Don't be fear of the darkness escrita por ABNiterói


Capítulo 14
Capítulo 12 - parte 1


Notas iniciais do capítulo

Em primeiríssimo lugar, obrigada a Lady of Darkness pela recomendação, amei! Esse capítulo é dedicado a você.
Em segundo, chegamos a 100 comentários! o/
Terceiro, como esse capítulo estava ficando muito grande, dividi ele em dois. Ainda não terminei de escrever a segunda parte, mas como estou indo viajar sábado, não tenho certeza de quando vou conseguir postar.
E, por fim, suas ideias foram anotadas. Obrigada por todas elas!

*** Ler as notas finais! ***



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*** Ler as notas finais! ***

No último capítulo...

“Não chore por quem não merece suas lágrimas. Potter e Weasley são idiotas. Nunca serão capazes de ver uma fração de quem você é. Não se deixe levar pelo que eles falam e fazem. As palavras de inferiores não podem te fazer sofrer. Há pessoas que te amam de verdade, que morreriam por você. Não deixe que quem apenas te usa também te quebre. Você não tem noção do que é capaz. Não são todos que entram em nossas vidas para nos fazer bem, e menos pessoas ainda merecem nossas lágrimas. Só seu coração pode te dizer quem realmente se importa com você. Confie nele Hermione. Um dia, quem sabe, ele te traga até mim.”

Capítulo 12 – parte 1

POV Hermione

Com muito esforço consegui agir normalmente perto dos meus supostos amigos até o último dia de aula. Os gerânios que recebi ainda não haviam murchado, mas mesmo assim executei um feitiço de estase para que eles permanecessem vivos. Aquelas flores me traziam uma sensação de conforto imensurável. No momento, elas estavam cuidadosamente guardadas em uma bolsa de mão, que descansava em meu colo, enquanto eu lia o Profeta Diário no Expresso de Hogwarts, fazendo o máximo para ignorar os outros habitantes da cabine. Junto às flores, havia apenas a minha varinha e a carta que recebi.

Mesmo tentando todos os feitiços de identificação que eu conhecia, não consegui descobrir que me enviou aquelas palavras. A caligrafia havia sido adulterada por um feitiço. Algo me dizia que quem escreveu a carta era alguém que eu conhecia e gostava muito, mas eu não fazia ideia de quem podia ser.

No dia seguinte ao que ouvi a conversa de Harry, Ron, Gina e Neville, fui me encontrar com Draco. Contei a ele o que aconteceu, e meu primo quis mais do que nunca azarar os grifinórios. Mostrei a ele a carta, e apesar de também não saber quem podia ter escrito aquilo, Draco concordava com cada palavra. Passamos um bom tempo conversando – apenas conversando – e meu priminho me aconselhou a não fazer nada impensado; a não mostrar que eu sabia o que eles pensavam de mim. Por esse motivo é que eu estava com meus “amigos” agora.

Eu mandei um bilhete para meus pais (Bellatrix e Tom) dizendo que estava indo para a casa dos meus pais trouxas para explicar a eles a verdade, e que depois gostaria de vê-los. Papai me respondeu poucas horas depois, dizendo que era para eu tomar o tempo que precisasse com os trouxas, que não era para eu ligar para qualquer coisa que os traidores de sangue dissessem – como ele ficou sabendo sobre isso é um mistério – e também me enviou uma taça que continha o símbolo de Hufflepuff, dizendo que quando eu estivesse pronta para vê-los, eu devia dizer a taça, que ela se transformaria em uma chave de portal e me levaria a Mansão Malfoy.

Saindo de minhas lembranças, vi que Lilá estava sentada no colo de Ron, os dois praticamente se comendo enquanto os outros conversavam normalmente. Revirando os olhos, peguei minha bolsa e corri para fora da cabine, querendo espaço entre mim e eles. Segui para a cabine dos monitores, torcendo para ela estar vazia. Para minha infelicidade, ao abrir a porta me deparei com Draco se agarrando com Astoria Greengrass, uma sonserina do terceiro ano.

A menina pulou para longe de Draco, ficando completamente vermelha, e passou correndo por mim, em direção ao corredor.

– Desculpa – disse a Draco, me jogando na confortável poltrona da cabine.

