Alguns dias se passaram, mas Isa não conseguira deixar de pensar no dia em que reencontrara Raíssa.

Muitas vezes se percebia pensando no que a outra estaria fazendo. Se ela lembrava daquele dia, e como se sentia...

Lembrara do que ela havia lhe dito.

Entretanto, já se mostrava conformada que não a veria novamente.

Procurara então, todos os dias, ocupar a sua mente, trabalhando como uma condenada, dia e noite, na tentativa de evitar esse tipo de pensamento.

Ela não queria saber se desejava vê-la, apenas presumia que não.

Era melhor dessa forma, pensara.

Por esse período, Isa evitara qualquer convite para sair com amigos.

Preferia não arriscar encontrá-la novamente.

Sabia como ela gostava dos mesmos lugares que ela.

Embora, isso fosse há 10 anos atrás.

De repente, sentira como se o tempo não tivesse passado!

"Loucura! Eu não faço a menor ideia de quem ela seja ou o que ela goste hoje em dia! Quem sabe hoje ela estaria mudada?", disse, mas em seguida se impediu de pensar naquelas coisas. 

Não podia correr o risco de passar por tudo aquilo, sofrer que nem uma condenada para ser traída no final.

Isa, todo esse tempo, não conseguira perdoar sua ex namorada.

Ao mesmo tempo, por todos esses anos, não conseguira esquecê-la totalmente.

Era aquela sensação de não ter havido encerramento, não era como Gigi, lembrou-se da última conversa que tiveram quando a jovem invadira sua casa pós término. Embora esse caso seria um péssimo exemplo, já que a página já havia virado há um mês e mesmo assim ela aparecera pra receber mais um não pela cara. "Coitada! Mas pelo menos teria sido honesta", pensara.

Bom, tirando o fato que inventara que tinha revisto o amor de sua vida naquele mês afastadas, e que teria voltado para ela. Assim pelo menos pudera garantir que Gigi a entendesse. Fora melhor assim, do que terminar com uma falta de explicações para a sua possível falta de interesse por uma mulher tão legal. Gigi não merecia alguém que não gostava dela. Que nem sentira sua falta.

A relação dela com Raíssa teria sido diferente, especialmente porque o fim teria acontecido tão rápido, e de surpresa, que de certa forma a página nunca teria sido virada. O sentimento se estagnara, adormecera, dormira em coma profundo, e Isa continuara por meses a espera que ele nunca mais acordasse! 

Até que, com o passar do tempo ela realmente fora coneguindo esquece-la, deixando de pensar em tudo aquilo e no que sentira por ela. E assim outras páginas foram se abrindo e se emparelhando à adormecida, e devido a isso, talvez, ela jamais conseguira se envolver com qualquer pessoa, com a mesma intensidade.

Era como se Isa se controlasse ao máximo em cada relacionamento que tivera, se impedindo de apegar-se e de apaixonar-se de novo.

Não como amara Raíssa, no passado.

**************

Uma semana depois do reencontro, Isa estava segura que Raíssa não queria vê-la novamente.

Pensara a todo momento "Se ela quisesse me ver novamente ela teria pedido meu telefone, trocado e-mail, qualquer coisa".

E sempre que notava os pensamentos ruins, cortava-os, instintivamente. "Mas ainda bem, porque eu não queria vê-la novamente mesmo"

Mas logo depois, duvidava momentaneamente do seu próprio pensamento.

A verdade era uma só.

Mas ela ainda não sabia.

Ou talvez só não desejasse saber.