Don't be fear of the darkness escrita por ABNiterói


Capítulo 26
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Desculpem a demora... Nunca imaginei que faculdade fosse dar tanta dor de cabeça, e isso porque as aulas ainda nem começaram. Kkkk
Boa leitura!



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No último capítulo...

– Deite Companheira. – escuto sua voz mais uma vez, mas agora ressoando dentro de minha cabeça – Você precisa descansar enquanto seu corpo se acostuma com minha presença. Toque sua marca. – minha mão vai automaticamente em direção à marca que agora carrego sobre o peito. É uma pequena cicatriz vermelha e me lembra uma pena. Ao tocá-la é como se eu segurasse um fio que me liga a Severus e ao Bakant. – Sempre que você tocar sua marca eu poderei te achar. Agora deite ao meu lado.

Obedeci. Com a cabeça no travesseiro estendi minha mão até que eu finalmente pudesse tocar o Bakant. Ele se aproximou e deitou ao meu lado, lembrando-me de Crookshanks quando dormia em meu colo.

– É a segunda vez que você me compara com um gato.

– Você pode ouvir meus pensamentos? – desconfio.

– Não seus pensamentos, mas suas emoções. Não é difícil traduzir emoções em imagens, então posso ver o que você está pensando. Durma agora Hermione. Responderemos todas as suas perguntas mais tarde.

Mais uma vez obedeço. Fecho meus olhos e, sentindo o Bakant ao meu lado, deixo-me perder na desconhecida terra dos sonhos. Depois de tantos anos temendo o que eu veria ao fechar os olhos, consigo dormir sem a ajuda de nenhuma poção, e sei que não terei pesadelos, pois com Severus ao meu lado, estou segura.


Capítulo 20

POV Hermione Riddle

Sim, eu estava entediada. Muito entediada. O motivo do meu tédio é que depois de dias montando meu plano com Severus, eu mais uma vez tinha que ouvi-lo, mas agora pela boca de Olho Tonto. Não que fosse algo ruim, pois de outro modo eu teria gasto horas tramando uma coisa desnecessária. Se Moody estava repetindo as palavras que eu e Sev tão cuidadosamente escrevemos, significava que o plano estava correndo perfeitamente. Mas isso não me impedia de sentir tédio ao ouvir mais uma vez aquelas palavras serem explicadas.

Eu teria pensado que, depois daquela primeira noite incrível com Severus, tudo ficaria bem. De fato, os dias que se seguiram foram perfeitos... Mas então mamãe apareceu na Mansão Prince. Não sei o que ela esperava encontrar, mas sem dúvidas não era eu e Severus tomando café da manhã em uma das sacadas, e muito menos eu vestindo apenas uma camiseta de Severus, já que eu não tinha outra roupa lá além das vestes de Comensal.

Para minha surpresa, ela não surtou. Não na minha frente ao menos. Bella disse apenas que o mundo não tinha parado, e nós ainda tínhamos muito que fazer antes de tudo ficar em paz. Ela virou as costas dizendo que estaria de volta em alguns minutos com roupas decentes para mim.

Fiquei estática com sua tranquilidade. Quando mamãe voltou me entregando um confortável vestido, não hesitei em correr para meu quarto – ou melhor, o quarto de Severus – e me trocar. Tomei um dos banhos mais rápidos de minha vida e coloquei o vestido preto que Bella havia me entregado.

Quando finalmente voltei para a sala onde eu sabia que Severus estaria, surpreendi-me com os gritos de Bella.

– VOCÊ PROMETEU SNAPE! VOCÊ JUROU QUE ESPERARIA ATÉ O CASAMENTO!

– Na verdade eu prometi esperar que ela viesse até mim. Você se lembra tão bem quanto eu daquela noite Bella. E Hermione estava implorando por meu toque.

– CHEGA! Não quero saber o que você fez com meu bebê! Você destruiu sua inocência!

– Ela não é virgem há algum tempo, sinto lhe informar. E isso não teve nada haver comigo. – senti a dor por trás das palavras de Severus.

– Eu sei sobre Krum, mas não é o que eu estou dizendo. Vamos Severus, você também se divertiu com um punhado de garotas quando era mais novo. Eu me lembro perfeitamente. Hermione poderia não ser virgem, mas o que aconteceu antes foi apenas sexo, diversão e prazer. Agora você prendeu minha garotinha a um futuro certo, você tirou dela suas escolhas, sua liberdade. Ou vai me dizer que você não a marcou assim que teve a chance?

