Don't be fear of the darkness escrita por ABNiterói


Capítulo 15
Capítulo 12 - parte 2




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No último capítulo...

– Por que não? – explodi. – Qual é o problema? Eu já sei que você e meu pai me arranjaram um casamento cheio de conveniências. Vai me dizer o que agora? Que ele é velho? Gordo? Feio? Sadista?

Para minha raiva, Narcisa Malfoy começou a rir.

– Ele não é feio, e muito menos gordo. Ele apenas é um...

– CIÇA! – mamãe gritou. – Não estamos te contando, pois existem muitas coisas a mais envolvidas. Vocês estão comprometidos desde que você nasceu, e...

– O QUE?! – foi a minha vez de gritar.

– E a única coisa que você precisa saber por enquanto – Bella continuou sem dar atenção ao meu grito – é que ele te ama. E isso é muito mais do que todas as noivas puros-sangues podem desejar.

Capítulo 12 – parte 2

POV Hermione Riddle

No dia seguinte tomei café da manhã acompanhada por meus pais e Severus Snape. Mamãe estava mais calma depois que ela e meu pai conversaram na noite anterior, mas isso não a impedia de resmungar como uma criança toda vez que Severus fazia algum comentário.

– Severus tem outras obrigações – papai começou quando terminamos o desjejum – Mas sempre que ele estiver aqui, e você não esteja fazendo nada, vocês vão treinar. Está nas mãos de Severus decidir como será o cronograma de vocês, mas basicamente, vai envolver duas partes: prática e teórica. Na parte teórica você vai aprender todos os costumes e rituais das famílias antigas e de sangue puro, além de tudo o que você precisa saber sobre essa guerra, incluindo criar estratégias e a ver o campo de batalha pelos olhos do inimigo. Na prática você vai aperfeiçoar as magias que já conhece, e aprender novas, principalmente envolvendo Arte das Trevas. Também quero que você aprenda a lutar. Saber duelar pode não ser o suficiente, e eu não vou deixar que minha filha morra em combate porque ela perdeu a varinha ou qualquer coisa tosca como essa.

Depois desse pequeno discurso, Severus pediu que eu o acompanhasse. Eu estava completamente eufórica para ficar sozinha com ele. Antes de dormir, na noite anterior, eu havia decidido que, se eu tinha apenas dois anos até meu casamento, eu aproveitaria cada momento até lá. Fomos até uma sala completamente vazia que eu nunca havia visto antes. Snape fechou a porta barrando qualquer som ou atividade que passasse do lado de fora, nos deixando completamente isolados.

– Antes de começarmos, se a senhorita não se importar, gostaria que nos tratássemos por nossos primeiros nomes. – ele disse de costas para mim, sua voz ecoando nas paredes lisas da sala.

– Sem problema, Severus – disse rapidamente, apreciando o som de seu nome ao sair pela minha boca em sua presença pela primeira vez.

– O Lorde das Trevas – Severus começou, afastando-se de mim – já explicou o que faremos aqui. Espero que a senhorita me conheça bem o suficiente para saber como ensino. Vamos seguir as mesmas regras de Hogwarts. Eu já sei como você se sai nas matérias escolares, então hoje começaremos com a teoria. Daqui a três dias vou me encontrar com Albus Dumbledore, e se tudo correr como planejamos, você será minha aprendiza esse ano. Aproveitaremos esse tempo para, alem de fazer as poções, treinar você.

– Entendido. – falei quando ele ficou em silêncio.

– Sua magia é forte. Sei disso por você ser filha de quem é, e por que posso sentir seu poder emanado de você. Vou te ensinar a controlar tudo o que você tem, e como usar seu poder sem que isso te deixe fraca.

– Mas a primeira coisa que quero te ensinar, é confiança. – estranhei as palavras, e ainda mais ele ter se aproximado tanto. Estávamos a menos de dois pés de distância.

Eu podia sentir sua respiração compassada e seu cheiro forte de almíscar. Minhas pernas ficaram moles, e eu me afastei alguns passos para poder me escorar na parede. Seria vergonhoso demais ter que explicar se eu perdesse o equilíbrio.

