Gota D'Água escrita por KuroroLucifer


Capítulo 8
Esquerda




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Meu coração estava acelerado demais. Meu corpo ainda estava dolorido, minha mente ainda estava embaralhada e eu só pensava na minha liberdade, a qualquer custo. Por mais que eu tivesse medo, eu sabia que precisava sair dali o quanto antes. Eu não sabia se iria aguentar mais uma dose de humilhação como a que ocorrera comigo naquele dia.

A apreensão aumentou quando eu ouvi os passos no corredor onde eu estivera. Aqueles ruídos me arrepiaram todos os pelos do corpo e, por alguns momentos, eu tive a certeza de que tudo iria desmoronar. Eu tinha nas minhas mãos uma chance de escapar. E, se eu não soubesse aproveitá-la, com certeza eu teria um fim parecido com o de André.

Esperei o ruído ir se distanciando até que não se pudesse mais ouvir. Assim que me assegurei de que não havia ninguém atrás da parede, me levantei do chão. Abri a porta o mais silenciosamente que pude e saí, temendo que houvesse alguém por perto que pudesse, ainda, tentar me capturar.

Atravessei o corredor até o fim, onde ele bifurcava para a direita e para a esquerda. Optei pela esquerda e continuei seguindo. No fim do corredor — que era bem curto, se comparado aos demais que tive que atravessar — havia um portão de madeira lustrada, dividido em dois. Era porta de empurrar e eu empurrei. E me vi fora daquela casa, fora do meu pesadelo mais terrível.

A vergonha da nudez já não me incomodava mais; nada mais me importava. Então, eu corri para fora daquele inferno para nunca mais voltar.

***

O terreno era pequeno de atravessar e dava direto na rodovia. Eu estava sem ter onde me esconder ali e esse era um perigo que eu não podia correr, mas não havia nada a ser feito. Nenhum carro passava por ali, nenhum caminhão, nada. O lugar parecia mesmo à prova de fuga. Mas eu não podia desistir, isso não.

Meus pés nus doíam porque o chão estava insuportavelmente quente e, por isso, meus passos mais pareciam pulinhos. Eu não sabia que o clima podia ser tão quente ainda mais num lugar que parecia ser tão perto da minha cidade. Talvez fosse a falta de árvores e a exposição ininterrupta do chão ao sol, sei lá. Mas estava quente. Muito.

O calor estava me cansando cada vez mais enquanto eu seguia a linha da rodovia. Eu não sabia qual sentido seguir, mas segui um. O esquerdo. O importante não era se eu ia conseguir voltar, mas se eu ia conseguir fugir.

Um carro vermelho apareceu no meu caminho, vindo do sentido contrário ao meu. Eu, por instinto, entrei na frente do veículo e o carro parou instintivamente. De dentro do veículo desceu uma mulher com um vestido curto tão vermelho quanto o carro, lábios pintados de um batom rosa clarinho e longos cabelos loiros.

— Você é louco? — ela perguntou, gritando e batendo a porta do carro. — Vai se foder, cara, o que você está pensando?

E eu, chorando já, respondi:

— Eu só preciso de uma carona.


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Notas finais do capítulo

Tentei deixar o capítulo mais longo e foi o melhor que eu consegui... Espero que tenham gostado. Não me odeiem, eu novamente não trouxe respostas, mas as coisas começaram a melhorar um pouco, não é?... Ou não. Vamos vendo -q

Beijos do Kuroro, até amanhã



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