P.O.V Ethan

Um ano atrás, quando nada disso faria sentido algum, quando ainda me divertia com as piadas de Richart, e quando ainda podia conversar com Mellonie sem sentir nenhum tipo de ódio... Vamos dizer que tudo não era tão simples.

Sentado naquela cadeira de metal olhando diretamente para o relógio, a discussão dentro daquela sala... Eu ouvia tudo que falavam, era sobre mim. Falavam que eu estava ficando agressivo, que não conseguia controlas mais a minha raiva. Os meus pés ficavam batucando no chão, minhas mãos entrelaçadas uma nas outras, sentia o suor caindo por entre minhas sobrancelhas, fechei meus olhos e punhos.

– Eu vi oque eu vi. - disse para mim mesmo. - Seu rosto não era seu rosto, eu tive que fazer o que fiz.

Estava falando sozinho, murmurando coisas para mim mesmo. Sentia as lágrimas se engasgando em minha garganta. Os meus punhos todos cortados, o sangue seco no lado esquerdo de meus rosto grudava no me cabelo.

– Eu fiz o que tinha que fazer.

– - -

Faz uma semana que soube sobre a morte de Alaska. Nada vai bem. Acharam mais um corpo. Mais um. Pessoas vão morrendo com a frequência em que respiramos, as lágrimas não fazem mais sentido. Félix está treinando todos os dias, aqueles shabitis que moldaram de batalha já viram vários cacos em seus pés em um único feitiço. Os semideuses estão unindo a nós aos poucos. Estou começando a ficar preocupado com Félix, ele não para de treinar, nem por um segundo. Uriah não para também, ele não para de planejar.

Neste momento estou sentado encostado na parede olhando para o teto inexpressivo. Minhas mãos sob minhas pernas. Maldito seja aquele homem corvo, maldito seja seus ajudantes, penso ao virar a cabeça para o lado me deparando com alguém.

– Oi - diz ela. Seus cabelos são louros, seus olhos são uma cor de azul inexplicável, suas feições são delicadas quase esculpidas, seus braços finos, e ela é... Linda. Era ela quem eu salvei, esqueci de mencionar que ela finalmente acordou de seu sono. A gente nunca conversou até agora.

– Oi. - falo com uma voz rouca, e então viro a minha cabeça voltando a encarar a parede.

– Olha, eu entendo que não quer conversar, está de luto e tal, mas eu só queria te agradecer, eu poderia ter morrido.

– Eu sei.

Ela ri.

– Você sabe?

Viro a minha cabeça para ela e abro um pequeno sorriso.

– Você me ouviu, querida.

Ela ri novamente. Faz tempo que não ouço uma risada, e não consigo evitar de rir também, sua risada me lembra da risada que Mellonie dava, doce e suave. Volto para posição que estava, mas com um sorriso.

– Qual é o seu nome? Sabe, sempre esqueço de perguntar e e.t.c. e e.tc. - ela pergunta.

– Ethan.

– Sara.

Olho para ela assustado. Sara. Richart sempre mencionou uma Sara, uma Sara de cabelos louros e olhos azuis. Olhei para as minhas mãos, não Ethan, existem milhões de Saras no mundo de cabelos louros e olhos azuis, não só a Sara que seu amigo um dia te contou. Olhei novamente para el, e sorrio.

– Conhece a música Sara do Ed Sheeran? - pergunto.

– O ruivo?

– O ruivo.

– Nossa como eu acertei essa? - ela perguntou tão baixo que eu quase nem ouvi. - Não, nunca ouvi.

Assenti com a cabeça.

– Uma ótima música, um ótimo artista. - dei de ombros. E me levantei. - Quer tomar um frapuccino.

Ela riu.

– Pensava que nunca perguntaria.

P.O.V Narrador.

Cassie, ah Cassie, nunca pensei em escrever sobre ela, um mistério de pessoa. Cassie mantinha suas mãos na gola da camiseta de Peter. Seus rostos colados um no outro, Peter colocou suas mãos na cintura de Cassie que logo colocou uma de suas mãos na nuca dele colocando-o mais próximo dela.

Cassie entre risos o jogou para a cama. Peter ria e seu sorriso refletia na luz do quarto, Cassie murmurou algo em egípcio.

– E enquanto á se alguém descobrir? - disse Peter se sentando tentando se manter sério. Cassie sentou no colo de Peter, Cassie pensava em coisas bem piores do que serem descobertos.

– Aqueles filhos da mãe? Ah, eles não são nada sem Carter e Sadie a derem ordens. E os gregos? São um bando de idiotas, que eles se fodam. - Voltaram a se beijar, ela sabia que o plano que tinha em mente já estava bem formulado. Ninguém desconfiaria, nem mesmo seu irmão a conhecia, ela agradeceu aos deuses bem baixinho entre um dos beijos. Ela achava graça da situação. Os Outros estavam certos, o mais importante, tudo estava indo como o planejado.

Pela primeira vez Cassie se sentiu como a pessoa mais fria que já conheceu, e gostou deste sentimento.

– - -

Ethan não esperava voltar e já ouvir um grito ecoando pelos corredores, ele olhou para Sara e eles derrubaram os frapuccinos e correram o mais rápido o possível. Era um grito de agonia, um grito feminino.

As escadas não foram um obstáculo.

– Vamos, vamos. - sussurrou para si mesmo. - Vamos!

Logo acharam a cena Cassie no chão com as mãos apoiadas no peito de alguém, ela chorava entre soluços. Eu me aproximei. Agaxei-me ao lado da pessoa. Cabelos raspados, pele escura, seus olhos estavam aberto, sua boca fechada, sua camiseta preta toda amarrotada, sua calça jeans também. Era Peter, Ethan já ouviu algumas coisas sobre ele, na verdade só ouviu que Peter era seguidor de Toth.

– Como...? - ele perguntou a Cassie. Ela balançou a cabeça. O corpo de Peter permanecia imóvel, sem sinal algum que vivia, mas nada provava que ele foi assassinado.

– Eu não sei, Ethan, faço a mínima ideia, a gente só estava conversando e... E... - ela se desesperou em lágrimas novamente me abraçando, chorando em seu ombro.

– Está tudo bem.

Sim. Ele sabia que nada estava bem. Ethan se virou para Sara que assentiu.

P.O.V Uriah.

Sara e Ethan invadiram o meu quarto enquanto eu estava no meio, NO MEIO de uma teoria. Caralho, quando eu vou ter privacidade?

– Digam, crianças. - Virei a minha cadeira para eles. Os dois estavam ofegantes pela corrida.

– Uriah, achamos Peter morto no chão do corredor.

– E...? Nunca gostei do cara,

Ethan parecia frustrado com o meu comentário, não me importei.

– O problema principal é que temos que partir o mais rápido possível. - disse Ethan

Um sorriso brotou em meu rosto.

– Então, um M16 ou uma espingarda, Sara?