– Herms... – meu primo começou, mas fiz um sinal para que ele parasse com a desculpa.

– Não é como se nós dois tivéssemos algo sério. Eu te amo, Draco. Mas como meu primo, parte da minha verdadeira família, e apenas assim. Ambos sabemos que vamos nos casar com quem nossos pais quiserem. O que tivemos foi apenas diversão.

– Assim você quebra meu coração! – ele respondeu dramático enquanto vinha se sentar ao meu lado e me abraçava. Revirei os olhos, batendo em seu ombro levemente. – Como você está?

– Além de morrendo de raiva, e me segurando a cada instante para não azarar ninguém? Estou curiosa para saber quem me mandou aquela carta, ansiosa para contar a verdade a Jean e Paul, torcendo para meu aniversário chegar e eu fazer 17 anos logo, confusa sobre as decisões que tenho que tomar nessas férias... Quer que eu continue?

– Não, não precisa – ele riu. – Não esquece que eu estarei sempre aqui quando precisar.

– Que fofo! – brinquei apertando as bochechas dele. – Obrigada Dray!

Passamos alguns minutos em silêncio, cada um imerso em seus pensamentos, até que um sorriso malicioso surgiu em meu rosto.

– Astoria? Sério Draco? Ela não é muito nova? – provoquei.

– Só dois anos a menos que nós – meu priminho respondeu, tornando-se imediatamente uma bola vermelha, de tão corado que estava. Levantei uma sobrancelha. – Eu gosto dela. De verdade. Não é só ficar e aproveitar. Eu conheço Astoria desde que ela nasceu, e acho que eu sempre gostei dela. Era mais inocente antes, sabe? Brincávamos juntos e essas coisas de criança, mas então, no ano novo, quando fomos ao baile do Ministério, ela estava tão linda! E não era mais uma criança... Fiquei morrendo de desejo. Você não imagina minha surpresa quando ela retribuiu o beijo agora a pouco. Pensei que fosse me dar um tapa na cara... Eu estou apaixonado Herms! – sério? Eu ri. Estava na cara que Draco amava mesmo aquela garota. – Eu ainda vou convencer meu pai a me fazer casar com ela...

– Se você quer mesmo isso, acho que você devia ir atrás dela. Do jeito que Astoria saiu daqui, ela está morrendo de vergonha. Se você a fizer guardar segredo, eu até te deixo contar que sou sua prima, apenas para te ajudar a explicar a ela por que a sua demora.

– Obrigado Herms! – ele gritou animado, deixou um beijo em minha testa e correu atrás da sonserina.

Fiquei feliz por ele, e como as coisas pareciam fáceis. Queria que fosse assim comigo.

Apenas voltei para minha cabine quando já estávamos chegando à estação.

– Não acredito que você ficou com ciúmes do Ron e da Lilá – disse Harry enquanto eu pegava minha mala.

– Quê? Não! – respondi indignada.

– Não minta Hermione. Todos nós vimos você sair correndo quando eles começaram a se beijar. – Potter continuou.

Não me dediquei a formar nenhuma resposta. Permaneci em silêncio até o trem parar, e segui os outros pela barreira para o mundo trouxa. Despedi-me rapidamente dos Weasley e de Potter, e arrastei meus pais para o carro.

– E então Mione? Como foi o ano? – perguntou Paul ao volante.

– Turbulento – respondi depois de muito pensar. – Vocês se importam de chegarmos em casa antes de eu contar tudo? Tenho muita coisa para falar.

– Claro querida – respondeu Jean. Ela e meu pai passaram a viagem falando como foi o ano deles, alguns casos engraçados de pacientes e os simpósios que eles participaram. Uma hora depois, mais ou menos, chegamos em casa. – Vá descansar. Quando a janta estiver pronta eu te chamo, e depois você tem a noite toda para nos contar sobre o seu ano.

Concordei e subi as escadas para meu quarto. No primeiro ano, nas férias de natal, descobri que o rastreador não é tão potente como fazem parecer nos livros de regras da escola e do ministério. Desde que nenhum trouxa visse nada, e contanto que fossem magias inofensivas, eu conseguia usar minha varinha tranquilamente. Com algumas palavras minha mala escolar estava desfeita e cada coisa estava em seu devido lugar. Me joguei na cama e fiquei observando o teto, que há anos possuía o mesmo feitiço que o salão principal, mostrando a mim o céu do lado de fora.

