P.O.V Ethan Walker

Corredores, armários, classes... Qualquer lugar da escola está cheio de animação. Nunca soube que A COLA (é como chamam) seria tão animada assim. Claro que percebi que esta escola não era tão calma, já percebi na primeira semana. Andava pelos corredores com Félix ao meu lado, ao contrário de mim Félix estava com uma jaqueta de couro e óculos de sol andando como se estivesse no topo do mundo, eu só andava como ando.

– Puta merda. - disse Félix de repente parando. Olhei para ele, então ele tirou os óculos de sol e disse desesperado: - Caralho, Ethan. Eu esqueci, droga, droga, droga. - E então foi correndo onde só os deuses sabem.

Dei de ombros e ri sozinho me lembrando que Félix era tão parecido com Richart. Eu sentia tanta falta dele, do Sr. Lee, do meu pai e minha mãe... Isso me fazia querer gritar e chorar xingar os deuses por só acontecer merda na minha vida. Mas, não podia olhar para trás. Até Mellonie me evita, e minha irmã, claro. Eu pensava que com toda essa situação ela ficaria mais próxima a mim e Mellonie também, mas tudo só piorou. O ponto é, tudo bem Mellonie ter saído de Chicago, só eu e Richart sentiríamos mesmo a sua falta, o fato é, sua mãe morreu e seu pai é um alcoólatra que nem lembra de seu nome. Então, foi até bom ela sair de lá, seu pai nem mesmo sabia que era ela que fazia tudo naquela casa. Isso deve ser pior do que ver o cadáver do pai.

Fui até o meu armário tentando esquecer. Parecia fácil, mas não era. Vimos em todas as histórias as pessoas respirando fundo fechando os olhos, mas isso não ajuda muito você ainda um pouco, bom, não sei explicar. Olhei um pouco para o lado e vi Uriah, seus olhos estavam vermelhos, um corte atravessava sua cara, ele segurava a sua mochila em uma mão seu braço estava mais branco que o costume e algumas veias saltavam, ele estava encostado em seu armário observando o nada. Eu lembrei das palavras de Félix para não perguntar coisas para Uriah, decidi ficar calado.

Então fazia o de sempre, enfiava a mochila no armário e esperava a minha mente me falar qual aula eu tenho naquela hora.

Então, é claro, tinha que acontecer. O time de futebol foi arranjar briga com Uriah. Olhei de longe.

– O que aconteceu com você, Uriah? - disse um deles fingindo se preocupar.

– Não te interessa. - disse Uriah pelos dentes.

O cara riu.

– Se não fosse do meu interesse eu não perguntaria. - ele disse. - O papai precisa saber o que está acontecendo. - Ele fez um biquinho e olhou em direção a Uriah maliciosamente. Uriah fechou os olhos e cerrou os punhos. - Que tal você sair do armário logo? SAIA DE NÁRNIA! - Uriah abriu os olhos, eu vi que ele poderia arrancar o nariz daquele cara à qualquer momento. Vi a mão de Uriah se dirigindo em seu bolço, Féliz me disse o que ele guardava lá. Uma faca.

Puta merda, pensei, vai começar. Antes que Uriah avançasse neles fui em sua frente e o puxei, sabia o estrago que Uriah podia causar, Félix tinha me dito o que ele era capaz.

Fomos para perto dos banheiros.

– Ethan, - disse ele se acalmando.

– Sim.

– Obrigada. - Ele começou a chorar, não sei por que. Ele me abraçou, não sabia o que fazer, nunca lidei com alguém que era perturbado.

– Vai ficar tudo bem. - disse.

– Não vai, eu tive sonhos, ela vai morrer, ela sempre morre.

Não sabia quem dizer. Não sabia quem era "Ela". Bem que os professores de gramática nos disseram para nunca começar uma resposta com "ela".

Ele se afastou, pegou sua mochila a colocou em um ombro e foi andando. Nunca vou conseguir entender ele.

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Última aula antes do almoço, ótimo. Era história. Ninguém prestava atenção, só eu mesmo para fazer as anotações. A professora ia mesmo rápido. E eu era o único que teve a ideia de murmurar "It won't be long". Antes da aula terminar a professora parou e olhou para todos na classe e começou a falar que nossos pais trabalham duro e tals... E então começou a perguntar com que os pais trabalhavam, parecia que a gente era, tipo, 5º ano?

– Senhor Walker? - perguntou ela. De primeira não ouvi. - Senhor Walker? - virei para ela como faço quando algum professor chama a minha atenção.

– Sim.

– E seus pais, trabalham com o que?

"Pais" lá vem a grande história. Engasguei-me em palavras, eu queria chorar, eu queria tentar falar alguma coisa. Eu estava chocado de mas e quase me perdendo em lágrimas. Todos viraram para mim, mas por sorte, Alaska era da minha sala ela foi para a professora e sussurrou alguma coisa em seu ouvido. Ela arregalou os olhos e sussurrou de volta para ela. Alaska foi correndo de volta para a sua cadeira.

Todos ficaram em silêncio até o final da aula, eu fiquei olhando para o relógio. O tempo me acalma.

Quando o sinal tocou todos se levantaram. A professora disse se eu estava bem, eu só assenti e saí da sala.

Na cantina sentei com Félix, Alaska, Uriah e Julia. Todos estávamos calados como na aula de História.

