P.O.V Narrador

Não que eles esperassem um pouco de tranquilidade, nunca esperavam tranquilidade. Mas isso não significa que eles não podiam querê-la. Mas ela não os queria.

Enquanto Uriah se escondia para não chamar atenção, ele apanhou uma drachma do bolso, a sua última. Ele olhou atentamente para o dourado refletindo no céu ofuscando seus olhos. Ele se aproximou da água reluzente. O filho de Hécate sabia exatamente quem chamar, sabia que esta pessoa iria o atender, sabia que não o deixaria de mãos vazias.

Seus olhos azuis mudaram para um roxo penetrante por um segundo. Respirou fundo se quietando. Estava determinado, não conversava com ele há anos, e também fazia anos que ele não mandava uma mensagem de Íris para alguém, então ele achava que não fazia diferença. Mas talvez fizesse. Jogou a drachma no arco-íris.

– Ó, deusa do arco-íris, mostre-me Thomas Giedon Harris. – disse ele sem nenhuma emoção aparente na voz. Ele suspirou. – Indianópolis.
Exausto sentou-se no chão colocando as mãos no rosto esperando a imagem do amigo aparecer.
***

A música “Sunday Bloody Sunday” explicava exatamente o que Ethan sentiu ao ver a seguinte cena. Félix estava caído no chão desacordado como se estivesse dormindo, Julia contra a parede como se estivesse grudada nela, ela tentava se soltar, Hazel no chão com os olhos abertos olhando para o nada se debatendo contra o chão, Rose ao seu lado olhando atônita a cena. E Sara.

Sara estava nas garras de um demônio. A pele do demônio era um vermelho escuro como sangue. Seus olhos eram inteiramente negros, vazios. Ele parecia ter uns três metros de altura. Sua cara era deformada, seus dentes eram brancos e afiados estavam a mostra sob os lábios escuros. Um sentimento de raiva invadiu Ethan.

– Ethan Walker – disse a voz do demônio vazia. Ele nem precisava abrir a boca para proferir as palavras. O sorriso dele parecia ter sido forçado como se alguém tivesse cortado seus lábios fazendo os se curva para ele nunca parar de sorrir. Ele nunca parava de sorrir. – Gostaria que eu matasse sua amiga aqui e agora? Seria muito divertido. Como roubar doce de criança. – O demônio se curvou, olhando Ethan bem nos olhos. Aqueles olhos pareciam querer devorá-lo. – Um clichê cairia muito bem agora. Você fica tão fofo aí parado sem fazer nada pelos seus amigos quase mortos.

Ethan desviou o olhar do demônio fechando os olhos com força. Ele apertou as mãos envolta da arma. Sentiu um suor frio em sua testa. Ele respirou fundo. Tentando lembrar-se do que Uriah tinha o ensinado sobre precisão e como atirar. ““ Não é como pensamos ‘se prepare, mire, atire’” ele tinha o dito “ Você, primeiramente, tem que respirar fundo. Respire fundo!” Ethan tinha respirado tão fundo naquele dia que pensava que o ar tinha acabado. Ele respirou fundo. “Ótimo, ótimo. Agora não deixe este ar escapar. Posicione a arma, coloque-a em seu queixo e feche um dos olhos. Eu disse para distribuir o peso nos pés, Ethan!” Uriah tinha rido na época” Agora se prepare. “Mire, atire.” Ethan tinha passado do alvo pela primeira vez. Ele não podia errar agora.

Abrindo os olhos posicionou a arma em direção ao demônio. Fechou o olho direito. Colocou o pé direito para trás. Mirou na cabeça do demônio e...

Quando se dedo estava pronto para acabar o demônio uivou de dor. Ethan viu um x sendo formado em seu corpo, desaparecendo em um pó amarelado pelo ar. Sara caiu desacordada sob os seus pés. Mas ele não percebeu, estava atordoado olhando para uma figura vestida de preto em sua frente limpando suas duas espadas. Primeiro pensou que seria Uriah, mas ele sabia que o filho de Hécate era mais alto. Quando o garoto levantou os olhos Ethan pode vê-lo com clareza.

Seus cabelos eram escuros como breu, bagunçados como se tivesse caído de um prédio de dez andares e corrido até aqui. Sua pele não era tão pálida. Seus olhos eram um castanho escuros. Sua beleza não era demoníaca como a de Uriah, mas também não era angelical. Ele estava vestido inteiramente de preto, usava um sobretudo, uma calça jeans escura e coturnos. Ele guardou as duas espadas nas costas. E se aproximou de Ethan estendendo a mão.

