidade.

Sair. Esfriar a cabeça. Raíssa decidira ir, e tentar esquecer um pouco dos problemas.

Enquanto Fabi permanecera sóbria, por estar dirigindo, Raíssa bebera... muito além da conta.

E a partir daí tudo o que recordava era de flashs de uma caminhada pelo parque da cidade, lugar que ela e Isa mais gostavam.

~~~~ flashback ~~~~~

Caminhara pelo parque da cidade trocando as pernas e gritando, levando aos outros que as observavam a ideia de que ela era louca.

"ISA!! ISA!! CADÊ VOCÊ, ISA?!", ela olhava em volta, como se realmente estivesse esperando pela garota.

 

"ESTOU AQUI ISA!!, abraçara o vento por várias vezes, como se a visse e pudesse tocá-la.

"CADE VOCÊ?", mudara de expressão ao perceber que Isa não estava... sentira como se estivesse se enganando todo o tempo... e que estava sozinha. Era como seus pais se sentiam?

 

"Te amo, Isa...", dissera quase que sem voz, enquanto lágrimas caíam do seu rosto.

De repente, Raíssa sentira uma sensação de solidão tamanha que, se jogara na grama de joelhos, chorando muito.

Mal conseguia manter-se em pé, e muito menos sentada. Obviamente, caíra de lado.

Fabi não conseguira parar de rir da cena, mas correu para ajudá-la.

Como se tivesse tido um pesadelo, Raíssa abrira os olhos assustada e dissera.

"Preciso sair daqui, procurar a Isa"

Levantara em um pulo, caindo para trás novamente e Fabi a apoiou, impedindo-a de cair.

~~~~ fim do flashback ~~~~

 

E aquilo era tudo o que conseguia lembrar-se. 

No outro dia, despertara-se com uma vaga lembrança do que ocorrera na tarde anterior. A cabeça latejava, em uma ressaca sem precedentes. Isa despertara enchendo a namorada de carinhos como a muito tempo não acontecia. 

Talvez fosse saudade. Quando Isa chegara em casa no dia anterior já era tarde, então nem estranhara o fato de Raíssa estar apagada, dormindo. Sabia que ela teria bebido, mas esse fato sozinho não significaria nada.

Raíssa também não sabia de nada. Apenas ao falar com Fabi novamente, quando a viu na faculdade, soubera o que fez.

Chegara a duvidar daquilo ser verdade, não acreditava ser capaz de fazer algo assim com a Isa, mas ao mesmo tempo a única lembrança que possuía daquela tarde mostrava ela completamente fora de si. 

Preferira acreditar na palavra de Fabi.

Acreditara que teria cometido aquela ação odiosa, e se arrependera totalmente dos seus atos, passando a evitar a garota desde então.

Entretanto, por erro do destino, ou não, Isa ficara sabendo, e não fora capaz de perdoar. Largara Raíssa, que ficara encolhida atrás da porta arrasada, destruída, sem coragem de reação. 

A loira só conseguira sair do chão frio quando a mãe chegara em casa e correra para procurar a filha, após ler a carta deixada por Isa, e a encontrara dormindo toda encolhida, agarrada em uma blusa que Isa na agonia da saída teria deixado para trás.

 

E assim foram passando dias, semanas, meses.

Raíssa tentara por meses, encontrá-la, mandava mensagens de texto, ligava, a procurava na faculdade, até mesmo na sua casa - na frente da ex-sogra que a odiava -, implorava por perdão.

Na maioria das vezes, Isa sequer aparecia na porta, e começou a mudar os seus horários para fugir da jovem. Quanto ao telefone, jamais atendia, ou mandava esquecê-la de uma vez e desligava a ligação.

Mas pior era quando a mãe de Isa atendia as chamadas da garota, e aproveitava para jogar na cara da garota, que ela não prestava, por ter feito aquilo com sua filha. E que a relação delas não tinha futuro nenhum, como a mesma dissera várias vezes em discussão com a filha. Que agradecia a Deus todos os dias por terem acabado aquela "aventura" de uma vez. E pedia também, é claro, não podia faltar, que a loira ficasse longe da sua filha, ou que chamaria a polícia.

Raíssa permanecera tentando, por muito tempo, até descobrir que Isa tinha se mudado. Partira para outro estado, provavelmente para morar com o pai. Ou quem sabe, teria partido em uma aventura de morar sozinha em outro lugar. Bem longe de Raíssa.

E a mãe de Isa, claro, lhe recusara a dar seu novo número ou endereço.

E Isa ignorara seus emails, e desprezara todo o seu desespero, até Raíssa desistir.

Então, a vida de Raíssa continuara de onde parara, antes de conhecer Isa. Correndo de mão em mão, sem se fixar em ninguém.

Nunca gostara de ninguém. Nunca quisera até mesmo encontrar alguém para um segundo encontro.

Fora por tantos anos um poço de lamentações, vendo defeitos em todos, porque ninguém era como a mulher que amara no passado.

 

Com seu amadurecimento pessoal, após 7 anos buscando a morena nas pessoas que se relacionara, a loira decidira permanecer sozinha.

Desistira dos encontros furados, e das tentativas fracassadas.

 

E ela permanecera sozinha pelos últimos três anos, até que, por força do destino, voltara a encontrar Isa, 10 anos depois.

A chama do amor adormecida reascendeu, numa esperança de conseguir seu perdão e reatarem o namoro, o qual nunca conseguira se desprender totalmente, por mais que tivesse tentado.

 

No encontro da livraria soubera o local onde a outra trabalhava, e sentira-se radiante por perceber que ainda mexia com os sentimentos de Isa, que evidentemente se mostrara nervosa e constrangida todo o tempo naquela conversa.

Sentira-se cada vez mais perto de atingir seu objetivo de vida, que tornara-se:

Encontrar sua primeira namorada, e reconquistá-la. E não ferrar tudo, da próxima vez.

 

Deixara passar um tempo para disfarçar, e então forçara um segundo encontro, ao avista-la saindo do trabalho até o restaurante.

Fizera uma surpresa, e aproveitara o momento para assumir seus sentimentos.

Entretanto, embora Raíssa percebesse que os sentimentos de Isa pareciam os mesmos, a garota não reagira nada bem à revelação, e saíra correndo do local.

 

Raíssa tentara segui-la mas como precisou pagar a conta do local, perdera a morena de vista.  Chorara sentindo-se impotente diante do sofrimento de Isa.

Nunca queria ter feito ela passar por isso.

E o pior, por algo tão ínfimo que até hoje, dez anos depois, não conseguira lembrar-se.

Lembrara do passado. Sua relação com Isa.

Aquele passado que nunca conseguira esquecer, e mantinha tão vivo em sua memória.

De repente, tivera um insight.

Sabia exatamente aonde Isa iria.

Bom, ao menos tinha um palpite.

Embora não conseguisse deixar de duvidar da veracidade dele, desejara com todo seu coração que fosse verdade.


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