Tempo Perdido escrita por Raposa


Capítulo 26
Hardest of Hearts


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoas!!! Como vão?? Desculpem a demora!!
Aproveitem o capítulo!!



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P.O.V Narrador

Flashback

– Você é perigoso, Uriah. Muito mais que você imagina ser. – Uriah virou-se para o pai com os olhos assassinos. O menino nunca teve uma infância normal, nunca teria. Ele sabia sobre o próprio poder.

– E você acha que eu não sei disso? – perguntou controlando a raiva da voz. Seus olhos sempre apresentavam a raiva, a insanidade. Seu pai, Adam (Duncan, seu nome verdadeiro) Walker, nunca conversou com ele até este momento. Ele sabia que ele possuía mais dois filhos Ethan, que deveria ter uns 13 anos este ano, e Cassie que por sua conta era só um ano mais nova que ele. Uriah virou as costas para o pai, como ele tinha feito há tempos.

– Não, claro que sei. E eu não vim aqui para falar sobre o seu poder. – Ele disse pausadamente escolhendo as palavras certas. – Vim me desculpar por não ter sido um pai.

O garoto cruzou os braços sobre o peito.

– E esperou dezesseis anos para isso? - ele parou olhando para a parede cheia de fotografias do escritório do pai. Uma foto com um garoto de cabelos louros, sorrindo, com mais ou menos sete anos, e uma garota com cabelos escuros e olhos verdes, aparentava ter dez anos, eram Cassie e Ethan. Outra foto que parecia ter sido tirada este ano. Reconheceu Ethan, bem mais alto, mas não tão alto, uma altura normal para um garoto de treze anos, vestia uma camisa social branca, uma calça bege, e sapatos marrons. Seu rosto era novo e guardava um sorriso amigável. Estava acompanhado por um menino mais alto, vestia também uma camisa social, mas toda colorida e amassada, suas mangas eram curtas ao contrário das de Ethan. Seus cabelos eram cor de areia e seus olhos estavam fechados, com os seus braços em volta do pescoço de Ethan e uma garota, ele estava nas pontas dos pés para parecer mais alto do que já era. A garota parecia tentar se esconder na foto, ao contrário do menino de cabelos cor de areia. Usava um vestido até os joelhos preto e branco. Deveriam estar em algo importante. E viu cariadas de outras fotos, uma de família, uma de Cassie com suas amigas, e mais uma de Ethan acompanhado por aqueles que aparentavam ser amigos. - Adam. - disse Uriah finalmente ainda olhando para as fotos. - O que vem do barro, este é o significado, certo? Nunca fui muito religioso quando ainda não sabia sobre os deuses. Além do mais, eu sempre soubre sobre esta existência, nem precisaram me falar, Hécate já me atormentava. - ele suspirou. - “O que vem do barro”. Você mudou um nome que demonstrava fraqueza, mas liderança, Duncan, para um bíblico. Não que eu seja contra, mas... Por que exatamente Adam?

– Não sei, falta de coisas para fazer, talvez. - falava com insegurança e ousadamente escolhendo as palavras. Estava estampado em seu rosto que morria de medo de seu filho.

Uriah soltou uma risada sarcástica.

– Ninguém muda um nome por desanimo. - Então de repente a sala ficou muda. Desanimação era um aspecto negativo do nome, mas ele não acreditava nessas baboseiras. E ele não tinha razão, e se precisasse se esconder, isso não faria diferença. - E faço a mínima ideia porque me deram o nome de Uriah: “Onde há Deus há luz.”. Você foi um hipócrita a escolher este nome, sabia? Você é um hipócrita. - Uriah olhou para o chão e virou para o “Adam”. - Não vou aceitar suas desculpas. Você me abandonou, fui criado em um orfanato, com a voz de Hécate na minha cabeça. Fui expulso depois de agredir um menino, ele foi para um hospital. Adimito que fiz coisas idiotas com voz da deusa na minha cabeça. Ganhei isso - ele disse levantando a bainha da calça, revelando uma perna mecânica, os olhos de Adam se arregalaram. E Uriah abaixou a bainha com receio que mais alguém visse. - Ganhei isso com doze anos. Se é que importa. Por anos, e até hoje, me sentia como Icarus, com uma enorme invenção, mas só poderia cair, e cair. E você me deixou cair.