– Desde a primeira vez que te vi, eu soube quem você era. – mais uma vez ele segurou minha mão esquerda, me dando um frio na barriga, e traçou minha cicatriz. – Eu não podia demonstrar, pois se o velho percebesse qualquer coisa ele ficaria desconfiado, e todo o plano iria por água abaixo. Nunca te tratei como você merece. Algumas vezes devo ter te magoado. Não vou pedir que se esqueça disso, mas quero que você me mostre como conquistar sua confiança. Ela será necessária, principalmente quando começarmos a duelar e quando eu for te ensinar técnicas de outras lutas.

Bobo! Uma parte da minha consciência sussurrou para mim. Ele não precisava conquistar nada. Escondi o sorriso que brotava em meus lábios, torcendo para que ele não tivesse percebido.

– Podemos trabalhar nisso – respondi simplesmente, não querendo parecer muito desesperada.

Ele sorriu e soltou minha mão, deixando-me com um sentimento horrível de perda.

– Vou testar sua mente estratégica. – ele fez um gesto com a mão, e uma mesa quadrada acompanhada por duas cadeiras apareceu no centro da sala. Severus fez um gesto para eu me aproximar, e apenas quando me sentei foi que reconheci os objetos que estavam ali.

– Xadrez? – pedi apavorada.

Ele riu. Ele riu!

– Não me diga que a senhorita sabe-tudo não sabe jogar xadrez? – uma sobrancelha levantada e seu maior ar de desdém. Severus Snape estava fazendo uma piada? – Vamos Hermione. Eu tenho meus momentos. Também sou humano, não sou?

Não pude responder. Sentar quieta a uma mesa de distancia de Severus e ouvi-lo dizer meu primeiro nome com a maior naturalidade era impossível. Devia ser impressão minha, mas ao falar, parecia que ele estava reverenciando meu nome, não apenas dizendo. Cada letra dita carinhosamente e sem pressa, como se fosse um prazer, ou uma tortura...

Saí da minha linha de pensamentos apenas para me deparar com um sorriso perfeito em seu rosto. Envergonhada e sem saber o que dizer, olhei para baixo. As peças brancas estavam distribuídas na minha frente. Sem ousar olhar para cima, ordenei a primeira coisa que me veio à cabeça.

– Peão na E4.

Continuamos a jogar, mas não demorou muito para que Severus ganhasse. Eu sempre fui uma negação para esse jogo.

– Parece que terei mais trabalho do que imaginei inicialmente.

– Não se preocupe Severus. Eu aprendo rápido.

It's funny how some distance makes everything seem small/ É engraçado como alguma distância faz tudo parecer pequeno
And the fears that once controlled me can't get to me at all/
E os medos de que uma vez me controlaram não podem me alcançar
It's time to see what I can do/
É hora de ver o que posso fazer
To test the limits and break through/
Para testar os limites e ir além
No right, no wrong, no rules for me/
Sem certo, sem errado, não há regras para mim
I'm free/
Eu sou livre

Eu não estava mentindo. Depois de mais algumas aulas, e boas horas de treino, aprendi todas as regras do xadrez. Não era difícil, ao contrario, era muito óbvio. Meu maior problema era adivinhar os movimentos que Severus faria, mas ele disse que nunca havia perdido uma partida de xadrez, então eu não estava me sentindo tão ruim.

Como meu pai disse que aconteceria, Dumbledore ficou extasiado quando Severus me escolheu como aprendiza. Palavras do velho – o que a convivência não faz, já estou chamando o diretor da minha escola de velho – “Severus não podia ter feito uma escolha melhor. E desde que a Senhorita Granger está tão próxima a Harry, será ótimo mantê-la envolvida nos assuntos da Ordem.”

