Love Story escrita por Lady Rogers Stark


Capítulo 48
Capítulo 48 (depois edito o título)




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Acordei hoje com uma disposição que eu não sentia fazia um tempinho. E não foi por causa das brincadeiras de Steve com o meu cabelo bagunçado de manhã, não. Mas talvez por causa da festa ontem. Vai ser legal tirar sarro do Tony depois de hoje.

Me arrumei para o trabalho de ótimo humor. Andrew ainda estava dormindo, por isso comi no apartamento do Steve. E foi muito melhor do que comer sozinha e morrendo de pressa. É muito mais prazeroso com ele aqui.

Ele me deixou no trabalho com aquela mesma despedida de sempre. O que nunca vai ficar repetitivo ou enjoativo. Nunca. Beijos doces com sorriso meigos logo de manhã é o melhor motivador para um dia chato de trabalho num escritório.

Fui para a minha sala pensando numa desculpa de todo aquele drama ontem. É claro que não vou dizer que era meu aniversário, por mais que fosse o certo dizer a verdade. Preciso de uma desculpa.

Por mais que fosse estranho aquele meu comportamento ontem, ele não perguntou nada. Apenas disse o que eu tinha que fazer e pronto. Saiu da sala e ficou fora por um bom tempo.

E a tarefa que ele havia me dado era digitar documentos e passar para o computador. E depois da minha bunda se tornar, oficialmente parte da cadeira, me perguntei se não haviam criado nada para isso se tornar mais prático, como um aplicativo. Pesquisei no Google e quase xinguei Jhones de um nome muito feio e muito alto.

E enquanto eu tentava me manter sã antes que eu fosse mandada embora no dia seguinte do meu aniversário, o telefone toca e rezo para que não seja Jhones.

—Escritório do senhor Jhones – uso da minha voz profissional de sempre, e até um pouco seca demais.

Hãm... Bom dia. É a secretária dele? – pergunta uma moça com um sotaque de fora. Deve ser mexicana, pois é um sotaque puxado para o espanhol.

—Sou sim. Posso ajudar em alguma coisa? – pergunto me debruçando na mesa e aliviando a cadeira um pouco do meu peso.

Sim, claro. Você consegue fazê-lo ir para casa mais cedo sem fazê-lo perguntar? – pergunta a moça receosa e fico entre estranhar aquilo e agir com uma tranquilidade que não é minha. E pelo meu silêncio, ela deduziu que achei aquilo estranho, eu acho –Olha, sou a namorada dele e hoje é o nosso terceiro aniversário.

Ah sim! Claro! A namorada dele! Aquela moça que eu vi no shopping passeando com ele. Sabia que não era prima ou irmã. Ou eu achei que fosse?

—E não posso dizer porque ele está indo para casa? – pergunto checando para ver se eu entendi bem.

Não. É surpresa – ela responde e posso entende-la bem. Talvez eu faça uma festa para o Steve quando for aniversário dele de novo. Porque aquela última foi fraca demais para o meu gosto.

—Tudo bem, eu vou ver o que eu posso fazer – aviso animada e otimista em ajudar – Posso usar alguma desculpa? – pergunto antes que aquilo pudesse causar uma confusão. Mas pelo pouco que o conheço, iria causar do mesmo jeito.

Sim, claro – ela responde e acho fofo o sotaque dela. É parecido com o meu, ou como era. Aprimorei muito desde que cheguei aqui. As pessoas perguntam cada vez menos de onde eu vim.

Depois de desligar, fiquei a pensar: O que poderia fazer ele ir para casa que não fosse uma armadura do Tony o esperando para dar uma voltinha?

No almoço, faltava meia hora para chegar a hora em que a namorada dele me pediu para fazê-lo ir para casa. Eu quis fazer isso depois do almoço, já que geralmente aquele bolinho que ele come o faz ficar com um leve bom humor. Ou seja, mais chances disso funcionar.

Cheguei na sala o vendo assistir um desenho de heróis no computador. Nada demais. Mas me sinto tão nervosa quanto se eu fosse vender senhas de armas nucleares para um país inimigo, ou sei lá.

—Senhor – o chamo, mas nem mover os olhos dele da tela para mim ele faz – O seu provedor de internet disse que está mandando uma equipe para a sua casa – aviso com seriedade, mas acho que não funciona, pois ele me olha do jeito mais convencido que eu já vi. Acho que nem Sam conseguiu olhar desses.