– Claro que marquei! Eu não podia deixá-la ir mais uma vez.

Perdi o resto do discurso de Severus quando uma mão tocou meu ombro me fazendo saltar.

– Seus pais nunca te ensinaram que é errado ouvir atrás da porta? – papai brincou.

– Desculpe papai – respondi beijando seu rosto.

– Como você está?

– Eu não poderia estar melhor. – respondi com sinceridade – Você também vai puxar minha orelha por eu ter deixado que Severus me marcasse tão rapidamente?

– Não minha filha. – era impossível não ver o brilho em seus olhos cada vez que Tom me chamava de filha. – Eu te amo e confio em você. E sei que Severus é a melhor pessoa para você ter ao seu lado. Agora venha, vamos entrar antes que sua mãe arranque alguns pedaços de seu noivo.

Sorri com a memória ouvindo as últimas palavras de Moody e voltando ao presente. Quando percebi Kingsley vindo em minha direção, corri até os gêmeos Weasley. Apesar de ninguém na Ordem ter falado qualquer coisa sobre o ataque com jovens Comensais – o que não me surpreendeu – eu me lembrava que o auror havia estado lá, e por mais que ele não soubesse da minha participação, era difícil encará-lo sem pensar que ele descobriria quem eu sou.

Os dias até a transferência de Potter passaram lentamente. A maior preocupação de Molly Weasley era o casamento de seu filho; Arthur não parava de me perguntar sobre coisas trouxas; Ginny, nos breves momentos que falava comigo, só sabia dizer sobre garotos; os Gêmeos não levavam nada a sério. Eu não aguentava mais ficar naquele lugar.

Usando minha Marca de Comensal eu conseguia passar mensagens ao meu pai, contar o que estava acontecendo na Ordem e qualquer outra informação que chegasse a mim. Com a Marca do Bakant eu podia, de uma forma estranha e que eu ainda não havia me acostumado, trocar sentimentos com Severus. Eram essas pequenas trocas com minha família que me impediam de morrer de tédio enquanto eu estava na Toca.

O esperado dia chegou. Eu fui com Fleur Delacour, Ron, Gui, Fred, George e Arthur Weasley até o bairro em que Potter morava. Tonks e Lupin nos encontraram poucos minutos depois, e ao chagarmos a esquina da casa de Potter, Moody, Kingsley e Mundungus estavam nos esperando.

Entramos na casa trouxa, decorada com papeis de parede de muito mau gosto, e Potter não surpreendeu ninguém ao negar que nós nos arriscássemos por ele. Sério. O garoto tinha que mudar o discurso. Era cansativo ouvir sempre a mesma história de “eu sou o menino que sobreviveu, mas hey! Não se preocupe comigo, eu não preciso de ninguém!”.

Aproveitei o tempo em que Moody explicava para Potter como a noite seguiria, e mandei um aviso silencioso ao meu pai dizendo que estávamos quase prontos para sair. Um pouco depois enviei outra mensagem dizendo a Tom quem eram as duplas, já que Olho Tonto só revelou essa informação quando já tínhamos tomado a poção polissuco.

Fazendo o meu melhor para esconder meu receio, foi com Kingsley até o testrálio que nos guiaria até nossa casa segura. Tive que fingir não ver o animal na minha frente, mas era impossível não notar o grande cavalo de asas parado ali. Felizmente Kingsley comprou minha atuação e me guiou até o animal, me ajudando a montá-lo.

Passei a mão por cima da Marca de Severus, tendo um repentino sentimento que eu nunca mais o veria. Balancei a cabeça afastando esses pensamentos. Eu apenas estava nervosa, pois essa era minha primeira missão como Comensal. Enquanto Moody fazia a contagem regressiva para partirmos, senti o Bakant tocar minha mente, dizendo que tudo ficaria bem.

A noite nos envolveu. Contei três minutos exatos e então Comensais nos cercaram.

Kingsley xingou em voz alta, mas não prestei atenção no que ele disse. Os Comensais não sabiam que era eu ali. Meu pai havia dito aos seus seguidores que estaríamos usando poção polissuco para nos parecermos com Potter e com quem o verdadeiro Potter estaria, mas ele me avisou que os Comensais não saberiam que eu era uma das distrações. Se eles soubessem, isso comprometeria a veracidade do ataque, e todos os falsos Potters precisavam ser atacados.

