Love Story escrita por Lady Rogers Stark


Capítulo 16
“Aquele que nunca viu a tristeza, nunca reconhecerá a alegria” - Khalil Gibran.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Tudo bem com vocês?

Irei ser rápida, já que não tenho muito o que dizer além de agradecer pelo reviews que recebi no capítulo anterior. Muito obrigada gente, adorei lê-los e respondê-los! Bom, boa leitura e a gente se vê nas notas inicias, ok? Beijos! Fui!



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Assim que chegamos perto de um banco de madeira, e depois de eu pedir inúmeras vezes para o Steve olhar em volta procurando por seguranças, ele finalmente me tranquilizou de que não havia ninguém mesmo. Tentei ficar relaxada, mas não deu certo. Acabei sentando no banco inquieta.

–Calma... – ele tocou o meu joelho tentando me fazer parar de balança-lo numa atitude completamente ansiosa. Respirei fundo, bem fundo tentando relaxar, mas o fato de que eu estava fazendo alguma coisa errada estava impregnada na minha cabeça e não saía mesmo com o mais persistente esforço – Relaxa, não tem ninguém por perto...

–Como você pode ter tanta certeza? – pergunto curiosa e duvidosa. Como ele poderia estar tão relaxado se poderíamos ser pegos a qualquer momento por policias sem paciência para aventuras de jovens sem responsabilidades? Não que fossemos isso, somos jovens, pelo menos eu de verdade, e temos responsabilidades, mas acho que um oficial não veria assim.

–Estou sempre prestando atenção ao meu redor, Laura. Eu veria um policial chegando ou o ouviria – responde e me puxa delicadamente para mais perto, tento me aninhar nos seus braços, porém, eu não conseguia relaxar o suficiente de ficar confortável naquela posição, mas continuo assim, espero que ele consiga me acalmar.

–Falando assim você parece que está em guerra ou caçando... – comentei brincalhona e sinto seu peito tremer levemente com a sua risada. Acabo por conseguir relaxar e fechar os olhos esquecendo da iminência de sermos pegos a qualquer momento.

O vento corre por nós, esfriando toda a minha pele em segundos, Steve oferece seu casaco mais recuso, eu não estava com frio, com ele aqui eu não sinto frio em momento algum. Ele me aquecia, me abraçando assim eu me sinto muito melhor do que com o casaco mais pesado que eu encontrasse.

Steve brinca que poderia comprar cachorros quentes a qualquer momento se eu quisesse, rio com ele. Não havia ninguém no parque. E a única iluminação que tínhamos era da lua, que mesmo com as folhas das árvores acima da gente, conseguíamos ver alguma coisa e não tropeçar num arbusto ou tronco.

O banco aonde estávamos era perto da pista principal de corrida, que levaria diretamente ao início ou fim do parque, em que havia quilômetros e mais quilômetros para correr livremente pelas vias largas, e agora, totalmente vazias.

Ficamos alguns poucos minutos no mais absoluto silêncio, mas assim que um graveto seco quebrou a alguns metros da gente, o rosto do Steve virou alarmado, sussurrou para mim sair do banco e correr para fora do parque. Claro que o meu coração pulou alarmado e com medo de sermos pegos, novamente...

Mas algo engraçado aconteceu, eu não estava com medo de verdade, mas apenas receio, algo mais leve e mais divertido. Vamos dizer até que eu estava gostando de ter essa chance de sermos pegos, algo que me levaria a uma boa história amanhã de manhã.

Steve me puxou pelo braço e corri o máximo que eu podia, os saltos não me permitiam correr com conforto. Ele me motivava e dizia para correr mais rápido, o som de gravetos aumentava medida que corríamos mais pela pista de corrida indo direto ao ponto aonde tínhamos pulado a cerca.

Na pressa, eu consegui virar o rosto para trás e vi alguns feixes de luz de lanternas, tremendo e balançando, os policiais deveriam estar correndo, e o som agora havia parado, não estavam mais no meio de árvores, mas agora já estávamos de frente para a cerca.

No momento eu estava retirando os saltos e o jogando para o outro lado da cerca, e mesmo assim consegui ouvir um dos policias gritando “vocês não deveriam estar aqui!”. Só consegui sentir o meu corpo ser arremessado para cima, agarrar a grade, conseguir passar por ela e correr até a moto com os saltos nas mãos. Steve estava logo atrás de mim.

Na correria, nem colocamos os capacetes, Steve ligou a moto e corremos pela rua deserta, que por sorte estava com sinal verde, mas aposto que na adrenalina Steve nem ligaria se o sinal estivesse vermelho. Alguns policiais pararam logo na cerca, desistindo de nos perseguir, e eu descobriria mais tarde que o meu vestido havia ficado preso na moto, e assim, tampando a placa.

