Um Reencontro Pode Ser Um Recomeço escrita por fdar86


Capítulo 8
VII. Uma Revelação Bombástica [Parte 2]




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Os olhos da mulher de olhos pretos se alargaram ao ouvir aquelas últimas palavras pronunciadas.

Uma lágrima descera de seus olhos apressadamente, insistente.

 

Pudera.

Tantos anos da sua vida, se pusera a imaginar como teria sido seu futuro, caso aquilo nunca tivesse acontecido.

Tudo acontecera tão de repente e, embora ela tivesse tentado, sentia-se culpada.

Sentia o remorso eterno de achar que não tentara o suficiente.

Embora os outros relacionamentos não tivera muita importância e significado em sua vida, este teria levado-a para um abismo profundo que ela não tinha certeza de ter conseguido sair.

De qualquer forma, ela sabia que não tinha o poder de mudar os sentimentos de alguém, ou transformar uma relação sem futuro.

 

Correra.

Desesperara-se.

Precisara fugir dali.

Correra sem pensar em nada.

A conta que teria de ser paga, ou a expressão facial de quem teria deixado.

Decepção, provavelmente... E talvez tristeza.

 

Mas não pensara em seus pensamentos no momento em que a deixou.

Da mesma forma que Raíssa não se importara com seus sentimentos ao lhe fazer relembrar tudo aquilo.

Não conseguira pensar em mais nada.

Fugira, foi tudo o que conseguira fazer.

 

Correra olhando para trás.

Temendo estar sendo seguida.

Não vira ninguém, e se acalmara um pouco.

Descera uma longa escada em direção ao parque da cidade.

 

Conhecia bem esse parque, mas não queria pensar nisso agora.

Só precisava pensar. Em silêncio.

E sabia de um bom lugar para isso.

 

Seguira por vários caminhos, se afastando da praça principal.

Passara pelo rio, e depois caminhara até uma montanha de areia, que se localizava atrás do rio.

Sentara na areia, olhando para a vista, uma cachoeira imensa que embelezava ainda mais o lugar.

"Hoje se namorássemos seria tudo diferente"

Essas palavras ressoavam na sua cabeça, como se tivessem sido gritadas em vácuo, ouvindo-se em ecos diferentes ondas sonoras, provocando nela uma reação de extrema dor e confusão mental.

Como a outra podia ter feito isso com ela? Tanto tempo esperara e, agora, quando finalmente sentia-se curada daquela tormenta, ouvia aquelas palavras frias e egoístas, despreendidas do mínimo de bom senso e qualquer sentimento.

Ou não?

Raíssa parecia tão certa e tão sincera, que às vezes lhe pegara a duvidar de seu próprio pensamento incrédulo.

Da sua única certeza até então:

Não acreditar em Raíssa, que até então nunca soube o que realmente queria e a usou provavelmente para seu mero prazer.

Sem pensar no que estaria fazendo à garota.

Um trauma que guarda até hoje, em sua vida amorosa - totalmente fracassada, diga-se de passagem.

"Hoje eu sei o que quero"

Continuara ouvindo aquela voz que a perseguia, confundindo seus sentidos, e lhe tirando a razão.

Fechara os olhos. Pensara que de alguma forma, de olhos fechados, poderia deixar de sentir.

Mas seus olhos não podiam evitar as lágrimas que teimavam em descer pelo seu rosto consternado pela dor, que não parecia querer cessar.

"Eu quero você, Isa"

Isa não conseguia parar de pensar.

Sua cabeça parecia querer explodir, uma explosão de sentimentos e sensações, que por tanto tempo ficaram guardados, inibidos. 

Com as palavras de Raíssa, eles foram acessados. E voltaram com toda sua força. Tudo que mantivera adormecido por 10 anos, estaria vivo, e doía latente.

Ela se sentira fraca.

Não acreditara ainda em tudo que ouvira até ainda pouco.

E não saberia dizer como conseguira ouvir tanto.

Tantas palavras que tocaram violentamente lá no fundo de sua alma.

"Eu sei que errei muito com você, mas estou disposta a compensar meus erros"

As palavras continuaram como ecos.

Pareciam ter existência própria.

Ela sofrera tanto há 10 anos atrás... 

Pensara que tinha conseguido apagar tudo de seu coração, mas seu pesadelo ainda parecia estar longe de terminar.

 

Desde o término do namoro fora assim.

Embora Raíssa tenha sido a culpada pelo fim da relação, meses depois, ainda não podia ver Isa feliz.

Quando Isa começava a conseguir se reerguer, a outra lhe ligava, ou tentava contatá-la, lhe trazendo um vendaval de emoções.

Seus sentimentos voltavam, e Isa tinha que se recompor toda outra vez. Do zero.

Por que dessa vez seria diferente?

Entretanto, passara 10 anos sem Raíssa incomoda-la.

Isa finalmente sentira-se livre para viver sua vida, sem a sombra do passado com Raíssa.

Deixara até de pensar nela sempre.

Mas com apenas dois encontros casuais e repentinos, Raíssa voltara a atacar, atingindo seus pontos mais fracos.

Isa voltara a se sentir como uma caça fresca, que após passar da validade, seria novamente jogada às traças.

Como acontecera no final do relacionamento dela.

"Eu sempre lembrei de você, por todos esses anos, nunca consegui te esquecer"

Isa lembrara de cada segundo ao lado de Raíssa, desde seu relacionamento passado.

As tentativas fracassadas da outra em tentar encontrá-la, falar com ela, tentando se explicar e implorando perdão, e um retorno.

E nas suas poucas palavras duras e frias que insistiram em terminar naquela noite, dizendo a si mesma continuamente que Raíssa não sabia o que queria, e se realmente queria naquele momento um relacionamento sério.

 

Os últimos reencontros também não saíam da mente de Isa, que apenas conseguia balbuciar uma única palavra: "louca".

Desejara do fundo da alma não estar passando por isso.

Por que tinha de encontrá-la novamente após tantos anos?

Por que tinha de reencontrá-la? Por que?

Isa pensara...

Mas não obtivera resposta.

 

O destino às vezes nos prega peças que não conseguimos entender.

Apenas temos que aceitar.

Isa tentava lutar contra o destino mas, o que tiver que ser, será.

Temendo ela, ou não.

Desejando ela, ou não.

O destino fala por si, e os sentimentos também.

 

O que ela estava sentindo realmente?

Ela ainda não sabia.

Mas, se ainda for amor, o destino mostrará.

De uma forma que não restará dúvidas.


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