O passar dos dias estava me fazendo muito bem. Eu estava tão distraída e ao mesmo tempo focada em minhas aulas e conviver com minha família, que deletei completamente o ocorrido de antes das aulas acabarem. Analisando com calma, eu vi como estava sendo boba ao me importar com a opinião dos outros. Eu podia ver o quão inundada por mentiras foi essa fase da minha vida, mas era exatamente isso: uma fase que agora eu já superei. Superei tanto que, uma noite, me voluntariei a continuar agindo com Potter e sua turma como se nada tivesse acontecido.

Todos disseram que eu não precisava passar por aquilo, mas eu queria ajudar, fazer alguma coisa para acabar com aquilo de uma vez por todas, e que meio melhor de fazer isso do que sendo a melhor amiga de Harry Potter? Na mesma noite mandei uma carta ao Potter e outra ao Weasley dizendo que estava morrendo de saudades, que mal podia esperar para vê-los e blá, blá, blá, mas que infelizmente meus pais queriam viajar para a Austrália, e eu não tinha duvidas de que esse seria o último momento possível para passar um tempo com eles antes que a guerra começasse de verdade. Eu nunca me senti tão livre como ao ver a coruja se afastar de mim, levando as cartas que continham uma das maiores mentiras que eu já contei.

No dia seguinte recebi um bilhete de duas linhas dizendo que Harry estava na Toca, que todos estavam com saudades, mas que eu estava certa e devia aproveitar todo o tempo possível com meus pais.

Minha reação ao ler aquilo foi rir. Severus, tio Lucius e Draco, que estavam na biblioteca comigo, olharam curiosos para mim. Eu apenas neguei, caminhei para a lareira e queimei a “carta”. De alguma forma eu sabia que Severus foi o único que percebeu a lágrima que escorreu por meu rosto.

Let it go, let it go/ Deixe ir, deixe ir
I am one with the wind and sky/
Eu sou um com o vento e o céu
Let it go, let it go/
Deixe ir, deixe ir
You'll never see me cry/
Você nunca vai ver me chorar
Here I stand and here I'll stay/
Aqui estou e aqui eu ficarei
Let the storm rage on/
Deixe a tempestade de raiva acender

Apesar de ter corrido a maior parte do caminho da biblioteca até meu quarto, ao abrir a porta, meu rosto já estava mais uma vez marcado pelas lágrimas. Deixei meu corpo escorregar rente a uma das paredes até eu estar sentada no chão.

Jurei a mim mesma que aquela era a última vez que eu chorava por causa daqueles idiotas. Eu estava tão bem! Minha reação ao ler a resposta sem sentimentos que Potter e Weasley mandaram só comprovou que eu não estava tão blindada contra a dor como imaginei que estaria.

Aos poucos a dor se transformou em raiva.

Ouvi a porta se abrindo e congelei. Não queria que ninguém me visse naquele estado. Tentei secar meu rosto com a manga da blusa que eu usava, mas duvido que tenha obtido algum resultado.

Um corpo sentou-se ao meu lado. Eu não precisava olhar para cima para saber quem era, eu sempre reconheceria sua presença. Ele me abraçou, pendendo meu corpo para o lado, em direção ao seu peito. Acabei voltando a chorar em seu ombro, dessa vez sem saber o motivo, enquanto ele corria uma mão por meu cabelo, e com a outra traçava padrões imaginários em minha cintura.

Acalmei-me um pouco depois, mas não tive forças para me separar de seu corpo. Eu me sentia tão segura e protegida, exatamente como em meu pesadelo, antes de ser tirada dos braços da pessoa que estava comigo. Claro que era ele.

– Você está nos meus pesadelos – me peguei dizendo e ele enrijeceu atrás de mim. Apressei-me em explicar. – Eu estou com medo, mas então tem alguém comigo nesses sonhos, e quando ele me abraça, o medo passa, mas então eu estou sozinha novamente, e é quando eu começo a gritar. Era você quem estava comigo.

– Como você pode ter tanta certeza? – Severus perguntou mais relaxado.

– Porque estou me sentindo agora, em seus braços, da mesma forma que me senti quando era pequena e você me protegeu do que quer que tenha acontecido naquela noite. – respondi com a boca próxima a sua orelha.

– Eu sempre estarei aqui para você, Carinho.