Preocupei-me em me defender e atacar enquanto Kingsley guiava o testrálio o mais rápido possível para longe dos comensais. Senti meu pai se aproximando antes de vê-lo. Eu fingi um grito apavorado quando Voldemort entrou em nosso campo de visão, atraindo o olhar de Kingsley.

O auror imediatamente começou a lançar feitiços na direção de meu pai. Eu quase podia sentir Tom revirando os olhos. Depois de mais um pouco de perseguição, Voldemort aparatou, deixando-nos sozinhos.

– Para onde ele foi? – gritei para Kingsley fingindo medo.

– Não sei. Se segure Hermione, vamos atravessar as proteções de nossa casa segura em alguns minutos.

Permiti que um arrepio real cruzasse meu corpo. Foi impossível descobrir todos os feitiços que Moody usou para proteger as casas e a Toca. Eu temia que algum desses feitiços fosse me barrar, e então eu estaria com sérios problemas. Para minha sorte entramos na casa sem nenhum impedimento. A senhora, que meu cérebro se recusava a guardar o nome, nos guiou até a cozinha onde nos serviu água e insistiu em ver se tínhamos algum ferimento.

Sem saber o que estava acontecendo lá fora e com Severus bloqueando todos os seus sentimentos, coisa que eu ainda não havia aprendido como fazer, a cada minuto que passava eu ficava mais ansiosa.

– Se acalme Hermione. Harry ficará bem. – Kingsley disse ao meu lado apertando meu ombro levemente. Apenas acenei e continuei a olhar pela janela, tentando sentir algo do mundo exterior.

Finalmente a hora de partirmos chegou. Agradeci à senhora que nos hospedou e segurei a chave de portal que começava a se agitar. O mundo rodou por alguns instantes deixando-me tonta, até que finalmente parou e eu e Kingsley estávamos no jardim da Toca. Imediatamente Kingsley estendeu a varinha para Lupin que nos aguardava no jardim.

– Quais foram as últimas palavras de Albus Dumbledore para nós dois?

– “Harry é a maior esperança que nós temos, confie nele” – disse Lupin calmamente. Claro que ele estava calmo. Kingsley estava procurando um traidor, mas eu sabia que a única pessoa ligada às trevas naquela casa era eu.

– Certo, certo – disse Kingsley um pouco resignado quando Remus o impediu de testas Potter. O homem guardou sua varinha em um bolso interno – Mas alguém nos traiu! Eles sabiam, eles sabiam que seria essa noite...

– É o que parece – replicou Lupin. Eles não podiam estar mais certos. – Mas aparentemente eles não sabiam sobre os Sete Harry... – Sim, nós sabíamos. Pensei feliz por ninguém ter desconfiado que os Comensais sabiam desde o começo qual era o Potter verdadeiro.

Parei de prestar atenção ao que eles diziam, pegando levemente alguns pontos como Lalau, fuga de Azkaban, e George perder uma orelha. Eu estava mais interessada em me acalmar o suficiente para alcançar minha ligação com Sev e deixá-lo saber que eu estava na Toca e em segurança.

Em algum momento Harry entrou na casa mais uma vez, mas eu preferi permanecer do lado de fora. Senti um rosnado em minha cabeça e sorri. Era difícil para o Bakant me deixar ir, ficar tão vulnerável. Apesar de eu não gostar de parecer indefesa, eu entendia sua preocupação, e me aquecia saber que ele se importava.

Vi Fred e o Sr Weasley chegarem e alguns gritos os acompanharam enquanto os dois tentavam entrar na casa, mas eram impedidos por Kingsley. Afastei-me um pouco mais da bagunça e sentei na grama olhando o céu.

Senti um movimento atrás de mim, porem permaneci com o olhar fixo. Lupin e Hagrid se aproximaram, ficando de pé ao meu lado.

– Ele vai ficar bem. – disse Remus.

– Oi? – pedi quando percebi que ele estava falando comigo.

– Ron. Ele e Dora vão voltar logo.

