Isa acelerara seus passos, anseando chegar em casa logo.

De repente, estar na rua, significava vulnerabilidade.

Temia reencontrá-la.

Nem ao menos olhara para trás, por todo o caminho, caso ela estivesse por perto.

Evitara a todo o modo avistá-la novamente.

Ver Raíssa, teria sido algo surpreendente, mas acima de tudo, confuso.

Não saberia responder se fora algo bom ou ruim, até o presente momento.

Apenas não sabia como se sentia.

Mas fora tranquilizando-se por todo o caminho, imaginando que não a encontraria novamente.

Afinal, não pôde evitar lembrar daquele ditado "Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar". 

**************

Mas chegando em casa, Isa nem teve tempo de tomar um banho, esfriar a cabeça e tentar colocar sua cabeça no lugar.

Teve uma grande surpresa.

Sua ex namorada, Gigi, dormia no sofá da sala.

Parecia que estivera a sua espera por algum tempo.

Mas por que?

O que ela poderia querer com ela, nessa altura do campeonato?

Após um relacionamento de 1 ano e meio, as duas se separaram, por rompimento da outra.

Gigi reclamara de comportamentos frios de Isa, e do seu pensamento voltado exclusivamente para o trabalho.

Isa não conseguira mudar, e o final foi prescrito. "Na verdade, nem tentava", lembrara.

Não procurara Gigi depois do término, verdade seja dita, nem sentira muita falta.

Talvez Gigi tivesse razão, pensava. Uma bola de neve de desilusões a impedira de se apaixonar novamente.

Por 10 anos tentara, com diversas garotas, e por diversas razões, nunca dera certo.

Ela nunca se apegara.

E agora, um mês depois de terminadas, Isa ainda vivia da mesma forma, focada no seu trabalho.

Mas agora a outra estava ali.

Deitada, tão próxima.

"O que ela estaria fazendo aqui?", se perguntava constantemente, suspirando em agonia.

De repente, Gigi abrira os olhos, ainda sonada.

Tomara consciência daonde estava.

Se virara para a porta como por um impulso, e encarou uma Isa plantada, estática, ainda com a mão na porta.

"Finalmente você chegou", disse Gigi, iludida acreditando que a morena teria acabo de passar por aquela porta. Sem imaginar que Isa já estava considerando entre a agonia de ficar em casa e a de sair arriscando encontrar o fantasma que teria sido o amor de sua vida.

"Aconteceu alguma coisa?", disse uma mulher gaguejante à porta.

"Sim...", respondera sorrindo. No fundo adorava ver aquela expressão de susto na outra. "Morri de saudades, meu amor"

Gigi correra até à porta, abraçando alguém que aparentava não entender mais nada. Primeiro Raíssa lhe aparecia e agora isso? 

Quando foi que a vida dela tornara-se essa imitação barata de um big brother? Alguém conspirando contra ela, era a única explicação que conseguira arranjar para tantos eventos estranhos em um só dia. Especialmente o primeiro.

Alguns segundos depois, finalmente voltando à si de seus devaneios, Isa gentilmente afastou-se das mãos de Gigi, dirigindo-se premeditadamente ao sofá.

"Sentar me fará bem nesse momento", pensara, imaginando o que dizer para a outra naquele momento.

Como dizer que não sentira sua falta? Que tinha estado tão ocupada no trabalho, ou até mesmo pensando naquele encontro, que não lembrara dela.

Ela não sabia como diria, mas estara mais certa do que nunca que não queria aquela relação novamente.

E decidira.

A verdade teria de ser dita.

E a qualquer preço.

Notando o clima tenso, Gigi a acompanhou, sentando-se também.

Imaginara que viria bomba por aí.