Sem que eu permitisse, lembranças dos momentos que passei com meus amigos desde o primeiro ano começaram a correr por minha mente. Primeiro momentos felizes, mas estes logo foram substituídos por situações que, quando aconteceram, eu não dei atenção. Estavam sempre lá, escondidos no fundo da minha mente, mas nessa hora tudo voltou como uma enxurrada. Ron várias vezes me chamando de rata de biblioteca e cabelo de vassoura. Harry dizendo ter pensado em alguma coisa brilhante, sendo que fui eu quem deu a ideia em primeiro lugar. Gina só falando comigo para dizer o quanto Harry era lindo. Neville apenas querendo ajuda em alguma lição.

Havia os momentos em que os outros Weasley me ignoravam, menos Percy, é claro. Luna parecia inventar as coisas quando estava perto de mim de propósito, apenas pare me deixar irritada. Às vezes qualquer um deles deixava de falar, ou mudava de assunto quando eu chegava perto.

The snow glows white on the mountain tonight/ A neve brilha branca na montanha esta noite
Not a footprint to be seen/
Nenhuma pegada a ser vista
A kingdom of isolation/
Um reino de isolamento
And it looks like I'm the queen/
E parece que eu sou a rainha

The wind is howling like this swirling storm inside/
O vento está uivando como esta turbulenta tempestade interior
Couldn't keep it in, heaven knows I've tried/
Não foi possível mantê-lo, Céu sabe que eu tentei

Eu devia ser muito cega mesmo para nunca ter reparado.

Eu me sentia usada, traída.

Lágrimas escorriam por meu rosto, mas eu não me importava. Abracei minhas pernas, ficando em posição fetal, e deixei que a dor tomasse cada vez mais conta de mim. Antes era fácil ignorar tudo o que eu havia ouvido, pois eu estava na escola; eu tinha que esconder de todos o que eu sentia; eu tinha Draco ao meu lado, e mais alguém que eu sabia que me amava. Mas em casa, sozinha e protegida, eu apenas não conseguia me segurar. Aquilo machucava tanto! Nunca antes pensei que palavras pudessem fazer tanto estrago... como eu estava errada. Como eu fui ingênua! Eles se aproveitaram de mim por anos, da minha inteligência e da minha bondade. Eles me fizeram amá-los e considerá-los uma segunda família.

Não sei quando comecei a gritar, apenas percebi que o fazia quando Jean e Paul entraram correndo no meu quarto. Ao ver meu estado minha mãe me abraçou e meu pai sentou ao meu lado, esfregando as mãos em minha perna.

Quando meus soluços diminuíram, passei a contar aos dois o que havia acontecido. Disse sobre os sonhos de Harry, as aulas de oclumência, a visão que Potter teve de Sirius, quando nos levei a Floresta Proibida, nossa ida ao Ministério da Magia, e por fim a conversa que ouvi.

Ao terminar, meus pais estavam possessos. Eles estavam indignados que meus amigos, aqueles que eu sempre protegi, tivessem feito isso comigo. Ouvi-los praguejar e concordar comigo apenas me deixou pior, e me fez voltar a chorar. Jean disse que ia terminar de fazer o jantar, e Paul me abraçou e ficou mexendo em meus cabelos.

Com o carinho que recebia e em meio às lágrimas, dormi. Depois de tanto tempo, estava tudo escuro novamente. Eu me sentia tão pequena, e eu estava sozinha e morrendo de medo. Senti que alguém me abraçou. A pessoa era muito maior do que eu, levando em conta que todo o meu corpo podia se acomodar contra o peito dele tranquilamente. Ele – eu tinha certeza que era um homem – me passava uma sensação de segurança incrível, mas algo não me deixava não ter medo. Contra minha vontade, fui separada dele. Comecei a gritar, eu não queria perdê-lo, deixá-lo. Eu precisava imensamente dele. Continuei a gritar, chamando por um nome que eu não conseguia entender. Então eu acordei.

Assustada de mais por mais uma vez ter presenciado o antigo pesadelo, sentei na cama e abracei os joelhos, me encolhendo o máximo que podia, e tentando sentir mais uma vez aquela segurança que o homem me passava.