Não respondi. Eles pensavam que eu estava preocupado com Ronald enquanto eu esperava que o ruivo estivesse morto. Harry e Ginny sentaram-se ao meu lado pouco depois. Ainda assim não falamos nada. Os minutos passavam e nada de Ronald e Tonks chegarem. Eu batia os dedos contra minha perna ansiosa. Seria ótimo se o Weasley tivesse deixado essa vida para sempre. Mas então uma vassoura se materializou diretamente sobre nossas cabeças e foi em direção ao chão.

– São eles! – disse escondendo minha decepção. Tonks aterrizou no chão, jogando terra pra todos os lados.

– Remus! – Ela gritou enquanto largava a vassoura e se jogava nos braços de Lupin. Ronald veio em nossa direção. Levantei tentado parecer feliz.

– Você esta bem. – O ruivo disse. Antes que ele pudesse falar mais alguma coisa e eu fizesse algo que não devia, abracei-o.

– Pensei, pensei que... – murmurei tentando achar alguma desculpa.

– Estou bem. – Disse ele dando um tapinha de leve nas minhas costas e decidi que já tivemos contato físico demais. – Estou ótimo.

– Ron foi muito bem. – Disse Tonks ainda abraçada a Lupin. – Uma maravilha. Acertou um Comensal bem na cabeça e quando você está diretamente sob ataque em cima de uma vassoura...

– Mesmo? – pedi surpresa.

– Sempre o tom de surpresa – ele brincou e me segurei para não revirar os olhos. – Os últimos ainda não voltaram?

– Não – disse Ginny – Gui e Fleur, Olho Tonto e Mundungus ainda não voltaram. Eu vou avisar o papai e a mamãe que você está bem, Ron... – Ela disse e correu de volta para dentro da casa.

– O que aconteceu? – perguntou Lupin.

– Bellatrix - respondeu Tonks. Prestei mais atenção na conversa ao ouvir o nome de minha mãe. – Ela me queria tanto quanto quer Harry. Ela tentou me matar. Eu apenas desejava que eu pudesse ter acertado-a... Mas nós definitivamente ferimos Rodolfo. Então nós fomos para a Tia Muriel de Rony, mas ao chegarmos lá já tínhamos perdido a chave de portal, e ela ficou nos paparicando...

Parei de ouvir. Minha mãe estava bem. Uma pessoa a menos para eu me preocupar essa noite. Alguém perguntou a Kingsley se ele não tinha que voltar para o primeiro Ministro trouxa, mas ele afirmou que esperaria até Olho Tonto chegar.

Ouvi uma movimentação e olhei sobre meu ombro para ver mais Weasleys vindo ao jardim. Não ouvi as palavras que foram ditas, e pouco depois um testrálio adentrou as proteções da casa, trazendo Gui e Fleur.

– Gui. Graças a Deus, graças a Deus... - A Sra. Weasley correu para abraçá-lo, mas percebi que Gui não correspondeu o abraço com entusiasmos. Ele procurou por entre as pessoas que o observavam até que seu olhar cruzou com o de seu pai.

– Olho Tonto morreu.

Ninguém falou nada. Ninguém se moveu. Segurei minha curiosidade, mas por dentro eu pulava querendo saber quem havia conseguido essa façanha.

– Nós vimos acontecer. – Gui continuou e Fleur assentiu – Aconteceu depois que nós quebramos o cerco. Olho Tonto e Dung estavam perto de nós, eles estavam indo para a direção norte também. Voldemort, que é capaz de voar, partiu direto para cima deles. Dung apavorou-se. Eu o ouvi gritar, Olho Tonto tentou pará-lo, mas ele desaparatou. A maldição de Voldemort atingiu Olho Tonto no rosto, ele caiu da vassoura e... não havia nada que pudéssemos fazer. Havia meia dúzia deles nos seguindo... – a voz de Gui falhou e suas palavras sumiram.

– Claro que vocês não podiam ter feito nada – disse Lupin.

Potter estava vivo, mas Moody era uma grande perda para a Ordem. Sem ele e sem Dumbledore, a Ordem não podia estar mais fraca.

Fred e George saíram da casa e seus sorrisos morreram imediatamente ao perceberem o olhar estampado no rosto de cada um.

– O que está errado? – perguntou George – O que aconteceu? Quem...

– Olho Tonto – disse o Sr. Weasley – Morto.