Já estava convencida de que um clima estranho iria se instalar entre mim e Severus depois daquele dia, mas para minha felicidade, quando eu o vi pela primeira vez, dois dias depois, ele me tratou da mesma forma de antes, como se nada tivesse acontecido no meu quarto.

Era muito idiota de minha parte querer que ele me abraçasse novamente? Claro que sim. O que um homem 20 anos mais velho, bonito – Severus não era um deus grego, mas também não era de se jogar fora – e inteligente podia querer comigo?

Balancei a cabeça, espantando os pensamentos ligados a Severus. Mamãe e tia Ciça estavam me dando algumas aulas que Severus se recusava a me dar, como feitiços para o cabelo e maquiagem, e coisas mais femininas. Minha mãe ficou louca quando descobriu que eu não era mais virgem. Como sempre minha tia apenas ria da indignação da irmã. No fim, acabei tendo que contar as duas como foi, nos mínimos detalhes. Nunca havia ficado tão envergonhada, e foi uma boa ideia não mencionar Draco. Eu provavelmente sairia morta do meu quarto.

Nós três fomos a algumas missões de compra, onde meu armário foi totalmente reformado. Bella estava disposta a recuperar todo o tempo que perdeu da minha companhia. Ela queria saber tudo o que aconteceu comigo, e eu respondia suas perguntas com um sorriso no rosto.

Quando chegou o aniversario de Harry, mandei-lhe um presente e uma carta gigante, cheia de rasgação de seda, dizendo o quanto eu queria estar com ele, e como eu estava com saudades, além de um parágrafo apenas desejando um ótimo aniversário.

Draco conseguiu, mesmo ainda não tendo uma Marca Negra, uma missão de meu pai. Ele teria que consertar o armário sumidouro que havia na sala precisa para permitir que alguns Comensais entrassem em Hogwarts. O primeiro passo do plano do meu pai era matar Dumbledore. Severus iria dizer ao velho que Draco havia recebido a Marca, como forma de punição por Lucius não ter conseguido pegar a profecia no Ministério, e que meu primo recebeu a missão de matar o diretor.

Era incrível como Tom parecia conhecer tão bem Albus Dumbledore. Ele tinha certeza que o velho ficaria com pena da alma pura de Draco e faria alguma coisa. Severus chegou a criar uma lembrança – não me perguntem como ele fez isso – de tia Ciça implorando a ele para proteger Draco, e um voto perpetuo entre eles.

Uma noite eu estava treinando magia sem varinha com meu professor, quando um patrono em forma de fênix entrou na sala, requisitando a presença de Severus na escola. Snape me pediu para avisar meu pai onde ele estava indo, e desaparatou. Eu nunca havia visto meu pai com tanta raiva como no dia seguinte.

Severus disse que Dumbledore estava morrendo. Ele havia usado um anel, provavelmente amaldiçoado, que estava corroendo seu corpo. O velho havia conseguido retardar o progresso da maldição, mas nada parecia capaz de curá-lo. Quando meu pai ficou sabendo que o diretor destruiu o anel, ele literalmente explodiu a sala de estar, onde estávamos.

Com um aceno de sua varinha, tudo voltou ao lugar. Ainda querendo matar ou torturar alguém, meu pai explicou a mim e a Severus o que aquele anel significava. Eu nunca havia ouvido falar em horcruxes, e fiquei verdadeiramente espantada com elas e seu significado. No fim, papai acabou convocando todas as suas horcruxes que eram, além do anel e do diário que possuiu Gina no meu segundo ano, a taça que ele havia me enviado quando sai de férias, um belo medalhão de Slytherin, o diadema perdido de Havenclaw e sua cobra, Nagine. Ele protegeu todos os objetos com os mais fortes e poderosos feitiços, deixando-os em um cofre em seu quarto na mansão, e no lugar em que cada objeto estava foi colocado uma imitação totalmente perfeita.

