Acordei novamente em meio a noite, pois havia dormido muito cedo. Meus pensamentos já estavam melhores organizados. Dormir havia me feito um bem enorme. Desta vez, Pietro e Hugo se encontravam dormindo em suas camas.

Saí do quarto e fui em direção às masmorras para ver se Arrow estava bem. Chegando lá, havia um corredor estreito, cheio de celas enferrujadas e vazias. O ambiente era úmido e pouco iluminado. Conseguia ouvir pingos de água vindo de algum encanamento rachado, fazendo um barulho que ecoava pelo corredor. O cheiro de mofo predominava o local.

Isso aqui deve ter sido um lugar de muita tortura durante a guerra. pensei.

— Aaah! um grito ecoou pelo corredor.

— Arrow? chamei.

Corri em direção ao grito para ver o que acontecia. Quando cheguei em frente a sela de Arrow, a cena era pavorosa. Arrow tinha machucados por todo o corpo. Sua cabeça estava raspada e sua roupa estava rasgadas e em algumas partes, parecia ter sido queimada. Notei que ele continha graves queimaduras em seu corpo, que estava jogado pelo chão imundo e úmido.

— Arrow! O-o que aconteceu por aqui? — perguntei perplexo.

— N-não f-fui e-eu s-senhor! E-eu j-juro! — Arrow respondia com dificuldade.

Uma fúria se apropriou de mim, na qual eu só conseguia sentir um grande sentimento de revolta. Minhas mãos, que estavam segurando a grade enferrujada, começaram a formigar e latejar. De repente senti um ardor passando por elas e notei que as grades estavam ficando vermelhas. Afastei-me um pouco e direcionei as mãos para toda a grade. Fechei meus olhos e ouvi um estrondo. Quando abri os olhos, a grade havia sido parte derretida, parte lançada contra a parede. Por sorte não acertou Arrow.

— Arrow, você está bem? O que fizeram com você, cara? — falei alcançando meu amigo e tentando confortá-lo de algum modo, que eu não sabia qual.

— A-Andrew? — perguntou-me Arrow com dificuldades.

— Ah, cara! Você tem que sair daqui! Consegue se levantar? — perguntei.

— Água. Preciso de Água! — Informou-me Arrow.

— Ótimo, onde vou arranjar água neste lugar?

Corri tentando seguir o barulho de pingos d'água caindo e achei uma pequena poça duas celas à frente da cela de Arrow. Fiz uma concha com as mãos e levei um pouco de água para ele. Refiz esse trajeto de pegar água para ele por pelo menos cinco vezes.

— Sente-se melhor, amigão?

— Está se arriscando em vir aqui, cara! — Arrow me respondeu parecendo um pouco melhor.

— O que fizeram com você, Arrow? Como podem ter um regime assim dentro de uma escola, cara? Isso deveria ser contra as regras desses tais cristais! — falei revoltado.

— Não foram os homens do diretor que fizeram isso comigo. Foi um cara encapuzado, que não consegui ver o rosto! Ele entrou aqui com uma vela negra acesa, ocultando sua voz. Mas disse que eu deveria assumir a culpa antes que mais alguém se machuque. Ele mencionou uma menina baixa de cabelos lisos que usa franjinha. Na hora pensei em Dulce e tentei socá-lo, mas ele me lançou na parede com algum encantamento e passou as mãos sobre meus braços, fazendo essa queimadura aparecer. Ele não recitava os encantamentos. Estou com medo dele, do que ele pode fazer com Dulce! Não quero que ela se machuque! Andrew, prometa-me que protegerá Dulce e não deixará que façam mal a ela!

— Eu prometo cara, mas agora temos que cuidar desses ferimentos! O que posso fazer?

— Estou mais preocupado com Dulce! Não posso deixar que ele machuque-a por minha causa! Vou confessar ser o assassino e ser julgado de imediato!

— Não! Protegeremos Dulce! Você não poderá ser culpado por algo que não fez! Fique tranquilo Arrow, provaremos que não fez nada para estar aqui! Já amanhecerá, alguém virá fazer a supervisão das masmorras! Ouvi que ela é feita três vezes ao dia!

— Os enfermeiros me curarão, fique tranquilo! Não conte nada a ninguém, sobre o que você viu aqui. E cuidado, o cara encapuzado aparatou daqui pouco antes de você chegar. Volte para seu dormitório, por enquanto é o lugar mais seguro para se estar durante a noite.

Saí da masmorra preocupado com Arrow e segui para a biblioteca para pesquisar um pouco sobre a ocultação de magia.