Eles estão arrasados por que você matou Moody. Disse a meu pai pela Marca Negra. ”Ótimo”. Veio a resposta. “Sinto por você ter que ficar mais tempo com esses traidores”. “Tudo bem papai. Eu sempre soube que havia esse risco. Em breve vocês colocarão o outro plano em prática e eu poderei voltar para casa”. “Você está bem? Eles não desconfiam de nada?”. “No momento eles estão tristes de mais para pensar em quem os traiu. Porém Kingsley ainda está aqui. Vou te atualizar mais tarde”. “Boa sorte minha filha”.

Gui e seu pai, que haviam entrado na cozinha enquanto eu falava com meu pai, voltaram entregando copos com Whisky de Fogo para cada um de nós.

– Olho Tonto! – Gui brindou.

– Olho Tonto! – repetimos e bebemos. Se eu não estivesse me acostumando a beber com Draco, eu não teria conseguido engolir aquilo. A bebida era realmente forte.

– Então Mundungus desapareceu? – perguntou Lupin, que tinha terminado o copo e encheu-o novamente. A atmosfera mudou imediatamente. Todos olharam tensos, observando Lupin, esperando que ele continuasse a falar.

– Eu sei o que você está pensando – disse Gui – e me ocorreu o mesmo pensamento quando estávamos voltando para cá. Porque eles parecem estar esperando por nós, não é? Mas Mundungus não poderia ter nos traído. Eles não sabiam que nós seriamos sete Harrys. Eles estavam claramente confusos quando nos viram. E caso tenham esquecido, foi Mundungus quem sugeriu esse pequeno ardil. Se ele tivesse nos traído, por que não contaria o ponto principal? Eu acho que Dung entrou em pânico, só isso. Ele não queria vir em primeiro lugar, mas Olho Tonto o obrigou e Você-Sabe-Quem estava no encalço deles. É o suficiente para fazer as pessoas entrarem em pânico. – a teoria de Gui não estava errada. Eles eram apenas bobos o suficiente para acreditar que Mundungus tinha capacidade para criar a sozinho a ideia dos sete Potters.

– Você-Sabe-Quem atuou exatamente como Olho Tonto esperava – disse Tonks. Isso era exatamente o que nós queríamos que a Ordem pensasse. Que era Moody quem conhecia meu pai bem o suficiente para prever seus movimentos, e não o contrário. – Ele sempre disse que Você-Sabe-Quem esperaria que ele estivesse com o Harry verdadeiro. O membro mais resistente, o mais hábil dos Aurores. Ele perseguiu Olho Tonto primeiro, mas quando Mundungus os denunciou ele foi para Kingsley...

– Sim, isso está certo – cortou Fleur – mas isso ainda não explica como eles sabiam que nós estávamos mudando o Harry hoje à noite, explica? Alguém deve ter se descuidado. Alguém deixou escapar a data para alguém de fora. É a única explicação para eles saberem sobre a data, mas não sobre o plano inteiro.

E novamente era isso que queríamos que a Ordem pensasse.

Encarei cada pessoa que estava parada naquele jardim. Eu sabia que todos pensavam o mesmo que eu. Apenas nós sabíamos o plano completo. Se alguém havia traído a Ordem, a pessoa estava entre nós. Inconscientemente dei um passa para trás. Mas não foi necessário. Potter, como sempre, tinha um coração bom de mais.

– Não – disse o menino que sobreviveu. Todos olharam para ele, surpresos pelo grito repentino. – Eu quero dizer... Se alguém cometeu um erro e deixou alguma coisa escapar, eu sei que não foi por mal. Não foi de propósito. – todos nós encarávamos Potter, e eu podia ver que muitos amoleciam perante suas palavras. – Nós temos que confiar uns nos outros. Eu confio em todos vocês, e eu não acho que alguém que está aqui agora iria querer me entregar a Voldemort.

Pobre Harry. Tão inocente!

Mais silêncio seguiu suas palavras. Todos estavam olhando para Potter, com certeza pensando em suas palavras. Eles baixavam a guarda muito facilmente.

– Muito bem, Harry! – disse Fred inesperadamente.

– É, apoiado, apoiado. – Emendou George. Encarei os gêmeos sem saber se eles estavam brincando ou não.

– Você acha que eu sou tolo? – Potter perguntou a Lupin que o encarava com os olhos cheios de piedade. Todos nós paramos para ver a troca.

– Não. Acho que você é igual ao James. Ele também consideraria uma desonra desconfiar dos amigos.

E ele havia sido traído por um desses amigos. Completei mentalmente pensando em Rabicho.