Depois disso Severus intensificou ainda mais minhas aulas de Oclumência, e começou a me ensinar Legilimência. Como meu pai previu, assim que Severus contou ao velho sobre Draco, Dumbledore fez Severus prometer que ele não permitiria que a alma do garoto fosse corrompida, e que o próprio Snape o matasse quando chegasse a hora. Foi uma notícia boa o suficiente para apaziguar os nervos de meu pai.

Agosto já transcorria quando meu pai decidiu que iria me apresentar a todos os seus Comensais antes das aulas voltarem. Para minha mãe essas palavras eram sinônimas de festa. Por isso, dia 30 de agosto iríamos comemorar meu aniversário.

Pierre era um bruxo francês, e o melhor estilista que eu já havia visto. Eu e Severus treinávamos duelo na primeira vez que eu o vi. Meu cabelo estava mais armado que o normal, eu suava e meu rosto devia estar vermelho pelo esforço. Severus não me dava tempo para descansar, e apesar de a essa altura eu já estar mais resistente, ainda era impossível eu sair ilesa de alguma de nossas seções de duelo.

Naquele dia em particular, quando mamãe entrou na sala de treinamento com Pierre, eu havia acabado de conseguir derrubar Severus no chão, mas quando a porta se abriu, eu virei para ver quem era, e acabei sendo puxada por um feitiço, que me fez cair em cima do corpo de Severus.

– Nunca vire as costas para seu inimigo até ter certeza de que ele está morto – ele disse em meu ouvido, deixando meu corpo instantaneamente derretido por sua voz.

– Les deux grand ensemble – o homem disse para minha mãe, mas consegui ouvir claramente.

Senti o corpo de Severus mexendo em baixo de mim, movimentos típicos de uma risada mal escondida. Ele nos colocou de pé e se afastou de mim.

– Contrôler jusqu'à Pierre! Elle ne sait rien. – mamãe respondeu enquanto eu me aproximava.

– Eu não falo francês – resmunguei olhando para minha mãe.

– Nenhum problema, mon cher – Pierre disse com um leve sotaque e beijou minha mão. – Vou interromper seu treino. Tenho que deixar nossa Princesse parfaite para seu aniversarie. – o bruxo continuou, misturando um pouco do Francês com o Inglês, mas nada a ponto de eu não entendê-lo.

– Il sera impossible de la rendre plus belle. – Severus disse atrás de mim. Eu sabia que ele havia falado em francês de propósito para que eu não entendesse.

– Je vais devoir faire l'impossible alors. – Pierre respondeu sorrindo, e animadamente me puxou para fora da sala.

Não preciso dizer que a troca de palavras entre eles me deixou curiosíssima.

Passei o dia na companhia de Pierre e de minha mãe. Chegamos a um estúdio provisório que haviam armado em um quarto, e eu fui empurrada para um banheiro para tomar banho. Ao sair do chuveiro, encontrei apenas um robe e uma espécie de pantufa (http://www.polyvore.com/sleep/set?id=126140032). Como eu estava sem minha varinha, não pude conjurar outras roupas e acabei vestindo aquilo, mesmo sendo algo que eu nunca usaria, principalmente não na frente de alguém que eu havia acabado de conhecer.

– Já sabemos que vermelho combina com você – disse Pierre ao me ver – Mas não para seu aniversário. Peut-être que certaines parties de la lune de miel.

– Por que você sempre volta a falar em francês? É irritante não entender o que estão falando de mim – briguei irritada por nunca ter tido vontade de aprender aquela língua.

– Desculpe mon cher. – Pierre disse, mas durante o dia ele soltou vários comentários em sua língua materna.

Pierre me mostrou um álbum completo com croquis, dizendo para eu escolher os que eu mais gostei. Foi uma tarefa difícil. Cada vestido era mais lindo que o outro. Com a ajuda do meu estilista e de minha mãe, selecionamos oito vestidos. Em seguida fui envolta nos mais variados tecidos. Pierre se recusou a usar algo inferior a seda, “Minha princesa merece o melhor que há nesse mundo”. Eu ri de suas palavras, mas não podia estar mais feliz em ser mimada assim. Esse foi um novo lado meu que descobri. Segundo o francês, meu tom de pele combinava com prata, azul celeste, verde oliva, preto, vermelho e branco, mas os três últimos não eram apropriados para a ocasião.