– Meu nome é Thomas. – disse ele abrindo um sorriso no rosto. Ethan soltou a arma a pendurando nas costas. – Não sei muito bem se você sabe o que é um aperto de mão. – Thomas abaixou a mão percebendo que Ethan ainda o olhava atônito. – E também não sei se você sabe o que é uma introdução. – Ele limpou a garganta se agachando ao lado de Sara. – Obviamente viva, não é de se preocupar.

Como ele pode agir com tanta neutralidade? Pensou. Ele entra aqui, mata um demônio e começa a falar comigo como se já me conhecesse.

– Você já sabe que foi o seu amiguinho Uriah que me chamou aqui, não sabe? – Ethan não respondeu. Claro que não sabia! Nem sabia o que passava na cabeça dele, como deveria saber? Thomas olhou para Ethan com os olhos cansados e suspirou. – Uriah me chamou aqui. – disse ele pausadamente. – E agora temos que pegar esses seus amigos e encontrar ele lá embaixo. Acho que já matou os mensageiros de Corvus.

Ethan abriu a boca para falar algo, mas quem realmente falou foi Rose.

– E você o deixou sozinho para morrer? – ela perguntou em êxtase.

Ethan agachou e pegou corpo de Sara, a segurando com força. Ele olhou para Rose nos olhos e riu.

– Você realmente conhece Uriah? Ele consegue lidar com dois mensageiros. – seu tom de voz era calmo e cansado como se já tivesse dito aquilo milhares de vezes.

– E se ele não for capaz? – Rose rebateu. Thomas estreitou os olhos.

O garoto de cabelos negros foi na direção de Félix o dando um tapa, fazendo-o acordar agarrando Thomas pelo colarinho da camiseta com os olhos cheios de raiva, o garoto parecia estar assustado com Félix o agarrando pela camiseta.

– Quem é você?! – bradou o menor fazendo que Thomas ficasse paralisado. Félix olhou para Ethan com os olhos tremendo de raiva, e uma das mãos cerrada em um punho, brancas pela força que pretendia usar. – Você o deixou entrar aqui?

– Félix...

Mas ele o interrompeu olhando para os lados, seu olhar parou em Hazel, seus olhos estavam brilhantes lutando para conter as lágrimas.

– Hazel...? – ele largou Thomas e correu em direção ao corpo da amiga. Félix a beira das lágrimas abraçou a menina com força, desesperado.

– Ela está viva. Se estivesse morta eu sentiria. Há algumas vantagens em ser filho de Hades. – falou Thomas impacientemente acordando Julia ajudando–a levantar– Uriah está nos esperando.

***

Quando se depararam com Uriah o garoto estava todo sujo de sangue com as roupas rasgadas, o cabelo negro estava bagunçado indo em todas as direções. Sua espada dupla parecia ter sido lavada com sangue e algum tipo de gosma verde. Ele se virou apressado, seus olhos demonstravam sua ansiedade. Viu que seus olhos pousaram em Julia, ele suspirou aliviado sorrindo e correu até a namorada a beijando. Os braços do filho de Hécate em volta da cintura da seguidora de Toth, que segurava o rosto do namorado.

Ethan viu Thomas revirar os olhos irritado. Ele não era o único irritado. Ele também estava irritado, ele não estava com paciência para mais nada. E claramente Thomas também não estava com paciência.

Uriah parou em frente deles com os braços em volta de Julia sério.

– Os mensageiros me avisaram algo. – ele parou, sua voz estava fria. A seriedade que ele estava tratando do assunto fez que uma ansiedade o dominasse. O filho de Hécate olhava para o nada, ouvindo os pneus dos carros passando pelo asfalto. – Eles disseram para a gente se apressar, porque nós não teremos mais um abrigo se ficarmos parados aqui feito idiotas.

Sabiam exatamente do que ele falava. A casa do Brooklyn. Ethan olhou para Sara, que já não estava mais em seus braços. Há alguns minutos atrás ele estava preocupado sem saber se estava morta, e a segurava com força esperando que ele só estava sendo negativo. E ele estava. Sara, no entanto não o olhou de volta, seus olhos azuis estavam perdidos nos seus próprios pensamentos.

Ele olhou para frente enquanto Uriah falava as instruções, Ethan não ouviu uma palavra. Simplesmente cerrou os punhos e fechou os olhos desejando estar em um lugar totalmente paralelo deste.