Eu não havia parado de chorar. Agora estava tudo misturado. A dor da traição e o pesadelo. Eu preferiria morrer a continuar tendo que enfrentar tudo aquilo.

Desci as escadas sem me importar com minha aparência derrotada. Jean e Paul estavam em silêncio na cozinha enquanto arrumavam a mesa.

– Já acordou Mione? – meu pai perguntou ao me ver escorada na porta.

– Pesadelo – respondi simplesmente.

Jean deixou um beijo em minha cabeça. – Sente. Vamos comer enquanto você se acalma. Depois quero saber as coisas boas que aconteceram esse ano com você.

Fiz o que ela disse. Como era nosso costume, comemos em silêncio. Depois nos dirigimos à sala, onde meus pais se sentaram confortavelmente no sofá, e eu me acomodei em uma poltrona de frente para eles. Comecei contando sobre Umbridge. Não era exatamente algo bom, mas mos rendeu algumas gargalhadas, e fez meu humor se estabilizar um pouco.

– Não sei como dizer isso, então vou ser direta. Eu menti a vocês quando disse que ia passar o feriado de final de ano com os Weasley. – eles me olharam curiosos – Eu fui para a casa dos meus pais. Dos meus pais de sangue.

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Jean, e eu corri me sentar entre eles no sofá. Contei da carta que recebi antes do primeiro passeio a Hogsmead, e de como conheci minha mãe. Contei que conversamos e que ela não era a bruxa que todos pintavam. Expliquei sobre a minha família, e o quão bem eu me senti ao abraçar meu pai pela primeira vez.

– Eu só quero que vocês saibam que eu amo vocês. – eu disse quando terminei de falar tudo o que sabia dos meus outros pais – Eu não nasci de vocês dois, mas vocês nunca deixarão de ser meus pais também. Vocês me criaram e me ensinaram a ser quem sou hoje. Isso nunca vai mudar. E não quero que vocês temam. Já falei com meu pai, Tom, e apesar da política de puro sangue dele, ele sabe o quanto vocês significam para mim. Nenhum dos Comensais fará qualquer coisa a vocês, e assim que eu for vê-los, pedirei para que alguém venha blindar a mente de vocês, para que assim ninguém possa ver nada do que conto a vocês, e para vocês dois estarem mais seguros.

– Você se preocupa de mais conosco – disse Jean ao me abraçar.

– Nós é que devíamos ter certeza de que você ficará bem, e não o contrario – Paul completou. Sorrimos.

Escondi minha dor o mais fundo que pude, e me permiti ficar apenas ali, junto aos dois. Depois de mais algumas perguntas que respondi, meu pai ligou a televisão e colocou no National Geographic. Assistimos a um documentário muito interessante sobre a história do planeta Terra. Ao voltar ao meu quarto horas mais tarde, tomei imediatamente minha poção, e era impossível eu dormir melhor.

Don't let them in, don't let them see/ Não os deixe entrar, não os deixe ver
Be the good girl you always have to be/
Seja a boa menina que você sempre teve que ser
Conceal, don't feel, don't let them know/
Oculte, não sinta, não deixe que eles saibam
Well, now they know/
Bem, agora eles sabem

Ao levantar no dia seguinte, me propus de boa vontade a acompanhar meus pais na clinica odontológica e ajudá-los no que fosse necessário. Eu não queria ficar parada e permitir que a dor que senti antes voltasse.

Quando voltamos para casa comecei a fazer as lições que os professores passaram para as férias. Como sempre, não era muita coisa, e eu sabia que logo terminaria para poder ter o resto do verão livre. Domingo, como meus pais não trabalham, fomos a um parque durante a tarde, fazer piquenique.

Conforme os dias passavam, minha dor pela traição daqueles que se diziam meus amigos se tornava cada vez mais raiva e desejo de vingança. Eu prometi a mim mesma que nunca mais derramaria uma lágrima sequer por eles. E cada um que falou mal de mim, que me insultou e me traiu, estava ainda mais perto de sua morte.