Deixei facilmente as escolhas na mão dele, sabendo que Pierre tinha um ótimo sendo de moda. Não me decepcionei quando, quatro dias antes de minha festa, ele voltou à mansão trazendo consigo meus vestidos. Minha mãe estava ocupada com uma reunião de emergência dos Cavaleiros de Walpurgis, então tia Ciça me ajudou na escolha final.

Provei cada vestido, com seus respectivos sapatos e acessórios. A cada troca Pierre me fazia rodar e desfilar. Ele e Narcisa teciam criticas e elogios para cada novo vestido, e ajustes eram feitos, tornando-os ainda mais perfeitos para mim.

Se eu estivesse sozinha, provavelmente não conseguiria escolher qual era mais bonito, e qual eu usaria. Felizmente eu tinha companhia.

– Diamantes – tia Ciça disse quando eu coloquei um dos vestidos azuis. Pierre veio até mim com seu estoque de pedras preciosas, e começou a trabalhar com diamantes do meu busto até a cintura.

Quando ele se afastou e eu vi meu reflexo no espelho, fiquei abismada.

– É esse – eu disse encantada. Os dois concordaram, e minha tia me ajudou a tirar o vestido. – Obrigada Pierre. É perfeito.

– Non me agradeça mon cher. É uma honra trabalhar para você.

Os dias que faltavam para a festa passaram rapidamente. Eu estava feliz e animada, apesar de um pouco ansiosa, mas não tive tempo de pensar ou me preocupar com nada, pois minha mãe me arrancou da cama logo cedo e me entregou a três moças que iriam me preparar. Banho com poções calmantes, massagem, hidratação no cabelo, tintura, comidas leves, mão, pé, maquiagem, penteado, lingerie, sapato e por fim meu vestido e os acessórios. Se fizeram tudo isso para meu aniversário de 17 anos, eu não podia imaginar como seria no meu casamento.

Pela primeira vez a ideia de casamento não me embrulhou o estomago, mas como poderia quando eu me sentia tão poderosa? Além das três bruxas, eu não vi ninguém durante todo aquele dia, mas quando fui deixada sozinha, não pude deixar de me sentir mais calma.

Arrumando minhas luvas de renda, admirei-me mais uma vez, feliz com o resultado (http://www.polyvore.com/movies/set?id=113459384). Minutos depois ouvi um estralo, e Maya estava atrás de mim.

– My Lord mandou Maya dizer que está na hora. – a elfa disse fazendo uma reverencia – A senhorita Hermione está muito bonita mesmo.

Agradeci o elogio, e segui Maya até o salão de festas. Parei atrás da porta e fechei os olhos tentando me concentrar. O momento chegou, e o medo finalmente surgiu. Medo? Talvez nervosismo, o medo será apenas quando eu voltar para Hogwarts em dois dias. Posso ouvir muitas vozes, mas é impossível definir o que estou ouvindo já que todas as conversas se misturam por cima da musica.

Finalmente ergo a cabeça e começo a entrar no salão. Em segundos as conversas param e todos estão me encarando. Concentro-me na musica para impedir que meu nervosismo se mostre, e sou instantaneamente chocada em como aquela musica descreve o que estou sentindo.

My power flurries through the air into the ground/ Meu poder varre através do ar para o solo
My soul is spiraling in frozen fractals all around/
Minha alma coberta em uma espiral de fractais
And one thought crystallizes like an icy blast/
E um pensamento cristaliza como uma rajada de gelo
I'm never going back, the past is in the past/
Eu nunca vou voltar, o passado está no passado

Era impossível contar quantas pessoas havia lá, mas todas estavam me observando em silêncio enquanto eu descia as escadas. Conforme me aproximei da multidão, pude ouvir alguns comentários sussurrados. “Quem é ela?” “Ela é linda!” “Quantos anos será que tem?” “Espera! Não é aquela amiga do Potter? A sangue-ruim?”.