– Chega dessa discussão – Sra. Weasley cortou antes que Potter ou Lupin dissessem mais alguma coisa. – Está tarde e eu sei que todos estão cansados. Vocês não vão descobrir se alguém nos traiu ou por que ele fez isso hoje. Entrem todos, a janta está pronta.

Os gêmeos e Ginny entraram imediatamente e o resto de nós começou a andar em direção a casa.

– Eu devo voltar para o Primeiro Ministro – ouvi Kingsley se desculpando com Molly.

– Primeiro Ministro ou não, o homem pode esperar mais alguns minutos enquanto você come algo de verdade.

Parei abruptamente na porta de entrada da Toca, havia algo que me impedia de dar mais um passo e entrar na casa.

– Hermione? Você não vem? – pediu Potter que estava ao meu lado até que eu fosse barrada.

– Eu não... – murmurei procurando por algum motivo para eu não poder entrar. De repente minha mente clicou. Moody havia invertido o feitiço que Draco usou na Torre de Astronomia meses atrás para impedir que quem não possuísse a Marca Negra subisse as escadas até Dumbledore. – Merda! – exclamei. Eu não teria tempo para descobrir qual era o contra feitiço para que eu conseguisse entrar na casa.

– O que aconteceu Mione? – Perguntou Potter mais uma vez, atraindo a atenção dos outros para nós.

– O que está acontecendo? – Kingsley perguntou olhando de Potter para mim.

Segurei minha varinha e comecei a andar discretamente para trás, esperando que eu conseguisse sair do feitiço anti aparatação antes que alguém percebesse o que estava acontecendo.

– Não sei. – Ronald respondeu – A Mione parou de andar do nada quando foi entrar em casa.

– Está tudo bem Hermione? – Lupin perguntou me alcançado e segurando meu ombro. Olhando para o lobo, ele não parecia suspeitar de nada ainda, então tentei me acalmar, sabendo que ele poderia sentir meu desespero.

– Na verdade não... – enrolei. Todos estavam novamente no jardim. Eu não estava cercada, mas sabia que se eu não conseguisse inventar uma desculpa plausível, eu não poderia lutar sozinha contra pelo menos seis pessoas, sendo dois deles aurores. – Eu só acho que vou ficar aqui fora mais um pouco... Eu não vou conseguir comer de todo jeito. E o que aconteceu com Olho Tonto... Eu não posso acreditar...

– Eu entendo – disse Tonks que tinha vindo até mim e Lupin. Os outros se viraram para voltar para casa e eu suspirei aliviada. Porém meu alivio durou pouco.

– Mostre seu braço. – Kingsley disse atraindo novamente a atenção de cada um.

– Como? – pedi sentindo minha respiração acelerar. Andei de costas para longe de Lupin e Tonks.

– Pare de se mexer – A varinha de Kingsley estava apontada para mim em um segundo enquanto ele andava para mais perto de mim. Os Weasley olharam abismados para o que estava acontecendo e também se aproximaram. Eu parei de me afastar. – Estenda seu braço esquerdo e arregace a manga até seu cotovelo. Devagar.

– Kingsley! O que você está fazendo? – perguntou Sr. Weasley.

Segurando a varinha escondida no meu braço direito, fiz como Kingsley mandou, agradecendo mentalmente pelos feitiços que eu coloque na Marca Negra para escondê-la. O auror, entretanto, não baixou a varinha.

– Um dos últimos feitiços que Olho Tonto colocou na sua casa, Arthur, foi posto depois que vocês já tinham saído para encontrar Harry. Ele queria ter certeza que nenhum Comensal chegaria até Harry. O feitiço que ele criou deve impedir que qualquer um que carregue a Marca Negra atravesse as paredes da Toca.

Senti todos os olhares em mim e para meu braço ilusoriamente limpo.

– Kingsley, por favor. É Hermione quem você está falando!

Eu sabia que não poderia mais continuar na Toca, mas eu esperava sair sem chamar a atenção de todos para mim. E eu sei que foi precipitado da minha parte o que eu fiz em seguida, mas as palavras de Potter, como se eu não fosse capaz de ser uma Comensal, me irritaram.

Antes que Kingsley decidisse o que ele faria em seguida, deixei meu braço esquerdo ainda estendido e segurei minha varinha com força atrás de meu corpo. Respirei fundo, voltei a andar de costas, me afastando de todos e sem realmente olhar para ver quem era a pessoa mais próxima a mim, apontei a varinha para seu peito.