Diziam horrores sobre o Lorde das Trevas, mas nunca alguém poderia dizer que ele mentiu. Cada um de seus seguidores sabia exatamente o que estava fazendo, e por que motivo. Meu pai nunca traiu um aliado. Nunca deixou que alguém morresse sem propósito, ou sem vingança. Ao contrário dele, Albus Dumbledore manipulava cada integrante de sua Ordem da Fênix; ele deixou Harry de propósito na casa dos tios para que o menino-que-sobreviveu tivesse raiva e ódio. E como consequência, Harry transformou-se na pessoa horrível, mentirosa e mesquinha que é hoje, se achando o único herói do mundo bruxo, o salvador da nação.

Eu havia dito que só escolheria um lado depois que conhecesse bem minhas opções. Eu não tinha mais nenhuma duvida sobre o que queria. Meus pais, minha família, eles não eram perfeitos, e nunca disseram isso. Eles lutam por uma causa, uma crença. Eles têm fé que vão conseguir, e fazem o seu melhor para isso. Eu sabia que ainda havia muito que aprender sobre essa guerra, mas depois de 15 dias que fiquei com meus pais trouxas, minha decisão estava tomada. Nenhum pingo de arrependimento poderia me assolar.

Let it go, let it go/ Deixe ir, deixe ir

Can't hold it back anymore/ Não posso suportar mais
Let it go, let it go/
Deixe ir, deixe ir
Turn away and slam the door/
Viro e bato a porta
I don't care what they're going to say/
Eu não ligo para o que eles vão dizer
Let the storm rage on/
Deixe a tempestade de raiva acender
The cold never bothered me anyway/
O frio nunca me incomodou de qualquer maneira

Arrumei minha mala em alguns poucos minutos. Despedi-me de meus pais prometendo que voltaria para vê-los antes de ir para Hogwarts. Encolhi minha mala e guardei-a no bolso de minhas vestes. No último segundo resolvi guardar meus gerânios na bolsa que eu levava. Segurei a taça e deixando meu poder livre, disse que queria ir até meu pai. Tudo a minha volta começou a rodar me deixando um pouco enjoada. Assim que me recuperei, olhei para frente e vi que estava perante meus pais e mais seis homens. Tio Luc e Severus Snape apenas me encararam em silêncio, enquanto isso, os outros quatro, que eu não fazia ideia de quem eram, levantaram e apontaram as varinhas para mim.

Antes que qualquer um deles pudesse dizer alguma maldição, virei para meu pai, que me observava curioso e ansioso e disse “Eu já fiz minha escolha.” Ele sorriu verdadeiramente, mesmo estando na presença dos outros.

– Maya! – minha elfa atendeu o chamado instantaneamente – Guie minha filha até o quarto dela e tenha certeza de que ela tem tudo o que precisa. Eu e sua mãe te alcançaremos o mais breve possível, Hermione.

Acenei, e sem dizer mais nenhuma palavra, segui Maya que saltitava na minha frente enquanto passava por corredores e subia escadas. Só depois de muito garantir a elfa que eu estava bem, e que não precisava de nada, foi que consegui ficar sozinha. Aumentei minha mala, deixei-a em um canto, conjurei um vaso na mesinha de cabeceira e coloquei os gerânios. Tive tempo suficiente de relembrar onde cada coisa ficava – havia algumas/muitas roupas e sapatos para mim dentro do armário e livros em uma estante – e pude admirar a vista da minha janela tranquilamente antes que a porta voltasse a abrir.

Meus pais entraram, e Bella veio imediatamente me abraçar.

– Como você está? Maya nos contou o que Potter, Weasley e Longbottom falaram. Eu e seu pai realmente pensamos que eles eram seus amigos. – mamãe me prendeu mais forte em seus braços, e eu precisei fazer um grande esforço para me separar dela e abraçar meu pai.

– Eu estou melhor agora – respondi – E, de certa forma, isso foi bom. Agora eu sei quem eles realmente são, e eles vão pagar pelo que falaram. Eu não estava mentindo quando disse que já fiz minha escolha. Eu estou do lado de vocês nessa guerra. Até o fim.

– Você não sabe como ouvir essas palavras me deixa feliz – meu pai disse voltando a me abraçar. – Eu nunca deixaria de te amar, mesmo que no fim você escolhesse Dumbledore e Potter, mas nada me faz mais contente que saber que minha filha estará ao meu lado. Agora, eu quero te apresentar a algumas pessoas.