—Samantha te pediu para falar isso, né? – ele pergunta convencido, e preciso manter que aquilo era a verdade, e não uma tentativa patética minha de engana-lo.

—Não, a empresa acabou de ligar para mim – tento mentir, mas acho que gaguejei. Espero que ele pense que fiquei acuada devido a seu olhar, ou sei lá!

—Acredite, Laura, ela tenta isso todos os anos – ele avisa enquanto se levanta e pega o terno que estava pendurado na cadeira – Ela quer que eu chegue em quanto tempo? – ele pergunta o vestindo e fico naquela duvida: Continuo fingindo com uma mentira que não cola mais ou entrego de uma vez?

—Em meia hora – respondo me apoiando na mesa e cruzando os braços. De repente o carpete se tornou tão convidativo e curioso que não consigo tirar os olhos dele. Talvez fosse vergonha.

—Tudo bem – ele diz abrindo a gaveta da sua mesa e dali tira um buquê de tulipas amarelas – Bonitas, né? – Jhones pergunta se referindo as flores, surpresa, concordo imediatamente – Tchau – e ele saí pela porta me deixando confusa.

Primeiro que eu não esperava isso vindo dele. E segundo, notei que ele acertou o meu nome finalmente, ou não me chamou pelo sobrenome. O que o amor faz com a gente, né? Eu que o diga. Aquele lindo buquê de tulipas me fez lembrar o meu buquê de rosas vermelhas em casa. Que me fez lembrar de quem? Só o dono dos mais lindos olhos azuis que acordei vendo hoje de manhã.

—O amor é lindo mesmo... – comentei para mim mesma saindo do encosto da mesa e procurando alguma coisa para fazer, pois se não, eu iria seguir o mesmo caminho do Jhones e ir para casa muito mais cedo encontrar um certo alguém.

Eu estava entediada. A bolinha de Jhones estava servindo como um passatempo. Jogo na parede, ela quica no chão e volta para a minha mão direita. Minha cara de tédio deixava claro como estou me sentindo. Jhones foi embora e não tenho nada para fazer o resto do dia. E ainda tenho mais uma hora de expediente.

Jogo uma, duas, três vezes com perfeição e a deixo em cima da sua mesa, exatamente onde estava. Olho para a porta e três pessoas passam, com pressa e sorrisos no rosto. Não estranhei a pressa, mas sim os sorrisos. Por mais que fosse ótimo trabalhar aqui, é raro quererem trabalhar com sorrisos felizes assim.

Olho o celular, agora falta cinquenta e nove minutos para eu poder ir para casa. E infelizmente, além de Jhones e Tony, não sei quem poderia me liberar para ir embora. Mas que droga...

Levo um pequeno susto ao baterem na porta com pressa. Andrew está batendo e com um sorriso enorme no rosto. Estranho e aceno para que entre e diga o que tem que falar. Pela sua cara, era muita coisa.

—Vim te buscar – ele avisa sem mais detalhes e estranho totalmente. Do que raios ele estava falando? – Vamos que já vai terminar – Andrew agarra a minha mão e me tira da cadeira com pressa. Consigo pegar o celular e acompanhá-lo para fora da sala.

Seus passos eram rápidos, difíceis de acompanhar tamanha a sua animação e ansiedade. E não consigo deixar de comparar ao coelho de Alice no País das Maravilhas. E Andrew daria um ótimo coelho fofinho e rabugento.

—Do que raios você está falando? – pergunto nervosa e preocupada. Eu estava pensando em várias coisas que pudessem ser, mas nada se encaixava. Pensei num discurso de alguma celebridade, ou até mesmo na colheita dos Jogos Vorazes, mas é claro que são opções absurdas.

—Você vai ver – sem mais detalhes, e é assim que fica. Ele continua agarrando o meu pulso e me puxando como um jegue puxa a carroça. Exemplo ridículo, eu sei, mas é como eu me sinto. Um troço pesado e de madeira que não se move sozinho.

Passamos pelo saguão, onde vários funcionários andavam até a mesma direção. Desde engenheiros, estagiários, o pessoal da fábrica, diretores, gerentes, as moças da secretária, o pessoal do RH. Estava uma bagunça e um falatório enorme. O que raios estava acontecendo?