– Eu não tive escolha-

– Sim, você teve! Poderia ter me acolhido me criado como criou Ethan e Cassie! Uma infância normal seria legal, sabia?! - sua cara estava vermelha de raiva, uma veia saltava em sua testa, sua respiração estava pesada, tinha a sensação que caía, como sempre. Adam o lançou um olhar desafiador.

– Eles não tiveram uma infância normal. - O garoto estava farto, agarrou uma fotografia de Ethan com aqueles dois amigos e mostrou ao pai.

– Isso é ter uma infância normal. Isso - levantou a manga da camisa com o braço cheio de cicatrizes profundas. - é ter uma vida completamente anormal. Eu poderia tirar a minha camisa para você ver o que eu lidei.

Uriah respirou fundo tentando acalmar sua respiração, controlando sua raiva. Ele só queria ter uma vida normal, sentiu as lágrimas sufocando sua garganta, só queria algo normal. De verdade nunca soube o que era o amor. Amor, uma palavra forte para ele.

A porta dupla do escritório do pai foi aberta por um garoto que reconhecera das fotos, Ethan.

Adam o deu um olhar gélido.

Saia, Ethan. – Ethan, que deveria ter pelo menos um metro e sessenta saiu rapidamente com um olhar assustado, nem se importou em olhar para Uriah. O quanto ele odiava admitir... Ele queria conhecer melhor ele. Sabia que iria conhecê-lo, mas não de uma boa forma, nem deveria estar em um bom estado. Ouviu um suspiro vindo do pai. – Eu só queria pedir um favor. Proteja-os, por favor.

O filho de Hécate cerrou os olhos. Aproximou-se de Adam, agarrou pela gola da camisa o levantando centímetros do chão, o homem tentou se soltar mas não era páreo contra Uriah. Sorriu, seu sorriso era insano.

– Não estou fazendo um favor. Só o protegerei porque vejo algum potencial nele, em algum lugar. Somos filhos do mesmo pai bastardo, de mães diferentes, mas isso pouco importa agora – ele não mentiu. Sua conversa terminou ali. Uriah soltou-o, apunhalou seu sobretudo preto, quando estava a um passo da porta virou-se. – Ah, e, Duncan. Espero que aprenda que existem pessoas que mudam rapidamente o jogo. Ethan poderá entrar em uma situação dessas.

Ele estava certo, após três anos, sua suposição virou verdade.
Flashback off
P.O.V Ethan

Não sei exatamente como chegamos a esse ponto. Não sei como podíamos aguentar andar, ou fazer algo. Só podia pensar no que estava virando. Um idiota, um assassino. Eu não era nada parecido com isso. Eu tinha matado três pessoas sem fazer quase nenhum movimento e nem sei como eu tinha os matado. Eu só queria que aquilo tudo acabasse logo. Não queria mais um “mas” nem um “por que”. O medo, a ansiedade de que algo estava prestes a acontecer não me inquietavam, claro.

– Ethan – disse Félix pausadamente. – Sem querer trazer o assunto, mas você está bem?

Dei de ombros ajeitando a mochila.

– Não.

Uriah já na frente com um braço em volta de Júlia virou para trás.

– Estamos quase chegando na lanchonete. E eu – disse apontando para si -, eu estou faminto, se é que me entendem.
***

– Ah, deuses! – exclamou Uriah mordendo seu X- hambúrguer. – Faz tanto tempo que eu não como uma coisa dessas.
A garçonete entregou os restos dos pratos.

– Obrigado. – respondi com um sorriso, e a garçonete devolveu o sorriso. Sara estava extremamente quieta naquele dia. Mais do que era quando todos estavam reunidos. Félix estava com a aparência de alguém que não dormia, suas olheiras estavam profundas quase vermelhas, sua cara estava pálida e suada. Uriah como sempre parecia um insano, com um sorriso trêmulo e olhos arregalados. Hazel estava quase dormindo no ombro de Félix. Julia atenta em todos os detalhes escrevendo algo e esboçando algo. E finalmente, Rose, o mistério que Rose era. Sempre com um olhar de que algo estava prestes a acontecer e preparada para o que iria acontecer.