A gente ouvia o tumulto de pessoas animadas, Uriah e Julia estavam animados, mas respeitavam o silêncio. Era fofo suas cabeças apoiadas em seus ombros. Mas, não sei por que sempre atrapalham este silêncio.

O mesmo cara que irritava Uriah, veio em direção da nossa mesa.

– Olá mesa dos fracassados! - ficamos imóveis. Uriah e Julia desencostaram de si e ficaram parados olhando para ele. - Como vão os caras que não posso chamar de 'filhos da mãe'? Por que não posso falar mãe? Por que vocês não tem uma! - ele começou a rir sozinho.

Não sei, não quis que ele nos irritasse mais. Eu levantei e fiz o seguinte:

– Vai se foder. - disse calmamente, o dei um soco na garganta vi ele cair no chão e me sentei novamente. A cantina toda olhou para mim perplexa, dei de ombros e vi o cara indo para a enfermaria segurando a garganta. Eu me senti mal do que eu fiz, mas ao mesmo tempo bem.

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Era quase hora do baile quando Félix fez uma surpresa para todos, ele disse para todos da casa para estarem às 16:00 na sala de jantar. Fomos para lá. Quando todos olhamos para cima, sim, ele estava no topo do terraço com um violão e um microfone. Ele era louco, mas a sua loucura tinha as suas vantagens. Aquele sem vergonha era o meu amigo. O que posso fazer?

– Hazel, se estiver ouvindo isso, você está ouvindo. - Ele começou com o primeiro acorde. Júlia/ Hazel saiu correndo por entre a mulidão e ficou observando emocionada, eu só pude sorrir.

I've just seen a face, I can't forget the time or place where we just met
She's just the girl for me and I want all the world to see we've met
Mm mm

Had it been another day, I might have looked the other ways and
I'd have never been aware, but as it is I'll dream of her tonight
Da da

Falling, yes, I'm falling
And she keeps calling me back again

I have never known the like of this, I've been alone and I have
Missed things and kept out of sight for other girl we're never quite like this
Da da

Falling, yes, I'm falling
And she keeps calling me back again

Falling, yes, I'm falling
And she keeps calling me back again

I've just seen a face, I can't forget the time or place where we just met
She's just the girl for me and I want all the world to see we've met
Mm mm da da

Falling, yes, I'm falling
And she keeps calling me back again

Falling, yes, I'm falling
And she keeps calling me back again

Oh, falling, yes, I'm falling
And she keeps calling me back again

– Hazel, você vai ao baile comigo?

Ela não esperou e gritou:

– E o que você espera que eu fale? Claro que vou seu idiota!

Félix saiu do terraço correndo pelas escadas indo até onde Hazel estava. Foi tão lindo. Todos gritamos e aplaudimos. Foi lindo.

O Baile [soundtrack: I'm the Warlus- Across the Universe cover]

– Félix, que merda é essa que você colocou na minha coca? - disse com uma queimação que só aumentava em minha garganta, queimava muito.

– Se ninguém nunca te contou, isso meu querido se chama álcool. - ele fez uma reverência e voltou para a pista de dança com Júlia/Hazel. Eu fiquei sozinho, com um copo de coca com álcool. É eu não liguei mesmo, virei o copo e a queimação aumentou, mas eu gostei dela.

Segui eles e fui junto para a pista de dança, Félix me deu mais um copo, o virei de novo e dei um grito de animação, eles riram da minha animação.

– Vejo que alguém gostou disso.

Levantei o copo azul. Olhei para ele com os olhos arregalados.

– Red bull é para os fracos! - gritei em resposta. Eles gritaram de animação levantando os copos em concordância.

Começamos a cantar e dançar qualquer coisa, e eu pude jurar que vi o passarinho do Twitter, ouvia risadas malucas, ouvia vozes em todos os lados. A voz do cantor era potente para fazer o chão vibrar.

Félix me levou para um lugar com uma mangueira de cerveja. Ele disse para eu abaixar, e então ele começou a despejar acerveja na minha boca. Quando eu não aguentava mais balancei a cabeça e ele jogou a bebida no meu cabelo me fazendo rir.

– Você é uma brisa, Ethan. - Eu acho que foi isso que Félix, ou o John Lennon quando ele apareceu do meio do nada . Eu estava ficando mesmo uma 'brisa'. Eu nem sabia que naquele momento que o meu nome era Ethan, eles podiam me chamar de Maria Eugênia que eu responderia "sim", só estou falando isso por que Félix testou.

Levantei com os braços no ar, gritei a música que nem sabia o nome.

Aí teve aquela hora que eu tive que sentar, tudo girava, tudo era tão colorido. A minha cabeça doía, minhas pernas doíam, minhas coluna doía, tudo doía.

Esperei que tudo parasse de girar um pouco, mas fiquei parado por muito tempo.

Ouvi Félix sentar ao meu lado e dizer:

– Ethan, em qualquer situação, não procure a Mellonie pelo baile.

– Por quê?

– Por que você não gostaria de ver ela.

Eu percebi que ele olhava para a esquerda, olhei para a esquerda.

– Ethan, não faça nada que você vai se arrepender.

E foi naquela hora que eu percebi o por quê de Félix falar isso. O casal que estava no canto da esquerda, eu sei que eu poderia estar errado, mas desdo 4º ano eu sei disso, não podia ser outra pessoas, Mellonie beijando oturo cara, e naquele mesmo momento parecia que duas mãos frias seguravam o meu coração. Eu me levantei.

Continua...