Todo mundo estava indo até o refeitório. O espaço era enorme, mas não tanto para caber tanta gente. Todas as cadeiras estavam ocupadas, e até algumas mesas ocupadas. Por coincidência, apenas os funcionários mais jovens sentavam nas mesas, como os estagiários. Revirei os olhos.

No lugar onde ficavam as bandejas para as pessoas se servirem, estava montado um pequeno palco. Apenas um metro de altura, mas bem largo. Eu não conseguia ver bem o que tinha em cima, mas parecia um computador.

Andrew continuava a me puxar abrindo caminho entre as pessoas. Com calma e educação. E só parou até estarmos bem perto do palco. Fiquei do seu lado e observei melhor. Era um computador comum e desligado.

Como eu não fiquei sabendo disso? Acho que Jhones me mantem tanto tempo presa dentro da sala que só saio para comer e ir para casa. Mas eu deveria ter recebido um lembrete, ou sei lá! Como toda essa gente ficou sabendo? E o que era isso tudo?

—O que é isso tudo? – pergunto ao moreno muito confusa. Era uma festa e iriam começar a tocar música para todos dançarem? Ou ditar em voz alta palavras para escrevermos no caderno? Ou até mesmo, um verdadeiro pesadelo meu, dizer em voz alta quem está demitido.

—É um sorteio – ele responde e ainda não parece muito real. Toda essa gente por causa de um sorteio de empresa? – É por uma boa causa. Todo o dinheiro arrecado vai para as fundações Stark, que faz de tudo, desde salvar pessoas de desastres naturais, até combater a fome na África.

Impressionada. É a melhor palavra para me descrever agora. Meu deus... Melhor sorteio de todos. Geralmente os sorteios que eu participava quando trabalhava era para consertar o telhado, a geladeira quebrada, uma nova impressora, tudo em fruto para a empresa, nunca para a caridade como é aqui. E mesmo que Tony tivesse dinheiro para tudo isso e mais, tínhamos que fazer a nossa parte, não é?

—É por número? Porque eu não comprei nada não – aviso ao moreno simplesmente. Se eu soubesse teria comprado três, quatro, ou mais dependendo do valor. Andrew revira os olhos colocando a mão no bolso e procurando por algo. E tira um papel, e depois procura de novo saindo com um outro papel, que este me entrega.

—O que seria de você sem mim, ein? – ele brinca e lhe dou um sorriso agradecido. Olho o papel, os números ali eu nunca escolheria, mas acho que são aleatórios, ou foi o Andrew que escolheu como se faz na loteria? 2–14–37–23–39–40. Prefiro escolher números que pertençam a alguma parte da minha vida.

Por exemplo, eu escolheria cinco, a quantidade de meses que estou aqui. 26, a minha idade. 47, a idade da minha mãe. 61, a idade do meu pai. 21, os anos que toco violino. E 42, o apartamento do Steve. Na verdade é 402, mas como só é permitido números de até cem...

—Você que escolheu? – pergunto e ele nega com a cabeça depois de uma pequena olhadinha no seu papel.

—Comprei com Ray, ele está organizando tudo isso – explica e fico surpresa pelo chefe de Andrew organizar um sorteio na empresa. Eu já o vi, parece ser um cara legal.

—E qual o prêmio? – pergunto curiosa. Umas férias remuneradas de três meses seriam ótimas. Ou uma viagem para o Canadá, algo que eu faria com o Steve. Ou até mesmo um carro, para eu criar vergonha na cara e tirar a carteira de motorista, por mais que eu não tivesse garagem para guardá-lo... Quer saber? Nada de carro, passagens de ônibus seriam ótimas!

—Você já vai saber... – odeio quando Andrew banca o todo misterioso comigo. Primeiro não contando porque assistia o programa de Mel todos os dias, e agora isso. Odeio isso, odeio mistério, mas amo surpresas. Vai entender...

Mas então o próprio Ray aparece no palanque. O microfone na mão e um sorriso simpático no rosto. As pessoas aplaudem e alguns assoviam. Imagino os colegas de Andrew fazendo isso. Aplaudo também e ouço o escuto agudo e alto de Andrew ao meu lado. Igual ao Steve, mas que mania dos dois!