– Bom, meus alaskianos. – Era assim que Uriah começou a nos chamar. – Temos que nos hospedar em algum lugar, Félix tem que roubar algumas roupas novas, Hazel, você vai com ele. Ethan o primeiro turno e o seu, lembre-se, você é o atirador. E Julia, você já deve ter uma ideia da região, você consegue achar um hotel, motel, algo do tipo? – ela assentiu. Rose encarou o filho de Hécate com os olhos semicerrados.

– E eu e você?

Ele deu de ombros filosoficamente e sorriu para ela.

– Ah, você sabe, vamos nos pegar em um canto. – Rose sorriu de volta e Julia deu uma cotovelado em sua barriga. Uriah fez uma careta de dor. – Ta, falando a verdade, Rose você fica com Ethan, vão precisar de dois pares de olhos. Eu vou detectar alguma atividade sobrenatural.
Flashback on
P.O.V Thomas

Eu poderia nunca ter visto a cara de Miles. Nunca. Eu queria nunca tê-lo conhecido. Ter guardado este segredo, como eu sempre guardei. Sempre quando endoidecia eu sempre soube que pude suportar como sempre pude suportar. Miles nunca percebeu. Claro. Ele era o último a saber de tudo. Dessa vez não.

Um sentimento de ansiedade brotou em mim naquele dia. A música “No ordinary love” tocava em minha cabeça, a minha cabeça parecia que ia explodir, minhas mãos estavam tremendo. Sentei-me no banco da escola com um livro: “O Sol é para todos”.

Observei como a grama refletia no Sol, ficando um verde vivo. As árvores já com as folhas pálidas. Vi uma pessoa se aproximando. Cabelos castanhos claros reluzentes pelo sol, pele bronzeada, uma camiseta azul escura, jeans gastos, sorriso bobo... Miles. Com seus olhos castanhos profundos me encarando como se tudo fosse uma brincadeira. Tinha um problema com seus olhos, nem tudo era uma brincadeira. Principalmente naquele dia.

– Hey, Tom! – exclamou rindo da própria voz.

– Oi. – disse sem nenhum ânimo, mas com um sorriso forçado na cara. Miles me conhecia muito bem para saber que eu não estava bem. Eu queria gritar, eu queria socar a grama até só sobrar terra, arrancar os meus cabelos. Queria fugir.
O sorriso dele desapareceu, sentou-se do meu lado e me encarou. Evitei olha-lo.

– O que houve? – sua voz estava fraca quando pronunciou essas palavras. Eu neguei.

– Nada que você iria entender.

– Claro que eu entenderia.

Ri com amargura.

– Não. Nem um pouco.

Sua cara começou a ficar vermelha de raiva.

– Sim, eu sei romanos e gregos não se dão bem. Mas, e daí? Nos conhecemos desde os cinco anos de idade, Tom!

Levantei-me rapidamente, coloquei as mãos na cara e sufoquei um grito e comecei a rir. Tirei as mãos da cara, ela estava vermelha, meus olhos arregalados, e a minha boca demonstrava um sorriso lunático.

– Não tem nada haver com a estúpida guerra entre Roma e Grécia! – Miles franziu o cenho, parecia mais confuso do que bravo.

–Tom, o que está acontecendo? – levantou-se com a voz calma. Gritei de frustração, novamente colocando as mãos na cara. – Thomas! – ele me agarrou pelos ombros. Abri os olhos e o encarei, tentando me acalmar. – Thomas, o que está acontecendo?

Afastei-me dele, ainda o encarando. Como se alguém tocasse furiosamente em um piano a minha ansiedade só crescia. Eu não pensei em nada na hora, eu não tinha noção. Dei um passo para frente, sem dizer uma palavra, coloquei minhas mãos em sua cara e selei meus lábios contra os seus. Seus lábios estavam rígidos. Senti lágrimas brotando em meu rosto. A música do piano só aumentava. Abri os olhos e me afastei dele. Vi que ele me olhava confuso, não sei se ele também me olhava incrédulo. Ele abriu a boca para falar algo, mas não disse.

– O que está acontecendo é que eu te amo, seu idiota. – falei quase em murmúrio. Saí de perto, as lágrimas começaram a escorrer descontroladamente.

Ainda queria gritar, queria socar a grama até virar terra, queria nunca ter conhecido Miles.


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Notas finais do capítulo

Tomara que tenham gostado!!! Comentem! Coloquem suas opiniões!
Até o próximo capítulo!!



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