– Quem?

– Os homens que estavam na reunião quando você chegou – minha mãe respondeu enquanto saiamos para o corredor.

– Darei um jeito para que você aprenda tudo o que precisa saber sobre essa guerra. – papai disse ao meu lado – Por enquanto, eu tenho muitos seguidores, não apenas aqui no Reino Unido, mas em outras partes do mundo também, e chega um momento que apenas um homem não é o suficiente para controlar tantas vontades. Para isso eu tenho um circulo interno. Os sete Comensais que fazem parte dele são chamados de Cavaleiros de Walpurgis, e cada um é responsável por uma coisa. Sua mãe está ao meu lado, controlando as missões e estratégias. Severus, como você já sabe, é nosso principal espião, e Mestre de Poções. Lucius é responsável pela seleção dos novos Comensais e seu treinamento antes de prestarem o juramento e receberem a Marca Negra. Rodolphus Lestrange lidera os Comensais americanos, e seu irmão, Rabastan, os africanos. Alexander Selwyn é responsável pelos Comensais da Ásia e da Oceania, e por fim, Christopher Avery, pelos da Europa.

“Os sete são, entre todos, os que mais têm minha confiança e respeito. Cada um deles conduz sua missão da melhor forma possível. Quando você chegou, estávamos no meio de uma reunião de progresso, onde eles me informam tudo o que aconteceu no último mês. Depois continuaremos.”

Papai apenas parou de falar porque estávamos na porta da sala de reuniões. Entramos e as conversas pararam. Tom sentou-se na ponta da mesa, minha mãe ao seu lado direito, e fez um gesto para que eu sentasse na cadeira vazia, ao lado esquerdo de meu pai. Do meu outro lado estava o tio Luc, e na minha frente o professor Snape.

– Agora, mais formalmente, esta é minha filha, a herdeira de meu reinado, Hermione Black Riddle. – meu pai apresentou. Com exceção dos meus pais, os outros Comensais bradaram ao mesmo tempo “Princesa”, me deixando corada e sem saber o que fazer. Acabei optando por apenas um aceno de reconhecimento. – Onde estávamos antes que Hermione chegasse?

– Se me permite My Lord... – começou um dos Lestrange. Eu sabia quem era apenas por sua semelhança ao irmão.

Eles ficaram conversando por algum tempo, mas eu não prestei muita atenção. De vez em quando eu ouvia algo interessante e parava de divagar para entender o que estava sendo dito. Eu estava feliz por estar em casa, e queria poder fazer alguma coisa para ajudar. Quando Severus começou a falar, automaticamente meu cérebro se focou em prestar atenção em suas palavras.

– As pessoas estão começando a voltar para o lado de Dumbledore, agora que o Ministério admitiu que o Senhor está de volta. Fudge mantinha contato constante com Dumbledore, mas ainda não sabemos como Scrimgeour vai se portar agora que está assumindo a presidência. Em relação à Ordem, por enquanto estão tranquilos. Pessoalmente, arrisco dizer que estão perdidos, sem saber o que fazer ou por onde começar. – Snape falava tranquilamente, sua voz arrastando as palavras e fazendo arrepios passarem por meu corpo. – Ele tem a intenção de levar Potter para uma visita a Slughorn em alguns dias, ainda não sei precisamente quando, na esperança de que o garoto faça o professor abdicar sua aposentadoria.

– E conhecendo Horácio como conheço, ele aceitará, nem que seja apenas para conquistar Potter e levá-lo para seu clube. – meu pai suspirou – O que o velho pretende fazer com você, Severus?

– Assim que Slughorn for contratado, serei anunciado como o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.

– Ótimo! Irei apreciar muito se você for capaz de manter um olho em nosso colega, Horácio. Ele sabe de mais... E também tenha certeza de saber tudo o que se passa pela mente de Potter.

– Com prazer My Lord.

– Mais alguma informação para me dar Severus?

– Uma última. Ontem à noite Dumbledore disse que eu tenho que escolher um ajudante para o ano letivo. Além das aulas, o velho está prevendo que vou precisar de ajuda com as poções que preparo para o castelo e para a Ordem, além, é claro, que minha carga horária como espião deve aumentar esse ano. Ainda não dei uma resposta.