Ignorei todas as palavras e atravessei o salão indo diretamente para a mesa onde meus pais estavam sentados. Junto a eles estavam os Cavaleiros de Walpurgis e suas respectivas famílias.

Enquanto andava, entendi completamente que aquele era o meu lugar. Eu podia sentir minha magia ao redor de mim, e sabia que as pessoas também podiam senti-la, e elas ficavam encantadas com alguém possuir tanto ou até mais poder que seu Lorde. Sem saberem quem eu era, eles me respeitavam. E era incrível ter consciência de que qualquer um deles faria o que eu mandasse.

Eu compreendi por que meu pai gostava tanto de estar onde ele estava. Era incrível estar no topo, e agora que eu conhecia a sensação, nada me tiraria dali. Sorrindo tive certeza que eu estava pronta. O passado não importava mais. A vida que eu tive não ia voltar, e eu estava feliz por isso. O futuro estava apenas começando.

Tremi levemente com o pensamento de que em algum lugar do salão existe algum espião de Dumbledore, mas logo espanto esse pensamento. O único espião ali era Severus Snape, que no momento não tirava os olhos de mim. Sorri encabulada e parei em frente ao meu pai.

Papai levantou-se e segurou minha mão em um aperto firme. Quando olhei em seus olhos vi que ele perguntava silenciosamente se estava tudo bem, e se ele devia continuar com tudo isso. Acenei firmemente e então ele nos virou para que todos os presentes pudessem me ver. Com um feitiço ampliando sua voz ele disse:

– Vocês vieram aqui essa noite sem saber o motivo. Nesse momento vos esclareço: 18 anos atrás, grande parte dos senhores presenciou meu casamento com sua Senhora, Bellatrix. Agora vos apresento nossa filha, a Herdeira de todo meu Legado, que completa 17 anos dentro de alguns dias. Hermione Black Riddle. – Dei um passo à frente e todos aplaudiram entusiasmados. Quando os Comensais se acalmaram meu pai voltou a dizer – Assim como acontece com minha união com Bellatrix, um feitiço impede que qualquer um de vocês fale sobre a existência de minha filha com alguém que não possua a Marca Negra. Agora, aproveitem a festa!

Sentei na cadeira vazia ao lado de meu pai, e fui rapidamente apresentada às esposas e filhos daqueles Comensais. As mulheres começaram a me encher de perguntas, e por sorte mamãe fez todas ficarem quietas.

Depois do jantar, que foi composto por uma variada seleção dos pratos mais requintados do mundo bruxo, o volume da musica aumentou levemente, e alguns Comensais vieram me cumprimentar e falar com meu pai. Não vou mentir, em pouco tempo fiquei entediada.

– A senhorita me da à honra dessa dança? – Severus estava atrás de mim com a mão estendida.

Sem olhar para meus pais, para não saber se devia ou não negar, coloquei minha mão encima da sua, e deixei que ele me conduzisse ao centro do salão. Deslizei minha mão esquerda até seu ombro enquanto ele segurava fortemente minha cintura, me levando para mais perto de si, e entrelaçava seus dedos na minha mão direita.

Severus me conduziu perfeitamente, rodando por toda a pista, e a primeira musica acabou muito antes do que eu considerava saudável. Não me separei dele, e para minha felicidade, quando a próxima musica começou, Severus continuou a dançar comigo.

– Parece que terei que agradecer a Pierre. – Levantei o olhar, pela primeira vez encarando seus olhos negros, e me perdendo em sua profundidade – Ele conseguiu cumprir a promessa.

– Que promessa? – pedi ainda perdida em seus olhos. Ele fez um movimento negativo com a cabeça.

– Você está muito mais linda do que normalmente é Hermione.

Abaixei a cabeça e fechei os olhos. Eu sabia que estava corada de mais. Ele me torturava dizendo essas coisas, e mais do que nunca em minha vida eu quis beija-lo. Ele levantou meu rosto sem soltar de minha mão, e mesmo sabendo que estava vermelha, não desviei mais o olhar.

– Não tenha vergonha de receber elogios Carinho.