—Boa tarde! Sou Thomas Jackson Ray. Trabalho com a engenharia de produção e dou tão duro como todos vocês, mas isso vocês já sabem – ele e a multidão riem – Mas hoje merecemos uma pequena folga, não acham? – ele brinca e a multidão exprimida concorda. Dou um pequeno riso imaginando Tony ouvindo isso, ou a Pepper. Fiquei curiosa. É óbvio que eles sabem disso, né?

—E hoje estou aqui para anunciar o nono sorteio anual das Indústrias Stark! – ele grita e a multidão grita junto. Eu nunca imaginei isso acontecendo aqui! Não toda essa energia e entusiasmo de pessoas que sempre imaginei tão sérias e profissionais. É bom isso.

Sinto o meu coração palpitar com o chão tremendo levemente com o barulho das pessoas. Comento com o moreno, que ri achando graça do meu exagero. Eu não estava muito acostumada a ambientes assim. Claro que não é nada comparado aos shows de rock que fui no passado.

—Ano passado tenho que confessar que foi fraco. Mas todos nós sabemos porquê. Tínhamos muito trabalho com aquela invasão alienígena. Arrasou a nossa cidade. Mas aqui estamos, mais fortes e unidos do que nunca!

Ray parece um líder juntando soldados para a guerra. Mas é apenas um engenheiro visivelmente animado com toda essa união dos funcionários. No Brasil isso seria um problema com o grave risco de ter uma greve. Rio baixinho e volto a atenção para o locutor quase a minha frente.

—E agora tenho o enorme prazer de anunciar o prêmio a ser sorteado esse ano – ah, a ansiedade não dá trégua nunca – Na verdade, não é um, são três. Ou seja, mais chances de vocês ganharem – ele explica com uma animação de um homem maduro, mas que se fosse eu... Além de morrer de vergonha, seria mais... Explosivo... Aí que vergonha imaginando isso...

—Uma reserva de duzentos dólares no Don Juan, para quem acertar os quatro primeiros números. O melhor restaurante para levar o seu parceiro ou parceira num encontro romântico – e ele tira do bolso do paletó o pequeno cartão de papel. Imagino eu ganhando e levando o Steve – Acreditem em mim, o terceiro melhor dia da minha vida foi lá – vejo o seu olhar para um ponto exato da multidão, e uma piscadinha e um sorrisinho... O que seria?

—Ray é casado com uma funcionária? – pergunto curiosa ao Andrew, que assente com a cabeça. Agora faz sentido. Mas fico imaginando porque o terceiro? Talvez fosse o pedido de casamento lá. Ou tivessem se conhecido lá, mas descoberto que trabalhavam na mesma empresa. Mas descarto, não é todo mundo que tem uma estória bonitinha como a minha e Steve.

—O segundo prêmio é esse som de última geração doado gentilmente pelo dono, amigo meu, do Walmart do shopping nessa mesma rua. Então, deem uma visitinha. Cinco primeiros números, pessoal, para levar essa belezinha – ele ri discretamente – Som Philco, 3200 W, vai dar uma dor de cabeça para os seus vizinhos – ele ri de novo e fazendo algumas pessoas rirem junto.

Seria legal um som desses lá em casa, não por causa da potência de fazer o prédio inteiro balançar, mas a qualidade. Tenho assistido cada vez mais coisas, e um som de boa qualidade melhoraria ainda mais a minha vida. Mas aí mesmo que eu não ia mais sair de casa com o Steve.

—E para terminar, o meu prêmio favorito, são essas quatro entradas VIP – ele avisa colocando a mão no bolso do paletó novamente e saindo com quatro cartões dessa vez – Entradas para um jogo de futebol, um jogo que será bacana de ver e saber o que vai dar. Yankees e um time de futebol do Brasil... Hãm... – ele parece tentar ler do cartão – Copacabana futebol clube. Basta acertar todos os números.

É por isso que o Andrew me arrastou tanto para vir assistir o sorteio? Por causa do prêmio principal? A minha maior oportunidade de assistir americanos e brasileiros jogando futebol americano? Pena que não posso abraçar o Andrew agora, mas farei depois. E deixarei trocar a televisão da sala por qual ele quiser e pagarei por ela se ganharmos. E se o time brasileiro ganhar, o meu quarto é dele.


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