Meu pai sorriu e me encarou por um momento. Vi que minha mãe ficou tensa.

– Sua escolha obvia, para o velho, deve ser Draco, que além de ser seu afilhado é muito próximo a você. Mas pedirei que escolha Hermione. Dumbledore ficará feliz por você estar interagindo com alguém do “trio de ouro”, e ele sabe muito bem que Potter e Weasley não tem capacidade de aceitar um trabalho extra preparando poções.

– Tom... –minha mãe começou, mas papai fez um sinal para ela ficar quieta e continuou a falar.

– Na verdade, eu estava mesmo precisando de alguém para ensinar algumas coisas a Hermione. Ela estar de ajudando será uma desculpa perfeita para que você possa treiná-la durante o ano letivo.

– Será uma honra, My Lord – ao contrário do que pensei, Snape parecia muito contente com a missão, e não aceitou ser meu... tutor apenas para cumprir a ordem de seu lorde.

– TOM RIDDLE! – minha mãe gritou assustando a todos na mesa. Eu me impressionei por ela chamar seu nome na frente dos outros comensais, e eles pareciam tão abismados quanto eu. – Agora, você sabe muito bem a minha opinião sobre esse assunto. Existem muitas pessoas que podem ensinar Hermione. Ela é inteligente, vai aprender rápido, e temos as férias para isso. Não é necessário que ela passe mais tempo ainda ao lado de Snape...

– Bella – tio Lucius interrompeu, deixando-me extremamente curiosa para saber por que mamãe não gostava da ideia de eu estar perto de Severus. – Ao menos que vocês já estejam planejando tornar público o assunto, eu te aconselho a manter a boca calada, e discutir com seu marido em particular.

– OLHA AQUI LUCIUS MALFOY! NÃO É PORQUE VOCÊ É MARIDO DA MINHA IRMÃ QUE VOCÊ TEM O DIREITO DE FALAR COMIGO ASSIM! – será que custava alguém me explicar o que estava acontecendo para minha mãe estar com tanta raiva?

– Bellatrix! – meu pai chamou. Enquanto meus pais se encaravam, eu podia jurar que eles estavam conversando silenciosamente. Mamãe se sentou, e apesar de claramente estar se segurando para não voltar a gritar, ficou quieta. – Não vou mudar minha mente. Severus está indo para começar o treinamento de Hermione amanhã. Mais tarde conversaremos Bella, mas você sabe que já adiamos isso por muito tempo. Nossa filha faz 17 anos em dois meses.

Mamãe acenou resignada, e eu fiquei ainda mais curiosa.

– Alguém pode me explicar o que está acontecendo? Por que o professor Snape não pode me ensinar o que quer que seja, mãe? E o que tem de tão importante em eu fazer 17?

– Depois do seu aniversário, você atingirá a maioridade. – respondeu meu pai totalmente ignorando a pergunta sobre Severus. – Eu sei que pelos meses que você usou o vira-tempo no seu terceiro ano, você já possui mais de 17 anos, mas apenas no dia do seu aniversário é que seu rastreador vai parar de funcionar totalmente. E, a partir desse dia, você poderá casar.

Gelei. Eu sabia que meus pais acabariam arrumando um casamento arranjado para mim, mas não imaginei que seria tão cedo. Eu ainda tinha dois anos antes de me formar em Hogwarts. Eu ainda não havia sido capaz de superar minha paixão infantil por meu professor de poções. Professor esse que me encarava sem receio, analisando cada reação minha perante a notícia.

– Não se preocupe meu bebê. Seu pai pode ser um monstro às vezes, mas não vou permitir que você se case antes de terminar seus estudos... Ou até que você mesma marque a data do casamento. O que vier antes.

Mais uma vez me surpreendi com a reação e a intensidade da minha mãe.

– Venha Hermione. – Bella me chamou levantando-se – Você pode terminar essa reunião sem a nossa presença. – ela disse ao meu pai, beijou seus lábios, e me arrastou para fora.

– Estou no mínimo surpresa – eu disse assim que fechamos a porta atrás de nós.