Mordi meu lábio inferior na vã tentativa de conter um sorriso bobo. Quando vi que meu esforço não estava obtendo resultado, me permiti sorrir de verdade.

– Obrigada Severus.

Ele sorriu e beijou minha testa sem pressa alguma. Tremi com a sensação de sua boca encostando em meus rosto, e dessa vez não desejei que ele levasse-a mais para baixo. O carinho e a confiança que emanavam do gesto eram tudo o que eu precisava.

– Posso? – papai pediu quando aquela musica acabou, Severus me entregou ao meu pai e nós dois começamos a dançar. – Como você está?

Sorri vendo claramente os sinais de preocupação e apreensão em seu rosto.

– Eu estou bem papai – respondi a mais pura verdade. – Nunca imaginei que pudesse ser tão feliz. O senhor não precisa se preocupar, eu não vou deixar você ou a mamãe.

– Não estou preocupado em você nos deixar. Estou preocupado que você só esteja fazendo isso por obrigação, e eu nunca te obrigaria a fazer algo que você não quer. Eu te amo muito minha filha, e eu só quero que você seja feliz. Sei que não sou o melhor pai do mundo, mas você é a pessoa mais importante na minha vida.

– Você pode não ser o melhor pai do mundo, mas é o melhor pai para mim. Eu te amo. Muito. E tudo que eu estou fazendo é por que eu quero. Potter e Weasley apenas impulsionaram minha decisão, mas eu me conheço bem o suficiente para saber que eu nunca viraria as costas para minha família.

“Eu nunca me senti tão feliz como nesse tempo que fiquei com vocês. Pela primeira vez na minha vida eu posso ser quem realmente sou, e eu gosto disso. Sou filha de Tom e Bellatrix Riddle, dois dos bruxos mais poderosos de toda a historia. Não sou perfeita, mas tenho orgulho de quem sou.”

“Eu estarei ao seu lado até o final meu pai. E não me arrependo de minha decisão.“

Let it go, let it go/ Deixe ir, deixe ir
And I'll rise like the break of dawn/
E eu vou ascender como o amanhecer
Let it go, let it go/
Deixe ir, deixe ir
That perfect girl is gone/
A menina perfeita se foi
Here I stand in the light of day/
Aqui estou à luz do dia
Let the storm rage on/
Deixe a tempestade de raiva acender
The cold never bothered me anyway/
O frio nunca me incomodou de qualquer maneira


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Notas finais do capítulo

Para quem estiver interessado, a tradução das frases em francês. Eu não falo essa língua, então, se houver algum erro, culpem o Google tradutor.

— Os dois ficam muito bem juntos – o homem disse para minha mãe, mas consegui ouvir claramente.

Senti o corpo de Severus mexendo em baixo de mim, movimentos típicos de uma risada mal escondida. Ele nos colocou de pé e se afastou de mim.

— Controle-se Pierre! Ela não sabe de nada. – mamãe respondeu enquanto eu me aproximava.

— Será impossível deixá-la mais bela. – Severus disse atrás de mim. Eu sabia que ele havia falado em francês de propósito para que eu não entendesse.

— Terei que fazer o impossível então. – Pierre respondeu sorrindo, e animadamente me puxou para fora da sala.

— Já sabemos que vermelho combina com você – disse Pierre ao me ver – Mas não para seu aniversário. Talvez algumas peças para a lua de mel.



Desculpem a demora para postar esse capítulo, eu já estava com ele pronto há alguns dias, mas estava viajando e quando cheguei em casa descobri que meu computador não estava funcionando...
Obrigada a todas pelos comentarios no último capítulo, principalmente aos fantasminhas que se manifestaram. Adorei ler o que vocês escreveram. Se contei certo, o resultado da votação ficou: A- 10, B- 3, C- 12. Mais para frente explico como o final vai ocorrer já que a opção C (ou seja, as duas alternativas de final que dei a vocês) ganhou.
O próximo capítulo será POV Severus, e já estou com ele pronto. Quem sabe até o final de semana já posto para vocês...
Até mais,
Kisses