Assim como na praça, o vento corria pela gente, e sem os capacetes, o meu cabelo voava para trás o bagunçando completamente. Me agarrei em Steve enquanto o mesmo corria com a moto, acho que tão ansioso para chegar em casa quanto eu. Alisei o paletó dele, passando meus braços pelo seu tronco e pensando no quanto essa loucura foi divertida.

Chegamos bem rapidamente, e como as ruas estavam mais vazias do que o normal, não tivemos problemas com o trânsito. Descemos e Steve desligou a moto enquanto andávamos até o prédio. Eu estava tão ansiosa para conversar com ele sobre nossa aventura que nem ligamos para o porteiro dormindo tranquilamente.

Notei que no meio das escadas, eu estava com somente um salto, ao em vez de dois. E foi aí que notei, eu havia perdido talvez, poderia ter caído na escada, na rua, ou até mesmo no parque. Mas nem dei atenção, era um sapato velho e gasto mesmo, eu já deveria ter jogado fora ou vendido para um bazar mesmo.

Abri o meu apartamento rapidamente e Steve entrou, ambos em completo silêncio, mas não perturbador, mas assim que fechei a porta, olhei para ele e foi aí que começamos a rir feito dois loucos. Larguei as chaves no chão, o único salto no chão, e me uni a essas coisas sentada no chão rindo feito uma pateta.

Steve ria descontrolado, com as mãos sobre a barriga e o rosto começando a ficar vermelho enquanto o meu já estava feito um tomate. Seus punhos batiam sobre os joelhos enquanto ria cada vez mais. Eu conseguia observá-lo, e isso me dava ainda mais gás para rir.

No fim, depois de longos minutos e minha barriga doer horrores, meu rosto estar tão vermelho, lágrimas nos olhos borrando o rímel e o cabelo descontrolado, consegui me recompor e me sentar no sofá pensando o quanto fomos idiotas nesse exato momento.

Que graça tem fugir da polícia num parque a noite, correr feito dois desesperados, fugir numa moto, perder um sapato, e no fim, rir feito patetas? Acho que nenhuma. Mas a sequência de eventos foi tão incomum para mim que acho que acabou por ter graça sim.

Chamo o loiro que bebia água na cozinha para se sentar comigo. Ele aceita me trazendo um copo de água bem gelada. Bebo tudo em grandes goles. Porém sinto sono e me aninho em seu peito enquanto ele ligava a televisão. Quando percebi, eu já dormia tranquilamente em seus braços.

No dia seguinte acordei na minha cama, porém, novamente com a roupa de ontem. O primeiro pensamento em que me veio à mente sobre a noite de ontem foi: O que eu fiz? Não do tipo de ter esquecido, mas sim de ter se arrependido levemente por ter feito essa baita de uma loucura.

Imaginei também se meus pais descobrissem sobre isso, e ainda com certeza descobririam sobre o Steve, de quebra! Já até posso ouvir o sermão: “Tá vendo filha? Ele não é uma boa influência! Olha só o que ele te fez fazer!”.

E isso também me lembra da baita pendência que eu tenho para fazer. No meio de toda essa confusão com o Steve, a avó do Andrew e achar um novo emprego após ser despedida do antigo, acabei por afundar na minha cabeça a baita responsabilidade, ou quer dizer, responsabilidades, no plural.

Primeiro, treinar mais para o meu teste, se eu não me engano, em duas semanas já. Segundo, procurar um novo emprego urgente, não posso ficar sem dinheiro. E terceiro, contar o mais cedo possível que estou namorando praticamente desde que comecei a morar aqui e aceitar quaisquer que sejam as consequências dessa mentira.

Saí de casa hoje pronta para ir receber o resto do meu salário, que seria mais ou menos quase quinhentos dólares, o que não era muita coisa pois vai durar muito pouco, e por isso irei procurar alguma coisa hoje, ou seja, bater bastante perna hoje.

Não vi Steve hoje, apenas mandei uma mensagem dizendo o quanto gostei da nossa aventura ontem à noite, e até agora ele não me respondeu. Mas não tem problema, ele me contou ontem que ele teria que sair hoje, só não sei para aonde.

Bati na porta da papelaria, mas não havia ninguém, descobri isso cinco minutos depois de esperar. Bufei e logo lembrei da casa dele, eu sabia aonde era e com certeza Andrew estaria lá, ou no hospital. Preferi ir ao hospital e ver a senhora Mags e como ela está.

Peguei o ônibus quase vazio, me sentei perto da porta esperando pelo meu ponto. Assim que chegou, entrei no hospital dando o meu nome as assistentes de enfermeiras que me liberaram com um papel com o meu nome e escrito “visitante”.

Perguntei a vários enfermeiros pelo caminho aonde estava a senhora Mags, dizendo que eu era uma amiga dela e do neto dela. Nenhum deles soube me dizer. Comecei a ficar frustrada, como funcionários que trabalham aqui não podem saber em qual quarto está somente uma paciente?