– As reuniões entre os Cavaleiros são bem mais tranquilas. Como Tom explicou, nós somos os Comensais mais confiáveis. Os únicos que seu pai sabe que não estão indo traí-lo algum dia. Assim sendo, não precisamos manter a pose de bruxos das trevas ao redor deles. No fim, somos todos humanos.

Era essa humanidade que havia me pego desprevenida desde a primeira vez que vi meus pais. Essa humanidade que acabava com qualquer teoria de Dumbledore. Somos todos humanos.

Fomos para a biblioteca onde tia Narcisa e Draco estavam conversando. Assim que me viu, minha tia veio correndo me abraçar. Depois dos costumeiros cumprimentos, Draco veio me abraçar. Ele estava mais feliz do que a última vez que o vi, no Expresso de Hogwarts. Tão feliz que ao me abraçar, me tirou do chão e rodou comigo em seus braços.

– Dray! – gargalhei e bati em seus ombros até ele me colocar no chão. – Posso saber para que tanta felicidade?

– Adivinhe!

Pesquisei em minha memória assuntos que poderiam deixar meu primo tão feliz quanto ele estava. Apenas uma coisa me veio em mente.

– Astoria Greengrass?

– Exatamente! – ele sorriu e voltou a abraçar a tia Ciça. – Segui seu conselho aquele dia no trem, e fui falar com ela. Depois, quando falei com meu pai, ele concordou que os Greengrass são uma ótima família. Vamos jantar na casa deles hoje. Se tudo der certo, logo após meu aniversário ficaremos noivos. Claro, tenho que esperar até ela completar 17 para o casamento, mas vai passar rápido.

– Fico feliz por você. – e eu realmente estava feliz por ele, mas não conseguia ficar totalmente tranquila sabendo que eu vou casar.

– Vamos Mia – minha mãe disse vindo se sentar ao meu lado. – Não se preocupe com isso. Por mais que eu odeie admitir, seu noivo não poderia ser melhor para você. Confie em sua mãe, você não vai se decepcionar. Eu posso não ser a favor do seu casamento agora, mas é pelo simples fato de que não quero te perder. Não agora que eu acabei de ter minha bebê de volta.

– Quem é ele? – perguntei com a cabeça baixa. Eu não pretendia fazer drama, mas depois de tudo o que eu estava passando nesses dias... Levantei o olhar a tempo de ver minha mãe e minha tia trocando um olhar estranho.

– Não posso dizer. Não ainda.

– Por que não? – explodi. – Qual é o problema? Eu já sei que você e meu pai me arranjaram um casamento cheio de conveniências. Vai me dizer o que agora? Que ele é velho? Gordo? Feio? Sadista?

Para minha raiva, Narcisa Malfoy começou a rir.

– Ele não é feio, e muito menos gordo. Ele apenas é um...

– CIÇA! – mamãe gritou. – Não estamos te contando, pois existem muitas coisas a mais envolvidas. Vocês estão comprometidos desde que você nasceu, e...

– O QUE?! – foi a minha vez de gritar.

– E a única coisa que você precisa saber por enquanto – Bella continuou sem dar atenção ao meu grito – é que ele te ama. E isso é muito mais do que todas as noivas puros-sangues podem desejar.

*** Ler as notas finais! ***


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas! Espero que tenham gostado do capítulo!
Então... Eu tenho a mania de fazer cronogramas cada vez que começo a escrever.
Esse fim de semana eu estava terminando de faz o cronograma de Don't be Fear of the Darkness (então sim, eu já sei +/- tudo o que vai acontecer na fic, e quantos capítulos ela vai ter). Eu apenas fiquei em duvida entre dois finais, e gostaria que vocês escolhessem qual vocês querem (cada final terá em média 9 capítulos) :
A) A Ordem da Fênix descobre quem Hermione é e a fic segue um caminho totalmente diferente do que acontece em As Relíquias da Morte
B) A fic acompanha os acontecimentos de As Relíquias da Morte (menos a parte em que Sev morre), mas depois da batalha de Hogwarts segue outro caminho
C) As duas opções anteriores - neste caso vou criar outro link com essa mesma fic, e cada um vai ter um final diferente

Não gosto de pedir para vocês comentarem, mas, leitores fantasma, me falem pelo menos qual final vocês gostariam de ler. Qualquer duvida ou sugestão, estarei aqui!

Kisses e até o próximo!