Sectumsempra! – Enquanto a pessoa atingida gritava e provavelmente caia ao chão, dei as costas e comecei a correr, torcendo para que todos estivessem espantados demais para vir atrás de mim.

No meio do caminho para o ponto de aparatação, um feitiço passou próximo ao meu braço. Virei imediatamente e quase não consegui me desviar do segundo feitiço que vinha em minha direção. Voltando a andar de costas, lancei um feitiço mudo contra Kingsley, que estava mais próximo de mim do que eu imaginava. Ele se defendeu e eu soube que eu teria que parar de correr e lutar de verdade.

Deprimo! Aer Nagatio! – observei por um segundo enquanto o auror sufocava com o segundo feitiço que lancei.

Expelliarmus! – Não tinha necessidade de ouvir sua voz para eu saber que era Potter quem me atacava. Infelizmente ele era bom em DCAT e eu tive que liberar Kingsley da maldição para me defender de Potter.

Desipiens! – consegui acertar Potter e o assisti cair ao chão, gritando e segurando a cabeça. Infelizmente eu não tinha permissão para matá-lo e acabar com isso de uma vez, mas ninguém disse nada sobre o Eleito ficar louco.

Voltei a correr, mas Kingsley já tinha se recuperado de meu último ataque e Gui, Fleur e Arthur também se aproximavam. Parei de correr a apenas alguns metros da minha liberdade. Os Weasley pareciam hesitantes em me atacar, o que me dava uma pequena vantagem.

Musculus Expandere! Necromantus Plantae! Nollove Sangui Glaciare! – lancei as maldições sem me preocupar quem elas atingiriam. Eu só queria tempo para conseguir fugir.

Gui havia se aproximado enquanto eu lançava os feitiços, e lembrando-me das aulas de Severus, parti para o combate físico, pegando-o desprevenido e derrubando-o ao chão antes de pegar sua varinha. Joguei-me no chão para impedir que um feitiço atingisse minha cabeça. Sem ousar me levantar, mas sabendo que ao permanecer no chão eu era um alvo mais fácil, me arrastei para longe. Apenas dois metros! Minha mente dizia sem parar.

Eu começava a me sentir fraca pelo número de maldições que eu havia lançado. Eu subestimei meus adversários e agora eu estava fraca. Eu já tinha a desvantagem numérica e estava presa, sem poder aparatar ou usar minha Marca Negra como meio de locomoção até meu pai.

Finalmente alcancei a fronteira. Com a força que me restava voltei a ficar de pé e me preparei para aparatar. Então minha cabeça explodiu em uma dor insuportável e tudo escureceu.


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Notas finais do capítulo

Glossário de feitiços (peguei todos na internet):
Deprimo - cria uma pressão escendente em seu alvo, o que pode causar uma violenta ruptura
Aer Nagatio - Faz o alvo sufocar enquanto o conjurador empunhar a varinha.
Expelliarmus - desarma o oponente.
Desipiens - Faz o alvo sentir dores excruciantes pelo corpo e alucinar com seus piores medos. Se não for revertido em vinte e quatro horas o alvo ficará louco definitivamente.
Muculus Expandere - Faz com que todos os músculos (exceto os músculos vitais) sejam distendidos de maneira dolorosa. Causa uma dor excruciante e dependendo da força, leva a desmaios e inutiliza os membros do corpo por um tempo. Dependendo do bruxo, o feitiço pode ser tão forte que muitos músculos se dilaceram.  
Necromantus Plantae - Faz com que começe a crescer uma espécie de musgo no corpo do alvo, à partir do ponto em que este foi atingido pelo feitiço, que vai se alastrando com o passar das horas e correndo a carne por onde passa. Pode ser removido apenas com poção. O efeito prolongado leva à morte.  
Nollove - O alvo do feitiço terá o efeito do seu próximo feitiço lançado, atingindo quem ele mais ama, em vez do oponente. Não produz som, nem luz, nem impacto. 
Sangui Glaciare - O alvo atingido começa a ter o sangue congelado lentamente. Se não tratado a tempo leva a morte. 
—--
E então? O que vocês acham que vai acontecer com a Hermione? Espero que tenham gostado do capítulo!
Kisses