Acabei por perguntar as secretárias, que olharam no sistema e depois para mim preocupadas, aquilo definitivamente não era uma boa coisa, nunca é. Antes atenciosas e educadas, agora estavam preocupadas e um pouco sérias.

–O que houve? – pergunto preocupada, com o coração batendo forte dentro do peito, as mãos suando sobre o balcão e a minha cabeça pensando mil e uma coisa, nenhuma dessas eram boas, não eram mesmo.

–A paciente Marie Mags faleceu ontem à noite, eu sinto muito senhorita – a moça da direita disse séria, mas sentindo pena de mim, e a da esquerda deu um sorriso complacente.

Assenti com a cabeça sem saber direito do que se tratava. Era aquilo mesmo que eu estava pensando? Que a senhora Mags... Ela...? Não, não pode ser. Ela estava bem! Andrew disse que ela estava bem!

Apenas agradeci as moças, que olharam preocupadas comigo e saí do hospital jogando o papel com o meu nome no lixo. Peguei o ônibus que me levaria de volta para casa e me sentei torcendo logo para chegar ao meu ponto o mais rápido possível.

Demorou menos do que pensei, e logo subi as escadas do meu prédio ignorando os chamados do porteiro avisando das cartas, abri a porta do meu apartamento e entrei fechando com força e desabando ali mesmo.

As lágrimas já estavam inundando os meus olhos no momento em que cheguei ao terceiro andar, eu quase não conseguia ver alguma coisa. E nesse momento, meu rosto todo está molhado por dezenas delas.

Os soluços começaram rapidamente, me fazendo prender a respiração e ficar com o rosto completamente vermelho. Mas isso não importa. A senhora Mags, a mesma senhora que me deu um emprego mesmo não me conhecendo em nada, que me ajudou tanto, que eu tinha um enorme carinho, morreu.

Fiquei no mesmo lugar aonde eu estava por quase quinze minutos, tentando, em vão, fazer o que eu sentia diminuir pelo menos um pouco. Mas lembrei que a dor é recente, ela não vai passar em quinze minutos apenas.

Abracei minhas pernas desejando que o Steve estivesse aqui para eu abraça-lo e ouvir que tudo vai ficar bem dele, porque só assim consigo acreditar. Mas ele não está, e não irei atrapalha-lo, não gosto disso. E por isso, unindo o útil ao agradável, decidi fazer algo que eu estava mesmo precisando, tocar um pouco.

Em todo o tempo em que morei no Brasil, eu nunca havia ficado tanto tempo sem tocar, todo dia, pelo menos por quinze minutos, toda a casa me ouvia tocando, e minha mãe dizia que ela se enchia de coisas boas graças a música.

Mas agora, com essa triste notícia, não acho que a minha casa vai se encher de coisas boas como a minha mãe dizia, só acho que vai conseguir me distrair um pouco, e talvez, dedicando algumas músicas a senhora Mags, eu me sinta melhor, e ela também, aonde quer que ela esteja.

Fiquei feliz ao sentir que meus dedos continuavam ágeis e fortes para apertar bem as cordas, e não desafinar uma única vez. E a mão que segurava o arco continuava leve feito uma pluma. E principalmente, eu continuava a me sentir melhor depois de tocar um pouco.

O bom de tocar um instrumento em momento difíceis é que a possibilidade de colocar tudo o que estamos sentindo para fora, é muito mais fácil do que em palavras, que as vezes temos que escolhe-las bem para que a pessoa que esteja ouvindo consiga captar bem, mas não tocando.

A música é uma língua universal, qualquer um que consiga escutar, pode saber o que a pessoa que toca está sentindo. Nesse momento, se alguém estivesse aqui escutando, saberia que o meu coração está triste hoje.

E no momento em que terminei o primeiro soneto, respirei aliviada, e mesmo algumas lágrimas escapulindo durante a música, me sinto bem melhor agora. E por isso, não pensei duas vezes em tocar uma outra coisa agora, talvez algo um pouco menos triste.

Aquele que nunca viu a tristeza, nunca reconhecerá a alegria.”

Khalil Gibran.


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Notas finais do capítulo

Digam-me, aprovam este capítulo? KKKKK Adorei escrevê-lo, meus dedos praticamente fluíram pelo teclado, com a inspiração borbulhando quente dentro de mim, espero que continue assim até o final da fic.

E sobre isso. Gente, eu ainda não sei quando a fic acaba, então fiquem tranquilas, eu avisarei quando estiver se aproximando. Tenho planos para a fic, mas a segunda temporada não é uma delas, sinto muito quem pensou que teria, e aviso também caso eu mude de ideia. E outra, talvez Love Story tenha sessenta capítulos, ou talvez tenha trinta, eu não faço a miníma ideia.

Espero que tenham gostado do capítulo, e a gente se vê no próximo, e espero comentários também. Beijos e fui! ;D